Inicia a temporada 2023 da Academia Ambiental do Instituto Soka Amazônia

O mês de março começou muito feliz no Instituto Soka Amazônia, com a primeira atividade da programa Academia Ambiental no ano.

Os animados alunos e professores da Escola Municipal Divino Pimenta Falheiros, participaram, neste 1º de março, do passeio educativo na Reserva Particular do Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda, sede do Instituto Soka Amazônia.

Em uma manhã ensolarada, meninos e meninas vivenciaram novos conhecimentos e descobertas  sobre ecologia e a importância de respeitar e preservar a natureza.

Antes do início da “aventura”, o vice-presidente do Instituto, Milton Fujiyoshi agradeceu a presença dos alunos que se sentissem, a partir de hoje, os protagonistas da relação com o meio ambiente. 

“Para nós do Instituto Soka Amazônia, poder fazer parte deste momento da vida de vocês, como meninos e meninas que, com certeza são o futuro da Amazônia e do Brasil, semeando no coração de cada um a semente da esperança através da Academia Ambiental, é um motivo de muito alegria para todos nós”.

Milton Fujiyoshi, Vice-Presidente do Instituto Soka Amazônia

No laboratório, os alunos conheceram, de olhos bem atentos, os vários tipos de sementes da floresta da Amazônia e aprenderam curiosidades de como elas  germinam ou dispersam na natureza.

Em uma aula ao ar livre, no meliponário, puderam saber mais sobre a vida das abelhas e a importância desses insetos polinizadores para a  natureza e para humanidade.

Mas o passeio teve ainda espaço para dois outros momentos emocionantes: chegar bem perto de uma das gigantes da Amazônia e a observar, direto do mirante do Instituto Soka Amazônia, o Encontro das Águas, o curioso encontro de águas claras e escuras – do Rio Solimões e Negro – que não se misturam.

A Academia Ambienta atende, anualmente, cerca de 2 mil alunos da rede pública de ensino de Manaus, proporcionando experiências enriquecedoras de educação em meio a natureza.  

O programa é realizado em parceria com a Ocas do Conhecimento Ambiental, iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Manaus que leva conscientização ambiental aos alunos da rede pública de ensino. Para viabilizar a Academia Ambiental, o Instituto Soka Amazônia conta com o apoio de empresas parceiras. Estiveram presentes no evento, Erika Amorim, coordenadora da Ocas do Conhecimento Ambiental, e Jonivaldo Miranda, head de Pessoas e Cultura da Indústria Tutiplast,  parceira do Instituto.

Meninas e Mulheres na Ciência: contribuições do Instituto Soka Amazônia

Dia 11 de fevereiro  foi comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, data instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com o objetivo de fortalecer o compromisso global com a igualdade de direitos entre homens e mulheres, principalmente do ponto de vista da educação.

No mundo, apenas 30% dos cientistas são mulheres – e no Brasil, apenas 40% -, segundo levantamento da Unesco em 2020. E ainda que seja cada vez mais relevante a contribuição das mulheres em várias áreas da Ciência, muitas meninas enfrentam dificuldades de acesso à educação e para continuar os seus estudos.

Esse é um grande desafio que deve ser abraçado por toda a sociedade, segundo o secretário-geral da Organização das Nações Unidas António Guterres.

“Todos nós podemos fazer nossa parte para liberar o enorme talento inexplorado de nosso mundo – começando por encher salas de aula, laboratórios e salas de diretoria com mulheres cientistas”.

António guterres, secretário geral da onu

O fundador do Instituto Soka Amazônia, o pacifista Dr. Daisaku Ikeda, compartilha da mesma visão e afirmou, certa vez, que a “educação é um processo de estimular e despertar as pessoas desde o âmago de seu ser, capacitando-as a liberar e desenvolver o poder dentro delas para criar felicidade”.

O Instituto Soka Amazônia, por meio do programa Academia Ambiental, que atende estudantes da rede municipal de ensino de Manaus, motiva as novas gerações a se tornarem indivíduos que farão a diferença, defendendo a floresta e utilizando do conhecimento adquirido em busca da sustentabilidade.

As atividades práticas do programa despertam o interessse dos estudantes pela proteção à natureza, ao mesmo tempo que inspiram as meninas com o próprio exemplo das jovens cientistas que atuam no Instituto, entre elas, a bióloga Iris Andrade Cruz, Mestre em Ciências Biológicas com ênfase em Entomologia (estudo de insetos) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

+ Saiba mais sobre o trabalho com abelhas nativas desenvolvido por Iris Andrade Cruz

Para coordenadora da área de Pesquisa Científica do Instituto Soka Amazônia, Tamy Kobashikawa, a educação ambiental pode ajudar a criar uma geração de cidadãos globais comprometidos com a paz e harmonia do planeta o que, segundo ela, contribui para o alcance da meta Educação para o Desenvolvimento Sustentável proposta no ODS 4 (Educação de Qualidade) da ONU.

A educação para o desenvolvimento sustentável deve capacitar alunos na tomada de decisões e ações com conhecimento e responsabilidade, formando cidadãos globais, o que constitui um dos pilares principais da abordagem de Criação de Valor (Soka, em japonês).

Um cidadão global não é o indivíduo que fala muitas línguas ou que viajou por vários países. Um cidadão global, segundo Daisaku Ikeda, tem desenvolvidas três qualidades:  sabedoria, coragem e compaixão.

A sabedoria para perceber a inter-relação de todos os tipos de vida e ambiente; a coragem de não temer ou negar as diferenças, pelo contrário, respeitar pessoas de diferentes culturas e se autodesenvolver pelo contato com elas; e a compaixão para cultivar uma empatia imaginativa que vai além do ambiente ao nosso redor e se estende a outras pessoas que sofrem em lugares distantes.

Dar mais acesso à uma educação comprometida com o desenvolvimento dos indivíduos – especialmente das meninas e mulheres que enfrentam mais desafios para continuidade dos estudos –  não é apenas importante para o mundo, mas diz respeito ao alcance da felicidade das pessoas, como destaca Daisaku Ikeda, em seu livro Educação Soka. Eleafirma que a experiência de uma vida de genuína humanidade – a felicidade verdadeira – só pode ser desfrutada nas interações positivas entre seres humanos.


Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e os ODS 

Neste ano, a ONU se concentrará no papel das Mulheres e Meninas e da Ciência em relação aos seguintes ODS:

ODS 6 – água limpa e saneamento
ODS 7 – energia acessível e limpa
ODS 9 – indústria, inovação e infraestrutura
ODS 11 – cidades e comunidades sustentáveis
ODS 17 – meios de implementação 

Série da ONU

MULHERES CIENTISTAS NA VANGUARDA DA AÇÃO CLIMÁTICA clique aqui.


Referências:

KOBASHIKAWA, Tamy Y. Expansão de capacidades por meio da abordagem de criação de valor em Educação Ambiental. Tese de Doutorado da Faculdade de Economia da Universidade Soka, Tóquio, Japão, 2022.

IKEDA, Daisaku. 1996. Thoughts on Education for Global Citizenship. New York, NY

IKEDA, Daisaku. Educação Soka – por uma revolução na educação embasada na dignidade da vida. Editora Brasil Seikyo, São Paulo-SP, 2017.

ENTREVISTA: Como atitudes simples e cotidianas podem mudar o planeta?

Entrevista com Dra Namrata Sharma, consultora de educação internacional

Proteger a natureza, cuidar do meio ambiente, ajudar a alcançar os famosos ODS da ONU e seguir os princípios da Carta da Terra, são temas amplamente abordados nos projetos de educação ambiental do Instituto Soka Amazônia, como as oficinas da Academia Ambiental, para estudantes da rede pública de ensino e colaboradores de empresas parceiras, e exposições como a Sementes da Esperança e Ação.

Mas, afinal, como cada individuo pode, no seu dia a dia, impactar e proteger o Planeta e os seres vivos que nele habitam?

A resposta pode estar no exercício da cidadania com visão global, por meio da educação.

A inspiradora professora doutora Namrata Sharma elucida, em entrevista, como aborda o tema Educação para Cidadania Global em várias partes do mundo.

Namrata Sharma é Economista, Mestre e PhD em Educação, professora adjunta da Universidade Estadual de Nova York e consultora em educação internacional. Suas pesquisas enfocam países de três continentes (como Índia e Japão), Europa (Reino Unido) e América (Estados Unidos).

Para ela, a cidadania global pode ser exercida de diversos modos e em atitudes e escolhas simples e cotidianas, como, por exemplo: preferir produtos – inclusive as roupas que vestimos – feitos de maneira sustententável e a separação do lixo doméstico, isto é, o orgânico do reciclável.

Essas ações, aparentemente isoladas, têm o poder de impactar globalmente, em uma teia de conexões entre pessoas, de diversas localidades, e os recursos naturais do Planeta. Em última análise, são indícios de uma cidadania ativa, com foco na vida planetária e nos direitos humanos, e que ajudam no alcance dos ODS.

Na opinião de dra. Sharma, a educação para cidadnia global é sobre nos localizarmos no mundo E ela elenca atitudes individuais a serem tomadas na jornada de mudanças necessárias no mundo:

* Fazer a diferença no local e ambiente imediato em que se encontra (por exemplo, em nossas casas e comunidades).

* Aprender sobre questões globais relacionadas aos direitos humanos e identificar e combater abusos de direitos humanos ligados ao nosso cotidiano.

* Promover diálogos para dirimir preconceitos e combater intolerância.

* Ter um consumo de informações baseado em uma autorreflexão e senso crítico.

Doutora Sharma afirma que ação de nos conectar com a vida de pessoas de todo o mundo é um aprendizado que pode (e deve) ser transmitido às crianças ainda nos primeiros anos de vida.

Filha e neta de refugiados, ela afirma que inspira-se no exemplo de sua própria família:

Quando meu pai tinha cerca de 8 anos, ele e sua família se tornaram refugiados durante a partição da Índia em 1947. Meu pai, muitas vezes, estudava sob a iluminação pública, enfiava os livros escolares na camisa enquanto se deslocava de bicicleta para a escola no rigoroso inverno e, ainda assim , conseguia criar memórias felizes de sua infância. Sua família de 6 pessoas recebia visitantes regulares em seu minúsculo quarto no porão, enquanto a comunidade se apoiava para sair da pobreza. 

Um dia, meu avô trouxe para casa um globo terrestre. Provavelmente, deve ter deixado de comer algumas refeições para conseguir comprá-lo. Eu considero que esse gesto – comprar um globo para dar àquelas crianças pobres uma visão de conexão com o amplo mundo, – um exemplo claro de educação para a cidadania global. Podemos concordar que o senso de conexão com outras pessoas e com outros seres vivos é o pré-requisito para se tornar um cidadão global.

Para concluir, doutora Sharma destaca a necessidade de transmitir, às crianças e a todas as pessoas, o senso de interdependência das coisas, de humanidade comum e de uma perspectiva global.

Toda educação deve estar baseada na sensibilização de “cidadãos planetários”, preocupados e comprometidos em ações efetivas para combater causas e efeitos das mudanças climáticas e outras crises naturais e humanitárias.

Para ler a entrevista completa com a Dra. Namrata Sharma, clique aqui.


Natureza como aprendizado, a lição do povo Kambeba

Instituto Soka Amazônia conversou com gestor da Escola Indígena Kanata, professor Raimundo Kambeba, sobre a experiência da educação intercultural
Raimundo Kambeba, gestor da Escola Indígena Kanata

Neste mês em que se comemora o Dia Mundial da Educação Ambiental*, o blog do Instituto Soka Amazônia compartilha entrevista especial com o educador Raimundo Kambeba, gestor da Escola Indígena Kanata.

Graduado em Pedagogia Territorial Indígena pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e Mestre em Educação, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Raimundo Kambeba fala da experiência da educação indígena para preservação da natureza e da identidade do seu povo.

Mas, quem são os Kambeba?

Também chamados de Omágua, ou povo das águas, os Kambeba são conhecidos por suas canoas, resistentes e de navegação eficiente.

Presentes também no Peru, há muito tempo deixaram de ali se identificar como indígenas devido à violência e à discriminação que existe desde o século XVIII por parte de não indígenas. Outra característica que os diferenciava de outros povos indígenas, eram suas vestimentas em algodão[i].

*26 de Janeiro

Dia Mundial da Educação Ambiental

Data instituída na Carta de Belgrado, em 1975, elaborada durante o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental, com o objetivo de conscientizar sobre a necessidade de proteger o meio ambiente através da educação.

Na Amazônia brasileira, os Kambeba estão localizados nas regiões do alto Solimões e baixo Rio Negro.  Na cidade de Manaus, a comunidade Kambeba está estabelecida na região Três Unidas, cerca de um quilômetro da capital em linha reta

De acordo com o professor Raimundo, esse grupo veio do alto Solimões até o baixo Rio Negro em busca de melhores condições de vida, de educação, saúde, economia e organização social.

Fonte: Site Povos Indígenas do Brasil/Instituto Socioambiental

Nos últimos anos, a comunidade Kambeba de Três Unidas vem estabelecendo parcerias, entre as quais plantio de mudas com o Instituto Soka Amazônia, com o enfoque na saúde, educação intercultural, e economia voltada à interculturalidade.

As parcerias, segundo o professor Raimundo, auxiliam na conquista da melhoria da qualidade de vida para a comunidade e nas condições de preservação do ambiente em que habitam. E ressalta: nessa questão é fundamental que se conheça a economia indígena e a economia não indígena.

Comunidade Kambeba e Escola Indígena Kanata.

Aprendendo com a natureza

“Para nós, povos indígenas, a Natureza é nossa mãe. A Terra é a nossa mãe, é onde a gente vive, é onde a gente está no dia a dia. É ela que nos dá saúde, oxigênio limpo de qualidade para a gente viver. Então, é a luta que nós, povos indígenas temos”, explicou professor Raimundo.

Na escola indígena, o respeito ao conhecimento dos mais velhos é valorizado como forma de preservar sua cultura. As crianças aprendem sobre o conhecimento ancestral e tradições, como as danças, músicas e gastronomia indígenas, além da arte do seu povo, como as pinturas, produção de peneira e outros utensílios de caça e pesca. Todo esse aprendizado é realizado na escola indígena, sendo os mais velhos os professores e especialistas no conhecimento.

Trajetória como educador

Raimundo Kambeba começou a atuar como professor aos 14 anos de idade. “A comunidade me apoiou para ser professor. Eu tinha estudado até a 5ª série. Comecei a estudar e dar aula. Mas, por eu ser menor de idade, a Secretaria de Educação, daquela época, não aceitaria me contratar.  Assim, meu pai foi contratado e eu trabalhava com ele, dando aula”, contou.

Raimundo relembra que, no início, eram 30 crianças para alfabetizar e ele só tinha uma ideia: valorizar a cultura de seu povo, revitalizar essa cultura, reavivar a língua, imortalizar os conhecimentos tradicionais.

(*) Tuxawa é uma liderança política dos povos indígenas. Do tupi, o termo tuxaua significa “aquele que manda”. Seria o que, em português, é conhecido como cacique.

Nesse percurso, por ser indígena, ele sofreu discriminações, mas a cada desafio renovava sua determinação e os obstáculos só serviram para que se fortalecesse mais e mais.

Hoje, 29 anos depois daquela primeira turma de 30 alunos, Raimundo é o vice tuxawa* reconhecido e querido pela comunidade, onde atua com seu pai.

“É uma luta muito grande que a gente tem como povos indígenas, de estar conseguindo lidar com todas essas situações. Nós somos as lideranças e buscamos por dias melhores para os povos indígenas”, diz Raimundo.

Educação intercultural

O acadêmico e professor, Raimundo Kambeba, ressalta a importância das parcerias com instituições que valorizam a interculturalidade, compreendendo as diferenças entre os indígenas e não indígenas como possibilidade de enriquecer ambas as culturas.

Para ele, é importante conhecer o que é educação indígena e o que é educação escolar não indígena. “O que é cuidar da natureza para o índio? O que é cuidar da natureza para o não indígena? O que a saúde indígena propõe para os povos indígenas e o que a saúde não indígena propõe para os não-índios. Até os governantes também”, enfatizou.

Todas essas reflexões fazem com que os povos originários se fortaleçam em conhecimentos e sabedoria; as parcerias contribuem para que essas etnias busquem maior autonomia e obtenham melhoria na qualidade de vida em suas comunidades.

Os Kambebas são uma das mais expressivas etnias a se projetar rumo a um futuro em que indígenas e não indígenas possam compartilhar espaços e saberes como irmãos, membros de uma mesma família humana.

Ao longo de 2023 teremos oportunidade de publicar neste blog uma série de matérias abordando diferentes aspectos do povo Kambeba. Acompanhe e nos siga nas redes sociais.


 

A paz é uma opção viável.

Há esperança mesmo diante de cenários devastadores
Cada indivíduo tem um papel essencial nesse processo de mudança radical de comportamento e atitude frente às mudanças climáticas

A busca pelo equilíbrio ambiental rumo à tão desejada paz global. Embora a grande mídia não retrate, há esforços positivos ocorrendo em todos os pontos do planeta por iniciativa de indivíduos e de grupos. A energia do bem é uma poderosa força que provê os sistemas a despeito dos efeitos negativos de ações nefastas. Em sua proposta de paz deste ano, Transformar a história humana com a luz da paz e da dignidade[i], o dr. Daisaku Ikeda enfatiza que o

“O espírito de solidariedade proverá a energia e a base para enfrentar o espectro amplo de nossos desafios, incluindo a crise climática. Estou certo de que ao enraizarmos nossas ações nesse espírito de solidariedade e ao avançarmos na construção de uma sociedade global que seja inabalável diante de quaisquer ameaças, deixaremos algo de imenso valor para as futuras gerações”.

Isso posto, vamos aos principais pontos relacionados às mudanças climáticas levantados por Ikeda nesse texto.

Há muitas décadas pesquisadores e autoridades vêm alertando sobre os perigos do ritmo acelerado das mudanças climáticas. Os efeitos dessa aceleração são visíveis em todas as partes do globo, numa escalada acentuada e preocupante. São muitos os efeitos dessas mudanças no clima: secas e incêndios frequentes em muitas partes do mundo; aumento crescente das temperaturas e da acidificação marítimas, resultando em deterioração da capacidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos de absorver os gases de efeito estufa. E estes são somente alguns aspectos. Infelizmente há muito mais.

Porém, mesmo diante de um cenário tão devastador, há esperança. Ikeda aponta caminhos de superação dessa crise.]

“De acordo com relatório do Instituto de Recursos Mundiais, se os países do G20, responsáveis por 75% das emissões de gases estufa, lançarem o objetivo ambicioso de redução de emissões correspondente a 1,5 grau [Celsius] até 2030 e alcançarem a meta de zero emissões líquidas até 2050, o aumento da temperatura global pode ser limitado a 1,7 grau — abaixo apenas do objetivo de 2 graus do Acordo de Paris.”

Somado a isso, Ikeda sugere também o fortalecimento da estrutura de parcerias entre a ONU e a sociedade civil. Reconhecer que os recursos necessários à sobrevivência dos povos sejam considerados “bens comuns globais”. Nesse conjunto se incluem o clima e a biodiversidade. Ele propõe o estabelecimento de espaço dentro do sistema da ONU onde a sociedade civil, liderada pelos jovens, possa discutir livremente a proteção abrangente aos bens comuns globais.

EUA e China

Ikeda apontou ainda que para a plena execução das mudanças necessárias é fundamental a cooperação entre as duas maiores potências econômicas da atualidade: EUA e China. Embora tensas, as relações entre estas duas nações precisam chegar a um consenso em prol do bem global. Houve um avanço na COP26 e nessa COP27 [ii] realizada no Egito, em novembro último, as duas potências (e as mais poluidoras do mundo) retomaram as negociações formais pois sua cooperação é considerada crucial para evitar mais danos causados por possíveis mudanças climáticas radicais. Uma leitura oficial do posicionamento de ambos os países, reforçou que os líderes “concordaram em capacitar altos funcionários importantes para manter a comunicação e aprofundar os esforços construtivos sobre essas e outras questões”. É um avanço.

“Bens comuns globais”

Ikeda lembrou que 2022 marca os 30 anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro. Foi o marco do movimento pela coalisão mundial em prol da vida no planeta Terra. Ali foram estabelecidas as bases para a adoção de medidas fundamentais que até hoje se discutem.

ecretário-geral António Guterres (na tela) discursa na reunião sobre mudanças climáticas realizada em sede da ONU (Estados Unidos, set, 2021)

Em seu texto, Ikeda sugere fortemente a adoção de uma declaração para definir os passos e fortalecer uma abordagem abrangente para as questões ambientais, com a perspectiva de salvaguardar os bens comuns globais. Somam-se a isso decisões firmes na ONU sobre os problemas relacionados a tais bens comuns globais.

São eles (os jovens) os herdeiros deste mundo, portanto, nada mais justo que sejam também protagonistas da transformação que a cada dia se torna mais e mais necessária.

Guia de turismo das Nações Unidas da Alemanha fala a um grupo de jovens visitantes sobre as operações de manutenção da paz da ONU

Um dos possíveis caminhos que Ikeda vem levantando há décadas é a criação de meios para que a juventude se engaje com vigor nos comitês de apoio a serem criados em todos os países membros das Nações Unidas. Ele relembra a Youth4Climate: Driving Ambition (Juventude pelo Clima: Impulsionando Aspirações, em tradução livre), uma conferência pré-COP26, realizada em setembro de 2021, em Milão. Naquela oportunidade foi ofertada uma plataforma para que os jovens de todo o mundo se unissem e transmitissem suas preocupações para os que estão engajados em negociações intergovernamentais. Segundo ele, essa oportunidade evocou precisamente o tipo de conselho jovem das Nações Unidas por ele defendida: cerca de quatrocentos jovens de 186 países — quase todos os signatários do Acordo de Paris — incluindo um jovem membro da Soka Gakkai do Japão, participaram da conferência.

Academia Ambiental – Institituto Soka Amazônia

Um manifesto foi redigido a partir dessas interações e o principal ponto levantado foi o aumento de oportunidades para que a juventude mundial possa contribuir efetivamente. São eles os herdeiros deste mundo, portanto, nada mais justo que sejam também protagonistas da transformação que a cada dia se torna mais e mais necessária.  O que Ikeda deixa claro é que nada será capaz de mudar o que quer que seja sem a participação popular, principalmente dos jovens, que têm a força e o vigor necessários para a árdua batalha a ser travada, conforme o trecho adiante:


[i] Íntegra do texto da proposta de paz de 2022, de Daisaku Ikeda:  http://www.culturadepaz.org.br/media/propostas/proposta_paz2022.pdf

Vem passarinhar Manaus: aprendizado e bem-estar garantidos

O objetivo: observar as exuberantes aves amazônicas em seu habitat natural seja para recreação, seja para fins de estudo

É indiscutível o relevante papel das aves para o equilíbrio dos ecossistemas. Cada grupo de animais tem um propósito e uma função a desempenhar e, graças às características únicas como hábitos alimentares e agilidade no deslocamento pelo ar, as aves formam um contingente essencial para o pleno êxito da harmonia entre os diferentes ecossistemas.

As birdwatching, termo cunhado nos EUA onde a atividade se originou, como são chamadas as ações de grupos para a observação desses animais, além de uma atividade que se complementa à terapia de Banho de Floresta (matéria já publicada neste blog: https://institutosoka-amazonia.org.br/que-tal-um-banho-de-floresta/ ), é ainda uma ação muito eficaz de educação ambiental.

A professora doutora Katell Uguen, da Universidade Estadual do Amazonas, é a orientadora do projeto Vem Passarinhar Manaus, que consiste em ações de observação de pássaros, com alunos e público em geral, em Manaus.

Sensação de bem estar

“Tudo começou na pandemia, em 2020 e vem se realizando com uma periodicidade de aproximadamente 30 a 45 dias”, contou a professora. Francesa de nascimento, vive no Amazonas há 25 anos. Embora tenha se graduado em engenharia agronômica, fez o doutorado em Ecologia Ambiental. “Desde a primeira vez que fui a uma passarinhada*, no Museu da Amazônia, a sensação de bem-estar me conquistou”, contou ela.

Ela se apressa a esclarecer que a iniciativa do Vem Passarinhar Manaus foi de uma aluna de graduação. “Ela veio com o projeto que eu imediatamente abracei por enxergar grandes oportunidades de estudo e também de compartilhamento de vivências saudáveis”, contou. Basicamente, o Vem Passarinhar Manaus uniu o utilíssimo ao agradabilíssimo.

“Já fizemos, no Instituto Soka, oito ações do projeto com a equipe e uma com o público em geral e já identificamos 71 espécies, mas isso ainda é pouco”

Muitas espécies de plantas das florestas amazônicas e de áreas periodicamente alagadas produzem frutos carnosos, com cores vivas e odor forte. Tais características atraem tanto aves como mamíferos que fazem o importante trabalho de dispersar as sementes para longe da árvore-mãe, o que garante a perpetuação e a conquista de novos ambientes para muitas espécies e sua permanência no ecossistema a longo prazo.

Alterações nos habitats podem gerar desequilíbrio, por isso, devido ao bom estado de conservação da cobertura vegetal e a diversidade de ambientes ao longo de um gradiente do rio para a terra firme, as passarinhadas no ISA são tão interessantes. “Já fizemos, no Instituto Soka, três ações do projeto com a equipe e uma com o público em geral e já identificamos 71 espécies, mas ainda é pouco”, explicou. Segundo ela, a área do Encontro das Águas pode reunir facilmente, mais de 300 espécies de aves devido às condições únicas que essas águas oferecem.

Dia mundial da observação de aves

O dia 8 de outubro é o Big Global Day, para o movimento do birdwatching. No mundo todo os apaixonados pela observação de aves saem a campo para reunir dados de extrema relevância para as pesquisas e/ou simplesmente se deleitar com o prazer de estar em meio ao verde, pois é um momento da Primavera (no hemisfério Sul) e Outono (no hemisfério Norte) em que as migrações estão em plena preparação e/ou em andamento. Em outubro, a equipe do projeto fez um levantamento no Instituto Soka onde levantou 28 espécies, contribuindo para o esforço mundial de monitoramento da biodiversidade.

Arquivo de sons de pássaros

Após cada ação do Vem Passarinhar Manaus são produzidos relatórios com os dados coletados. Os espécimes podem ser atraídos por meio de arquivo de sons de pássaros, o que possibilita a observação mais objetiva. A professora explica que a observação de aves é uma atividade que existe desde que o homem começou a interessar-se pelo comportamento de outras formas de vida. Há grupos que se dedicam a essa atividade regularmente em praticamente todos os parques nacionais. Aqui no Brasil o birdwatching é recente mas já conta com muitos clubes de observadores de aves e todos os estados.

É também uma atividade que resulta em benefícios para toda a coletividade, como o desenvolvimento do turismo responsável, pois esse turista não degrada e não polui, por ter a consciência da importância de preservar para que sempre haja espécimes a serem observados. Outro benefício é a geração de renda e valores agregados às comunidades locais, além, é claro, da sensibilização para a importância da conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Outro ponto abordado pela professora é a educação ambiental. “Quem já foi a um birdwatching será naturalmente um defensor do meio ambiente”, finalizou.

(*) A professora dá a essa expressão (passarinhada) um sentido muito mais nobre do que tem em muitos lugares do país onde o termo se refere a uma especialidade gastronômica como a famigerada “Passarinhada de Embu”, churrascada de confraternização política numa cidade da região da grande São Paulo, em que foram mortos de 2 mil a 3 mil pássaros.

Unidos na ciência contra a mudança climática

Mudanças climáticas Amazonas

Autor: Diego Oliveira Brandão[1]

Unidos na Ciência (título original: United in Science 2022) é uma síntese científica relacionada às mudanças climáticas, impactos e respostas. O relatório foi produzido por várias organizações científicas com atuação global, sendo publicado em 13/09/2022. Os tópicos do relatório abordaram gases de efeito estufa (GEE), clima atual, clima futuro, impactos e adaptação. A mensagem principal de cada tópico foi traduzida livremente e interpretada em um contexto da Amazônia, sendo apresentada abaixo.

O relatório mostrou que as concentrações atmosféricas de GEE continuam a aumentar. Houve uma queda em 2020 e 2021. Isso aconteceu devido aos efeitos da pandemia de COVID-19. No entanto, as emissões de GEE agora estão tão altas quanto o período pré-pandemia.

A temperatura atmosférica sobre o solo e oceano tem sido crescente. Foi estimada uma média probabilidade de que, entre 2022 e 2026, a temperatura média anual seja temporariamente 1,5°C mais alta do que em 1850-1900.

Bilhões de pessoas em todo o mundo estão expostas aos impactos das mudanças climáticas. Os impactos socioeconômicos serão crescentes. As populações mais vulneráveis sofrerão mais, como as comunidades tradicionais (andirobeiras, extrativistas, indígenas, quebradeiras de coco babaçu, quilombolas e ribeirinhas) e agricultores familiares da Amazônia que dependem das plantas nativas para subsistência. Vulnerabilidade é o grau de suscetibilidade e incapacidade dos sistemas humanos e naturais de lidar com os efeitos negativos da mudança do clima.

Comunidades tradicionais e agricultores familiares da Amazônia estão altamente ameaçados pela mudança climática. Crédito da imagem: Diego Oliveira Brandão, arquivo pessoal

A adaptação é crucial para reduzir os riscos aos impactos climáticos. Medidas de adaptação são iniciativas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima.

As evidências científicas alertam que são necessárias medidas aprimoradas para evitar o aquecimento contínuo do sistema terrestre. Isso é essencial para reduzir a probabilidade de mudanças irreversíveis no sistema climático. O relatório destacou que os sistemas de alerta precoce podem salvar vidas, reduzir perdas e danos, contribuir para a redução do risco de desastres e apoiar a adaptação às mudanças climáticas.

Referências:

  • United in Science 2022: A multi-organization high-level compilation of the most recent science related to climate change, impacts and responses. Disponível em: https://public.wmo.int/en/resources/united_in_science. Acesso em: 14/09/2022.
  • Política Nacional sobre Mudança do Clima. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12187.htm. Acesso em: 14/09/2022.
  • Brandão, D. O. Mudanças climáticas e seus impactos sobre os produtos florestais não madeireiros na Amazônia. In: SIMPÓSIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SISTEMA TERRESTRE, 10. (SPGCST), 2021, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. Anais… São José dos Campos: INPE, 2021. On-line. ISBN 978-65-00-33306-0. IBI: < 8JMKD3MGPDW34P/45U3UDP >. Disponível em: < http://urlib.net/ibi/8JMKD3MGPDW34P/45U3UDP  >.
  • Brandão, D. O.; Barata, L.E.S.; Nobre, C. A. The effects of environmental changes on plant species and forest dependent communities in the Amazon region. Forests, v.13, n.3, p. 466, 2022. Disponível em: < https://www.mdpi.com/1999-4907/13/3/466  >
  • Imagens do arquivo pessoal de Diego Oliveira Brandão.

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[1] Biólogo CRBIO 116152

Contato: diegobrandao779@gmail.com

VII Seminário Águas da Amazônia em foco

O evento deste ano ressaltou a importância de se preservar os recursos hídricos para o bem da floresta

Pela defesa incondicional dos nossos recursos hídricos, esse é e sempre foi o objetivo para a realização do Seminário Águas da Amazônia, que este ano (2022) chega a sua sétima edição e foi realizado no auditório do Bosque da Ciência, no último dia 22 de novembro. O evento integra ainda a programação oficial da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Desde o advento da pandemia optou-se pela transmissão via YouTube em conjunto com a participação presencial de pesquisadores, estudantes e público em geral interessados no assunto. A grande novidade desse ano foi a realização da Ação Voluntária que aconteceu no Bosque a Ciência, dando oportunidade para o público presente interagir e conhecer um pouco mais sobre a exuberância da flora e fauna presente no local.

A profa. dra. Denise Guttierrez, Coordenadora de Tecnologia Social do INPA, exaltou a parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, por ela representado e o Instituto Soka Amazônia pois ambas as organizações “possuem objetivos confluentes, que consiste na defesa do patrimônio natural de uso coletivo que é a floresta e tudo que envolve sua sobrevivência”. Como ela colocou, ambas as instituições possuem bens e valores que se ampliam e atingem todo o planeta. “Valorizamos a floreste em pé! Valorizamos os recursos da Amazônia! Valorizamos e amamos a Ciência, o conhecimento e todos os valores que ela pode aportar e, nesse sentido, temos muita confluência com o Instituto Soka”, ressaltou a pesquisadora.

“Esse espírito de solidariedade proverá energia e a base para enfrentar o espectro amplo de novos desafios incluindo a crise climática”, enfatizou o diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento. Ele reafirmou ainda que “ao enraizar nossas ações nesse espírito de solidariedade e ao avançar na construção de uma sociedade global que seja inabalável diante de quaisquer ameaças deixaremos algo de imenso valor para as futuras gerações.

Palestras fundamentais

A primeira palestrante da manhã foi a pesquisadora do INPA, dra. Maria Terezinha Ferreira Monteiro que discorreu sobre a Importância dos Estudos Hidrográficos para a Questão Hídrica. Sua fala alertou principalmente sobre o engendrado sistema hídrico do qual depende a floresta e todos que nela habitam. “Conhecer o local e todos os agentes que nela coexistem é fundamental para saber como preservá-la”, alertou. Segundo ela, a água que cai em forma de chuva encontra seu primeiro pouso no denso e rico dossel das árvores. Dali escorre por folhas, galhos, ramos e tronco, umedecendo cada parte da planta e nutrindo-a com os insumos que a chuva traz. Quando finalmente chega ao solo é acrescida de outros compostos que a própria planta fornece. No solo a água se deposita sobre o material orgânico – boa parte é provido pela própria árvore – constituído por restos de fauna e flora em decomposição. Essa água, além de ajudar nesse processo, vai penetrar lentamente solo abaixo, chegando às raízes e demais organismos que se utilizam da terra para sobreviver.

Porém, quando se retiram as árvores, a água cai diretamente sobre o solo em, com o tempo, vai compactar essa terra, tornando-a quase impermeável. Os nutrientes oriundos da decomposição de flora e fauna não mais existirão ou diminuirão consideravelmente, tornando a terra empobrecida. “As alterações antrópicas causam desequilíbrio no balanço hídrico”, enfatizou.

Veneza Amazônica

A pesquisadora disse que se os igarapés tivessem sido mantidos limpos como eram na década de 1960/70, “teríamos aqui uma Veneza Amazônica”.  O INPA vem realizando diversos estudos com o objetivo de buscar a recuperação desses locais tão importantes e essenciais. Explicou sobre o projeto IETÉ, fruto de uma parceria inédita com a Samsung que vem sendo realizado na Bacia Hidrográfica do Educandos. O projeto integra hidrologia, hidrogeologia, mapeamento vegetal, meteorologia e química. Tal integração nunca foi realizado antes e espera-se obter muitos benefícios a toda a região. O primeiro é a filtragem da água que vem sendo depositada diretamente no aquífero, pois este vem sofrendo muito com o aumento constante de consumo.

Sob o tema Saneamento em Manaus e o esgotamento sanitário, a segunda palestra da manhã fico a cargo do engenheiro sanitarista e ambiental Lineu Machado Silva Júnior, que é o gerente de Operações da empresa de abastecimento Águas de Manaus. Ele explicou detalhadamente como funciona intrincado sistema de abastecimento e como a empresa vem expandindo a rede por diversos locais de difícil acesso, como nas comunidades de palafitas. “Pessoas que, pela primeira vez, têm um comprovante de endereço!”, exclamou o engenheiro. A rede de distribuição de Manaus tem números impressionantes: uma vazão de 10 mil litros de água por segundo, ou 700 milhões de litros ao dia; em 200 reservatórios com capacidade de 259 milhões de litros em cada um. Trata-se de uma árdua tarefa conseguir que cada casa da capital manauara tenha água corrente em suas torneiras.

Depoimentos

“Trabalho árduo de atenção e respeito à população e à natureza. Gratidão!!!”, registrou no chat Fátima Gobby. Ela escreveu ainda que “sem dúvida! Todos precisam se envolver. O que cada um pode fazer é colaborar para a efetivação dos bons resultados”.

Também no chat, Lydi Lucia registrou, “é superimportante estabelecer um protocolo de qualidade de água pra nossa realidade hídrica” e, Rayana Ferreira, escreveu: “nosso Amazonas é rico em vários aspectos e esses eventos servem para aprofundar o conhecimento, a conscientização a preservação do meio ambiente”.

Público online presente: São Paulo, capital; Campinas, Indaiatuba, interior-SP; Praia Grande e Santos, litoral-SP; Olinda do Norte-AM; Viçosa-MG. Santa Maria-RS.

Instituto Soka Amazônia e Instituto Aprender Vivo promovem seminário

O evento tem como objetivo desenvolver a consciência crítica acerca dos principais problemas enfrentados hoje pela floresta amazônica
prof. dra. Maria Inês Gasparetto Higuchi

Denominado Amazônia: regulador do clima global e a dimensão humana da floresta o evento é uma iniciativa do Instituto Aprender Vivo, com o apoio do Instituto Soka Amazônia e outros importantes agentes que atuam na preservação ambiental como forma de regular o clima do planeta. Para falar sobre a sua área de pesquisa e também a respeito do conteúdo de sua palestra, foi convidada a renomada pesquisadora, prof. dra. Maria Inês Gasparetto Higuchi[i], que gentilmente concedeu uma breve entrevista à nossa equipe de reportagem.

A pesquisadora iniciou explicando sobre a Psicologia Ambiental (PA), uma área de estudo que se ocupa em compreender o comportamento humano na relação com o ambiente, seja natural ou artificialmente construído. “Nesse sentido, a PA entende que o modo como a gente se relaciona com as coisas, os animais e todos os elementos do ambiente é uma dimensão do tipo de pessoa que cada um é. Podemos dizer então, que o nosso comportamento ocorre em três níveis – do ser humano consigo mesmo, dos seres humanos entre si, e do ser humano com seu entorno. Nesse sentido, o ambiente é parte de nós mesmos”, explicou. Ela enfatiza que os seres humanos vivem num ambiente que influencia e modifica. Da mesma forma, este mesmo ambiente nos modifica e influencia de volta. Há uma interação cíclica.

Interações paradoxais

Ela cita exemplos muito interessantes: o que leva uma pessoa a ser muito cuidadosa na limpeza de sua casa e nem tanto com a rua em frente à sua casa? Por que certas pessoas são preocupadas com a proteção dos animais e outras não? O que leva uma pessoa que mesmo sabendo que certas práticas são prejudiciais ao meio ambiente, continua fazendo? Perguntas como essa nos leva a refletir sobre nós mesmos.

“Então, a Psicologia Ambiental tenta desvendar esses aspectos psicossociais que motivam nosso comportamento, para assim poder subsidiar intervenções eficazes e eficientes na educação, nas políticas públicas e governança”, refletiu. 

A dimensão humana

Perguntamos sobre o tema do evento e o que a dimensão humana representa para uma floresta tão impressionantemente gigante como a Amazônia e quais os desdobramentos que esse ingrediente humano pode tomar num futuro próximo. A pesquisadora do INPA ressaltou que essa questão passa necessariamente pelo significado que damos à natureza. “O que ela significa para nós? Que valores temos em relação à floresta e tudo o que ela abriga? Que atitudes e práticas nós temos em relação a floresta? Somos capazes de aceitar que esse ambiente natural possa fazer parte de nossa identidade? Como nos posicionamos nos debates que mostram as ameaças que a floresta vem sendo acometida? Que condutas de afinidade podemos formar para protegê-la?”, questionou.

“O que eu sei sobre sua dinâmica e seus serviços ecossistêmicos? Então, tudo isso eu chamo de dimensão humana, ou seja, envolve conhecimento, atitudes e ações a todos esses elementos que fazem parte do nosso planeta. O fato de a floresta ser um macro sistema, isto é, algo que não é tangível como um objeto em nossas mãos, mas de certa forma, um espaço distante, muitas vezes, nossa forma de pensar e agir em relação à floresta é assentada numa abstração, e por isso, falar na importância da floresta ou nas ameaças que vem sofrendo, parece ser apenas uma notícia que não nos atinge, e por isso, não somos capazes de efetivamente atuar em prol de sua proteção”, esclareceu.

Possibilidades de mudança

Ela aponta para soluções: “Para mudar esse cenário existem diversos caminhos educativos que podem ser adotados. Um em especial é proporcionar mais vivências positivas, desde a infância, com e na natureza. Um convívio contínuo e intenso com esses espaços nos proporciona mais afinidade com ambientes naturais e aumenta os níveis de conexão com a natureza, de tal forma que também construiremos um maior cuidado para com ela”. Citou ainda o “banho de floresta” [matéria já publicada por esse blog: veja aqui]

Para o evento em si ela acredita que será uma oportunidade de envolver pessoas e ambientes comunitários e coletivos fora da urbanidade. Gente que lida com a terra, rios, floresta. “Esse estilo de vida e relações de proximidade com esses espaços naturais trazem ensinamentos e histórias de vida que mostram a força das pessoas em comunhão com esses elementos físicos na produção da sua existência”, enfatizou a estudiosa.

O poder da educação ambiental

O Instituto Soka Amazônia é uma instituição que se dedica à educação ambiental como forma de ajudar a criar novas gerações de pessoas que preservem e se integrem à exuberante natureza amazônica. Sobre a importância da educação ambiental no processo de preservação dos ecossistemas, a pesquisadora ressaltou que se trata de um processo de reflexão da nossa relação com o ambiente, da nossa relação com outras pessoas e, sobretudo, no respeito e cuidado com o nosso entorno.

Segundo ela, a educação ambiental é uma forma de sensibilizar, informar, capacitar e estimular o compromisso e a responsabilidade para uma consciência ecológica. Quanto mais conscientes e reflexivas as pessoas forem, maiores serão as possibilidades de termos um planeta sadio. Esse processo educativo promove nossa presença no mundo respeitando as capacidades de suporte dos ecossistemas, de modo que as demandas sociais sejam repensadas para um consumo sustentável. Vários estudos nos mostram que se a humanidade não mudar seu estilo de vida, ela porá em risco a vida do planeta e de sua própria existência. Para tanto, desde cedo, a educação ambiental, ou educação para a sustentabilidade, deve ser desenvolvida por todos os segmentos da sociedade, em contextos escolares e não escolares.

“Acredito que já não é mais uma opção, mas uma urgência. A educação ambiental não é uma etiqueta social de limpeza dos ambientes ou de descarte de resíduos no seu devido lugar, também não é apenas o cuidado com as plantas e animais, mas sobretudo, é dignificar nosso entorno em todas as suas dimensões, pois essa responsabilidade de cuidado com as pessoas e com o entorno, seja natural ou construído, é a essência de nossa humanidade. Sem isso, a humanidade vai perdendo o sentido até que ela desapareça. Acredito, que ao nos darmos conta disso, nossa atuação será mais sustentável”, finalizou a pesquisadora do INPA.

Evento: AMAZÔNIA: regulador do clima global e a dimensão humana da floresta

Data: 2 de dezembro de 2022

Horário: 9h30 (horário Manaus)

Local: Auditório do Bosque da Ciência (INPA), Manaus-AM

GRATUITO


[i] Doutora em Antropologia Social, pela Brunel University London, Reino Unido; mestre em Ecologia Humana pela Michigan State University, EUA; graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pesquisadora sênior do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

VII Seminário das Águas em 22 de novembro

Participe desta discussão: caminhos para a segurança hídrica no Amazonas
Parte da programação da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o evento terá também ação voluntária

As águas que banham a floresta amazônica são parte indissociável da flora e fauna, pois possibilitam que a vida aconteça e a exuberância da biodiversidade floresça como em nenhum outro lugar do planeta. Assim sendo, o Instituto Soka Amazônia e o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) realizam anualmente o Seminário das Águas, este ano será sua sétima edição. O evento será sediado no Auditório do Bosque da Ciência, no dia 22 de novembro, e a participação é livre e gratuita, com direito a certificado. Para inscrição (presencial ou online), basta acessar aqui.

Há alguns anos, o evento faz parte da agenda da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Devido à relevância da proposta, é considerado já uma realização consagrada por autoridades acadêmicas e governamentais, tanto do estado do Amazonas como da Federação. A programação deste ano será dividida em dois momentos: o Seminário, das 8h às 10h30, e a ação voluntária, das 10h30 às 13h, que tem como objetivo preservar a beleza do Bosque da Ciência.

Palestras de muito significado

Na primeira palestra do evento, a dra. Maria Terezinha Ferreira Monteiro discorrerá sobre a “Importância dos Estudos Hidrográficos para a Questão Hídrica”. A dra. Maria Terezinha é pós doutora pela PNPD/CAPES (2013-2018); doutora em Clima e Ambiente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA/UEA (2008- 2013); mestre em Ciências de Florestas Tropicais – CFT, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2003-2005). Possui larga experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase nos temas hidrologia e ciclagem biogeoquímica (Hidrobiogeoquímica). Também coordenou o grupo de Pesquisas Hidrológicas – CPH do LBA/INPA pelo período de dois anos (2014-2016). Atualmente é gerente operacional do Projeto IETÉ (Rede de Monitoramento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Educandos).

Para a segunda palestra do Seminário, denominada “Saneamento em Manaus –  Água e Esgotamento Sanitário”, foi convidado o engenheiro Lineu Machado Silva Junior, gerente de operações da empresa de abastecimento da capital do Amazonas, Águas de Manaus. O engenheiro sanitarista e ambiental, possui experiência de 22 anos na área de Saneamento Ambiental e outros 16 anos em concessionárias de saneamento em diversos estados do Brasil e em Luanda, capital de Angola, África. É ainda especialista em Gestão de Negócios pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP).


Serviço:

VII Seminário das Águas.

Dia: 22 de novembro de 2022 (terça-feira)

Horário: 8h às 13h

Local: Auditório do Bosque da Ciência (entrada pelo portão da Av. Rodrigo Octávio, s/n – Petropólis)

Inscrições: https://doity.com.br/vii-seminario-das-aguas

Os participantes receberão certificado de participação.