Cocoloba, entre as folhas gigantes

Ela foi considerada como a árvore com maior folha do mundo pelo Guinnes Book em 1997 e ainda carrega no próprio nome o estigma do gigantismo. Trata-se da Cocoloba, cientificamente conhecida como Coccoloba gigantifolia, cujas folhas podem alcançar os 2,5m de comprimento e 1,40m de largura.

Instagram / @guinnessworldrecords / Reprodução

Recentemente ela perdeu o posto de maior folha do  mundo para a nenúfar Victoria boliviana cuja envergadura pode chegar a incríveis 3,2m de diâmetro, mas não deixa de ser um “fenômeno da natureza” como declarou o botânico que ajudou a identifica-la, o falecido botânico brasileiro, Carlos Alberto Cid Ferreira, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.

Da família Polygonacea, a espécie rara e ameaçada de extinção pelo desmatamento, a Cocoloba é encontrada na bacia do Rio Madeira nos Estados do Amazonas e Rondônia, centro e sudoeste da Amazônia brasileira.

Para perpetuar a espécie, mudas de Coccoloba foram plantadas em áreas públicas e instituições de pesquisa para fins de estudo. Quem visita a Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda (sede do Instituto Soka Amazônia) pode contemplar alguns exemplares plantados e as folhas gigantes doados pelo pesquisador do INPA, como forma de celebrar a amizade e a longa parceria entre as instituições.

O que a torna excepcional

Cid Ferreira considerava a Coccoloba como “um fenômeno da natureza”, por sua capacidade de transportar, por meio fino caule lenhoso, os nutrientes do solo necessários para o desenvolvimento das folhas de tamanha envergadura.

Outro fato curioso sobre a árvore: ela trabalha 24 horas por dia. Isso significa que a planta faz fotossíntese tanto de dia quanto de noite. Realmente um fenômeno da natureza!

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Revista da Carta da Terra homenageia Daisaku Ikda, fundador do Instituto Soka Amazônia

Uma série de fotografias do pacifista e fundador do Instituto Soka Amazônia, Daisaku Ikeda, ilustram o artigos da edição de dezembro da  Revista da Carta da Terra.


As imagens, que podem ser conferidas ao longo de toda a publicação, fazem parte da exposição Diálogo com a Natureza, exibida pela primeira vez em 1982.

Com artigos de diversos especialistas, a publicação, disponível em inglês e espanhol, contribui para o propósito da Cátedra UNESCO em Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que concentra seus esforços na intersecção entre sustentabilidade, valores e educação.



Para os editores da publicação, as fotografias de Ikeda simbolizam a sensibilidade do pacifista para com a beleza da natureza e o seu legado duradouro na promoção da paz global e da liderança ética.

Para acessar a publicação na íntegra, clique aqui.

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Relembrando a Tese de Proteção do Meio Ambiente do pacifista Daisaku Ikeda

Completando um ano de falecimento do fundador do Instituto Soka Amazônia, Daisaku Ikeda, compartilhamos seus pensamentos e sua Tese de Proteção do Meio Ambiente produzida como contribuição à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Eco 92), realizada entre os dias 2 e 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro.

Durante a sua existência, o filósofo e pacifista, Daisaku Ikeda, empreendeu esforços por meio de diálogos, palestras e incentivos para disseminar seus ideais de proteção à vida em todas as suas formas.Convicto de que um movimento popular centralizado nas Nações Unidas é a chave para transformar o mundo onde imperam a desunião e a hostilidade, Ikeda veio empreendendo esforços enviando Propostas de Paz às Nações Unidas durante 40 anos.

Diante dos desafios globais, que ainda estarão em discussão na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em 2025, relembramos seus direcionamentos para a construção de um mundo de harmonia e coexistência.

Confira a seguir, a Tese na íntegra:

Uma nova estratégia para a proteção ambiental

Tese do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, publicada em 1992

I – A Unicidade de Vida e Ambiente

Num discurso proferido durante a reunião do Conselho da Comunidade de Ecologia Humana, em Yokohama, em 1990, Zena Daysh, vice-presidente executivo do Commonwealth Human Ecology Council (CHEC), descreveu a essência da ecologia humana como uma preocupação para os seres humanos como criaturas da ecologia global, que inclui o homo sapiens, assim como as plantas e outros animais, e com os seres humanos como entidades que haviam criado a política, a sociedade, a economia e a cultura [1]

Zena Daysh esclarece, portanto, os dois pilares da ecologia humana ao reconhecer o fato de que os seres humanos são parte do ecossistema global e que são criaturas culturais e sociais. O primeiro pilar sustenta um sistema de coexistência entre a humanidade e a natureza, o segundo refere-se ao ambiente cultural e social que os seres humanos moldaram através da história.

Através da interação com o meio ambiente, a qual é externa por natureza (i.e., o cosmos), os seres humanos construíram um ambiente que é ecologicamente muito complexo. Como parte do ecossistema global, eles aprenderam a se adaptar à ordem e às leis do mundo animal juntamente com as plantas, animais, objetos inanimados e microrganismos. Com esta base, criaram um ambiente cultural e social, incluindo a linguagem, a tecnologia, os governos, a economia e as organizações. O relacionamento intrínseco entre este complexo ecológico que forma o ambiente da humanidade e os próprios seres humanos é expresso no Budismo como a lei de esho funi [2], ou a unicidade da vida e ambiente.

Aqui, “esho” é uma contração dos termos “eho” de “shoho”, que se refere ao ambiente humano e à entidade humana, respectivamente. “Fun”i, por outro lado, é uma expressão que significa “dois, mas não dois”[3]. “Dois” expressa a inter-relação e a interação em um desenvolvimento criativo entre o meio ambiente humano e a entidade vivente. Enquanto o ambiente influencia a entidade humana, os seres vivos também reagem sobre seu ambiente, transformando-o e recriando-o novamente. O meio ambiente é assim transformado, e então exerce-se sobre os seres vivos por novos meios. Esse conceito pode ser descrito, na linguagem da ecologia, como “meio ambiente dinâmico” (o impacto do meio ambiente sobre os seres humanos) e “formação do meio ambiente” (os efeitos da atividade humana sobre o meio ambiente).

A inter-relação entre os seres humanos e o meio ambiente é um processo histórico no qual ambos se transformaram um ao outro e evoluíram criativamente durante anos através da adaptação biológica bem como através da adaptação cultural e social. Por exemplo, como criaturas vivas, os seres humanos herdaram e transmitiram as características genéticas e fisiológicas de seus ancestrais. Eles também mantêm e desenvolvem a herança espiritual de seus ancestrais ao incorporarem os seus ambientes cultural e social.

No Budismo, falamos de “shoho” e “eho” para demonstrar a maneira como essa inter-relação “humanidade-ambiente” torna-se uma presença histórica em termos de espaço e tempo, tanto física como espiritualmente. Portanto, a unicidade do shosho e eho expressa a ideia de que a vida humana e seu ambiente são absolutamente “um, não dois”

"A inter-relação entre os seres humanos e o meio ambiente é um processo histórico no qual ambos se transformaram um ao outro e evoluíram criativamente durante anos através da adaptação biológica bem como através da adaptação cultural e social."

Se extrapolarmos, em termos de espaço, a cadeia ecológica do indivíduo à comunidade, ao grupo étnico, ao Estado, à humanidade como um todo, ela estende-se do ecossistema da Terra ao sistema solar, a galáxia, aos grupos de galáxias e a todo o Universo. Da mesma forma, a cadeia de tempo vai além do nascimento da raça humana, retorna ao início da vida e mesmo ao início da evolução química e física.

Isso quer dizer que, numa dimensão fundamental de tempo e espaço, a realidade, fundamental do Universo, da vida humana e seu ambiente são uma e a mesma. E devido a essa unidade última, sua inter-relação é possível no mundo fenomenal de tempo e espaço. Esta lei representa o mais profundo significado de “dois, mas não dois”.

Do ponto de vista da natureza, baseado na lei de “unicidade da vida e seu ambiente”,  somos conduzidos aos seguintes princípios concernentes aos problemas globais de hoje. Primeiramente, em sua essência fundamental, eho (o ambiente humano) e shoho (a entidade humana), são unos, e embora interagindo no mundo fenomenal – visto que recebem a impressão da história como efeito manifesto – partilham um “destino comum”.

Em segundo lugar, a raça humana, portanto, não pode sobreviver a menos que seja sustentada pela harmonia e coexistência com o ecossistema natureza-humanidade (o ecossistema da Terra), que pode ser chamado de meio ambiente primário. A destruição do meio ambiente da Terra, portanto, é equivalente à destruição da mente e do corpo e rouba dos seres humanos o direito à vida. 

Em terceiro, uma vez que o eho, como ambiente  sociocultural envolve todo o ecossistema natural e possui intrinsecamente a tendência de se desenvolver com base na harmonia das leis e da ordem da natureza, os seres humanos devem reconhecer a dignidade do próprio ecossistema natural e, mobilizando sua sabedoria, encontrar meios para coexistir com as plantas e os animais, através do autocontrole e esforçando-se para sujeitar-se à cadeia de vida. lsto significa não somente restringir o consumo perceptível mas ajudar aqueles em necessidade 

Devemos nos mover na direção do apoio para a “integridade” em face dos benefícios do ecossistema natural: isto é fundamental à “ética ambiental”.

 

"Os seres humanos, portanto, devem utilizar o conhecimento da ecologia e de outros campos para servir como "coordenadores" na promoção de uma harmonia criativa dentro do ecossistema da Terra. Além disso, devem suprimir sua urgência para dominar a natureza, o que resultaria na destruição do ecossistema."

Em quarto, a ciência e a tecnologia, a política, a economia, as organizações, as instituições e demais que constituem o meio ambiente cultural e social devem todos coexistir com o ecossistema, guiando a humanidade rumo a uma prosperidade criativa. Dessa forma, a raison d’etre fundamental dos seres humanos, como a mais avançada forma de vida da Terra, está em ser a protetora da dignidade de todos os seres vivos. Os seres humanos, portanto, devem utilizar o conhecimento da ecologia e de outros campos para servir como “coordenadores” na promoção de uma  harmonia criativa dentro do ecossistema da Terra. Além disso, devem suprimir sua urgência para dominar a natureza, o que resultaria na destruição do ecossistema.

Em quinto lugar, o papel da humanidade é usar o meio ambiente cultural e social que criou para delinear novos “valores globais”. Esta é a missão designada da humanidade como criadora de valores. A economia e outras formas de desenvolvimento devem ser meios de criação de valor, não lhes deve ser permitido privar os seres humanos e outras criaturas de seu direito futuro à vida. Caminhos devem ser explorados para estabelecer tais valores globais e universais para o futuro. Nisto reside a base filosófica e intelectual do conceito de desenvolvimento sustentado.

II. Um novo sistema internacional através da reforma das Nações Unidas

Em junho deste ano, líderes de muitos países em todo o mundo, bem como organizações não governamentais, irão se reunir no Rio de Janeiro, Brasil, para realizarem a Cúpula da Terra, ou seja, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced). Por tratar de problemas globais ambientais, tanto os países do Hemisfério Norte quanto do Hemisfério Sul deveriam cooperar mutuamente, mas na realidade, a confrontação vem antes entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, causando muitas dúvidas quanto ao fato da Conferência ser produtiva ou não como um todo.

Isto porque o surgimento crescente de vozes nos países em desenvolvimento acusam o alto consumo de massa das nações desenvolvidas como o principal responsável pela atual deterioração do ambiente da Terra. A censura é direcionada às políticas de desenvolvimento que não estão ligadas ao melhoramento dos meios de vida dos povos do Sul e que falharam em evitar os danos ao meio ambiente.

"A economia e outras formas de desenvolvimento devem ser meios de criação de valor, não lhes deve ser permitido privar os seres humanos e outras criaturas de seu direito futuro à vida. Caminhos devem ser explorados para estabelecer tais valores globais e universais para o futuro. Nisto reside a base filosófica e intelectual do conceito de desenvolvimento sustentado."

Não se pode negar que, realmente, os mecanismos de desenvolvimento das nações industrializadas, em vez de amenizar a pobreza, produziu imensos débitos acumulados nos países em desenvolvimento, de forma que os povos do Sul não poderiam prestar atenção à preservação ambiental. Além dessa aguda confrontação entre o Norte e o Sul, existe, mesmo nos países desenvolvidos, uma falta de consenso e de coordenação ao se formular contra-medidas.

Até agora, parece que há poucas perspectivas que a Conferência do Rio de Janeiro possa realmente adotar um tratado para a criação de uma estrutura para a prevenção do aquecimento da Terra e outros acordos de importância viral.

Em 1972, muitos programas de ação foram adotados na Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente. Nos vinte anos subsequentes, entretanto, as nações desenvolvidas continuaram sua impetuosa busca pela riqueza material, seguindo resolutamente seu caminho de “economia em primeiro”. Elas deram a máxima prioridade à sua própria riqueza e relegaram o cuidado do ambiente da Terra a uma importância secundária ou menor. 

Embora continue a assistência ao desenvolvimento dos países do Sul, não está diretamente ligada ao melhoramento do padrão de vida das pessoas lá. Pouco foi feito para solucionar a terrível pobreza nem a consequente explosão populacional.

A deterioração ambiental, a pobreza e o descontrole do crescimento populacional, todos numa escala global, estão intimamente relacionados. A humanidade está numa situação extremamente difícil que requer soluções simultâneas e abrangentes para todos esses problemas que ameaçam sua existência.

Para tratar dessas dificuldades, incluindo a crescente deterioração do ecossistema terrestre, inovações na ciência e na tecnologia, modificações nas leis, uma mudança na economia “cíclica” [4], e a reconsideração de termos comerciais e sistemas sociais justos que conduziram ao sucesso de tais reformas em escala global

Desde o término da Guerra Fria[*] entre as nações do Ocidente e do Oriente, as Nações Unidas tem sido revitalizadas, e hoje podemos ouvir falar de uma *Renascença das Nações Unidas”. Felizmente, passaram-se os dias em que os vetos evitavam a passagem de resoluções no Conselho de Segurança e paralisaram o funcionamento da organização mundial. Mas é verdade que as Nações Unidas não podem tratar adequadamente da complexidade das questões globais tais como a crise do meio ambiente.

Pode-se duvidar da praticabilidade de tal plano, argumentando que, dadas as dificuldades financeiras que as Nações Unidas sofrem atualmente, seria totalmente impossível estabelecer uma nova organização, mesmo se fosse apenas uma consequência do atual sistema. 

"A deterioração ambiental, a pobreza e o descontrole do crescimento populacional, todos numa escala global, estão intimamente relacionados. A humanidade está numa situação extremamente difícil que requer soluções simultâneas e abrangentes para todos esses problemas que ameaçam sua existência.."

 Entretanto, se considerarmos a magnitude da crise envolvendo a sobrevivência da humanidade em todos os países, não somente do ponto de vista dos interesses de cada Estado, mas do interesse de toda a Terra e de toda a humanidade, podemos perfeitamente conseguir argumentos para uma maior assistência financeira para a organização internacional que deve tomar a liderança na batalha contra esta crise. 

Realmente, disse que as Nações Unidas não estão financeiramente preparadas para promover um desenvolvimento sustentado necessário para tratar adequadamente da preservação ambiental. Portanto, proponho que, agora que a Guerra Fria terminou, as enormes despesas militares envolvidas sejam cortadas como uma medida para aumentar os fundos necessários para a assistência das Nações Unidas.

[*a Tese foi escrita  meses após a dissolução da União Soviética (em 1991), acontecimento historicamente considerado o fim da Guerra Fria]

O custo de soluções substanciais para os problemas relacionados à proteção ambiental, tais como o aquecimento global, a extinção das espécies e a proteção florestal, é, estima-se, astronômica. De acordo com o secretário responsável pelos preparativos da Cúpula da Terra no Brasil, a quantia de dinheiro necessária à preservação ambiental a partir de agora seria de 125 bilhões de dólares por ano. [5]

O único meio de se levantar tal quantia é reduzir drasticamente os gastos militares, estimados em 1 trilhão de dólares anuais em todo o mundo. Especificamente, proponho que cada país corte seus gastos militares e contribua com parte dos fundos liberados para um “Fundo de Desarmamento das Nações Unidas” , que financiaria a preservação do meio ambiente da Terra.

O levantamento de fundos para esse propósito não deve ser deixado apenas para os governos centrais ou locais. É importante que as organizações não-governamentais também estudem alguma forma de contribuir. A fim de transcender as limitações de uma organização internacional composta de Estados soberanos, deve-se considerar cuidadosamente a reunião das forças construtivas das ONGs que tanto se empenham na área de preservação ambiental, proteção dos direitos humanos e cooperação ao desenvolvimento. A maior tarefa em se criar um novo sistema de Nações Unidas é como construir uma organização que possa promover diretamente a força, não somente dos governantes, mas das ONGs capazes de organizar a opinião e a participação a nível popular. 

III. Rumo a uma consciência orientada para a humanidade

A voz das massas deve ser ouvida. Mesmo as propostas mais importantes trazidas à baila pelas Nações Unidas ou por outras organizações internacionais, governos nacionais, círculos comerciais, organizações privadas ou por especialistas não podem ter muita eficácia se não tiverem forte apoio das pessoas. 

A proteção do meio ambiente da Terra, embora abarque a política, economia, ciência e tecnologia, direito e outros campos, em uma “complexa questão”, exige que transcendamos esses campos específicos e questionamos persistentemente nossos estilos de vida, valores e perspectivas da sociedade no futuro. Por esta importante razão, é vital que a consciência popular não deva ser limitada a uma área local, grupo étnico ou a uma única nação, mas que se mova em direção a uma *consciência humana”.

As pessoas devem  ser cosmopolitas no verdadeiro sentido da palavra, pessoas de sabedoria e de ação que compartilham a percepção da ampla crise mundial, e, embora familiarizadas à singular cultura local de suas terras natais, não limitam sua relação ou sua consideração às culturas tradicionais em outras partes do mundo.

A cultura é geralmente compreendida como modelo de comportamento, apreendida dentro de uma comunidade, no processo histórico de lidar com o seu meio ambiente.

A cortina fundamental contra a qual cada cultura se desenvolve é seu ecossistema local único. Em resposta a essa “natureza externa (cosmos)”, a  ancestral “natureza interna”, ou sistema nacional, produziu durante séculos uma herança espiritual que é a cultura.

O cosmos externo que circunda as pessoas no palco proporcionado pelo planeta verde, estende-se do ecossistema da Terra ao infinito universo. Imagino que os nossos ancestrais viram e experimentaram em suas próprias regiões, valores universais que estavam ligados à Mãe Natureza e ao universo. Daqui nasceram as únicas formas de pensamento, os códigos éticos que formam o núcleo da cultura popular.

"As pessoas devem ser cosmopolitas no verdadeiro sentido da palavra, pessoas de sabedoria e de ação que compartilham a percepção da ampla crise mundial, e, embora familiarizadas à singular cultura local de suas terras natais, não limitam sua relação ou sua consideração às culturas tradicionais em outras partes do mundo."

As formas de relacionar o ecossistema e o universo naturalmente diferem de pessoa para pessoa, dependendo das diferenças em seu sistema nacional. E assim toma forma os sistemas culturais peculiares a um certo povo ou a uma região específica. Mesmo assim, qualquer sistema cultural de pessoas deve conter valores cósmicos, valores universais e princípios éticos. Isto indica como todos os povos do planeta podem vir a respeitar a cultura de cada um e a aprender uns com os outros através do intercâmbio, de forma a criar um “valor da Terra” ainda mais avançado em prol do futuro da humanidade.

A cultura de cada pessoa e região, nutrida pelo ecossistema global, envolve um grande tesouro de sabedoria sem dono, ligado ao universo e ao know-how da vida diária, que é uma expressão desta sabedoria. Através do contato com culturas singulares e estilos de vida de outras pessoas, pode-se experimentar os magníficos ritmos da Mãe Natureza e sentir um senso de realização na vida.

O Sutra de Lótus, considerado a suprema escritura no Budismo, ensina o conceito de shoho jisso (que significa a verdadeira entidade de todos os fenômenos) [6]. Isso demonstra que as características únicas de uma pessoa são uma expressão direta dos valores cósmicos e universais, Baseado neste espírito tolerante do Budismo, a Soka Gakkai Internacional há muito tem conduzido intercâmbio cultural com 115 países, cada qual com sua própria herança cultural distinta. 

Enquanto aprende erudição e sabedoria de cada cultura e as transmite a outras culturas, a SGI tem se empenhado para abrir caminho de coexistência com a natureza, associando e sublimando a sabedoria de todas as culturas. 

Por exemplo, como parte de esforço para educar o público sobre a importância de corrigir a disparidade no desenvolvimento entre o Norte e o Sul, a  SGI realizou a  Exposição sobre Direitos Humanos e das Crianças (com a colaboração do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef), e a Exposição UNICEF e as Crianças do Mundo

Para a Cúpula da Terra, os planos da SGI de apoiar as Nações Unidas com a realização de uma exposição no Rio de Janeiro intitulada “O Desbravar do Século da Vida: Exposição sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento”.

A ideia de ecologia humana defendida pelo Conselho de Ecologia Humana da Comunidade Britânica é o mesmo que shoho jisso.

 

Espero que as valiosas experiências de Conselho durante os últimos trinta anos nos campos do intercâmbio cultural com as pessoas nativas em todo o mundo, a promoção de compreensão mútua e a formação de um consenso entre os diversos povos e mais recentemente, a preservação de florestas, bem como a sabedoria e o conhecimento atingido e partir destas experiências, irão se tomar um “modelo” para uma solidariedade mundial mais ampla e será firmemente refletida na orientação da Conferência Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Notas:

[1] Discurso do vice-presidente executivo Zena Saysh em Yokohama na reunião da CHEC, em Yokohama, em 25 de agosto de 1990.

[2] Ver Myoraku (Chan-jan), Hokke’gengi shakusen, vol, 14, pp, 33-919

[3] Funi (=ni narazu) é a forma abreviada de “ni ni shite ni narazu” que significa “dois mas não dois”. Os dois são distintos mas unidos.Ver texto Myoraku citado na nota 2

[4] Em um discurso que proferi na 37ª Reunião Geral da Soka Gakkai em 17 de novembro de 1974, clamei pelo estabelecimento de uma “economia ambiental cíclica”

[5] Asahi Shimbum, 15 de janeiro de 1992

[6] Shoho significa literalmente “várias leis”, isto é, todas as coisas, o mundo fenomenal, por meio do qual a tradução literal “jisso” significa que todos os fenômenos neste mundo são diretamente a verdade absoluta. Ver Hokekyo narabi ni Kaiketsu (O Sutra de Lótus e a Abertura e Fechamento dos Sutras, Seikyo Shimbunsha, pp 154-155. Hokekyo (O Sutra de Lótus), Capítulo Hoben (2º)

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Uniting for Nature, relatório produzido por organizações religiosas é apresentado na COP da Biodiversidade (COP16)

Ao lado de iniciativas de todos os continentes, o Instituto Soka Amazônia é destacado no Relatório, produzida pela coalização internacional Faiths for Biodiversity, por sua atuação na conservação e educação ambiental

No sábado, 2 de novembro, a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), foi encerrada em Cali, Colômbia, sem um consenso satisfatório em prol da proteção da biodiversidade, mas, com avanços pela representatividade e grande pluralidade das manifestações das organizações e representantes da sociedade civil em prol da defesa da biodiversidade. 

Entre  as contribuições apresentadas está o Relatório Uniting for Nature – Faiths at the Forefront of Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework Implementation (em tradução livre: Unindo pela natureza – fés na vanguarda da implementação da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal). 

A publicação foi lançada pela coalizão internacional Faiths for Biodiversity  que reúne organizações religiosas em defesa da biodiversidade.   

O  Relatório apresentou exemplos de iniciativas em todos os continentes com significativa atuação em prol da conservação biodiversidade, entre as quais o Instituto Soka Amazônia, organização não-governamental de atuação ambiental mas que se alinha filosoficamente à Soka Gakkai Internacional (SGI).

Além de realizar a gestão da Reserva Particular do Patrimônio Natural Daisaku Ikeda (RPPN Daisaku Ikeda), o Instituto Soka  apoia pesquisas científicas sobre a Amazônia, promove programas de educação ambiental e dá continuidade ao trabalho de restauração ecológica iniciado há quase 30 anos por associados da Brasil SGI com plantio de mais de 20 mil árvores. 

O Relatório classificou a sede do Instituto Soka como “santuário para a biodiversidade da floresta”. Na Reserva foram identificadas mais de 400 árvores matrizes de espécies com risco de extinção.  Para garantir a perpetuidades dessas espécie é feito a coleta de sementes com variedade genética; monitoramento da biodiversidade contando com o apoio de universidades; plantios de espécies nativas amazônicas e um relevante trabalho de educação e sensibilização social com o objetivo de contribuir para a  integridade ecológica da Amazônia. 

Para ler o relatório completo, acesse https://www.biodiversity.faith/report 

Como organizações baseadas na fé protegem a biodiversidade

  • Envolvimento da comunidade e participação inclusiva: reúne grupos, incluindo mulheres, jovens e crianças em atividades como plantio de árvores, jardinagem comunitária e educação ambiental. 
  • Educação e conscientização: criam  espaços inovadores para o aprendizado experimental; organizam conferências e workshops; desenvolvem programas educacionais que conectam os ensinamentos espirituais com o cuidado ambiental. 
  • Restauração e conservação de ecossistemas : atividades, desde restauração de planícies aluviais e florestas até o estabelecimento de santuários de vida selvagem e promoção da conservação de espécies nativas.
  • Práticas sustentáveis e gerenciamento de recursos : estão na vanguarda da promoção da agrofloresta, gestão sustentável da água, consumo ético e proteção de espécies. proteção de espécies.
  • Defesa de políticas e abordagens baseadas em direitos : se engajam ativamente na formulação de políticas, defendendo para proteções ambientais mais fortes e promovendo abordagens baseadas em direitos para a conservação.
  • Colaboração inter-religiosa e intersetorial: redes baseadas na fé reunem cada vez mais diversas tradições religiosas, perspectivas indígenas e organizações seculares para criar abordagens holísticas para a conservação da biodiversidade.

O QUE É 

É uma coalizão internacional de organizações religiosas mobilizando e defendendo ações para deter e reverter a perda de biodiversidade. Estabelecida após a Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade em 2020, a coalizão é dedicada a promover a implementação da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (KMGBF) 

Desde a adoção da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (KMGBF), as organizações religiosas organizações religiosas continuaram a liderar os esforços locais para restaurar ecossistemas degradados e proteger a biodiversidade, envolvendo as comunidades locais no aprendizado sobre a natureza e a necessidade de sua proteção. 

A iniciativa oferece um espaço exclusivo para organizações religiosas, grupos de conservação e outras grupos de conservação e outras organizações da sociedade civil para formar redes, compartilhar recursos e colaborar na defesa da biodiversidade em eventos internacionais importantes. Faiths for Biodiversity também trabalha para aumentar a compreensão das preocupações com a biodiversidade entre as organizações de fim religioso e fortalecer sua capacidade de participar dos esforços de conservação da biodiversidade.  

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Dicas de Leitura: Águas da Amazônia – Natureza e Desafios Contemporâneos

INPA e Instituto Soka Amazônia lançam  o livro Águas da Amazônia: Natureza e Desafios Contemporâneos

Textos inéditos, derivados das apresentações realizadas nos anos de 2016 a 2020 no Seminário Águas da Amazônia, estão reunidos no livro  digital Águas da Amazônia: Natureza e Desafios Contemporâneos, lançado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Instituto Soka Amazônia.

A obra que reúne textos de diversos autores, coloca o tema dos recursos hídricos em foco abordando-o a partir de suas diversas dimensões e intersecções: história geológica, físico-química das águas, dinâmica das águas, relações com a biota aquática, impactos antrópicos, potenciais produtivos a partir do uso sustentável da água e solo, gestão hídrica, metodologias classifica[1]tórias, avaliação da qualidade da água, saberes comunitários associados e políticas públicas.

O presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, ressalta a importância da publicação que cristaliza o resultado dos vários anos de realização do diálogo feito com a sociedade por meio do Seminário Águas da Amazônia. “Ter construído juntos essa trajetória de encontros de mentes brilhan[1]tes, provocando uma rica troca de conhecimentos e reflexões em busca de soluções para os desafios da questão hídrica da Amazônia, é gratificante e motivo de grande honra”, afirmou.

Para a professora Denise Machado Duran Gutierrez, uma das organizadoras da obra, a publicação será apreciada por todos que desejam conhecer mais, e se apropriar de contribuições científicas sobre a região amazônica e seus recursos hídricos. Em es[1]pecial a estudantes de vários níveis de formação e pesquisadores atuantes na temática dos Recursos Hídricos da Amazônia.

Para acessar, a publicação na íntegra, clique aqui.

Dicas de Leitura: Preservando a biodiversidade da Amazônia: implicações pedagógicas

Com o tema Preservando a biodiversidade da Amazônia: Implicações pedagógicas para a coexistência harmoniosa, a sustentabilidade e a cidadania global, artigo de autoria das doutoras Namrata Sharma e Tamy Kobashikawa faz uma análise das atividades educacionais do Instituto como um espaço não formal de aprendizagem para a cidadania global.

O estudo foi publicado na edição de maio da Revista Científica ZEP, uma das mais conceituadas dedicada à Pedagogia, e ganhou destaque nas Conferências Internacionais nas áreas de Educação e Cidadania Global.

A publicação também examina as múltiplas contribuições da Instituição para a sustentabilidade, englobando aspectos como a preservação da biodiversidade na região amazônica; apoio ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por meio do HUB ODS Amazonas; o uso da Carta da Terra como uma estrutura ética; e relevante visão do fundador para a coexistência harmoniosa de todas as formas de vida.

De acordo Sharma buscou-se apresentar um exemplo do trabalho crítico  do que vem sendo feito por organizações não governamentais (ONGs) como atores chave nos campos da sustentabilidade e da educação global.  Como estudo de caso avaliou as ações educações realizadas no Instituto Soka Amazônia que trazem como referência à Carta da Terra Internacional.

A Revista ZEP ( Zeitschrift für Internationale Bildungsforschung und Entwicklungspädagogik) é uma das mais antigas publicações científicas dedicadas a refletir sobre os desenvolvimentos sociais (globais) como um desafio para a educação. Em edições especiais, traz a opinião de pesquisadores sobre globalização, educação, aprendizagem e desenvolvimento, bem como sobre os desafios decorrentes da cooperação acadêmica.

Dicas de Leitura: Cidadania Planetária – seus valores, suas crenças e suas ações podem criar um mundo sustentável

Publicado pela editora Brasil Seikyo, no ano de 2005, Cidadania Global: seus valores, suas crenças e suas ações podem criar um mundo sustentável  continua cada vez mais relevante diante dos atuais desafios globais.

Os renomados ativistas globais, Daisaku Ikeda e Hazel Henderson, abordam nesse diálogo o movimento de ascensão de cidadãos de todas as partes do mundo  que atuam diretamente em prol construção de um futuro mais pacífico, harmônico e sustentável.

Uma ampla variedade é debatidos, como desenvolvimento sustentável, justiça econômica, respeito pelos povos originário, democracia e a responsabilidade de corporações na conservação da biodiversidade e recursos naturais.

Título: Cidadania Global: seus valores, suas crenças e suas ações podem criar um mundo sustentável

Autores: Daisaku Ikeda e Hazel Henderson

Ano de Publicação:  2005

Páginas: 218

Editora: Editora Brasil Seikyo

A origem dos valores Soka

Makiguchi
Tsunesaburo Makiguchi e sua revolução no sistema educacional

“Qual é o propósito da vida? Se fosse para expressar isso em apenas uma palavra teria que ser ‘felicidade’. O propósito da educação deve, portanto, estar de acordo com o propósito da vida.”

(Tsunesaburo Makiguchi)

Tsunesaburo Makiguchi (1871-1944) foi um educador japonês que criou a Educação Soka, cujos ensinamentos se mantêm atuais ano após ano, e são a parte fundamental das atividades de ensino do Instituto Soka Amazônia.

Makiguchi acreditava que a verdadeira felicidade se encontra na criação de valor, que é a capacidade de encontrar propósitos, aprimorar a própria existência e contribuir para o bem-estar das outras pessoas.

Makiguchi era professor de geografia e inspirado no local em que o estudante estava, ele lecionava considerando a comunidade como o mundo em miniatura.

De acordo com Makiguchi, a comunidade local é um lugar para observar, confirmar, aprender e colocar em prática princípios universais, bem como entender as relações históricas e complexas entre seres humanos e a natureza.

O objetivo da educação –enfatizava o educador– não é transferir conhecimento, mas orientar o processo de aprendizagem, equipar o estudante com toda a metodologia para a pesquisa, de forma a dar-lhe condições para que produza o seu próprio conhecimento!

Com base nos valores Soka e no humanismo Ikeda, o Instituto Soka Amazônia realiza programas de Educação Ambiental para jovens do ensino infantil ao universitário, com propósito de promover e realizar ações socioambientais para a construção de uma sociedade ambientalmente mais consciente com base na visão humanista do fundador Dr. Daisaku Ikeda, garantindo a integridade da natureza e dos seres que nela habitam.

O objetivo da educação –enfatizava o educador– não é transferir conhecimento, mas orientar o processo de aprendizagem de forma a dar-lhe condições para que produza o seu próprio conhecimento!

Leia o artigo que está em

http://www.bsgi.org.br/quemsomos/uma_vida_dedicada_a_educacao_plena para conhecer melhor a vida de Tsunesaburo Makiguchi

Para mais informações sobre a os ideais Soka desenvolvidos por Makiguchi, acesse o site:

https://www.tmakiguchi.org/ para encontrar uma série de artigos e material de referência em inglês.