Liderado pelo Instituto Soka Amazônia e IPHAN-AM, mutirão recolheu 2,5 toneladas de resíduos no Sítio Arqueológico Ponta das Lajes, celebrando o Dia do Rio, com atividade de educação ambiental e preservação cultural
* colaboração especial :Talita de Oliveira
Na véspera do Dia do Rio, comemorado no dia 24 de novembro, o Sítio Arqueológico Ponta das Lajes, localizado em Manaus, foi palco de uma ação de mobilização ambiental que reuniu cerca de 300 voluntários.
O mutirão de limpeza, liderado pelo Instituto Soka Amazônia e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-AM), resultou na retirada de 2,5 toneladas de resíduos sólidos.
Além de preservar o ambiente e valorizar o sítio arqueológico, o evento promoveu a conscientização sobre a importância dos rios e do patrimônio cultural do Amazonas.
Beatriz Calheiros, superintendente do IPHAN Amazonas, explicou que a ação faz parte do plano de ações integradas de preservação do patrimônio arqueológico do Amazonas, lançado em setembro.
“Estamos aqui, graças a muitos parceiros, fazendo uma das ações do plano, que tem como espaço de aprendizado e teste o Sítio Ponta das Lajes. Os sítios arqueológicos representam um processo de ocupação muito anterior ao processo de colonização que nós vivemos e por isso é preciso reconhecer a importância dos povos originários e das diversas etnias”, ressaltou.
Sociedade civil engajada
A preocupação com a preservação ambiental e com a biodiversidade também foi o foco da iniciativa, segundo Jean Dinelli Leão, coordenador de Educação Ambiental do Instituto Soka Amazônia, “É o segundo ano que realizamos essa atividade e, desta vez, conseguimos superar as expectativas com mais pessoas e a coleta de resíduos surpreendente de 2.5 toneladas de material que prejudica o ambiente aquático e espalha poluição no entorno, em especial no período de cheia dos rios que, em breve se inicia”.
A bacia hidrográfica amazônica é a segunda mais poluída do mundo e recebe cerca de 182 mil toneladas de plástico por ano, segundo José Eduardo Martinelli Filho, pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Vários estudos já demonstram o impacto desse tipo de material para a biodiversidade e para a saúde humana, com a presença de microplásticos identificada em diversos organismos aquáticos. Diante desse desafio, a união da sociedade é crucial.
Representando 15 empresas japonesas, reunidas na Kaigisho – Câmara de Comércio e Indústria Nipo-Brasileira do Amazonas, Elen Carlen Cunha destacou a importância da reflexão gerada durante a ação.
“A atividade vem demonstrar claramente a importância da ação que precisamos fazer junto às comunidades. Cada vez mais precisamos fazer ações de educação ambiental na base”, afirmou.
O evento também incentivou a educação das novas gerações. A indústria Kawasaki, instalada próximo ao Sítio Arqueológico, participou da ação com 100 voluntários, entre colaboradores da empresa e familiares.
A iniciativa reuniu voluntários de 18 empresas, incluindo parceiras do Instituto Soka Amazônia e integrantes da Câmara de Comércio e Indústria Nipo-Brasileira do Amazonas, servidores de órgãos públicos como Defesa Civil, Guarda Municipal, Polícia Militar, Batalhão de Policiamento Ambiental, Serviço Geológico do Brasil, Semmas-Clima, UFAM e UEA. Também participaram representantes da sociedade civil, como a Coordenação de Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), a Associação Brasil SGI, o Instituto Sumaúma e o Grupo Suçuarana.
Espaço sagrado
O Sítio Arqueológico Ponta das Lajes abriga registros rupestres milenares, como oficinas líticas e petróglifos (representações gravadas em rochas).
Nas bordas do rochedo, gravuras em forma de animais e rostos humanos, até então submersas, ficaram expostas devido ao nível do rio. A primeira vez que elas haviam sido visualizadas foi no ano de 2010, durante outra forte estiagem. Esses elementos testemunham a ocupação de povos originários há mais de 2.000 anos.
Na mesma região, encontram-se outros sítios arqueológicos como o Porto do Encontro das Águas, o Lages e o Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda, que homenageia o fundador do Instituto Soka Amazônia, o filósofo e pacifista Dr. Daisaku Ikeda.
“O espaço do Instituto Soka e a área das Lajes são patrimônios naturais e arqueológicos. Não se trata apenas de um local de visita, como museu ou parque; mas também é um espaço sagrado. Independente dos nossos credos, é preciso entender que ao chegar no sítio não estamos apenas fazendo uma visita, estamos nos conectando com a história, a memória e a identidade da formação do nosso povo”, disse Beatriz Calheiros, superintendente do IPHAM-AM
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