Instituto Soka Amazônia

Tributo em memória ao fundador do Instituto Soka Amazônia

Clamor pela paz, pela Amazônia e pela vida

Em 15 de novembro de 2023, aos 95 anos de idade, o filósofo, escritor, pacifista e fundador do Instituto Soka Amazônia, Daisaku Ikeda, encerrou sua existência  deixando um legado de ações em prol da paz, cultura, educação, direitos humanos e proteção ao meio ambiente. 

Foram mais de sete décadas à defesa da paz, da educação e direitos humanos, inspirando gerações para os propósitos de valorização da vida e do potencial do ser humano para transformação social.

 

Ikeda foi presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI) e fundou organismos internacionais, como o Instituto de Filosofia Oriental  (Japão), Fundação Makiguchi para a Edudação, Centro Ikeda para Paz, Aprendizado e Diálogo (originalmente Centro de Pesquisa de Boston para o Século 21), Instituto Toda para Paz, Sistema Soka de Educação (Colégios e Universidades no Japão, Estados Unidos, Brasil, Coreia, Malásia e Cingapura), Associação de Concerto Min-On, Museu de Arte Fuji em Tokyo (Japão).

Relação especial com a Amazônia

Por ocasião da inauguração do Laboratório de Pesquisas Ecológicas Dr. Daisaku Ikeda, atual sede do Instituto Soka Amazônia, Ikeda relembrou em discurso sua forte ligação com a região:

O famoso naturalista inglês Charles Darwin, que elaborou a Teoria da Evolução das Espécies, ficou muito impressionado com a riqueza natural da floresta amazônica, o colorido verdejante das matas, os sons e o silêncio formando uma harmonia perfeita na sombra de suas árvores centenárias. E o escritor Stefan Zweig, quando esteve na Amazônia, disse que seu sonho de infância era ver a majestosa correnteza do Rio Amazonas.

 Eu também, quando criança, acalentei a esperança de um dia viajar pelo mundo para conhecer o grande Amazonas. Por isso, quando ouço sobre o Amazonas, ressurgem em meu coração essas lembranças de infância cheias de sonhos e fantasias e sinto-me como se os jubilosos braços da rica terra-mãe da vida envolvessem todo o meu ser. Neste momento, meu coração palpita ansioso por voar imediatamente para o Amazonas com um sentimento muito mais intenso do que o de Darwin e Zweig. 

Desse sentimento surgiu o desejo de estabelecer na região uma base para contribuir efetivamente para preservação da biodiversidade amazônica, culminando, no início da década de 1990, na criação de um centro de estudos e projetos de educação ambiental na Reserva Particular de Patrimônio Natural  RPPN Dr. Daisaku Ikeda, na região do icônico Encontro das Águas.

Por suas contribuições, Ikeda recebeu, em vida,  homenagens e títulos de diversas instituições e universidades brasileiras, como a Medalha de Mérito Social pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (2018) e Medalha Nilo Peçanha do Instituto Federal do Amazonas (2019), títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades Federais do Amazonas (2019), do Acre (2017) de Pernambuco (2021), de Rio de Janeiro (1997) e do Paraná (1993), entre outros títulos e condecorações. Em 1993,  foi eleito para a cadeira 14 de sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.

Defesa do meio ambiente e solidariedade global

Em suas diversas Propostas de Paz enviadas , anualmente à ONU desde 1983,  Ikeda apresentou reflexões e  proposituras para as questões  globais como meio meio e desarmamento nuclear. Em diversas delas, enfatizou a importância da educação ambiental humanística, de valorização da dignidade da vida e vinculada à paz e aos direitos humanos. 

Em 2020, na Proposta  intitulada Rumo ao nosso futuro compartilhado: construindo uma era de solidariedade humana, Ikeda iguala em gravidade a questão climática do Planeta à ameaça das armas nucleares e enfatiza a necessidade de solidariedade global na busca de uma solução:

 “As alterações climáticas são mais do que uma questão ambiental no sentido convencionalmente entendido: representam uma ameaça para todas as pessoas que vivem na Terra, tanto agora como nas gerações futuras. É, tal como as armas nucleares, um desafio fundamental do qual depende o destino da humanidade”, afirmou.

Para Ikeda, a sustentabilidade não deveria ser buscada simplesmente como uma questão de ajuste de políticas, a fim de encontrar um melhor equilíbrio entre os imperativos econômicos e ecológicos.  A sustentabilidade, segundo ele, dever ser o compromisso de todos os indivíduos E, em essência, “é o trabalho de construção de uma sociedade que dá a mais alta prioridade à dignidade da vida”, afirmou em sua Proposta de Paz enviada à Organização das Nações Unidas (ONU), em 2012. 

Ikeda sempre louvou os esforços de pessoas comuns em defesa da vida e do meio ambiente, entre as quais a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2004, Wangari Maathai, por quem nutria profunda admiração.

“Ela concebeu seu Movimento Cinturão Verde com compaixão e preocupação com o futuro de seus filhos e sua terra natal, o Quênia. Ela aplaudia as nobres mulheres comuns de seu país que participam do movimento como ‘engenheiras florestais’, sem diplomas”, disse.

Diálogos pela Paz e Carta da Terra

Ikeda empreendeu relevantes diálogos com líderes e personalidades mundiais, dando sua visão sobre temas como cidadania global, abolição das armas nucleares, proteção ao meio ambiente, direitos humanos e relação harmônica entre ser humano e natureza. Parte desses diálogos foram transformados em livros, deixando um legado de reflexões e conhecimento em diversas áreas.

No notável discurso  Era do Soft Power e da Filosofia da Motivação Interior, proferido na Universidade de Harvard, em 1991, Ikeda atribuiu ao conceito de soft power – exposto pelo teórico de relações internacionais Joseph Nye – , o significado da automotivação necessária para se criar uma sociedade pacífica e solidária, considerando a inseparabilidade do homem e seu meio ambiente.

“Tudo está ligado numa intrínseca rede de causa e conexão, e nada — seja no domínio das questões humanas, ou no dos fenômenos naturais — pode existir ou ocorrer de modo isolado. Sob esse ponto de vista, tem sido creditada importância maior às relações interdependentes entre os indivíduos do que ao indivíduo isolado.”

Ikeda foi também um grande incentivador da criação da Carta da Terra, a declaração universal de princípios éticos fundamentais para a construção, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. O documento, considerado um importante guia para a transição para um futuro sustentável, foi resultado de uma década de diálogo intercultural, originada no âmbito das Nações Unidas, mas que se estendeu como uma iniciativa global da sociedade civil.

Por ocasião da filiação do Instituto Soka Amazônia à Carta da Terra Internacional, em 2023,  Mirian Vilela, diretora executiva da organização, homenageou Dr. Ikeda por seus esforços em prol da paz e meio ambiente. A exposição Sementes da Esperança e Ação – produzida pela Soka Gakkai, Carta da Terra Internacional com apoio do Instituto Soka Amazônia – teve o objetivo de inspirar o protagonismo das pessoas comuns na proteção do planeta Terra para as futuras gerações.

 

Legado literário

No campo literário, Ikeda deixou um legado como autor de poesias, romances, ensaios, artigos, histórias infantis. Mais de 250 obras suas foram traduzidas em mais de 50 idiomas.

De acordo com seu site oficial, o número de livros publicados ao redor do mundo chega a mais de 2.000. 

No ano de 1993, ele foi eleito para a cadeira 14 de sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.

Frases célebres de Ikeda sobre Amazônia e Sustentabilidade

 

A Amazônia é o tesouro maior do mundo, é onde resplandece a luz da vida, onde ecoa a contínua canção da vida. Quando a Amazônia adoece, o planeta agoniza; quando a Amazônia chora, a Terra se desespera; e quando a Amazônia bater suas asas, a humanidade poderá voar altivamente.

Daisaku Ikeda. Discurso para Conferência Internacional Amazônia do Terceiro Milênio: Atitudes Desejáveis. 1999

Creio que não devemos esquecer a ótica da convivência na busca de soluções para os problemas do meio ambiente. O desenvolvimento do meio ambiente requer o desenvolvimento do homem, e para promover o desenvolvimento do homem é indispensável unificar os seres humanos

Daisaku Ikeda. Para a Cúpula da Terra. Rio de Janeiro. 2001

Uma sociedade sustentável é aquela cujo futuro não seja prejudicado pelas necessidades momentâneas do presente, mas onde as melhores escolhas sejam determinadas pelos interesses dos nossos filhos e netos. A procura desses ideais não deve ser acompanhada pela obediência a regras impostas de fora nem como um fardo sufocante de responsabilidade. Pelo contrário, ela deve ser um desejo natural.

Daisaku Ikeda. Proposta de Paz à ONU: Segurança humana e sustentabilidade – Compartilhar o respeito pela dignidade da vida, 2012

As alterações climáticas são mais do que uma questão ambiental no sentido convencionalmente entendido: representam uma ameaça para todas as pessoas que vivem na Terra, tanto agora como nas gerações futuras. É, tal como as armas nucleares, um desafio fundamental do qual depende o destino da humanidade

Proposta de Paz à ONU: “Rumo ao nosso futuro compartilhado: construindo uma era de solidariedade humana”, 2020

Necessitamos do poder da ação conjunta e da solidariedade que transcende as fronteiras nacionais, em ação contra as entrelaçadas crises das mudanças climáticas e dos impactos econômicos relacionados à Covid-19

Daisaku Ikeda. Proposta de Paz à ONU:  “Criação de Valor em Tempos de Crise”, 2022

 

Arte pra nos reconectar à natureza

Dialogo com a Natureza por Daisaku Ikeda

Com sensibilidade criativa, traduziu em fotos e poesia a importância da relação mais harmônica do homem com a natureza. Na exposição  Diálogo com a Natureza, exibida pela primeira vez em 1982, Ikeda convida o público a ter um olhar atento a si mesmo e ao mundo ao redor: “A vida reage da maneira mais sensível a cada momento que nunca mais voltará”, afirmou.

O renomado escritor e critico de arte francês, René Huygue,  classificou suas  fotografias como poesias e afirmou: “Lutando  pela verdade na vida, ele capta a pulsação de cada expressão da vida e torna a eternidade da vida visível e palpável

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