O evento deste ano ressaltou a importância de se preservar os recursos hídricos para o bem da floresta
Pela defesa incondicional dos nossos recursos hídricos, esse é e sempre foi o objetivo para a realização do Seminário Águas da Amazônia, que este ano (2022) chega a sua sétima edição e foi realizado no auditório do Bosque da Ciência, no último dia 22 de novembro. O evento integra ainda a programação oficial da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Desde o advento da pandemia optou-se pela transmissão via YouTube em conjunto com a participação presencial de pesquisadores, estudantes e público em geral interessados no assunto. A grande novidade desse ano foi a realização da Ação Voluntária que aconteceu no Bosque a Ciência, dando oportunidade para o público presente interagir e conhecer um pouco mais sobre a exuberância da flora e fauna presente no local.
A profa. dra. Denise Guttierrez, Coordenadora de Tecnologia Social do INPA, exaltou a parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, por ela representado e o Instituto Soka Amazônia pois ambas as organizações “possuem objetivos confluentes, que consiste na defesa do patrimônio natural de uso coletivo que é a floresta e tudo que envolve sua sobrevivência”. Como ela colocou, ambas as instituições possuem bens e valores que se ampliam e atingem todo o planeta. “Valorizamos a floreste em pé! Valorizamos os recursos da Amazônia! Valorizamos e amamos a Ciência, o conhecimento e todos os valores que ela pode aportar e, nesse sentido, temos muita confluência com o Instituto Soka”, ressaltou a pesquisadora.
“Esse espírito de solidariedade proverá energia e a base para enfrentar o espectro amplo de novos desafios incluindo a crise climática”, enfatizou o diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento. Ele reafirmou ainda que “ao enraizar nossas ações nesse espírito de solidariedade e ao avançar na construção de uma sociedade global que seja inabalável diante de quaisquer ameaças deixaremos algo de imenso valor para as futuras gerações.
Palestras fundamentais
A primeira palestrante da manhã foi a pesquisadora do INPA, dra. Maria Terezinha Ferreira Monteiro que discorreu sobre a Importância dos Estudos Hidrográficos para a Questão Hídrica. Sua fala alertou principalmente sobre o engendrado sistema hídrico do qual depende a floresta e todos que nela habitam. “Conhecer o local e todos os agentes que nela coexistem é fundamental para saber como preservá-la”, alertou. Segundo ela, a água que cai em forma de chuva encontra seu primeiro pouso no denso e rico dossel das árvores. Dali escorre por folhas, galhos, ramos e tronco, umedecendo cada parte da planta e nutrindo-a com os insumos que a chuva traz. Quando finalmente chega ao solo é acrescida de outros compostos que a própria planta fornece. No solo a água se deposita sobre o material orgânico – boa parte é provido pela própria árvore – constituído por restos de fauna e flora em decomposição. Essa água, além de ajudar nesse processo, vai penetrar lentamente solo abaixo, chegando às raízes e demais organismos que se utilizam da terra para sobreviver.
Porém, quando se retiram as árvores, a água cai diretamente sobre o solo em, com o tempo, vai compactar essa terra, tornando-a quase impermeável. Os nutrientes oriundos da decomposição de flora e fauna não mais existirão ou diminuirão consideravelmente, tornando a terra empobrecida. “As alterações antrópicas causam desequilíbrio no balanço hídrico”, enfatizou.
Veneza Amazônica
A pesquisadora disse que se os igarapés tivessem sido mantidos limpos como eram na década de 1960/70, “teríamos aqui uma Veneza Amazônica”. O INPA vem realizando diversos estudos com o objetivo de buscar a recuperação desses locais tão importantes e essenciais. Explicou sobre o projeto IETÉ, fruto de uma parceria inédita com a Samsung que vem sendo realizado na Bacia Hidrográfica do Educandos. O projeto integra hidrologia, hidrogeologia, mapeamento vegetal, meteorologia e química. Tal integração nunca foi realizado antes e espera-se obter muitos benefícios a toda a região. O primeiro é a filtragem da água que vem sendo depositada diretamente no aquífero, pois este vem sofrendo muito com o aumento constante de consumo.
Sob o tema Saneamento em Manaus e o esgotamento sanitário, a segunda palestra da manhã fico a cargo do engenheiro sanitarista e ambiental Lineu Machado Silva Júnior, que é o gerente de Operações da empresa de abastecimento Águas de Manaus. Ele explicou detalhadamente como funciona intrincado sistema de abastecimento e como a empresa vem expandindo a rede por diversos locais de difícil acesso, como nas comunidades de palafitas. “Pessoas que, pela primeira vez, têm um comprovante de endereço!”, exclamou o engenheiro. A rede de distribuição de Manaus tem números impressionantes: uma vazão de 10 mil litros de água por segundo, ou 700 milhões de litros ao dia; em 200 reservatórios com capacidade de 259 milhões de litros em cada um. Trata-se de uma árdua tarefa conseguir que cada casa da capital manauara tenha água corrente em suas torneiras.
Depoimentos
“Trabalho árduo de atenção e respeito à população e à natureza. Gratidão!!!”, registrou no chat Fátima Gobby. Ela escreveu ainda que “sem dúvida! Todos precisam se envolver. O que cada um pode fazer é colaborar para a efetivação dos bons resultados”.
Também no chat, Lydi Lucia registrou, “é superimportante estabelecer um protocolo de qualidade de água pra nossa realidade hídrica” e, Rayana Ferreira, escreveu: “nosso Amazonas é rico em vários aspectos e esses eventos servem para aprofundar o conhecimento, a conscientização a preservação do meio ambiente”.
Público online presente: São Paulo, capital; Campinas, Indaiatuba, interior-SP; Praia Grande e Santos, litoral-SP; Olinda do Norte-AM; Viçosa-MG. Santa Maria-RS.