Assim que a semente germina e as primeiras folhas aparecem começa o biosequestro de carbono

bIosequestro de carbono
por Marcos Viana*

Num artigo anterior publicado neste espaço, Marcos Viana, pesquisador, auditor, engenheiro químico, engenheiro de segurança, especialista em gestão ambiental, qualificado em controles preventivos e titular da consultoria AmazonCert sediada em Manaus falou da diferença entre crédito de carbono e pegada de carbono. Neste novo artigo ele comenta um tema que vem causando dúvidas e sendo objeto de muita discussão: Como neutralizar ou diminuir nossa pegada de carbono?

Existem muitas maneiras de neutralizar ou diminuir nossa pegada de carbono, como instalar sistema para geração de energia solar e até coisas mais prosaicas no dia a dia como usar bicicleta nos trajetos que necessitamos percorrer, gerar menos resíduos orgânicos, dentre outros. Entretanto, existe uma forma que é muito prática, está ficando cada vez mais barata e nem sempre é lembrada: o biosequestro de carbono pela plantação de árvores.

Como calcular

De acordo com cálculos validados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, vertido do inglês – Intergovernmental Panel on Climate Change) cada árvore de clima tropical biosequestra 312kg de CO2 até atingir o clímax, ou seja, até chegar aos 20 anos de vida. Isso corresponde a uma captação de aproximadamente 16kg de CO2 a cada ano. E não para por aí: depois desses 20 anos, de acordo ainda com o IPCC, contínua captando aproximadamente 6kg a cada ano restante de sua longa vida. O biosequestro de carbono pela plantação de árvores funciona assim: a partir do momento que uma semente germina, a planta brota, sua raiz, seu caule e algumas folhas se desenvolvem. As folhas são responsáveis pela geração de alimento que propicia o crescimento da planta. Nelas acontece a fotossíntese por reações bioquímicas entre o CO2 captado do ar, pela água que vem da raiz e pela luz solar que a atinge. Dessa forma, a planta gera açúcares (carboidratos) que são responsáveis pela formação de outras substâncias, fazendo com que a planta cresça. E ainda tem mais, libera nessa reação o oxigênio (O2), utilizado na nossa respiração (veja Figura 1).

Figura 1 – Esquema da fotossíntese
A partir da germinação da semente

Muitas pessoas pensam que é necessário esperar os 20 anos que a planta leva para atingir seu ápice para que ela comece a captar carbono da atmosfera. Entretanto, diante a explicação acima, a planta já começa a fazer isso desde que a semente germina.

“Que chato, vou ter que esperar 20 anos? Que vantagem tenho nisso?” – chega-se a pensar, de forma totalmente equivocada.

O correto é pensar que ao plantar árvores, a pessoa também está contribuindo para conservação do solo, pois as plantas evitam a erosão e enriquecem o terreno com matéria orgânica. Elas contribuem para manter o ciclo regular de chuvas, pois transpiram muita água. E se já não bastasse tudo isso, elas promovem o aumento da fauna – insetos, pássaros, primatas, dentre outros.

Os especialistas chamam tudo isso de serviços ambientais.

 
 
Um cálculo prático

E aí você pode se perguntar, como faço para calcular o número de árvores a plantar sabendo a minha pegada de carbono?

Vamos relembrar do exemplo que usamos no artigo anterior para determinar a pegada de carbono pelo uso de seu veículo, digamos, no ano de 2020. Vamos admitir que o carro percorre 10 km para cada litro de gasolina consumido, e foram percorridos 12.000 km com esse veículo naquele período. Buscando no BEN (Balanço Energético Nacional) 2020, encontra-se o fator de emissão gasolina igual a 2,212 kg CO2 / L. Realizando os cálculos devidos (veja figura 2), encontra-se que a pegada de carbono pelo uso do veículo foi de 2,654 tCO2e (toneladas de CO2 equivalentes).

Figura 2 – Cálculo da pegada de carbono de um veículo a gasolina que percorreu 12.000 km no ano de 2020
Considerando o uso daquele veículo no ano de 2020, vamos raciocinar desta forma:
  • Sua pegada de carbono é de 2,654 tCO2e
  • Vamos dividir esse valor por 0,312t, lembrando que assinalamos acima que durante os 20 anos de crescimento da árvore são captados 312kg de CO2 que convertido para toneladas métricas é igual a 0,312.
  • Resultado: você deve plantar e cuidar de 9 árvores.  

 

 

Fontes:

  • Quanto mais quente melhor? Desafiando a sociedade civil a entender as mudanças climáticas. Carlos Klink (organizado) – São Paulo: Peirópolis, Brasília, DF:IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2007.
  • Rodríguez, Carlos René Muñiz. Estimativa do potencial sequestro de carbono em áreas de preservação permanente de cursos d’água e topos de morros mediante reflorestamento com espécies nativas no município de São Luiz do Paraitinga / Carlos René Muñiz Rodríguez. – São José dos Campos : INPE, 2015.
  • 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories Volume 4 Agriculture, Forestry and Other Land Use.
  • BEN 2020 – Balanço Energético Nacional – Ministério de Minas e Energia

 
* Marcos Viana é pesquisador, auditor, engenheiro químico, engenheiro de segurança, especialista em gestão ambiental,

 

Plante árvores: o planeta agradece

bIosequestro de carbono
Assim que a semente germina e as primeiras folhas aparecem começa o biosequestro de carbono

Num artigo anterior publicado neste espaço, Marcos Viana, pesquisador, auditor, engenheiro químico, engenheiro de segurança, especialista em gestão ambiental, qualificado em controles preventivos e titular da consultoria AmazonCert sediada em Manaus falou da diferença entre crédito de carbono e pegada de carbono. Neste novo artigo ele comenta um tema que vem causando dúvidas e sendo objeto de muita discussão: Como neutralizar ou diminuir nossa pegada de carbono?

Existem muitas maneiras de neutralizar ou diminuir nossa pegada de carbono, como instalar sistema para geração de energia solar e até coisas mais prosaicas no dia a dia como usar bicicleta nos trajetos que necessitamos percorrer, gerar menos resíduos orgânicos, dentre outros. Entretanto, existe uma forma que é muito prática, está ficando cada vez mais barata e nem sempre é lembrada: o biosequestro de carbono pela plantação de árvores.

Como calcular

De acordo com cálculos validados pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, vertido do inglês – Intergovernmental Panel on Climate Change) cada árvore de clima tropical biosequestra 312kg de CO2 até atingir o clímax, ou seja, até chegar aos 20 anos de vida. Isso corresponde a uma captação de aproximadamente 16kg de CO2 a cada ano. E não para por aí: depois desses 20 anos, de acordo ainda com o IPCC, contínua captando aproximadamente 6kg a cada ano restante de sua longa vida. O biosequestro de carbono pela plantação de árvores funciona assim: a partir do momento que uma semente germina, a planta brota, sua raiz, seu caule e algumas folhas se desenvolvem. As folhas são responsáveis pela geração de alimento que propicia o crescimento da planta. Nelas acontece a fotossíntese por reações bioquímicas entre o CO2 captado do ar, pela água que vem da raiz e pela luz solar que a atinge. Dessa forma, a planta gera açúcares (carboidratos) que são responsáveis pela formação de outras substâncias, fazendo com que a planta cresça. E ainda tem mais, libera nessa reação o oxigênio (O2), utilizado na nossa respiração (veja Figura 1).

Figura 1 – Esquema da fotossíntese
A partir da germinação da semente

Muitas pessoas pensam que é necessário esperar os 20 anos que a planta leva para atingir seu ápice para que ela comece a captar carbono da atmosfera. Entretanto, diante a explicação acima, a planta já começa a fazer isso desde que a semente germina.

“Que chato, vou ter que esperar 20 anos? Que vantagem tenho nisso?” – chega-se a pensar, de forma totalmente equivocada.

O correto é pensar que ao plantar árvores, a pessoa também está contribuindo para conservação do solo, pois as plantas evitam a erosão e enriquecem o terreno com matéria orgânica. Elas contribuem para manter o ciclo regular de chuvas, pois transpiram muita água. E se já não bastasse tudo isso, elas promovem o aumento da fauna – insetos, pássaros, primatas, dentre outros.

Os especialistas chamam tudo isso de serviços ambientais.

Um cálculo prático

E aí você pode se perguntar, como faço para calcular o número de árvores a plantar sabendo a minha pegada de carbono?

Vamos relembrar do exemplo que usamos no artigo anterior para determinar a pegada de carbono pelo uso de seu veículo, digamos, no ano de 2020. Vamos admitir que o carro percorre 10 km para cada litro de gasolina consumido, e foram percorridos 12.000 km com esse veículo naquele período. Buscando no BEN (Balanço Energético Nacional) 2020, encontra-se o fator de emissão gasolina igual a 2,212 kg CO2 / L. Realizando os cálculos devidos (veja figura 2), encontra-se que a pegada de carbono pelo uso do veículo foi de 2,654 tCO2e (toneladas de CO2 equivalentes).

Figura 2 – Cálculo da pegada de carbono de um veículo a gasolina que percorreu 12.000 km no ano de 2020

Considerando o uso daquele veículo no ano de 2020, vamos raciocinar desta forma:

  1. Sua pegada de carbono é de 2,654 tCO2e
  2. Vamos dividir esse valor por 0,312t, lembrando que assinalamos acima que durante os 20 anos de crescimento da árvore são captados 312kg de CO2 que convertido para toneladas métricas é igual a 0,312.
  3. Resultado: você deve plantar e cuidar de 9 árvores.  

Fontes:

Quanto mais quente melhor? Desafiando a sociedade civil a entender as mudanças climáticas. Carlos Klink (organizado) – São Paulo: Peirópolis, Brasília, DF:IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2007.

Rodríguez, Carlos René Muñiz. Estimativa do potencial sequestro de carbono em áreas de preservação permanente de cursos d’água e topos de morros mediante reflorestamento com espécies nativas no município de São Luiz do Paraitinga / Carlos René Muñiz Rodríguez. – São José dos Campos : INPE, 2015.

2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories Volume 4 Agriculture, Forestry and Other Land Use.

BEN 2020 – Balanço Energético Nacional – Ministério de Minas e Energia

Crédito de Carbono é uma coisa e Pegada de Carbono é outra

por Marcos Viana*

O tema aquecimento global e mudança climática, bem como os diversos dispositivos e políticas para seu controle, trouxe definições que por vezes provocam confusão. Uma das mais frequentes é sobre as expressões “Crédito de Carbono” e “Pegada de Carbono”, que muitas vezes são usadas como sinônimos. E não o são.

A origem do termo

Vamos começar pela origem da definição de Crédito de Carbono. Essa denominação surgiu durante as discussões que aconteceram nas diversas reuniões da UNFCCC (vertido do inglês como Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) que culminaram com o “Protocolo de Quioto” ratificado por várias nações no ano de 1997. Durante o desenvolvimento dos vários mecanismos que o Protocolo de Quioto definiu é que o termo “Crédito de Carbono” começou a ser usado por algumas pessoas.

Cabe, no entanto, a pergunta: o que é Crédito de Carbono?

Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE – no inglês CER – Cerificate of Emission Reduction) são certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa. Por convenção, 1 tonelada de dióxido de carbono corresponde a 1 crédito de carbono.

Um exemplo prático

Por exemplo, a empresa A usava, para gerar vapor em sua caldeira, a queima de óleo diesel (combustível fóssil) e executou um projeto de troca de combustível, passando a queimar biomassa (no caso, bagaço de cana de uma usina de açúcar que ficava na vizinhança). Acontece que o bagaço de cana é fonte renovável de energia e o CO2 gerado na sua queima e passou a ser captado (biosequestrado) pela plantação de cana-de-açúcar na safra seguinte, formando um ciclo virtuoso de renovação.

O óleo Diesel, ao contrário, tem origem no petróleo, sendo que o CO2 de sua queima não volta para um ciclo de renovação e faz com que esse gás de efeito estufa fique por 150 anos em atividade na atmosfera. Como aquela empresa trocou sua matriz energética, ela passou a criar, a cada ano, um “Crédito de Carbono” que é calculado como toneladas equivalentes de CO2 (tCO2e) que ela deixou de emitir por ter deixado de queimar Diesel. Ou seja, como a empresa “não gasta” aquela reserva, fica com um crédito de emissões, que se certificado por uma entidade reconhecida pela UNFCCC pode ser anualmente negociado com uma outra empresa (B) como forma de compensação de suas emissões de gases de efeito estufa – Ver figura 1 abaixo

Figura 1 – Representação gráfica de como se dá a transferência de créditos de carbono de uma empresa para outra

E a pegada de carbono?

Agora, vamos falar sobre pegada de carbono.

A definição de “pegada de carbono” está diretamente relacionada à quantidade de emissões de gases de efeito estufa em toneladas de CO2 (tCO2e) que uma pessoa ou empresa emite em determinado ano, originada de suas atividades, produtos e serviços.

Ou seja, “pegada de carbono” é a soma de todas as emissões de uma pessoa ou empresa.

Pegada de carbono pode, também, ser definida como um inventário das emissões de gases de efeito estufa.

Para dar um exemplo prático, suponhamos que uma pessoa queira calcular sua pegada de carbono com o uso de seu veículo no ano de 2020. Sabendo-se que esse carro faz 10 km por litro de gasolina, e foram percorridos 12.000 km no ano de 2020, busca-se no BEN (Balanço Energético Nacional) 2020, o fator de emissão gasolina igual a 2,212 kg CO2 / L.


Figura 2 – Cálculo da pegada de carbono de um veículo a gasolina que percorreu 12.000 km no ano de 2020

Realizando os cálculos devidos (ver figura 2), encontra-se que a pegada de carbono pelo uso de veículo daquela pessoa foi de 2,654 tCO2e (toneladas de CO2 equivalentes).

Para neutralizar a sua pegada de carbono, a pessoa terá diferentes formas de fazê-lo. Mas isso é assunto para um outro artigo.

Fontes:

  • Quanto mais quente melhor? Desafiando a sociedade civil a entender as mudanças climáticas. Carlos Klink (organizado) – São Paulo: Peirópolis, Brasília, DF:IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2007.
  • BEM 2020 – Balanço Energético Nacional – Ministério de Minas e Energia

 

(*) Marcos Viana é pesquisador, auditor, engenheiro químico, engenheiro de segurança, especialista em gestão ambiental, qualificado em controles preventivos e titular da consultoria AmazonCert sediada em Manaus.

Crédito de Carbono é uma coisa e Pegada de Carbono é outra

Biossequestro
Marcos Viana(*) põe os pingos nos ii

O tema aquecimento global e mudança climática, bem como os diversos dispositivos e políticas para seu controle, trouxe definições que por vezes provocam confusão. Uma das mais frequentes é sobre as expressões “Crédito de Carbono” e “Pegada de Carbono”, que muitas vezes são usadas como sinônimos.

E não o são.

A origem do termo

Vamos começar pela origem da definição de Crédito de Carbono.

Essa denominação surgiu durante as discussões que aconteceram nas diversas reuniões da UNFCCC (vertido do inglês como Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) que culminaram com o “Protocolo de Quioto” ratificado por várias nações no ano de 1997.

Durante o desenvolvimento dos vários mecanismos que o Protocolo de Quioto definiu é que o termo “Crédito de Carbono” começou a ser usado por algumas pessoas.

Cabe, no entanto, a pergunta: o que é Crédito de Carbono?

Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE – no inglês CER – Cerificate of Emission Reduction) são certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa.

Por convenção, 1 tonelada de dióxido de carbono corresponde a 1 crédito de carbono.

Um exemplo prático

Por exemplo, a empresa A usava, para gerar vapor em sua caldeira, a queima de óleo diesel (combustível fóssil) e executou um projeto de troca de combustível, passando a queimar biomassa (no caso, bagaço de cana de uma usina de açúcar que ficava na vizinhança). Acontece que o bagaço de cana é fonte renovável de energia e o CO2 gerado na sua queima e passou a ser captado (biosequestrado) pela plantação de cana-de-açúcar na safra seguinte, formando um ciclo virtuoso de renovação.

O óleo Diesel, ao contrário, tem origem no petróleo, sendo que o CO2 de sua queima não volta para um ciclo de renovação e faz com que esse gás de efeito estufa fique por 150 anos em atividade na atmosfera. Como aquela empresa trocou sua matriz energética, ela passou a criar, a cada ano, um “Crédito de Carbono” que é calculado como toneladas equivalentes de CO2 (tCO2e) que ela deixou de emitir por ter deixado de queimar Diesel. Ou seja, como a empresa “não gasta” aquela reserva, fica com um crédito de emissões, que se certificado por uma entidade reconhecida pela UNFCCC pode ser anualmente negociado com uma outra empresa (B) como forma de compensação de suas emissões de gases de efeito estufa – Ver figura 1 abaixo

Figura 1 – Representação gráfica de como se dá a transferência de créditos de carbono de uma empresa para outra

E a pegada de carbono?

Agora, vamos falar sobre pegada de carbono.

A definição de “pegada de carbono” está diretamente relacionada à quantidade de emissões de gases de efeito estufa em toneladas de CO2 (tCO2e) que uma pessoa ou empresa emite em determinado ano, originada de suas atividades, produtos e serviços.

Ou seja, “pegada de carbono” é a soma de todas as emissões de uma pessoa ou empresa.

Pegada de carbono pode, também, ser definida como um inventário das emissões de gases de efeito estufa.

Para dar um exemplo prático, suponhamos que uma pessoa queira calcular sua pegada de carbono com o uso de seu veículo no ano de 2020. Sabendo-se que esse carro faz 10 km por litro de gasolina, e foram percorridos 12.000 km no ano de 2020, busca-se no BEN (Balanço Energético Nacional) 2020, o fator de emissão gasolina igual a 2,212 kg CO2 / L.


Figura 2 – Cálculo da pegada de carbono de um veículo a gasolina que percorreu 12.000 km no ano de 2020

Realizando os cálculos devidos (ver figura 2), encontra-se que a pegada de carbono pelo uso de veículo daquela pessoa foi de 2,654 tCO2e (toneladas de CO2 equivalentes).

Para neutralizar a sua pegada de carbono, a pessoa terá diferentes formas de fazê-lo. Mas isso é assunto para um outro artigo.

Fontes:

  • Quanto mais quente melhor? Desafiando a sociedade civil a entender as mudanças climáticas. Carlos Klink (organizado) – São Paulo: Peirópolis, Brasília, DF:IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2007.
  • BEM 2020 – Balanço Energético Nacional – Ministério de Minas e Energia

(*) Marcos Viana é pesquisador, auditor, engenheiro químico, engenheiro de segurança, especialista em gestão ambiental, qualificado em controles preventivos e titular da consultoria AmazonCert sediada em Manaus

Projeto de biosequestro de carbono

Neutralizar ou compensar as emissões de gases de efeito estufa são as possibilidades empresariais ou individuais desse projeto inovador do Instituto Soka Amazônia em parceria com a AmazonCert

Todas as atividades humanas promovem, em algum grau, o desequilíbrio climático devido às suas emissões de gases do Efeito Estufa. Produção de cimento e aço e queima de combustíveis fósseis estão no topo da lista de maiores causadores de tal desequilíbrio e as pesquisas para combater ou minimizar esse Efeito são contínuas e, muitas delas apresentam resultados promissores, como o projeto de neutralização ou compensação por meio do biosequestro de carbono, idealizado pela AmazonCert em parceria com o Instituto Soka Amazônia.

Segundo o engenheiro químico, especialista em Gestão Ambiental e CEO da AmazonCert, Marcos José Gomes Viana, “o CO2 [dióxido de carbono] emitido para a atmosfera é biosequestrado pelas folhas das jovens árvores como um dos reagentes que atuam no processo de fotossíntese[i]”. Essas mudas em crescimento são mais eficazes que as árvores adultas devido ao processo de amadurecimento que requer maior captação de CO2 do ar atmosférico. Some-se a isso a água que, juntando-se ao CO2 se transforma-se, por reações químicas da fotossíntese, em diversas substâncias (carboidratos), promovendo o desenvolvimento da planta. Assim se dá o biosequestro: CO2 é retido nas partes da planta e liberam o oxigênio, gás indispensável para a sobrevivência de todo ser vivo.

“Nossa abordagem utiliza-se do biosequestro de carbono utilizando mais de 50 espécies nativas para o reflorestamento, preferencialmente em áreas degradadas da floresta Amazônica”, explica o engenheiro.

Segundo Viana, já há alguns anos ele buscava uma instituição ambiental para uma parceria que viabilizasse seu projeto inovador na Amazônia. No Sudeste brasileiro há empresas atuando nesse setor, mas na região Norte, especificamente na maior floresta tropical do planeta, a iniciativa da AmazonCert é ainda a única. “Busquei praticamente todos os institutos de pesquisa, mas nenhum reunia as condições necessárias de que o Instituto Soka Amazônia dispõe”, contou.

Viana precisava de um local que lhe oferecesse não somente as sementes, mas a produção das mudas, de forma certificada e com manejo correto, já em estágio ideal para o plantio. “Finalmente depois de muito buscar cheguei ao Instituto Soka e teve início a nossa parceria”, diz o pesquisador.

O projeto funciona da seguinte forma: a empresa contrata os seus serviços e Viana desenvolve os cálculos que darão origem à validação das emissões de carbono daquela organização. “A empresa pode optar por neutralizar, ou seja, promover o biosequestro de 100% de suas emissões; ou apenas compensar, promovendo somente um percentual de biosequestro”, explicou.

Importante ressaltar que o engenheiro possui a qualificação necessária como auditor ISO 14064-1, que o autoriza a fornecer certificados de emissão de gases do Efeito Estufa. A partir desses cálculos, realiza-se o plantio das mudas necessárias, tanto para a neutralização, como para a compensação.

Outro importante dado: as mudas são plantadas em locais degradados e que tenham a garantia de que não serão afetados/desmatados durante 20 anos. “Isso porque segundo dados recentes, as árvores tropicais sequestram 312 kg de CO2 ao longo de 20 anos, ou o tempo de seu crescimento”, pontuou.

Benefícios a todos

Além da contribuição ao meio ambiente, as empresas que buscam o projeto conquistam, aos olhos do mercado, um importante requisito, que é a valorização da marca e o reconhecimento de seus clientes e consumidores. É uma prerrogativa importante que agrega um valor além da qualidade intrínseca do produto e/ou serviço. As empresas ambientalmente responsáveis são, hoje, a grande busca do mercado consumidor. Há grandes empresas que exigem de seus fornecedores tal certificação para assinar contratos.

Uma “floresta em pé” é, ainda, um fator que mantém uma importante cadeia produtiva e atinge diretamente os povos tradicionais da floresta que dela dependem para sua subsistência imediata. Milhões de pessoas se beneficiam de uma floresta em crescimento.

Esses dois fatores se alinham perfeitamente aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da Agenda 2030 da ONU e ações ESG (do inglês Environmental, Social, Governance ou Ambiental, Social e Governança).

Ainda: as novas árvores contribuem para a manutenção dos rios voadores que por sua vez são parte significativa da manutenção do regime de chuvas e do ciclo hidrológico; também conservam o solo e promovem o aumento da biodiversidade.

Finalmente, os recursos captados por esse projeto servirão para fomento de novas pesquisas do Instituto Soka Amazônia e o consequente aumento de conhecimento acerca de toda a vida na floresta. Ações que beneficiarão as futuras gerações. Há, entre os pesquisadores, o consenso de que até o momento nem um centésimo dos benefícios que a floresta pode fornecer chegaram a ser catalogados. Só para se ter uma ideia: dessa pequena parcela já estudada e catalogada, sabe-se que mais de 10 mil espécies de plantas amazônicas possuem princípios ativos de extrema relevâncias para o uso medicinal e para o controle biológico de pragas.

Por tudo já descrito, o projeto é um meio mais do que necessário e que ainda traz múltiplos benefícios, além da simples neutralização do carbono emitido. Portanto não é exagero dizer que ao plantar uma árvore está se promovendo a vida em todo o planeta.

Fonte: https://g1.globo.com/natureza/noticia/por-que-a-amazonia-e-vital-para-o-mundo.ghtml


1 Fotossíntese é um processo pelo qual ocorre a conversão da energia solar em energia química para realização da síntese de compostos orgânicos. A fotossíntese é a principal responsável pela entrada de energia na biosfera e é realizada por organismos denominados fotossintetizantes, como plantas e algas.