A doutoranda em Economia Tamy Kobashikawa fala sobre sua vida e sua atuação como acadêmica na Universidade Soka, no Japão
Aos 12 anos Tamy decidiu que iria estudar na Universidade Soka, localizada em Hachioji, em Tóquio, Japão. Órfã de pai, criada pela zelosa mãe que a supriu de amor e de cuidados, somente aos 24 anos conseguiu fazer materializar-se sua determinação de criança. Prestes a concluir o doutorado pela instituição de ensino que a acolheu, incialmente para o mestrado e agora para o doutorado, Tamy quer se dedicar à tarefa de retribuir ao seu país e aos companheiros brasileiros por toda a boa sorte de que foi alvo, dedicando-se a projetos de desenvolvimento econômico que priorizem, antes de tudo, o ser humano.
Ela graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em 2015 determinou que ingressaria no programa de mestrado da Universidade Soka. “Eu não tinha a menor ideia se conseguiria a bolsa de estudos. E muito menos de onde viria o dinheiro caso não conseguisse. Mas sabia que estaria lá”, conta. Em meio à correria de providenciar documentos para candidatar-se, foi surpreendida com uma inusitada mas providencial surpresa.
O pai de Tamy falecera em um acidente de carro em que ela própria estava envolvida, quando contava com poucos meses de vida. Em decorrência dessa tragédia, sua mãe foi seu sustentáculo, suprindo também o papel de pai de forma admirável. “Meus pais se conheceram dentro da BSGI, ambos foram atuantes do núcleo jovem. Se apaixonaram e casaram. E tiveram duas filhas”, explica. A irmã faleceu muito criança. “Como eu cresci sem pai não tinha a dimensão dessa presença. Foi somente quando estava me preparando para ingressar na Universidade Soka é que me dei conta de que a boa sorte que meu pai acumulara na juventude, atuando na BSGI iria surgir no momento crucial”, ressalta.
O pai havia comprado um terreno em Santana do Parnaíba ainda na juventude. Ficara intocado e esquecido. Uma pessoa passou por ele e se interessou, mesmo sem nem menos haver uma placa de vende-se. Buscou com afinco e chegou à mãe de Tamy. A oferta em dinheiro e à vista era a exata quantia necessária para custear o mestrado. “Foi a comprovação materializada do empenho de meu pai em vida!”, exclama.
O mestrado em Economia teve como objeto de estudo a cooperação agrícola entre três países: Moçambique, Brasil e Japão. Tamy esteve por algumas semanas em Moçambique para seu trabalho de campo que resultou em uma poderosa dissertação.
Para o doutorado decidiu voltar seu olhar sensível ao seu país e entender como a educação ambiental pode contribuir efetivamente para um desenvolvimento econômico sustentável. Para tanto, esteve em 2019 no Instituto Soka Amazônia para o trabalho de campo. “Compreender os projetos e a forma como eles impactam na comunidade foi fundamental para a minha tese”, enfatiza. Em fase de escrita da tese de doutorado, Tamy irá dedicar o ano de 2021 para esse fim.
Em 2019, Tamy integrou o grupo de quatro estudantes da Universidade Soka para participar de um curso ministrado por laureados com o Prêmio Nobel da Paz, no México. Há cerca de 17 anos é oferecido esse treinamento para estudantes de algumas universidades do mundo. Em 2019, 30 laureados estiveram presentes. “Foram 5 dias de puro encantamento e aprendizado riquíssimo e inesquecível”, rejubila-se. Segundo ela, dos quatro integrantes da Universidade Soka do Japão, dois eram brasileiros. “Sinto que com tudo isso que me aconteceu, tenho conseguido honrar meu pai que mal conheci. E o mestre e fundador tanto do Instituto Soka Amazônia como da Universidade Soka, dr. Daisaku Ikeda”.
Ikeda delegou aos estudantes estrangeiros das duas Universidades Soka (Japão e EUA): “vocês são os embaixadores dos ideais Soka de paz, cultura e educação em seus respectivos países. Tornem-se verdadeiros valores fundamentais na sociedade em cada ramo de atuação”. Sem dúvida alguma, a jovem doutoranda Tamy Yukie Kobashikawa já é um grande valor que concretizará relevantes projetos para um real desenvolvimento que se volte para o ser humano.