Localizado às margens do Rio Negro e em frente ao Encontro das Águas o Sítio Arqueológico Ponta das Lajes voltou a ficar visível devido à seca que afeta a região.
Este patrimônio geológico e arqueológico, frequentemente submerso, revela vestígios de civilizações que habitaram a área há milênios, incluindo as conhecidas “caretas” ou petróglifos (figuras humanas esculpidas na rocha) que chamaram a atenção durante a estiagem de 2023.
Para garantir a proteção desse importante patrimônio natural e cultural, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na última segunda-feira (23), lançou Plano de Ações Integradas do Patrimônio Arqueológico do Amazonas, que contou com a participação do Instituto Soka e elaborado a partir das experiências das duas instituições no sítio durante a seca de 2023.
O plano foi apresentado a jornalistas, representantes das forças de segurança, pesquisadores e pesquisadores e lideranças comunitárias dos bairros do entorno e associações indígenas, que participaram de encontros informativos sobre o Sitio e os cuidados com a proteção de patrimônios culturais e arqueológicos.
Segundo Beatriz Calheiro, superintendente do IPHAN no Amazonas, o objetivo é orientar a proteção dos sítios arqueológicos no estado, especialmente durante o período de seca exacerbado pelas mudanças climáticas.
“Implementaremos medidas de segurança, socialização e boas práticas para a conservação desse patrimônio. Pedimos à comunidade que evitem o descarte de lixo no local, pois ele representa nossa identidade, nossa história e é um espaço sagrado para os povos indígenas, que merece respeito”, afirmou Calheiro.
A Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda, nutre uma relação muito especial com o Sítio Ponta das Lajes, como relembra Milton Fujiyoshi, vice-presidente do Instituto Soka. “Nossa equipe acompanhou os primeiros registros fotográficos das famosas gravuras rupestres durante a grande seca de 2010. Pelo Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda, somos histórica e geograficamente conectados ao Sítio Ponta das Lajes”, relembrou.
O afloramento desse sítio revela agravamento das mudanças climáticas e deve ser motivo de reflexão, ressalta Fujiyoshi. “Estamos diante da necessidade de união de toda sociedade para proteção dos bens mais valiosos da Amazônia: nossas florestas, nossa biodiversidade, nossos rios, nossas populações e nossa história”.
A educação ambiental e patrimonial faz parte dos programas educativos e ações de sensibilização social promovidas pelo Instituto, como o mutirão de limpeza, realizado no ano passado, quando conseguiu-se recolher 1 tonelada de resíduo sólido do Sítio Ponta das Lajes. “Estaremos sempre disposto a colaborar, junto com pesquisadores e comunidade, proteção e disseminação de conhecimento sobre esse patrimônio que é de todos”, afirma Fujiyoshi.
- Alertas importantes:
- Bens arqueológicos pertencem à União, sendo vedado qualquer tipo de aproveitamento econômico dos artefatos, assim como sua destruição e mutilação.
- Para realizar Pesquisas em sítios arqueológicos deve-se enviar projeto prévio ao Iphan, que emitirá a Portaria de Autorização. Pesquisa interventiva realizada sem autorização é ilegal e passível de punição nos termos da Lei.
Sítio Ponta das Lajes
Com cronologia estimada entre mil e dois mil anos atrás, o sítio Ponta das Lajes possui blocos rochosos nos quais há registros rupestres que representam figuras humanas.
Em sua maior parte, as representações são de rostos, que a comunidade local chama popularmente de “caretas”, mas há também gravuras e uma área de oficina lítica com marcas de amoladores. O sítio Ponta das Lajes ainda possui bacias de polimento locais em que, há milhares de anos, povos originários confeccionavam suas ferramentas, como machadinhas.