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A paz é uma opção viável.

Há esperança mesmo diante de cenários devastadores
Cada indivíduo tem um papel essencial nesse processo de mudança radical de comportamento e atitude frente às mudanças climáticas

A busca pelo equilíbrio ambiental rumo à tão desejada paz global. Embora a grande mídia não retrate, há esforços positivos ocorrendo em todos os pontos do planeta por iniciativa de indivíduos e de grupos. A energia do bem é uma poderosa força que provê os sistemas a despeito dos efeitos negativos de ações nefastas. Em sua proposta de paz deste ano, Transformar a história humana com a luz da paz e da dignidade[i], o dr. Daisaku Ikeda enfatiza que o

“O espírito de solidariedade proverá a energia e a base para enfrentar o espectro amplo de nossos desafios, incluindo a crise climática. Estou certo de que ao enraizarmos nossas ações nesse espírito de solidariedade e ao avançarmos na construção de uma sociedade global que seja inabalável diante de quaisquer ameaças, deixaremos algo de imenso valor para as futuras gerações”.

Isso posto, vamos aos principais pontos relacionados às mudanças climáticas levantados por Ikeda nesse texto.

Há muitas décadas pesquisadores e autoridades vêm alertando sobre os perigos do ritmo acelerado das mudanças climáticas. Os efeitos dessa aceleração são visíveis em todas as partes do globo, numa escalada acentuada e preocupante. São muitos os efeitos dessas mudanças no clima: secas e incêndios frequentes em muitas partes do mundo; aumento crescente das temperaturas e da acidificação marítimas, resultando em deterioração da capacidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos de absorver os gases de efeito estufa. E estes são somente alguns aspectos. Infelizmente há muito mais.

Porém, mesmo diante de um cenário tão devastador, há esperança. Ikeda aponta caminhos de superação dessa crise.]

“De acordo com relatório do Instituto de Recursos Mundiais, se os países do G20, responsáveis por 75% das emissões de gases estufa, lançarem o objetivo ambicioso de redução de emissões correspondente a 1,5 grau [Celsius] até 2030 e alcançarem a meta de zero emissões líquidas até 2050, o aumento da temperatura global pode ser limitado a 1,7 grau — abaixo apenas do objetivo de 2 graus do Acordo de Paris.”

Somado a isso, Ikeda sugere também o fortalecimento da estrutura de parcerias entre a ONU e a sociedade civil. Reconhecer que os recursos necessários à sobrevivência dos povos sejam considerados “bens comuns globais”. Nesse conjunto se incluem o clima e a biodiversidade. Ele propõe o estabelecimento de espaço dentro do sistema da ONU onde a sociedade civil, liderada pelos jovens, possa discutir livremente a proteção abrangente aos bens comuns globais.

EUA e China

Ikeda apontou ainda que para a plena execução das mudanças necessárias é fundamental a cooperação entre as duas maiores potências econômicas da atualidade: EUA e China. Embora tensas, as relações entre estas duas nações precisam chegar a um consenso em prol do bem global. Houve um avanço na COP26 e nessa COP27 [ii] realizada no Egito, em novembro último, as duas potências (e as mais poluidoras do mundo) retomaram as negociações formais pois sua cooperação é considerada crucial para evitar mais danos causados por possíveis mudanças climáticas radicais. Uma leitura oficial do posicionamento de ambos os países, reforçou que os líderes “concordaram em capacitar altos funcionários importantes para manter a comunicação e aprofundar os esforços construtivos sobre essas e outras questões”. É um avanço.

“Bens comuns globais”

Ikeda lembrou que 2022 marca os 30 anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro. Foi o marco do movimento pela coalisão mundial em prol da vida no planeta Terra. Ali foram estabelecidas as bases para a adoção de medidas fundamentais que até hoje se discutem.

ecretário-geral António Guterres (na tela) discursa na reunião sobre mudanças climáticas realizada em sede da ONU (Estados Unidos, set, 2021)

Em seu texto, Ikeda sugere fortemente a adoção de uma declaração para definir os passos e fortalecer uma abordagem abrangente para as questões ambientais, com a perspectiva de salvaguardar os bens comuns globais. Somam-se a isso decisões firmes na ONU sobre os problemas relacionados a tais bens comuns globais.

São eles (os jovens) os herdeiros deste mundo, portanto, nada mais justo que sejam também protagonistas da transformação que a cada dia se torna mais e mais necessária.

Guia de turismo das Nações Unidas da Alemanha fala a um grupo de jovens visitantes sobre as operações de manutenção da paz da ONU

Um dos possíveis caminhos que Ikeda vem levantando há décadas é a criação de meios para que a juventude se engaje com vigor nos comitês de apoio a serem criados em todos os países membros das Nações Unidas. Ele relembra a Youth4Climate: Driving Ambition (Juventude pelo Clima: Impulsionando Aspirações, em tradução livre), uma conferência pré-COP26, realizada em setembro de 2021, em Milão. Naquela oportunidade foi ofertada uma plataforma para que os jovens de todo o mundo se unissem e transmitissem suas preocupações para os que estão engajados em negociações intergovernamentais. Segundo ele, essa oportunidade evocou precisamente o tipo de conselho jovem das Nações Unidas por ele defendida: cerca de quatrocentos jovens de 186 países — quase todos os signatários do Acordo de Paris — incluindo um jovem membro da Soka Gakkai do Japão, participaram da conferência.

Academia Ambiental – Institituto Soka Amazônia

Um manifesto foi redigido a partir dessas interações e o principal ponto levantado foi o aumento de oportunidades para que a juventude mundial possa contribuir efetivamente. São eles os herdeiros deste mundo, portanto, nada mais justo que sejam também protagonistas da transformação que a cada dia se torna mais e mais necessária.  O que Ikeda deixa claro é que nada será capaz de mudar o que quer que seja sem a participação popular, principalmente dos jovens, que têm a força e o vigor necessários para a árdua batalha a ser travada, conforme o trecho adiante:


[i] Íntegra do texto da proposta de paz de 2022, de Daisaku Ikeda:  http://www.culturadepaz.org.br/media/propostas/proposta_paz2022.pdf