Dia do Rio: união em defesa das águas e do patrimônio cultural

Liderado pelo Instituto Soka Amazônia e IPHAN-AM, mutirão recolheu 2,5 toneladas de resíduos no Sítio Arqueológico Ponta das Lajes, celebrando o Dia do Rio, com atividade de educação ambiental e preservação cultural

* colaboração especial :Talita de Oliveira

Na véspera do Dia do Rio, comemorado no dia 24 de novembro, o Sítio Arqueológico Ponta das Lajes, localizado em Manaus, foi palco de uma ação de mobilização ambiental que reuniu cerca de 300 voluntários.

O mutirão de limpeza, liderado pelo Instituto Soka Amazônia e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-AM),  resultou na retirada de 2,5 toneladas de resíduos sólidos.

Além de preservar o ambiente e valorizar o sítio arqueológico, o evento promoveu a conscientização sobre a importância dos rios e do patrimônio cultural do Amazonas. 

Beatriz Calheiros, superintendente do IPHAN Amazonas, explicou que a ação faz parte do plano de ações integradas de preservação do patrimônio arqueológico do Amazonas, lançado em setembro.

“Estamos aqui, graças a muitos parceiros, fazendo uma das ações do plano, que tem como espaço de aprendizado e teste o Sítio Ponta das Lajes. Os sítios arqueológicos representam um processo de ocupação muito anterior ao processo de colonização que nós vivemos e por isso é preciso reconhecer a importância dos povos originários e das diversas etnias”, ressaltou.

Sociedade civil engajada

A preocupação com a preservação ambiental e com a biodiversidade também foi  o foco da iniciativa, segundo Jean Dinelli Leão, coordenador de Educação Ambiental do Instituto Soka Amazônia,  “É o segundo ano que realizamos essa atividade e, desta vez, conseguimos superar as expectativas com mais pessoas e a coleta de resíduos surpreendente de 2.5 toneladas de material que prejudica o ambiente aquático e espalha poluição no entorno, em especial no período de cheia dos rios que, em breve se inicia”.

A bacia hidrográfica amazônica é a segunda mais poluída do mundo e recebe cerca de 182 mil toneladas de plástico por ano, segundo José Eduardo Martinelli Filho,  pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Vários estudos já demonstram o impacto desse tipo de material para a biodiversidade e para a saúde humana, com a presença de microplásticos identificada em diversos organismos aquáticos. Diante desse desafio, a união da sociedade é crucial. 

 

 

Representando 15 empresas japonesas, reunidas na Kaigisho – Câmara de Comércio e Indústria Nipo-Brasileira do Amazonas, Elen Carlen Cunha destacou a importância da reflexão gerada durante a ação. 

“A atividade vem demonstrar claramente a importância da ação que precisamos fazer junto às comunidades. Cada vez mais precisamos fazer ações de educação ambiental na base”, afirmou.

O evento também incentivou a educação das novas gerações. A indústria Kawasaki, instalada próximo ao Sítio Arqueológico, participou da ação com 100 voluntários, entre colaboradores da empresa e familiares.

A iniciativa reuniu voluntários de 18 empresas, incluindo parceiras do Instituto Soka Amazônia e integrantes da Câmara de Comércio e Indústria Nipo-Brasileira do Amazonas, servidores de órgãos públicos como Defesa Civil, Guarda Municipal, Polícia Militar, Batalhão de Policiamento Ambiental, Serviço Geológico do Brasil, Semmas-Clima, UFAM e UEA. Também participaram representantes da sociedade civil, como a Coordenação de Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), a Associação Brasil SGI, o Instituto Sumaúma e o Grupo Suçuarana.

Espaço sagrado

O Sítio Arqueológico Ponta das Lajes abriga registros rupestres milenares, como oficinas líticas e petróglifos (representações gravadas em rochas).  

Nas bordas do rochedo, gravuras em forma de animais e rostos humanos, até então submersas, ficaram expostas devido ao nível do rio. A primeira vez que elas haviam sido visualizadas foi no ano de 2010, durante outra forte estiagem. Esses elementos testemunham a ocupação de povos originários há mais de 2.000 anos.

Na mesma região, encontram-se outros sítios arqueológicos como o Porto do Encontro das Águas, o Lages e o Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda, que homenageia o fundador do Instituto Soka Amazônia, o filósofo e pacifista Dr. Daisaku Ikeda.  

“O espaço do Instituto Soka e a área das Lajes são patrimônios naturais e arqueológicos. Não se trata apenas de um local de visita, como museu ou parque; mas também é um espaço sagrado. Independente dos nossos credos, é preciso entender que ao chegar no sítio não estamos apenas fazendo uma visita, estamos nos conectando com a história, a memória e a identidade da formação do nosso povo”, disse Beatriz Calheiros, superintendente do IPHAM-AM

Participe também da proteção da Amazônia

Com seu apoio as ações e programas do Instituto Soka Amazônia alcançam milhares de vidas, ampliando a consciência para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade amazônica.

Relembrando a Tese de Proteção do Meio Ambiente do pacifista Daisaku Ikeda

Completando um ano de falecimento do fundador do Instituto Soka Amazônia, Daisaku Ikeda, compartilhamos seus pensamentos e sua Tese de Proteção do Meio Ambiente produzida como contribuição à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Eco 92), realizada entre os dias 2 e 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro.

Durante a sua existência, o filósofo e pacifista, Daisaku Ikeda, empreendeu esforços por meio de diálogos, palestras e incentivos para disseminar seus ideais de proteção à vida em todas as suas formas.Convicto de que um movimento popular centralizado nas Nações Unidas é a chave para transformar o mundo onde imperam a desunião e a hostilidade, Ikeda veio empreendendo esforços enviando Propostas de Paz às Nações Unidas durante 40 anos.

Diante dos desafios globais, que ainda estarão em discussão na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em 2025, relembramos seus direcionamentos para a construção de um mundo de harmonia e coexistência.

Confira a seguir, a Tese na íntegra:

Uma nova estratégia para a proteção ambiental

Tese do Dr. Daisaku Ikeda, presidente da SGI, publicada em 1992

I – A Unicidade de Vida e Ambiente

Num discurso proferido durante a reunião do Conselho da Comunidade de Ecologia Humana, em Yokohama, em 1990, Zena Daysh, vice-presidente executivo do Commonwealth Human Ecology Council (CHEC), descreveu a essência da ecologia humana como uma preocupação para os seres humanos como criaturas da ecologia global, que inclui o homo sapiens, assim como as plantas e outros animais, e com os seres humanos como entidades que haviam criado a política, a sociedade, a economia e a cultura [1]

Zena Daysh esclarece, portanto, os dois pilares da ecologia humana ao reconhecer o fato de que os seres humanos são parte do ecossistema global e que são criaturas culturais e sociais. O primeiro pilar sustenta um sistema de coexistência entre a humanidade e a natureza, o segundo refere-se ao ambiente cultural e social que os seres humanos moldaram através da história.

Através da interação com o meio ambiente, a qual é externa por natureza (i.e., o cosmos), os seres humanos construíram um ambiente que é ecologicamente muito complexo. Como parte do ecossistema global, eles aprenderam a se adaptar à ordem e às leis do mundo animal juntamente com as plantas, animais, objetos inanimados e microrganismos. Com esta base, criaram um ambiente cultural e social, incluindo a linguagem, a tecnologia, os governos, a economia e as organizações. O relacionamento intrínseco entre este complexo ecológico que forma o ambiente da humanidade e os próprios seres humanos é expresso no Budismo como a lei de esho funi [2], ou a unicidade da vida e ambiente.

Aqui, “esho” é uma contração dos termos “eho” de “shoho”, que se refere ao ambiente humano e à entidade humana, respectivamente. “Fun”i, por outro lado, é uma expressão que significa “dois, mas não dois”[3]. “Dois” expressa a inter-relação e a interação em um desenvolvimento criativo entre o meio ambiente humano e a entidade vivente. Enquanto o ambiente influencia a entidade humana, os seres vivos também reagem sobre seu ambiente, transformando-o e recriando-o novamente. O meio ambiente é assim transformado, e então exerce-se sobre os seres vivos por novos meios. Esse conceito pode ser descrito, na linguagem da ecologia, como “meio ambiente dinâmico” (o impacto do meio ambiente sobre os seres humanos) e “formação do meio ambiente” (os efeitos da atividade humana sobre o meio ambiente).

A inter-relação entre os seres humanos e o meio ambiente é um processo histórico no qual ambos se transformaram um ao outro e evoluíram criativamente durante anos através da adaptação biológica bem como através da adaptação cultural e social. Por exemplo, como criaturas vivas, os seres humanos herdaram e transmitiram as características genéticas e fisiológicas de seus ancestrais. Eles também mantêm e desenvolvem a herança espiritual de seus ancestrais ao incorporarem os seus ambientes cultural e social.

No Budismo, falamos de “shoho” e “eho” para demonstrar a maneira como essa inter-relação “humanidade-ambiente” torna-se uma presença histórica em termos de espaço e tempo, tanto física como espiritualmente. Portanto, a unicidade do shosho e eho expressa a ideia de que a vida humana e seu ambiente são absolutamente “um, não dois”

"A inter-relação entre os seres humanos e o meio ambiente é um processo histórico no qual ambos se transformaram um ao outro e evoluíram criativamente durante anos através da adaptação biológica bem como através da adaptação cultural e social."

Se extrapolarmos, em termos de espaço, a cadeia ecológica do indivíduo à comunidade, ao grupo étnico, ao Estado, à humanidade como um todo, ela estende-se do ecossistema da Terra ao sistema solar, a galáxia, aos grupos de galáxias e a todo o Universo. Da mesma forma, a cadeia de tempo vai além do nascimento da raça humana, retorna ao início da vida e mesmo ao início da evolução química e física.

Isso quer dizer que, numa dimensão fundamental de tempo e espaço, a realidade, fundamental do Universo, da vida humana e seu ambiente são uma e a mesma. E devido a essa unidade última, sua inter-relação é possível no mundo fenomenal de tempo e espaço. Esta lei representa o mais profundo significado de “dois, mas não dois”.

Do ponto de vista da natureza, baseado na lei de “unicidade da vida e seu ambiente”,  somos conduzidos aos seguintes princípios concernentes aos problemas globais de hoje. Primeiramente, em sua essência fundamental, eho (o ambiente humano) e shoho (a entidade humana), são unos, e embora interagindo no mundo fenomenal – visto que recebem a impressão da história como efeito manifesto – partilham um “destino comum”.

Em segundo lugar, a raça humana, portanto, não pode sobreviver a menos que seja sustentada pela harmonia e coexistência com o ecossistema natureza-humanidade (o ecossistema da Terra), que pode ser chamado de meio ambiente primário. A destruição do meio ambiente da Terra, portanto, é equivalente à destruição da mente e do corpo e rouba dos seres humanos o direito à vida. 

Em terceiro, uma vez que o eho, como ambiente  sociocultural envolve todo o ecossistema natural e possui intrinsecamente a tendência de se desenvolver com base na harmonia das leis e da ordem da natureza, os seres humanos devem reconhecer a dignidade do próprio ecossistema natural e, mobilizando sua sabedoria, encontrar meios para coexistir com as plantas e os animais, através do autocontrole e esforçando-se para sujeitar-se à cadeia de vida. lsto significa não somente restringir o consumo perceptível mas ajudar aqueles em necessidade 

Devemos nos mover na direção do apoio para a “integridade” em face dos benefícios do ecossistema natural: isto é fundamental à “ética ambiental”.

 

"Os seres humanos, portanto, devem utilizar o conhecimento da ecologia e de outros campos para servir como "coordenadores" na promoção de uma harmonia criativa dentro do ecossistema da Terra. Além disso, devem suprimir sua urgência para dominar a natureza, o que resultaria na destruição do ecossistema."

Em quarto, a ciência e a tecnologia, a política, a economia, as organizações, as instituições e demais que constituem o meio ambiente cultural e social devem todos coexistir com o ecossistema, guiando a humanidade rumo a uma prosperidade criativa. Dessa forma, a raison d’etre fundamental dos seres humanos, como a mais avançada forma de vida da Terra, está em ser a protetora da dignidade de todos os seres vivos. Os seres humanos, portanto, devem utilizar o conhecimento da ecologia e de outros campos para servir como “coordenadores” na promoção de uma  harmonia criativa dentro do ecossistema da Terra. Além disso, devem suprimir sua urgência para dominar a natureza, o que resultaria na destruição do ecossistema.

Em quinto lugar, o papel da humanidade é usar o meio ambiente cultural e social que criou para delinear novos “valores globais”. Esta é a missão designada da humanidade como criadora de valores. A economia e outras formas de desenvolvimento devem ser meios de criação de valor, não lhes deve ser permitido privar os seres humanos e outras criaturas de seu direito futuro à vida. Caminhos devem ser explorados para estabelecer tais valores globais e universais para o futuro. Nisto reside a base filosófica e intelectual do conceito de desenvolvimento sustentado.

II. Um novo sistema internacional através da reforma das Nações Unidas

Em junho deste ano, líderes de muitos países em todo o mundo, bem como organizações não governamentais, irão se reunir no Rio de Janeiro, Brasil, para realizarem a Cúpula da Terra, ou seja, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced). Por tratar de problemas globais ambientais, tanto os países do Hemisfério Norte quanto do Hemisfério Sul deveriam cooperar mutuamente, mas na realidade, a confrontação vem antes entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, causando muitas dúvidas quanto ao fato da Conferência ser produtiva ou não como um todo.

Isto porque o surgimento crescente de vozes nos países em desenvolvimento acusam o alto consumo de massa das nações desenvolvidas como o principal responsável pela atual deterioração do ambiente da Terra. A censura é direcionada às políticas de desenvolvimento que não estão ligadas ao melhoramento dos meios de vida dos povos do Sul e que falharam em evitar os danos ao meio ambiente.

"A economia e outras formas de desenvolvimento devem ser meios de criação de valor, não lhes deve ser permitido privar os seres humanos e outras criaturas de seu direito futuro à vida. Caminhos devem ser explorados para estabelecer tais valores globais e universais para o futuro. Nisto reside a base filosófica e intelectual do conceito de desenvolvimento sustentado."

Não se pode negar que, realmente, os mecanismos de desenvolvimento das nações industrializadas, em vez de amenizar a pobreza, produziu imensos débitos acumulados nos países em desenvolvimento, de forma que os povos do Sul não poderiam prestar atenção à preservação ambiental. Além dessa aguda confrontação entre o Norte e o Sul, existe, mesmo nos países desenvolvidos, uma falta de consenso e de coordenação ao se formular contra-medidas.

Até agora, parece que há poucas perspectivas que a Conferência do Rio de Janeiro possa realmente adotar um tratado para a criação de uma estrutura para a prevenção do aquecimento da Terra e outros acordos de importância viral.

Em 1972, muitos programas de ação foram adotados na Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente. Nos vinte anos subsequentes, entretanto, as nações desenvolvidas continuaram sua impetuosa busca pela riqueza material, seguindo resolutamente seu caminho de “economia em primeiro”. Elas deram a máxima prioridade à sua própria riqueza e relegaram o cuidado do ambiente da Terra a uma importância secundária ou menor. 

Embora continue a assistência ao desenvolvimento dos países do Sul, não está diretamente ligada ao melhoramento do padrão de vida das pessoas lá. Pouco foi feito para solucionar a terrível pobreza nem a consequente explosão populacional.

A deterioração ambiental, a pobreza e o descontrole do crescimento populacional, todos numa escala global, estão intimamente relacionados. A humanidade está numa situação extremamente difícil que requer soluções simultâneas e abrangentes para todos esses problemas que ameaçam sua existência.

Para tratar dessas dificuldades, incluindo a crescente deterioração do ecossistema terrestre, inovações na ciência e na tecnologia, modificações nas leis, uma mudança na economia “cíclica” [4], e a reconsideração de termos comerciais e sistemas sociais justos que conduziram ao sucesso de tais reformas em escala global

Desde o término da Guerra Fria[*] entre as nações do Ocidente e do Oriente, as Nações Unidas tem sido revitalizadas, e hoje podemos ouvir falar de uma *Renascença das Nações Unidas”. Felizmente, passaram-se os dias em que os vetos evitavam a passagem de resoluções no Conselho de Segurança e paralisaram o funcionamento da organização mundial. Mas é verdade que as Nações Unidas não podem tratar adequadamente da complexidade das questões globais tais como a crise do meio ambiente.

Pode-se duvidar da praticabilidade de tal plano, argumentando que, dadas as dificuldades financeiras que as Nações Unidas sofrem atualmente, seria totalmente impossível estabelecer uma nova organização, mesmo se fosse apenas uma consequência do atual sistema. 

"A deterioração ambiental, a pobreza e o descontrole do crescimento populacional, todos numa escala global, estão intimamente relacionados. A humanidade está numa situação extremamente difícil que requer soluções simultâneas e abrangentes para todos esses problemas que ameaçam sua existência.."

 Entretanto, se considerarmos a magnitude da crise envolvendo a sobrevivência da humanidade em todos os países, não somente do ponto de vista dos interesses de cada Estado, mas do interesse de toda a Terra e de toda a humanidade, podemos perfeitamente conseguir argumentos para uma maior assistência financeira para a organização internacional que deve tomar a liderança na batalha contra esta crise. 

Realmente, disse que as Nações Unidas não estão financeiramente preparadas para promover um desenvolvimento sustentado necessário para tratar adequadamente da preservação ambiental. Portanto, proponho que, agora que a Guerra Fria terminou, as enormes despesas militares envolvidas sejam cortadas como uma medida para aumentar os fundos necessários para a assistência das Nações Unidas.

[*a Tese foi escrita  meses após a dissolução da União Soviética (em 1991), acontecimento historicamente considerado o fim da Guerra Fria]

O custo de soluções substanciais para os problemas relacionados à proteção ambiental, tais como o aquecimento global, a extinção das espécies e a proteção florestal, é, estima-se, astronômica. De acordo com o secretário responsável pelos preparativos da Cúpula da Terra no Brasil, a quantia de dinheiro necessária à preservação ambiental a partir de agora seria de 125 bilhões de dólares por ano. [5]

O único meio de se levantar tal quantia é reduzir drasticamente os gastos militares, estimados em 1 trilhão de dólares anuais em todo o mundo. Especificamente, proponho que cada país corte seus gastos militares e contribua com parte dos fundos liberados para um “Fundo de Desarmamento das Nações Unidas” , que financiaria a preservação do meio ambiente da Terra.

O levantamento de fundos para esse propósito não deve ser deixado apenas para os governos centrais ou locais. É importante que as organizações não-governamentais também estudem alguma forma de contribuir. A fim de transcender as limitações de uma organização internacional composta de Estados soberanos, deve-se considerar cuidadosamente a reunião das forças construtivas das ONGs que tanto se empenham na área de preservação ambiental, proteção dos direitos humanos e cooperação ao desenvolvimento. A maior tarefa em se criar um novo sistema de Nações Unidas é como construir uma organização que possa promover diretamente a força, não somente dos governantes, mas das ONGs capazes de organizar a opinião e a participação a nível popular. 

III. Rumo a uma consciência orientada para a humanidade

A voz das massas deve ser ouvida. Mesmo as propostas mais importantes trazidas à baila pelas Nações Unidas ou por outras organizações internacionais, governos nacionais, círculos comerciais, organizações privadas ou por especialistas não podem ter muita eficácia se não tiverem forte apoio das pessoas. 

A proteção do meio ambiente da Terra, embora abarque a política, economia, ciência e tecnologia, direito e outros campos, em uma “complexa questão”, exige que transcendamos esses campos específicos e questionamos persistentemente nossos estilos de vida, valores e perspectivas da sociedade no futuro. Por esta importante razão, é vital que a consciência popular não deva ser limitada a uma área local, grupo étnico ou a uma única nação, mas que se mova em direção a uma *consciência humana”.

As pessoas devem  ser cosmopolitas no verdadeiro sentido da palavra, pessoas de sabedoria e de ação que compartilham a percepção da ampla crise mundial, e, embora familiarizadas à singular cultura local de suas terras natais, não limitam sua relação ou sua consideração às culturas tradicionais em outras partes do mundo.

A cultura é geralmente compreendida como modelo de comportamento, apreendida dentro de uma comunidade, no processo histórico de lidar com o seu meio ambiente.

A cortina fundamental contra a qual cada cultura se desenvolve é seu ecossistema local único. Em resposta a essa “natureza externa (cosmos)”, a  ancestral “natureza interna”, ou sistema nacional, produziu durante séculos uma herança espiritual que é a cultura.

O cosmos externo que circunda as pessoas no palco proporcionado pelo planeta verde, estende-se do ecossistema da Terra ao infinito universo. Imagino que os nossos ancestrais viram e experimentaram em suas próprias regiões, valores universais que estavam ligados à Mãe Natureza e ao universo. Daqui nasceram as únicas formas de pensamento, os códigos éticos que formam o núcleo da cultura popular.

"As pessoas devem ser cosmopolitas no verdadeiro sentido da palavra, pessoas de sabedoria e de ação que compartilham a percepção da ampla crise mundial, e, embora familiarizadas à singular cultura local de suas terras natais, não limitam sua relação ou sua consideração às culturas tradicionais em outras partes do mundo."

As formas de relacionar o ecossistema e o universo naturalmente diferem de pessoa para pessoa, dependendo das diferenças em seu sistema nacional. E assim toma forma os sistemas culturais peculiares a um certo povo ou a uma região específica. Mesmo assim, qualquer sistema cultural de pessoas deve conter valores cósmicos, valores universais e princípios éticos. Isto indica como todos os povos do planeta podem vir a respeitar a cultura de cada um e a aprender uns com os outros através do intercâmbio, de forma a criar um “valor da Terra” ainda mais avançado em prol do futuro da humanidade.

A cultura de cada pessoa e região, nutrida pelo ecossistema global, envolve um grande tesouro de sabedoria sem dono, ligado ao universo e ao know-how da vida diária, que é uma expressão desta sabedoria. Através do contato com culturas singulares e estilos de vida de outras pessoas, pode-se experimentar os magníficos ritmos da Mãe Natureza e sentir um senso de realização na vida.

O Sutra de Lótus, considerado a suprema escritura no Budismo, ensina o conceito de shoho jisso (que significa a verdadeira entidade de todos os fenômenos) [6]. Isso demonstra que as características únicas de uma pessoa são uma expressão direta dos valores cósmicos e universais, Baseado neste espírito tolerante do Budismo, a Soka Gakkai Internacional há muito tem conduzido intercâmbio cultural com 115 países, cada qual com sua própria herança cultural distinta. 

Enquanto aprende erudição e sabedoria de cada cultura e as transmite a outras culturas, a SGI tem se empenhado para abrir caminho de coexistência com a natureza, associando e sublimando a sabedoria de todas as culturas. 

Por exemplo, como parte de esforço para educar o público sobre a importância de corrigir a disparidade no desenvolvimento entre o Norte e o Sul, a  SGI realizou a  Exposição sobre Direitos Humanos e das Crianças (com a colaboração do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef), e a Exposição UNICEF e as Crianças do Mundo

Para a Cúpula da Terra, os planos da SGI de apoiar as Nações Unidas com a realização de uma exposição no Rio de Janeiro intitulada “O Desbravar do Século da Vida: Exposição sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento”.

A ideia de ecologia humana defendida pelo Conselho de Ecologia Humana da Comunidade Britânica é o mesmo que shoho jisso.

 

Espero que as valiosas experiências de Conselho durante os últimos trinta anos nos campos do intercâmbio cultural com as pessoas nativas em todo o mundo, a promoção de compreensão mútua e a formação de um consenso entre os diversos povos e mais recentemente, a preservação de florestas, bem como a sabedoria e o conhecimento atingido e partir destas experiências, irão se tomar um “modelo” para uma solidariedade mundial mais ampla e será firmemente refletida na orientação da Conferência Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Notas:

[1] Discurso do vice-presidente executivo Zena Saysh em Yokohama na reunião da CHEC, em Yokohama, em 25 de agosto de 1990.

[2] Ver Myoraku (Chan-jan), Hokke’gengi shakusen, vol, 14, pp, 33-919

[3] Funi (=ni narazu) é a forma abreviada de “ni ni shite ni narazu” que significa “dois mas não dois”. Os dois são distintos mas unidos.Ver texto Myoraku citado na nota 2

[4] Em um discurso que proferi na 37ª Reunião Geral da Soka Gakkai em 17 de novembro de 1974, clamei pelo estabelecimento de uma “economia ambiental cíclica”

[5] Asahi Shimbum, 15 de janeiro de 1992

[6] Shoho significa literalmente “várias leis”, isto é, todas as coisas, o mundo fenomenal, por meio do qual a tradução literal “jisso” significa que todos os fenômenos neste mundo são diretamente a verdade absoluta. Ver Hokekyo narabi ni Kaiketsu (O Sutra de Lótus e a Abertura e Fechamento dos Sutras, Seikyo Shimbunsha, pp 154-155. Hokekyo (O Sutra de Lótus), Capítulo Hoben (2º)

Mais que doar, participe efetivamente da proteção da Amazônia

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Instituto Soka Amazônia participa em Seminário Integrado promovido por UNIR e UFAC

Entre os dias 4 e 6 de novembro aconteceu o I Seminário Integrado – Diálogos sobre Meio Ambiente e Sociedades na Amazônia, promovido pelo  Centro de Estudos e Pesquisa do Humanismo Ikeda (Cephik) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e o Grupo de Estudos do Léxico e Narrativas da Amazônia Legal (Gelnal) da Universidade Federal do Acre (Ufac).

O evento contou ainda com a parceria do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Educação Ambiental no contexto Amazônico (GPIEA/UNIR) e  Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre Estado e Territórios na Fronteira Amazônica (Gepe-Front/UNIR).

Realizado em um momento crítico do ponto de vista climático para a Amazônia, o Seminário reuniu uma ampla rede de pesquisadores, cientistas, estudantes, gestores e membros da comunidade acadêmica para promover diálogos e troca de conhecimentos dentro das temáticas Ecossistemas e Impactos Socioambientais, Restauração Florestal, Tecnologias Sociais e Educação Ambiental.

O Instituto Soka Amazônia participou com as palestras A Eficácia do Plantio Florestal considerando Diferentes Topografias em Manaus, proferida pelo Mestre em Ciências de Florestas Tropicais e coordenador da Divisão de Proteção da Natureza, Rodrigo Izumi, e Perspectiva de criação de valor na educação ambiental: estudo de caso do Instituto Soka Amazônia, ministrada pela doutora em Economia e coordenadora da Divisão de Pesquisas Científicas do Instituto, Tamy Kobashikawa.

Painéis do Seminário:

  • Restauração de Ecossistemas, com Prof. Dr. Antonio José de Araujo (ACLER)
  • A eficácia do plantio florestal considerando diferentes topografias em Manaus/AM, com Ms. Rodrigo Yuiti Izumi (Instituto Soka Amazônia)
  • Educação Ambiental no Contexto Amazônico, com Prof. Dr. Clarides Henrich de Barba (UNIR) e Sandra Santos Costa (UNIR).
  • Queimadas e Crise Hídrica na Amazônia: impactos e consequências socioambientais, com Esp. Caê Aires Moura Lacerda (Censipam)
  • Experiências de Tecnologias Sociais Sustentáveis para a Amazônia, com Profª. Drª. Denise Machado Duran Gutierrez (INPA)
  • Linguagem, Ambiente e Identidade: o léxico do seringueiro acreano, com Profª. Drª. Márcia Verônica Ramos de Macêdo (UFAC)
  • Entre Redes e Lendas: o léxico dos pescadores do município de Raposa/MA, com Profª. Drª. Raquel Pires Costa (Universidade Federal do Maranhão)
  • Viabilidade de Sementes Florestais Nativas por Raio-X e Scanner: contribuições para a restauração florestal na Amazônia, com Drª. Lydiane Lúcia de Sousa Bastos (CSNAM)
  • Perspectiva de Criação de Valor na Educação Ambiental: estudo de caso do Instituto Soka Amazônia, com Dra. Tamy Kobashikawa (Instituto Soka Amazônia)
  • Desafios do Antropoceno, com Dra. Cintia Okamura (Cetesb). 

Mais que doar, participe efetivamente da proteção da Amazônia

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Voz da juventude frente aos desafios da humanidade

Entre os dias 18 e 20 de outubro, mais de cem jovens, universitários e pesquisadores da organização Brasil SGI, de diversas regiões do país, estiveram em Manaus para conhecer mais sobre a Amazônia e projetos do Instituto Soka e discutir soluções sobre os grandes desafios enfrentados pela humanidade, como as mudanças climáticas.

Intitulado Juventude Soka, o grupo reúne jovens associados à Brasil SGI, organização não-governamental filiada à Soka Gakkai Internacional que está presente em mais de 192 países com ações em prol da paz, cultura e educação baseada nos princípios filosóficos humanistas do budismo. 

Durante a visita à Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN Daisaku Ikeda, os participantes conheceram as instalações e projetos do Instituto Soka com enfoque na proteção da biodiversidade e educação ambientall, percorrendo  laboratório de sementes, viveiro de espécies amazônicas, mirante para o Encontro das Águas e as trilhas ecológicas do Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda.

 

Juventude brasileira e COP 30

Em 2030 – ano limite para as metas climáticas e alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU) – os jovens que hoje tem idade entre 18 a 34 anos exercerão papeis relevantes no mercado de trabalho e sociedade.  Parte dessa geração iniciou a fase adulta em plena Pandemia Covid 19.

 

BRASIL: 57, 9 milhões de brasileiros (29% da população) tem entre 16 a 34 anos. Apenas 26% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam Ensino Superior.

 

A participação juvenil nos fóruns mundiais ganha relevância, como no Youth20 (Y20), o fórum de engajamento jovem do G20 que, em julho deste ano, se reuniu em Belém/PA, contando coma participação de representantes do JUVENTUDE SOKA.

Milton Fujiyoshi, vice-presidente do Instituto Soka, destacou a importância de ouvir a voz dessa a nova geração que busca de soluções para os graves problemas que a sociedade e o Planeta enfrentam. 

Anseios e soluções

Reunir jovens que vivem diferentes realidades para promover troca de experiencias e diálogos foi um dos objetivos do evento. Todos foram convidados a, em grupos, discutir desafios e soluções para problemas ambientais e sociais e relacioná-los aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Para o advogado Fernando Mendonça, um dos organizadores do evento, a iniciativa  conseguiu aproximar esses jovens estudantes e pesquisadores à realidade da Amazônia e ao legado ambiental do fundador do Instituto Soka, Dr. Daisaku Ikeda. “Foi um momento para resgate de esperança e inspiração para eles que são engajados com as temáticas ambientais, sociais e de direitos humanos”, afirmou Mendonça. 

 

O coordenador da Divisão de Proteção da Natureza do Instituto Soka Amazônia, Rodrigo Izumi, apresentou os quatro passos para a conscientização ambiental –  aprender, refletir, empoderar, agir e liderar – aplicado ao Projete Sementes da Vida do Instituto que associa um plantio de árvore a cada criança nascida na maior maternidade pública da cidade de Manaus.  

O professor Valmir Oliveira, pró-reitor de Extensão da Universidade Federal do Amazonas, foi um dos palestrantes convidados do evento. Respondendo aos questionamentos dos participantes sobre negacionismo climático e desigualdades sociais, ele enfatizou a importância de mudanças de comportamentos e valores e do necessário combate a cultura “narcisista” que impera na Modernidade e que coloca em xeque a possibilidade de cooperação.

“Eu acredito que a solução está sempre na mudança de comportamento e diante de valores assentados na construção de um Planeta vivo, com lideranças com espírito público, ambiental e socialmente aceitos. Com esses elementos vamos alcançar um planeta mais equilibrado. Eu espero que seja com a geração de vocês”, afirmou Oliveira.

Diálogo internacional

O evento contou ainda com a participação virtual da diretora executiva da Carta da Terra Internacional, Mirian Vilela, e da professora da Universidade de Nova York e especialista em Educação Internacional, a PhD Namrata Sharma, que dialogaram com os jovens por videoconferência.

Doutora Mirian Vilela solicitou aos estudantes que tivesse a esperança e visão de futuro e não desacreditar que é possível reverter a situação atual. Segundo ela, a mudança global precisa da energia, potencial, criatividade dos jovens e do modo de trabalhar de maneira colaborativa para o vem comum. Finalizou destacando que a Carta da Terra, para o Brasil. é um convite para ampliar a consciência planetária e a visão de ética do cuidado.

 

Depoimentos

“Achei muito bacana como no Instituto se utiliza os elementos e recursos naturais locais para trabalhar a educação ambiental. Isso me inspirou a levar isso como modelo para as práticas na minha localidade”.
Aline Hitomi
professora de educação infantil e Mestranda de Educação Ambiental na UNESP, Santa Barbara D’Oeste/SP
"Aprendi nesse encontro a importância do diálogo com todos. Saí da Selva Amazônica para a Selva de Pedra. Meu sentimento é que Independente do lugar onde estivermos podemos abraçar essas sementes de esperança e a educação socioambiental e mostrar que podemos salvar a humanidade”
Everton Sampaio

advogado e professor universitário, nasceu de Santarém/PA e mora em São Paulo

“Vim da região do Capão Redondo em São Paulo. Foi lindo conhecer o Instituto e o inspirador o programa educacional que realizam. Emocionante saber, por exemplo, que há pesquisas sobre as castanheiras e o Mal de Alzheimer. Ver esse futuro construído aqui com as crianças é muito lindo.”
Bárbara de Paula
jornalista, São Paulo/SP

Mais que doar, participe efetivamente da proteção da Amazônia

Com seu apoio as ações e programas do Instituto Soka Amazônia alcançam milhares de vidas, ampliando a consciência para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade amazônica.

Ação solidária Águas de Ajuri leva esperança e água limpa para comunidades ribeirinhas impactadas pela seca

Era para ser apenas mais um Dia das Crianças, mas, para a comunidade ribeirinha Catalão, no município de Iranduba, foi dia de renovar esperança diante da seca que acomete a região trazendo, entre grandes desafios, a dificuldade de acesso a água potável.

Na manhã de sábado (12), a comunidade recebeu voluntários do Águas de Ajuri  – ação solidária promovida pelo Instituto Soka Amazônia e empresas e organizações parceiras que visa apoiar a resiliência das comunidades ribeirinhas da região Encontro das Águas que sofrem as consequências da forte estiagem. 

A iniciativa é um desdobramento da iniciativa realizada em 2023 que levou água e alimentos a duas comunidades ribeirinhas na região. 

Neste ano, com o espírito de Ajuri (se unir para ajudar) outras empresas se somaram ao Instituto para levar uma solução mais permanente para as comunidades. Com esforço conjunto, foi possível destinar  62 filtros Água Camelo, que serão distribuídos às famílias das comunidades Catalão, Paraná do Xiborena e São Francisco.


De fácil manejo, essa tecnologia permitirá que as próprias famílias possam filtrar de forma segura e sem custos, a água que captam diretamente do rio, evitando doenças e contaminações. 

 

Esta edição do Águas de Ajuri contou com a participação da associação Brasil SGI, Breitener Energética (Grupo Ceiba), Tutiplast, Plásticos Manaus, ADN Reciclagem, Plajetec, Super Terminais e Editora Brasil Seikyo.
O espírito do Águas de Ajuri é solidariedade e união, sentimentos mais que necessários para enfrentamento da crise climática, afirma Milton Fujiyoshi, vice-presidente do Instituto Soka Amazônia. “Estamos unidos com essas comunidades pelos Rios Negro e Solimões. Como  verdadeiros vizinhos e, juntos com nossos parceiros, desejamos que essa triste realidade não mais se repita no futuro””..

A emoção de ajudar 

A coordenadora de Responsabilidade da Breitener e Grupo Ceiba, Danielle Viana, relembrou a quão árdua foi a entrega de doações no ano passado sob sol escaldante, mas que todo aquele esforço era pequeno diante das necessidades dessas comunidades.

Segundo ela, as emergências climáticas estão se agravando a cada ano e só poderemos reverter essa tendência se mudarmos o nosso modo de vida. “Estou feliz que estamos levando essa solução, que não vai resolver o problema da comunidade, mas dará melhores condições para que enfrentem com dignidade essa situação”, afirmou.

Maria Clara Pinheiro dos Santos, voluntária da Tutiplast, que participou pela primeira vez nesse tipo de voluntariado, veio de coração aberto para ação.

 “É gratificante. Para nós é uma atividade de um dia, mas para eles é uma vida inteira. E essa união das empresas do polo industrial de Manaus que transborda para as comunidades é muito importante para ajudar o desenvolvimento da Amazônia de forma sustentável”.

Compartilhando os desafios e alegrias

A data escolhida para entrega dos primeiros filtros Água Camelo nas comunidades foi o Dia das Crianças, uma data simbólica para se renovar a esperança diante de tantos desafios. 

A estiagem mudou completamente a paisagem da comunidade Catalão, conhecida por suas casas flutuantes. Com a seca, áreas que eram cobertas pelas águas do rio hoje estão ocupadas por vegetação rasteira, barro e terra batida. Casas flutuantes e embarcação ficam estacionadas no que seria leito do rio. 

Os voluntários percorreram longo trajeto por terra batida até um lago represado pela comunidade e de onde foram transportados por canoas até o campo de futebol onde as famílias da comunidade se reuniram. 

Além das cestas básicas, lanches, doces e brinquedos, os voluntários participaram de brincadeiras com as crianças tornando esse Dia das Crianças uma memória de alegria e esperança para todas essas famílias.

Autonomia, saúde e dignidade para as famílias ribeirinhas

Diante da escassez de água em toda a bacia Amazônia várias comunidades ribeirinhas são obrigadas a captar água direto do rio, devido à falta de poços e grande dificuldade para comprar água potável em regiões distantes. 

A utilização do filtro Água Camelo pode atender mais de uma família, pois tem capacidade de filtrar 45 litros de água por hora e é capaz de filtrar água barrenta e poluída de bactérias, protozoários, partículas em suspensão e microplásticos.

Essa tecnologia desenvolvida pela startup brasileira de impacto social foi apresentada na Conferência da Água da ONU em 2023 e vem sendo utilizada em projetos voltados a comunidades com vulnerabilidade e escassez de água em várias regiões e países. 

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Instituto Soka e Educação Ambiental em Países de Língua Portuguesa

 

O Instituto Soka Amazônia foi convidado a integrar a programação do 8º Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa que acontecerá entre os dias 21 e 25 de julho de 2025, na cidade de Manaus.

Com o tema “Educação ambiental e ação local: respostas à emergência climática, justiça ambiental, democracia e bem viver” esta edição fará parte rol e eventos paralelos e preparatórios para a COP 2030.

De acordo com o professor Joaquim Pinto, representante da Rede Lusófona de Educação Ambiental (Redeluso) e Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), o evento tem como propósito principal é estimular a troca de saberes, experiências e cooperação entre iniciativas e educadores de Portugal e Brasil e demais países da comunidade luso como Angola, Cabo Verde, Galícia, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe.

No último dia 20 de setembro, Joaquim Pinto esteve pessoalmente na sede Instituto Soka Amazônia para conhecer a dinâmica do programa Academia Ambiental que atende anualmente em média 3 mil estudantes das redes públicas de ensino.

Participaram da visita representantes da Redeluso, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), do Ministério da Educação (MEC), da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC-AM) e do Meio Ambiente (SEMA) e organização da sociedade civil.

O lançamento do 8º Congresso foi realizado em abril deste ano, em Brasília, ocasião em que a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou  a i mportância da realização  como espaço de preparação para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30). O  Congresso contará com a organização do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

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Sítio Arqueológico Ponta das Lajes recebe Plano de Ações para Preservação

Localizado às margens do Rio Negro e em frente ao Encontro das Águas o Sítio Arqueológico Ponta das Lajes voltou a ficar visível devido à seca que afeta a região.

Este patrimônio geológico e arqueológico, frequentemente submerso, revela vestígios de civilizações que habitaram a área há milênios, incluindo as conhecidas “caretas” ou petróglifos (figuras humanas esculpidas na rocha) que chamaram a atenção durante a estiagem de 2023.

Para garantir a proteção desse importante patrimônio natural e cultural, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na última segunda-feira (23), lançou Plano de Ações Integradas do Patrimônio Arqueológico do Amazonas, que contou com a participação do Instituto Soka e elaborado a partir das experiências das duas instituições no sítio durante a seca de 2023.

O plano foi apresentado a jornalistas, representantes das forças de segurança, pesquisadores e pesquisadores e lideranças comunitárias dos bairros do entorno e associações indígenas, que participaram de encontros informativos sobre o Sitio e os cuidados com a proteção de patrimônios culturais e arqueológicos.

Segundo Beatriz Calheiro, superintendente do IPHAN no Amazonas, o objetivo é orientar a proteção dos sítios arqueológicos no estado, especialmente durante o período de seca exacerbado pelas mudanças climáticas.

“Implementaremos medidas de segurança, socialização e boas práticas para a conservação desse patrimônio. Pedimos à comunidade que evitem o descarte de lixo no local, pois ele representa nossa identidade, nossa história e é um espaço sagrado para os povos indígenas, que merece respeito”, afirmou Calheiro.

 

A Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda, nutre uma relação muito especial com o Sítio Ponta das Lajes, como relembra Milton Fujiyoshi, vice-presidente do Instituto Soka. “Nossa equipe acompanhou os primeiros registros fotográficos das famosas gravuras rupestres durante a grande seca de 2010. Pelo Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda, somos histórica e geograficamente conectados ao Sítio Ponta das Lajes”, relembrou.

O afloramento desse sítio revela agravamento das mudanças climáticas e deve ser motivo de reflexão, ressalta Fujiyoshi. “Estamos diante da necessidade de união de toda sociedade para proteção dos bens mais valiosos da Amazônia: nossas florestas, nossa biodiversidade, nossos rios, nossas populações e nossa história”. 

A educação ambiental e patrimonial faz parte dos programas educativos e ações de sensibilização social promovidas pelo Instituto, como o mutirão de limpeza, realizado no ano passado, quando conseguiu-se recolher 1 tonelada de resíduo sólido do Sítio Ponta das Lajes. “Estaremos sempre disposto a colaborar, junto com pesquisadores e comunidade, proteção e disseminação de conhecimento sobre esse patrimônio que é de todos”, afirma Fujiyoshi.

  • Alertas importantes:
  • Bens arqueológicos pertencem à União, sendo vedado qualquer tipo de aproveitamento econômico dos artefatos, assim como sua destruição e mutilação.
  • Para realizar Pesquisas em sítios arqueológicos deve-se enviar projeto prévio ao Iphan, que emitirá a Portaria de Autorização. Pesquisa interventiva realizada sem autorização é ilegal e passível de punição nos termos da Lei.

 

Sítio Ponta das Lajes

Com cronologia estimada entre mil e dois mil anos atrás, o sítio Ponta das Lajes possui blocos rochosos nos quais há registros rupestres que representam figuras humanas. 

Em sua maior parte, as representações são de rostos, que a comunidade local chama popularmente de “caretas”, mas há também gravuras e uma área de oficina lítica com marcas de amoladores. O sítio Ponta das Lajes ainda possui bacias de polimento locais em que, há milhares de anos, povos originários confeccionavam suas ferramentas, como machadinhas.

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Educação para o desenvolvimento sustentável e cidadania global

 

Para compartilhar experiências e aprofundar a discussão sobre o tema de educação ambiental e sua importância para o desenvolvimento sustentável a nível global, o Instituto Soka Amazônia promoveu a Mesa-Redonda “Educação para o desenvolvimento sustentável e cidadania global”, que aconteceu no dia 29 de julho, no Auditório Águas de Manaus.

Da esquerda para direita: Expedita Maria de Oliveira (UFAM), Denise Gutierrez (INPA), Isaque Souza (UEA), Luciano Nascimento (Instituto Soka), Edward M. Feasel (Universidade Soka da América). Foto: Editora Brasil Seikyo

O evento contou com a presença de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e a presença internacional do reitor da Soka University of America (SUA), Edward M. Feasel. Os palestrantes compartilharam suas experiências bem sucedidas de educação ambiental implementadas em suas instituições e percepções sobre o reflexo dessas ações na sociedade.

Edward Feasel, reitor da Soka University of America (SUA). Foto: Editora Brasil Seilyo

Edward Feasel, reitor da Soka University of America (SUA),  destacou o fato da Universidade e o Instituto terem em comum o mesmo fundador, o pacifista Daisaku Ikeda, e o nome Soka, termo de origem japonesa que significa ‘criação de valor’. “Como cidadãos globais nos desafiamos a criar valores na sociedade. Agimos em nossas nações, mas também somos parte de uma comunidade global e temos que ser responsáveis por essa comunidade”, disse o reitor.

Da equerda para direita: Expedita Maria de Oliveira (UFAM), Denise Machado Duran Gutierrez (INPA), Isaque Souza (UEA), Luciano Nascimento (Instituto Soka), Edward M. Feasel (Universidade Soka da América), Cristiane Cavalcante Lima (IFAM) e Tamy Kobashikawa (Instituto Soka). Foto Editora Brasil Seikyo

Um dos eixos de atuação do Instituto Soka é a educação ambiental, promovida a partir do programa ‘Academia Ambiental’, que em sete anos de implementação já atendeu mais de 18 mil estudantes de escolas da rede municipal de ensino de Manaus. “Esperamos contribuir significativamente para potencializar todas as ações para a sustentabilidade e cidadania global a partir da sensibilização e transmissão de conhecimento vida a vida, reconhecendo o grande potencial que cada jovem estudante possui”, finalizou Luciano Nascimento, presidente do Instituto Soka Amazônia, que compôs a mesa redonda.

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Mesa-Redonda: Universidades amazônicas debatem Educação Sustentável e Cidadania Global em Manaus

Evento integra as comemorações dos 10 anos do Instituto Soka Amazônia e conta com a participação da University Soka of America

Antevendo o que será debatido na COP-30 e dentro das preocupações mundiais sobre a Amazônia e as Mudanças Climáticas, no próximo dia 29 de julho, acontece a Mesa Redonda: Educação para o Desenvolvimento Sustentável e Cidadania Global.

Conectadas ao ODS 4 : Educação de Qualidade, as temáticas Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) e Cidadania Global  são alvo da atenção em fóruns internacionais e da agência especializada da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e consideradas por acadêmicos e especialistas do Terceiro Setor como estratégias vitais para o alcance dos ODS, especificamente na meta 4.7.1 que trata da necessidade de aumentar os esforços na educação para a cidadania global. 

O evento conta com a participação internacional do PhD em Economia, Edward Feasel, reitor da Soka University of América (SUA), além de reitores e pró-reitores das universidades amazônicas, que compartilharão suas visões e experiências dentro da temática.  

Então confirmados como debatedores: Denize Gutierrez, coordenadora de Tecnologia Social no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Cristiana Cavalcanti Lima, professora ddo Instituto Federal do Amazonas e reitores e pró-reitores das Universidades Federal do Amazonas (UFAM) e do  Estado do Amazonas (UEA).

O evento é voltado a estudantes, educadores, gestores de recursos humanos e sustentabilidade, terceiro setor e interessados na temática Educação (Inscrição pelo site)

A Mesa-Redonda integra programação do Amazônia: Casa da Vida, Tesouro da Humanidade – série de eventos comemorativos aos 10 anos do Instituto Soka Amazônia – e conta com o apoio institucional das universidades UFAM, UEA, IFAM, INPA e  Soka University of America, além do apoio cultural da Águas de Manaus.

 

SOBRE O EVENTO:

Data: 29 de julho – Horário: 15 horas
Local: Auditório da AEGEA- Águas de Manaus  – Av.  André Araujo, 1981 – Aleixo – Manaus-AM.


Inscrição pelo site: CLIQUE AQUI

 

 

Belém recebe exposição internacional com iniciativas práticas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A mostra “SEMENTES DA ESPERANÇA E AÇÃO: Transformando os ODS em Realidade”, já vista por mais de 1,5 milhões de pessoas em vários países, será exibida na capital paraense a partir do Dia Mundial do Meio Ambiente

Em meio ao intenso debate sobre as mudanças climáticas, a capital paraense e sede da COP-30, recebe neste mês de junho a exposição internacional Sementes da Esperança e Ação, que apresenta maneiras práticas para transformar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em realidade. 

Promovida pelo Instituto Soka Amazônia e a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc),  Sementes da Esperança e Ação é uma realização conjunta da Soka Gakkai Internacional e Carta da Terra Internacional e foi exibida durante a COP 26, em Glasgow na Escócia. A mostra já percorreu algumas cidades brasileiras (como Manaus e São Paulo) e diversos países como México, França, Japão, Índia, entre outros, euas edições anteriores estiveram nas Conferências Rio+10 e Rio+20.

A exposição integra os eventos oficiais da Secretaria da Estado de Educação do Pará (Seduc) em comemoração ao Dia do Meio Ambiente e teve sua abertura oficial na manhã do dia 5, na sede da Seduc, onde permanece até o dia 7 de junho, com entrada gratuita, priorizando os educadores e gestores escolares como multiplicadores do conhecimento.  Do dia 10 a 16 de junho estará aberta para visitação pública no Centro de Formação dos Profissionais da Educação Básica do Pará (Cefor) e nos dias 18 e 19 será exibida no Encontro Youth (Y20), no Hangar Centro de Convenções da Amazônia.

 diretoria executiva da Carta da Terra Internacional, Mirian Vilela, em mensagem enviada especialmente para inauguração da mostra, destacou a importância dessa iniciativa  chegar a capital da COP30 seguindo o compromisso de sensibilizar, inspirar e engajar a população para o alcance dos ODS, especialmente os jovens. E sugere: “que tal que esta seja a geração conhecida por ter tomado consciência e começado a cuidar do planeta?”

 

Estiverem presentes na abertura da exposição, o Secretário de Educação do Estado do Pará, Rossieli Soares, e o presidente e vice-presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Gonçalves e Milton Fujiyoshi.

Consciência e Ação

O fio condutor da exposição passa pelos fundamentos da Agenda 21 – INSPIRAR, APRENDER, REFLETIR, EMPODERAR E AGIR/LIDERAR – destacando o potencial humano para transformação. 

Com ênfase na AÇÃO, a mostra é um convite aos visitantes para uma reflexão enquanto membros de uma mesma família humana e planetária, apresentando a busca pela coexistência harmônica entre o ser humano e meio ambiente como caminho para o real desenvolvimento sustentável. 

Ao retratar cidadãos de diferentes culturas, a exposição aborda o desafio de superar os conflitos decorrentes da discriminação. “Todos são diferentes – cada um de nós tem suas próprias ideias e soluções únicas que podem transformar uma sociedade inteira, a começar por nós mesmos, nossa família e amigos” é a mensagem de um dos painéis.

 

AGENDA Belém-PA

Dia 5 de junho, 8h30 – Entrada Gratuita – Abertura da Exposição Semente da Esperança e Ação

Local: Sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC)

De 05 a 07 de junho, das 8h às 17h – Visitação por Educadores e Gestores Escolares

Local: Sede da Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC)

De 10 e 16 de junho, das 8h às 17h – Visitação Pública – Entrada Gratuita

Local: Centro de Formação dos Profissionais da Educação Básica do Estado do Pará.

Dias 18 e 19 de junho, horário a confirmar – Encontro Youth (Y20)

Local: Hangar Centro de Convenções da Amazônia

DADOS DA EXPOSIÇÃO 

  • Foi traduzida para seis idiomas e visitada por mais de 1,5 milhão de pessoas em mais de 24 países e territórios.
  • É a versão atualizada da exposição Sementes da Esperança: Visões da Sustentabilidade, passos em direção à mudança, lançada em 2010, e exibida em 2012, na Conferência Rio+20, no Rio de Janeiro. 
  • Teve exibições em importantes eventos e locais: Palácio de Haia, na Holanda; Centro para a Educação Ambiental da Índia; Conferência Anual da NGO do Departamento de Informações Públicas das Nações Unidas em Bonn; Olimpíada da Juventude, em Cingapura; na Rio+20, entre outros. 
  • Sucede a mostra Sementes da Mudança: a Carta da Terra e o Potencial Humano (lançada na Conferência Mundial de Desenvolvimento Sustentável em 2002, em Johanesburgo, África do Sul) e que já teve exibições em Belém, Ananindeua, Santarém, Oriximiná e Juruti, no Estado do Pará.