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Instituto Soka e INPA realizam a 8ª Edição do Seminário Águas da Amazônia

2023 ficará marcado na história pela série de eventos climáticos extremos na Amazônia com conseqüências graves para a biodiversidade e populações locais.

A região que concentra a maior floresta tropical e a mais extensa bacia hidrográfica do mundo vivencia a seca dos últimos 122 anos na região. Em 62 municípios do estado do Amazonas, cerca de 600 mil pessoas foram impactadas diretamente pela seca, segundo dados da Defesa Civil do Estado. 

Tal panorama não poderia estar de fora das discussões do Seminário Águas da Amazônia, realizado no último dia 9 de novembro, na sede do Instituto Soka e transmitido ao vivo pela youtube.

Especialistas de diversos segmentos apresentaram suas análises dos impactos dos eventos extremos no ciclo hidrológico amazônico criando oportunidade de reflexões sobre o necessário aprimoramento das relações do ser humano perante a natureza como um todo.

Para o diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, o Seminário é relevante não apenas para a região.

“Os momentos que estamos vivendo em toda sociedade requerem que possamos refletir, pensar e partir para ações para mudar o futuro de toda a sociedade e construir um mundo melhor”, afirmou, agradecendo o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e demais parceiros na realização do Seminário, que chega à sua 8ª edição

De acordo com a diretora de Tecnologia Social do INPA, Dra. Denise Gutierrez, o Seminário é realizado em parceria com o Instituto Soka, devido aos temas convergentes que ambas instituições trabalham e que são fundamentais para a região.

Ela destacou a convergência em educação ambiental, enfatizando que é impossível atuar  com sustentabilidade, qualidade de vida para as populações e preservação do meio ambiente, sem fortes ações educativas. “Temos a convergência na própria preservação e na visão de preservação, no entendimento que somos depositários de riquezas naturais importantes que são advindas da floresta amazônica e nós lutamos por ela”.

Na palestra “Eventos extremos de seca e cheias na Amazônia“, o doutor Jochen Schongart, pesquisador titular da Coordenação de Uso de Terra e Mudanças Climáticas do INPA descreveu a importância global e magnitude da bacia amazônica.

“São 15 mil quilômetros cúbicos de chuva, que correspondem a mais de 10% de todas as chuvas de todos os continentes do mundo. Metade disso volta em forma de evapotranspiração e grande parte é exportado na forma de rios voadores que levam umidade a outras regiões. É a maior  hidrobacia do  mundo, com 18% de toda a água doce que chega aos oceanos; são 30% de áreas úmidas; reúne 10% de toda a biodiversidade conhecida; e estoca de 150 a 200 bilhões de toneladas de carbono na biomassa e no solo”.

Com base em 122 anos de monitoramento do nível dos rios na cidade de Manaus, o especialista avaliou que o ciclo hidrológico da Amazônia já sofre forte mudança. Nos primeiros 23 anos deste século, a situação de emergência é quase igual a de todo o século anterior. Em outras palavras, 7% desse século é situação de emergência, ou seja, a cada 17º dia é um dia de emergência induzida por  enchentes ou secas. “São enormes desafios para as políticas públicas e para a sociedade, pois essas ocorrências tem dimensões complexas, sociais, econômicas e de biodiversidade”, concluiu.

O consultor da Unicef, Paulo Diógenes, apresentou os impactos da escassez de água de qualidade e tratamento sanitário na vida das crianças e adolescentes no Brasil. De acordo com levantamento recente, apenas 21% das escolas brasileiras tem água tratada disponível e 3,3  milhões de crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos de idade, não tem acesso a água segura.

Para as meninas, o quadro é mais dramático: apenas 3% das estudantes brasileiras frequentam escolas com  banheiro em condições de uso. E no estado do Amazonas, 13,4% das crianças no Amazonas não tem acesso à água segura e quase 72% não tem acesso a saneamento básico.

O pós-Doutorando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Mestre em Direito Ambiental, Thiago Flores dos Santos, abordou em sua palestra o uso de Pagamento por Serviços Ambientais Hídricos como estratégia de Conservação da Biodiversidade no Amazonas.

Para o especialista há desafios a serem superados quanto à regulamentação, formas de valorar e precificar os ativos e o monitoramento dos resultados.

O professor doutor Sergio Duvoisin Junior, do núcleo permanente do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente da Universidade do Estado do Amazonas e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (UEA/INPA), apresentou os dados do projeto monitoramento ambiental realizado nas principais bacias hidrográficas amazônicas e onde foram coletadas várias amostras de água e solo para avaliar a qualidade. Os dados completos serão disponibilizados até o final de ano e poderão ajudar os gestores públicos tomarem medidas de planejamento e contenção.

O especialista  fez questão de destacar que a preservação ambiental não é responsabilidade apenas dos gestores públicos ou concessionária.  “A parte de conscientização pessoal – de saber que  cada um de nós tem que fazer o seu papel na preservação dos recursos hídricos – é fundamental. Senão  não chegaremos ao lugar nenhum”.

Estudantes das universidades e representantes da sociedade civil presentes fizeram suas perguntas aos especialistas e considerações. Em seguida, duas as duas palestras finais trouxeram reflexão e esperança.

O antropólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN Amazonas), Mauro Augusto Dourado Menezes, destacou que, dentro da lógica do antropoceno,  a seca  vem revelando de diversas formas como homem tem se relacionado com o lugar e o espaço em que ele vive.

Ao se referir ao elemento água como patrimônio cultural enfatizou: “Falar de água, falar de ambiente, falar de natureza, portanto,estamos falando de referencias  que a água,  o meio ambiente e a natureza como portadores de identidade e memória. Talvez quando as políticas publicas se derem conta de natureza não apenas como recursos mas como pessoas, como gentes, teremos outra vertente para pensar na questão ambiental”.

Por fim,  o  engenheiro ambiental e coordenador de Educação Socioambiental do Instituto Soka Amazônia,  Jean Dinelly Leão , apresentou os resultados dos projetos e práticas de educação ambiental, de apoio a pesquisa e de proteção da biodiversidade amazônica, a partira da RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

Ao final do evento cerca de 40 quilos de alimentos não perecíveis doados pelos participantes foram destinados à comunidade ribeirinha vizinha ao Instituto.

Assista, a seguir o Seminário na íntegra:

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