Educação e sabedoria dos povos Indígenas em favor da proteção da Amazônia

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia

Durante muito tempo, o dia 19 de abril era celebrado como Dia do Índio. Mas, desde 2022, a data mudou de denominação para Dia dos Povos Indígenas.

A professora indígena, Sidneia Piratapuya, do povo Pira-tapuya, explica que a expressão “índio” sempre foi um grave equívoco criado dentro de uma visão estereotipada: “Somos vários povos. Foi uma luta de muitos anos para essa mudança. Essa data, o Dia dos Povos Indígenas, é uma conquista e soa muito reflexiva para que, principalmente, a sociedade não-indígena reconheça esses povos, sua existência e resistência”

A educadora alerta para o preconceito ainda existente em nossa sociedade, fruto da história colonizadora, que considera o indígena como selvagem, sem inteligência, sem alma, preguiçosos e incapazes. “É preciso ‘decolonizar’ esses pensamentos e mudar essa visão”, afirma.

A doutoranda em História e coordenadora do Movimento Estudantil Indígena do Amazonas, Isabel Munduruku, concorda. Para ela a mudança de nome da data faz jus a grande diversidade étnica e cultural dos povos originários no País. “Somos vários. Essa denominação diz respeito a uma reivindicação de existência que nós temos nesse país e da nossa própria ocupação”.

Isabel destaca a importância dos povos indígenas na preservação da própria floresta. “A gente tem afirmado que a Amazônia foi plantada pelos povos indígenas. E isso é uma coisa muito importante de se levar em consideração pois diz respeito da nossa relação com ela também”.

O fundador do Instituto Soka Amazônia, Daisaku Ikeda, em discurso durante a Conferência Internacional Amazônia no Terceiro Milênio: Atitudes Desejáveis, realizada em 1999, sinalizou a necessidade de harmonizar o desenvolvimento sustentável com a defesa da Amazônia como a Casa da Vida e considerando os saberes ancestrais dos povos nativos:

“A sua herança nos ensina que o céu, a terra, os pássaros, os animais e também o homem mantêm um perfeito inter-relacionamento e respiram igualmente como se fossem um único corpo. Eles nos ensinam a ver a Terra como uma única grande vida”, afirmou Ikeda.

O Instituto Soka Amazônia, organização fundada por Ikeda, atua pela conservação e educação ambiental. Entre suas iniciativas estão plantios de espécues nativas acompanhado de troca de conhecimentos com comunidades indígenas e ribeirinhas.

Como organização filiada à Soka Gakkai e Carta da Terra Internacional atua dentro dos valores da Carta da Terra de cuidado com a Comunidade da Vida e pela Justiça Social e Econômica.

A proteção da Amazônia e de sua biodiversidade, é tratada pela instituição sob o necessário olhar de respeito à dignidade da vida.

Na semana comemorativa ao Dia dos Povos Indígenas,  a coordenadora do Movimento Estudantil Indígena do Amazonas, Izabel Munduruku, e a educadora indígena  Sidneia Piratapuya, representante do Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas, compartilharam suas vivências e visões sobre o real sentido da proteção da floresta para os seus povos e a importância e os desafios das novas gerações indígenas quanto à educação. Leia a seguir: 

Isabel Munduruku, doutoranda em História pela UFAM  e coordenadora do Movimento Estudantil Indígena do Amazonas

Como os jovens indígenas estão se engajando para a valorização da sua identidade ética e a cultura de seu povo?

No Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas a gente tem reforçado muito isso e a importância de nossa presença nas universidades. Temos pautado o conhecimento tradicional dos povos indígenas junto com o conhecimento ocidental, de maneira intercultural. 

E é uma interculturalidade crítica onde a gente, a partir do conhecimento ocidental, articula formas de aplicar esse conhecimento tradicional que a gente aprendeu desde criança nas comunidades. Esses conhecimento e  culturalidade podem promover um bem viver coletivo, não só os povos indígenas, mas também para outros povos que habitam a Amazônia.

Como se dá esse resgate às origens por esses jovens e de que maneira contribuem para transmissão desse conhecimento?

Nossa presença dentro do espaço acadêmico é de profunda grandiosidade porque somos nós que estamos escrevendo e reescrevendo as nossas histórias e estamos reafirmando nossas identidades através desses escritos. Estamos, portanto, refazendo processos que, muitas vezes, nos colocam no apagamento.

A presença de estudantes indígenas nas Universidades, de uma certa maneira, está fazendo uma salvaguarda na proteção da memória dos povos indígenas. Temos escritos nossas teses sobre nossas culturas e as nossas tradições e como essas tradições também são tecnologias para proteção da qualidade de vida da Amazônia.

Como garantir a proteção da Amazônia na perspectiva dos povos indígenas ?

A proteção da Amazônia deve ser pensada de maneira articulada não enquanto uma responsabilidade que os povos indígenas tenham que garantir, mas entender a importância que os povos indígenas têm na proteção, tendo em vista que essa é uma missão e um dever de povos indígenas, dos povos ribeirinhos, de quilombolas, dos não-indígenas e da sociedade civil como um todo. Isso porque a Amazônia é garantia da nossa biodiversidade, do nosso território e da própria qualidade de vida das populações de todo o território brasileiro.

Como os povos indígenas compreendem a floresta e o território?

A nossa relação com o território é recíproca porque a gente não compreende o território enquanto um meio fora da gente. Nós somos o território e o território somos nós. 

Desta maneira, no momento em que o território está sendo explorado ou maltratado nessa exploração dentro da lógica de capitalização – através da exploração do ouro, da extração ilegal  de madeira e tantas outras formas de explorar o território – a gente entende como a exploração do nosso próprio corpo, enquanto corpos indígenas. Então a relação que temos com o território é uma relação de vida e de compreender enquanto parte do próprio ecossistema.

O que, na sua visão, tornaria mais efetivas as iniciativas de proteção ambiental?

A gente também tem uma visão muito crítica como se pensa muitas vezes a lógica da proteção ambiental como recurso natural. A gente não lida com o território ou com a Amazônia como recurso, pois quando se pensa em recurso automaticamente já está partindo para uma premissa de capitalização. E isso é muito problemático. 

É preciso tratar a partir dessa relação recíproca, onde o território garante a vida e a gente também tem essa responsabilidade de garantir a vida do território.

Sidneia Piratapuya, do povo Pira-tapuya, falante da língua indígena Tukano.  É professora da rede escolar pública e especialista em gestão escolar

Na visão indígena o que é proteger a Amazônia?

Para nós indígenas e, para mim como Pira-tapuya, proteger a Amazônia é proteger nossa terra. E não só a nossa terra, mas todas as vidas e natureza que estão dentro do território chamado Amazônia. Para nós defender é amar essa Amazônia; é conservar e manter o Rio Amazonas e todos os afluentes principais, o rio Solimões, o Rio Madeira, o Rio Negro, o Rio Japurá. 

Todos esses afluentes importantes que, na nossa visão, estão sendo contaminados pela exploração de minérios trazidos por grandes empresas que vão destruindo e contaminando não só a água que bebemos, mas também a terra e as pessoas que têm essa ligação com essa terra e com essa água.

Por isso nossa defesa pela Amazônia. Mas, defender não é só pelas pessoas que vivem na Amazônia, é sim pelos que vivem no Brasil e no mundo todo, porque precisa desse ar. Porque em outros países não tem mais uma floresta original e intacta. Então defendemos por tudo isso, por todas essas vidas do mundo todo.

Pela sua experiência, como professora e aluna indígena, qual deve ser o diferencial da educação indígena?

A política de educação escolar indígena é muito importante e o Estado brasileiro precisa entender sua importância. Porque nós indígenas não precisamos só conhecer as coisas da sociedade branca, precisamos fortalecer nossa cultura e os nossos conhecimentos tradicionais e fortalecê-los e também dominar esses conhecimentos da sociedade não-indígena e, assim, nos interagir com a sociedade.

Como a educação pode ajudar na valorização da identidade indígena?

Se o jovem se apegar só aos conhecimentos da sociedade não-indígena, enfraquece nossa gente e perde nossa língua e nossa cultura. Daí a importância que a educação escolar indígena seja implementada nas comunidades evitando que esses grupos étnicos saiam de suas aldeias e não voltem. 

Nos deparamos com estudantes que saem das aldeias para fazer faculdade em outras localidades e criam problemáticas, porque eles saíram dos seus territórios para se deparar com outras realidades que não a sua. Essa também foi minha realidade. É nesse sentido que a educação diferenciada e de qualidade é importante para nós.

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Instituto Soka promove,  com IFAM e Universidade Soka, Workshop para Práticas de Ciência e Educação Ambiental na Amazônia brasileira

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia

Como parte dos esforços de fortalecer  intercâmbios culturais e acadêmicos entre universidades amazônicas e Universidade Soka,  foi realizado nos dias 27 e 28 de março, a segunda edição do Workshop de Ciências Práticas e Educação Ambiental, uma promoção cojunta do Instituto Soka Amazônia, Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e Universidade Soka do Japão.

Cerca de cem alunos de graduação dos cursos de agroecologia, medicina veterinária, engenharia em aquicultura, administração e direito participaram  da intensa e dinâmica programação com atividades na sede do Instituto Soka e em dois campi do IFAM: o da zona leste de Manaus e de Presidente Figueiredo.

 

A abertura do evento contou com a participação do reitor da Universidade Soka, professor doutor Masashi Suzuki, que, direto do Japão, apresentou palestra sobre as iniciativas e projetos da Universidade com foco o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organização das Nações Unidas.

O presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, agradeceu ao reitor Suzuki e aos professores da Universidade Soka e IFAM pelos esforços na realização do evento.

 

Dirigindo-se aos estudantes, o presidente do Instituto Soka manifestou seu desejo que  desfrutassem a visita à sede do Instituto –  a Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda – e que levassem grandes aprendizados desse local.

Como inspiração para os futuros profissionais e pesquisadores compartilhou quatro conselhos proferidos pela diretora executiva da Carta da Terra Internacional, Dra Mirian Vilela, aos formandos da Universidade Soka: “que jamais deixem de estimular o livre pensamento; que mantenham a dignidade e modo de vida baseado na ética; que não deixem-se abalar por coisas insignificantes; e que mantenham o entusiasmo e a paixão”.

 

Representando o reitor, Dr. Jaime Cavalcante, o diretor de Pesquisa e Inovação Tecnológica do IFAM,  Prof. Dr. Paulo Aride, ressaltou a importância da parceria das instituições para os estudantes.

“A atividade que desenvolvemos com o Instituto Soka e Universidade Soka tem possibilitado aos nossos alunos, professores e  corpo acadêmico desenvolverem habilidades que vão muito além da parte acadêmica. Uma prova disso foi a atividade do primeiro workshop (no ano passado)  que, de forma prática, culminou na publicação de um artigo que foi muito importante para a vida acadêmica dos nossos discentes”, afirmou.

Nesta mesma semana, em encontro entre representantes da Universidade Soka e reitores e pró-reitores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Instituto Federal do Amazonas (IFAM) foi estabelecido acordo que dará oportunidade de alunos dessas instituições participem de programas de estudos no Japão a partir de 2025.

Palestras e Mesa Redonda

Ainda pela manhã, na sede do Instituto Soka Amazônia, foram proferidas as palestras internacionais dos professores Tatsuki Toda e Shinjiro Sato, da Universidade Soka (Japão) e palestra do professor Dr. Jean Dalmo Oliveira, do IFAM.

 

Professor Dr. Tatsuki Toda apresentou as parcerias estratégicas interdisciplinares realizadas pela Faculdade de Engenharia da Universidade Soka, entre as quais os projetos de Pesquisa Científica e Tecnológica para o Desenvolvimento Sustentável, com enfoque na construção de uma sociedade orientada para a reciclagem.

Professor Shinjiro Sato, que foi um dos idealizadores do Workshop, apresentou os resultados e relatórios do Primeito Workshop para Ciências Práticas na Amazônia Brasileira realizado em 2023.

O professor Jean Dalmo Oliveira, do Programa de Pós-Graduação do Ensino Tecnológico do IFAM-AM,  apresentou palestra “Utilização de Recursos Naturais Amazônicos no Ensino e Aprendizado”, exemplificando o trabalho desenvolvido por aluna do IFAM que tornou-se instrumento de educação ambiental  as trilhas interpretativas  na RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

Visita ao IFAM Zona Leste

No período da tarde, a programação se estendeu com visita técnica ao Centro de Referência em Agroecologia no Campus Zona Leste do IFAM e plantio comemorativo com a participação dos professores e alunos das duas instituições em torno do lago.

As espécies plantadas foram capitari ( Tabebuia barbata ) e seringa (Hevea brasiliensis). De acordo com Rodrigo Izumi, coordenador de Divisão de Proteção da Natureza do Instituto Soka, seguiu-se o critério de serem nativas da amazônia, desenvolverem-se em áreas de várzea e terem o potencial de contribuição  para biodiversidade. Os frutos dessas espécies são  nutritivos e apreciados pela avifauna e peixes do lago.

Workshop na terra das cachoeiras

Na quinta-feira (28), a programação do evento foi desenvolvida na cidade de Presidente Figueiredo há 134 quilômetros de Manaus. As atividades foram divididas no campus do IFAM e na Reserva Particular de Patrimônio Natural Cachoeira da Onça.

 

O diretor do IFAM Campus Figueiredo, professor Dr. Jackson Lima, avaliou o reflexo da realização de evento para ampliar as perspectivas dos alunos.

“Essa ação de internacionalização do IFAM com a Universidade Soka do Japão é muito importante, pois nos permite interagir com pesquisadores renomados na área de aquicultura, ecologia, sistemas aquáticas e nossos estudantes tem a oportunidade de ver tecnologias que estão sendo desenvolvidas lá fora e que podem ser desenvolvidas aqui”.

O professor Dr. Shinjiro Sato, especialista em Ciências do Solo, apresentou os resultados do projeto de pesquisa desenvolvido na Etiópia para produção de biocarvão a partir da planta aquática Eichhornnia Crassipes, conhecida como aguapé e considerada invasora. Esse biocarvão tem aplicação na produção de energia e tratamento do solo.

A professora Railma Moraes, apresentou a gestão de pesquisa ambiental e os projetos realizados por alunos do IFAM Campus Presidente Figueiredo

 

 

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Floresta e Água: eterna relação

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia

Sem floresta, não há água. E sem água, não há vida.

E no mes de março esses dois elementos indissociáveis e essenciais para a sobrevivência de todas as formas de vida do planeta tem datas alusivas: o Dia Internacional das Florestas (21)  e Dia Mundial da Água (22).

Proteger e preservar as florestas não é apenas uma questão de conservação da natureza,como destaca o presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento. “É fundamental para garantir o acesso a conservação da água limpa para as gerações presentes e futuras”.

Os efeitos das mudanças climáticas, com as altas temperaturas, as ondas de calor e as fortes chuvas no Brasil e no mundo, já são sentidos em várias partes do globo. E na Amazônia, que possui uma das maiores bacias hidrográficas, esses impactos já são percebidos, como a seca extrema nos principais rios da região, que teve seu auge nos período de outubro a dezembro de 2023. 

As principais vítimas de eventos extremos como esses na região são as populações ribeirinhas e a biodiversidade. “Presenciamos isso de perto nas comunidades próximas da RPPN Dr. Daisaku Ikeda, na região do Encontro das Águas, em Manaus”, afirmou  Milton Fujiyoshi, vice-presidente da entidade.

O executivo relembrou que no início de outubro de 2023, com os primeiros relatos da seca no Rio Negro, o Instituto Soka e empresas parceiras se uniram em uma ação de solidariedade, levando água potável, alimentos e filtros de água à comunidade Catalão, no município de Iranduba.

LEIA TAMBEM: Ação emergencial pela seca do Rio Negro: Instituto Soka Amazônia e empresas parceiras doam água potável e alimentos a comunidades ribeirinhas

O desequilíbrio climático também afetou os esforços do Instituto de preservação de espécies nativas, obrigando o adiamento de ações de plantios programadas para o final daquele ano.

Neste mês de março, em comemoração aos dias Nacional de Conscientização sobre Mudanças Climáticas (16), Internacional das Florestas (21) e Mundial da Água (22) , o Instituto Soka retomou sua programação de plantios e conscientização de preservação de espécies nativas.  

Foram plantadas  2.500 árvores na comunidade ribeirinha São José, no município de Careiro da Varzea, próximo à RPPN,  com objetivo de ajudar a recomposição da floresta com estratégias de sistema agroflorestal.

A iniciativa associou plantios, preservação de espécies nativas e conscientização sobre as possibilidades e benefícios de se manter a floresta em pé, explica o coordenador da Divisão de Proteção da Natureza, Rodrigo Izumi.

“Sabemos que a floresta é uma das grandes aliadas para revertermos os efeitos do desequilíbrio climático por isso o contato com quem mora próximo da floresta é fundamental”, avalia

A relação com as comunidades é fundamental para o trabalho de proteção da floresta, ressalta Jean Dinelli Leão, coordenador de educação socioambiental do Instituto.

“A expectativa é compartilhar conhecimento e aprender com eles, respeitando suas realidades e, principalmente, trazendo esperança para as futuras gerações. Nós do Instituto Soka Amazônia, acreditamos que a mudança da consciência de cada pessoa, faz a diferença na proteção do meio ambiente e do planeta”.

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Dia Internacional de Meninas e Mulheres na Ciência e o desafio da Amazônia

*artigo foi gentilmente escrito pela autora para o Instituto Soka Amazônia, em alusão ao dia 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma iniciativa lançada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com o objetivo de fortalecer o compromisso global com a igualdade de direitos entre homens e mulheres, especialmente na educação. O artigo expressa a opinião da autora.

Descobertas científicas têm impulsionado o desenvolvimento da humanidade no propósito de viver mais e melhor. A busca sistemática pelo conhecimento implica acesso à escola, oportunidades, suportes para pesquisa que, durante muito tempo, foram vedados às mulheres.

Apesar disso temos, na história, exemplos como Marie Curie (1867-1934), física e química, a primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel, ea cientista Rachel Carson (1907-1964), bióloga americana cujo livro Primavera Silenciosa, com seu estudo científico sobre os riscos do uso de pesticida agrícola, tornou-seum marco na história da ecologia.

Mas, a Ciência ainda é uma questão de gênero. No mundo, apenas um terço dos pesquisadores é constituído por mulheres.

O desafio do acesso das meninas e mulheres à escola, às universidades, aos financiamentos de pesquisa tem sido enfrentado, tanto pelo trabalho insistente da ONU e da UNESCO, bem como por programas nacionais e locais. E, também, pelo extraordinário desempenho das mulheres quando conquistam esse acesso. No Brasil, dados do MEC, divulgados em abril de 2023, revelam que, dos 405 mil alunos de mestrado e doutorado no país, 221 mil são mulheres: 54%.

Certamente há muitos outros desafios a superar numa sociedade que ainda tem preconceitos de gênero, que passam pela ocupação de cargos, remunerações desiguais e, até, escolha de temas de pesquisa.

Por isso é importante celebrar iniciativas como o movimento Mulheres e Meninas na Ciência. E, especialmente, na Amazonia.

“Nós podemos preparar o caminho para um futuro em que a Ciência não tenha fronteiras de gênero.”

Audrey Azoulay, Diretora geral da UNESCO

A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que tem investido no protagonismo das mulheres na Ciência, lançou, em março de 2023, uma série de vídeos intitulada “Mulheres Cientistas no Amazonas”. Em uma das entrevistas, Elisabeth Gusmão, doutora em Ecologia e Recursos Naturais, lembrou que “superar a invisibilidade foi o meu maior desafio.”

Na Amazonia é preciso superar a invisibilidade das mulheres pesquisadoras e a invisibilidade dos conhecimentos tradicionais preciosos para a Ciência contemporânea, pois, como afirma a Carta da Terra, é necessário “Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.”

ROSE MARIE INOJOSA

Advisor e professora no Centro Internacional Carta da Terra de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, com sede na Universidade para a Paz, na Costa Rica. Conselheira e ex-Diretora da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) da prefeitura do município de São Paulo.

O Instituto Soka Amazônia é filiado à Carta da Terra Internacional. Em seus programas de Educação Socioambiental e de Apoio a Pesquisas Científicas, estimula e inspira novas gerações de cientistas.

O Instituto mantém parcerias e acordos de cooperação técnicas com instituições acadêmicas e de pesquisa, como as Universidades Federais do Amazonas (UFAM) e de Rondônia (UFIR), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Universidade do Estado Amazonas (UEA), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e Soka University (Japão).

Essas iniciativas e parcerias contribuem para alcance dos seguintes OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) DA ONU:

ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 5 – Igualdade de Gênero; ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico; ODS 17 – Parcerias para Implementação

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Dia da Educação Ambiental: futuros educadores participam de aula no Instituto Soka Amazônia

No último dia 20 de janeiro,  24 estudantes do curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA)  estiveram na Reserva Particular do Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda (RPPN), sede do Instituto Soka Amazônia, para participar de uma aula muito especial.

A  visita, organizada pela professora de Geografia, Vilma Terezinha de Araujo Lima, teve intuito de apresentar aos futuros educadores uma vivência educativa dentro de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável.

A iniciativa antecedeu duas datas importantíssimas para alunos e educadores: o Dia Mundial da Educação (24/01) e o Dia Mundial da Educação Ambiental (26/01), instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Profesora Vilma Terezinha, da UEA, levam alunos para aula na RPPN Daisaku Ikeda e Sitio Ponta das Lajes. Foto: Dulce Moraes

De acordo professora Vilma, que pesquisa Unidades de Conservação há mais de 20 anos.a escolha da RPPN Daisaku Ikeda como local de trabalho permitiu aos alunos conhecer as práticas de educação ambiental adotadas no Instituto e que são voltadas para escolas e sociedade. “Para um educador ambiental, os espaços conservados representam um tesouro inestimável, uma vez que podemos compará-los com áreas não protegidas que necessitam de cuidado“, ressalta professora Vilma.

Estudantes da UEA participam de aula de campo na sede do Instituto Soka Amazônia. Foto: Dulce Moraes

De acordo com a especialista, a RPPN Daisaku Ikeda, tem  grande valor para a cidade de Manaus, principalmente porque a metrópole oferece poucas áreas verdes aos seus habitantes. “O trabalho de educação ambiental desenvolvido pelos funcionários, o atendimento às escolas e universidades são motivadores para as práticas de ensino; e, além disso, o local está estrategicamente localizado em frente ao Encontro das Águas, um ponto turístico icônico de Manaus, e vizinho a um sítio arqueológico Ponta das Lajes”, afirma.

Alunos da UEA conhecem detalhes da criação da RPPN Daisaku Ikeda em Auditório do Instituto Soka Amazônia. Foto: Dulce Moraes

Para maioria dos alunos foi a primeira visita à unidade de Conservação em Manaus. Na RPPN Daisaku Ikeda, eles tiveram a oportunidade de percorrer o mesmo roteiro de aulas do programa Academia Ambiental praticado com estudantes da rede pública de ensino e absorver e discutir participativamente dos conhecimentos sobre a flora e fauna da Amazônia e sua inter-relação com a geologia, história, biologia, arqueologia, nutrição, geografia, linguagem, artes, entre outros.

A singularidade da natureza engloba humanos, fauna, flora e o meio físico-natural em toda a sua rica biodiversidade e geodiversidade. Depender dela é incontestável, tornando crucial que a tratemos com maior cuidado e responsabilidade.

Vilma Terezinha de Araújo Lima, Professora do Curso de Geografia/PPGED/UEA

Para Lara Figueiredo de Oliveira, Marcela Coutinho Mendonça, Silmara Mendonça dos Santos e Tiago Henrique Azevedo Rodrigues – alunos da disciplina Geografia na Educacão Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, que participaram de aula de campo na RPPN Daisaku Ikeda, em 2023, – a visualização de paisagens diversas permite refletir sobre a riqueza de conceitos que podem ser construídos na experiência individual de cada sujeito. “Essas experiências nos ajudam a ‘romper com as práticas tradicionais’ no ensino da Geografia nos dando autonomia para ler as paisagens e ressignificá-las”, concluem.

Estudantes da UEA em aula no Laboratorio do Instituto Soka Amazônia. Foto: Dulce Moraes

Shelda Helena Batista Ferreira, aluna do 6º período de Pedagogia,comentou que conhecer o Instituto Soka  a fez pensar em como trabalhar a educação ambiental com crianças e como despertar o interesse em atividades em prol da preservação do meio ambiente.

Um dos pontos da visitação mais marcantes para ela foi a trilha da Terra Preta de Índio (TPI), que a fez lembrar de sua irmã que participou de um curso sobre o tema: ela chegava em casa e falava sobre as experiências dela; também me lembrou o sítio do meu tio que ficava no meio do mato e que tinha trilhas assim”.

Mathias Bernard Lira de Almeida,  também aluno do 6° período de Pedagogia, descreve a experiência educativa na RPPN como um revigorante momento de contemplação. “A beleza do rio e ouvir os banzeiros que se chocam com as pedras me trouxe um importantíssimo momento de paz. Observar as paisagens, conhecer a história do local e conhecer os pedacinhos daquela vastidão de biodiversidade renovou as minhas forças e me inspirou para momentos futuros trabalhando como pedagogo”, ressaltou.

Trilhas Educativas da Academia Ambiental

O roteiro educativo desenvolvido para essa aula de campo iniciou-se com a contemplação de um exemplar de Sumaúma e do monumento dedicado à nascente do Rio Amazonas.

Estudantes da UEA em trilha educativa da Academia Ambiental do Instituto Soka Amazônia. Foto: Dulce Moraes

Conduzidos pelas explicações do coordenador de Educação Ambiental, Jean Dinelli Leão, os alunos visitaram o Mirante – por onde puderam contemplar o Encontro das Águas e e saber mais sobre os rios – o Laboratório do Instituto – onde puderam conhecer o trabalho desenvolvido para preservação de árvores nativas amazônicas e a amostra do acervo arqueológico da região.

Estudantes da UEA em aula no Laboratorio do Instituto Soka Amazônia. Foto: Dulce Moraes

Finalizaram a experiência percorrendo a trilha da Terra Preta e acessando parte do Sítio Arqueológico Ponta das Lages, hoje quase totalmente coberto pelas águas do Rio Negro,  após meses de seca extrema.

O Instituto Soka Amazônia com essa iniciativa apoia o alcance dos OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) DA ONU:

ODS 4 – Educação de Qualidade;

ODS 14 – Vida na Água;

ODS 15 – Vida Terrestre;

ODS 17 – Parcerias para Implementação


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As gravuras milenares expostas pela Seca na Amazônia

Por conta da seca no Rio Negro no Amazonas, o sítio arqueológico Ponta das Lajes atraiu, no mês de outubro, a atenção de especialistas, da imprensa mundial e de muitos curiosos no início de outubro.

Nessa área de aproximadamente 150.000 m², que comporta uma praia coberta de lajes de pedra, existem petróglifos (gravuras rupestres) com incisões e oficinas de amoladores pré-coloniais. A estimativa é de que tenham cerca 2.000 anos.

Nas bordas desse rochedo, gravuras em forma de animais e rostos humanos, até então, submersas, ficaram expostas devida a baixo do nível do rio. A primeira vez elas haviam sido visualizadas foi no ano de 2010, durante outra forte estiagem. 

Segundo o professor e pesquisador Carlos Augusto da Silva, Universidade Federal da Amazônia (UFAM), as gravuras são, na verdade, símbolos históricos antigos em que os povos utilizavam as rochas para registrar seus comportamentos sociais.

“Elas também podem representar um comportamento socioambiental humanizado, em que a água, a terra e a floresta seriam como irmãos. Havia zelo pela vida”, comenta.

Helena Pinto Lima, doutora em arqueologia pela USP e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, destaca a importância de todos os Sítios Arqueológicos da região e dessas gravuras. “Elas são uma expressão fortíssima de como esses povos viram e representaram elementos importantes de suas culturas.”

“Esse complexo arqueológico se situa justo à frente do Encontro das Águas, lugar de muita potência em diversos sentidos, desde os tempos antigos até hoje em dia”. Segundo ela, não à toa, o Sítio Lages (com G) foi o primeiro sítio arqueológico registrado em Manaus, ainda na década de 1960.

Convivência e cuidado

Embora sejam surpreendentes para maioria das pessoas, para os moradores da região as gravuras fazem parte da memória. Dona Onedia Nascimento dos Santos (83 anos), que frequenta a região para banho de sol e pesca individual, afirma que desde a infância via essas marcas nas pedras. “Lembro de muitas outras figuras, algumas parecidas com objetos de mesa”, relata.

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Outras marcas em forma de riscos ou afundamentos delgados e cilindricos, presentes em grandes extensões das lajes, são sinais da chamadas oficinas líticas, ou seja, atividades cotidianas de polimento de rochas resultado do processo de feitura de objetos do cotidiano .

Embora inspire curiosidade e fascínio, as gravuras reveladas pela seca do rio Negro também atraíram, infelizmente, desrespeito e depredação e outros atos criminosos. Como informado em Nota Oficial do IPHAN: “todos os bens arqueológicos pertencem à União, sendo que a legislação veda qualquer tipo de aproveitamento econômico de artefatos arqueológicos, assim como sua destruição e mutilação.”

O órgão federal alerta que, para realização de pesquisas de campo e escavações, é preciso o envio prévio de projeto arqueológico ao Iphan, que avaliará e, só então, editará portaria de autorização. “Assim, qualquer pesquisa interventiva realizada sem autorização do Iphan é ilegal e passível de punição nos temos da lei”. Clique aqui para ler a Nota na íntegra.

Por esse motivo, o mutirão de limpeza organizado pelo Instituto Soka Amazônia e IPHAN, contou com a presença da Polícia Federal e da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, e foi oportunidade de educação e sensibilização.

Técnicos do IPHAN e de outros órgãos orientaram a população sobre como visitar os sítios e se apropriar do conhecimento sobre esses locais, sem causar qualquer dano. Por exemplo, registros fotográficos são permitidos desde que não se faça intervenções ou coleta de objetos.  

O arqueólogo Jaime Oliveira orienta que, em situações de descoberta de material arqueológico deve-se comunicar, primeiramente, ao Iphan.

No caso do Amazonas, ao email e telefone da Superintendência do IPHAN Amazonas. “Orientamos que as pessoas não coletem materiais no local do sítio, bem como não realizem escavações, pinturas ou outras atividades que impliquem em intervenção no local. Para essas situações, basta fazer um registro fotográfico e anotar a localização, se possível, com a coordenada geográfica e o meio de acesso.” 

Riqueza arqueológica da Amazônia: Instituto Soka e IPHAN promovem ações educativas para preservação do patrimônio

Proteger a Amazônia é preservar a floresta, seus rios, animais e as populações que existem ou já existiram nesse territóro.

Registrada de diversas formas, seja no solo, nos rios, nas formações rochosas, nos vestígios deixados por quem viveu antes ou nos modos de vida transmitidos de geração em geração, a história da Amazônia é um patrimônio essencial para compreensão do presente e garantia de futuro.  

Um exemplo disso está na Reserva do Particular do Patrimônio Natural RPPN Daisaku Ikeda, onde foram encontrados, em 2001, urna funerária e um alguidar (panelas utilizadas por povos indígenas da região amazônica). A partir desse achado a área foi reconhecida e oficializada como Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

O Sitio Arqueológico Daisaku Ikeda está rodeado pelos Sítios Lages, Porto do Encontro das Águas e Ponta das Lajes. Este último, por longos períodos, fica praticamente submerso (vide infográfico).

Entre os sítios arqueológicos da região o Daisaku Ikeda está em melhor estado de preservação, segundo especialistas, por estar inserido em unidade de conservação. A área reflorestada pelo Instituto Soka ao longo dos últimos 30 anos teria contribuído para essa proteção.

Floresta em pé, ampliação de pesquisa e popularização do conhecimento arqueológico por meio da educação patrimonial são estratégias benéficas para proteção do patrimônio arqueológico, histórico e cultural Amazônia e ajudam a potencializar o senso de pertencimento e respeito às origens dos povos amazônicos.

Cientes disso, o Instituto Soka Amazônia uniu-se à Superintendência do IPHAN Amazonas para realizar uma Semana de Educação Patrimonial, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro.

A série de eventos contou com o apoio da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC) e envolveu professores, alunos, pesquisadores das universidades federal (UFAM) e estadual do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Museu da Amazônia (Musa), agentes culturais e comunidade local.

No Brasil, a Educação Patrimonial é eixo estruturante da política de patrimônio, como explica a superintendente do IPHAN Amazonas, Beatriz Calheiro.”Acredito que todos os processos educativos construídos de forma coletiva que tenham foco no Patrimônio Cultural, podem ser compreendidos pela comunidade nos territórios e colaborar pra reconhecimento e valorização dos nossos bens históricos e culturais, sejam arqueológico, edificado ou imaterial”.

Arqueologia no Instituto Soka Amazônia

No Instituto Soka, todos os anos, cerca de 2000 alunos da rede pública de ensino têm um primeiro contato com a arqueologia e despertam seu interesse por meio da visita guiada pelo Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda do programa Academia Ambiental.

No último dia 1º de novembro, os participantes da Semana de Educação Patrimonial do IPHAN também visitaram o Sitio Arqueológico Daisaku Ikeda e assistiram às palestras e demonstrações dos arqueólogos Iberê Martins, do Museu da Amazônia, e Jaime Oliveira, do IPHAN Amazonas.

No dia 28 de outubro, foi a vez de sensibilizar a comunidade local com outra atividade promovida pelo Instituto Soka e IPHAN Amazonas.

Um mutirão educativo e de limpeza no Sítio Ponta das Lajes, em Manaus foi organizado com a participação de cerca de 200 voluntários de empresas vizinhas ao Sítio e de instituições parceiras, além de pesquisadores, alunos e população local.

Além da retirada de resíduos sólidos (lixo) do local , os participantes receberam orientações sobre como visitar sítios arqueológicos sem causar qualquer tipo de prejuízo ao Patrimônio Arqueológico.  

Beatriz Calheiro se emociona ao relembrar a quantidade tão diversa de pessoas e representações de órgãos públicos unidos em prol do patrimônio histórico.

“Coletar aqueles resíduos sólidos foi um momento de reflexão, cuidado e de fazer alguma coisa efetiva acontecer, sem ficar esperando. Mas sim juntos, unindo esforços, para entrelaçar educação ambiental e educação patrimonial”, avaliou ela.

A ação foi inspirada em outra iniciativa educativa realizada, no dia anterior, pela Escola Japonesa de Manaus na área da RPPN Daisaku Ikeda próxima à margem do rio.

Leia também : As gravuras milenares expostas pela seca na Amazônia

Nota oficial do IPHAN sobre o Sitio Arqueológico Ponta das Lajes

Devido a relevância do tema, reproduzimos na íntegra a Nota oficial do Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional (IPHAN) sobre o Sítio Arqueológico Ponta das Lajes, onde recentemente aflorou grande número de gravuras rupestres por conta da seca no Rio Negro. O Sítio Arqueológico Ponta das Lajes é vizinho ao Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda (veja o mapa ao final).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informa que vem realizando fiscalizações regularmente na área do sítio arqueológico Ponta das Lajes, com apoio do Instituto Soka Amazônia, em Manaus (AM).

O Iphan procurou os órgãos competentes para evitar possíveis danos aos bens arqueológicos, especialmente a Polícia Federal, o Batalhão de Polícia Ambiental e a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Esta, por sua vez, deverá realizar patrulhas de modo a impedir qualquer dano ao Patrimônio Cultural brasileiro. 

Outras providências estão sendo organizadas em um Plano Emergencial devido à estiagem, incluindo a instalação de um grupo de trabalho para gestão compartilhada do sítio, envolvendo diversos órgãos.

Importante destacar que todos os bens arqueológicos pertencem à União, sendo que a legislação veda qualquer tipo de aproveitamento econômico de artefatos arqueológicos, assim como sua destruição e mutilação. Além disso, para realização de pesquisas de campo e escavações, é preciso o envio prévio de projeto arqueológico ao Iphan, que avaliará e, só então, editará portaria de autorização. Assim, qualquer pesquisa interventiva realizada sem autorização do Iphan é ilegal e passível de punição nos temos da lei.

Atualmente, está em execução um Plano de Ação cujo objetivo é pesquisar e cadastrar sítios arqueológicos no estado do Amazonas. Com isso, pretende-se produzir conhecimento sobre o Patrimônio Arqueológico da região amazônica, promovendo, ao mesmo tempo, ações educativas que, também, são uma forma de prevenir futuros prejuízos a esses bens.

Assessoria de Comunicação Iphan 

Localização dos Sítios Arqueológicos da região

Colaboração: Roger Biondani

Academia Ambiental amplia e dinamiza suas ações


Alunos e professores ganham aula extra com a abordagem dos ODS e orientações sobre cuidados em unidades de conservação

Um dos pilares mais relevantes do Instituto Soka Amazônia é a Academia Ambiental, programa que trabalha a educação ambiental de forma experiencial para conscientizar as futuras gerações sobre a grandiosidade e imporância da floresta amazônica para o planeta.

Em 17 de julho, uma nova dinâmica teve início no programa com a aula prévia, ministrada pela equipe do Instituto Soka, na Escola Municipal Professor Álvaro Valle, na zona noroeste de Manaus.

Ao todo, 74 alunos e 4 educadores receberam orientações sobre cuidados ecológicos e de segurança necessários em visitas à universidades de conservação, como a RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

De acordo com Jean Dinelli Leão, coordenador da Divisão de Educação Socioambiental do Instituto Soka, é um item importante no processo de aprendizagem, pois funciona como preparação e incentivo para as aulas ao ar livre que acontecem na RPPN Dr. Daisaku Ikeda. A nova dinâmica foi uma das sugestões apresentadas na reunião com os gestores de escolas municipais, realizadas em junho.

Para completar a participação na Academia Ambiental, professores e alunos participam da visitação à RPPN Dr Daisaku Ikeda, sede do Instituto Soka localizada em frente ao Encontro das Águas, onde experienciam conteúdos interativos, com atividades ao ar livre e como a caminhada nas trilhas educativas da Reserva.

Outra novidade no programa é a inclusão de material didático sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) produzido especialmente para o público infantil, pelos Estudios Maurício de Souza e a ONG Aldeias SOS. Nessa etapa, o primeiro objetivo a ser apresentado aos alunos é o ODS4 – Educação de Qualidade.

Valores e princípios da Carta da Terra também estão sendo incluídos na programaçao da Academia Ambiental.

Aprendendo os ODS com a Turma da Mônica

O almanaque Turma da Mônica em Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável é material didático de apoio para que professores e alunos trabalhem em sala de aula. Os exemplares incluídos no material pedagógico da Academia Ambiental foram doados pela empresa Teleperformance, parceira e apoiadora dos projetos do Instituto Soka Amazônia.

O ODS4 – Educação de Qualidade – é aplicado pelo Instituto Soka Amazôni com a Academia Ambiental, que oferece a estudantes de escolas públicas e particulares atividades dinâmicas de conscientização para a preservação da biodiversidade, da água, direitos humanos, englobando assim, os demais ODS.

O sucesso da Academia Ambiental só é possível com o apoio de empresas e instituições parceiras, como a Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed) e Ocas do Conhecimento Ambiental, além da participação de educadores e tutores voluntários.

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Natureza que provoca encantamento e libera criatividade

A jovem fotógrafa Larissa, com Síndrome de Down, registra em imagem sua sensação diante do Encontro das Águas, a partir do Instituto Soka Amazônia

* por Monica Kimura (em colaboração ao Instituto Soka Amazônia)

A floresta tem uma incrível capacidade para trazer ressignificação. Nela encontramos animais, vegetação, e também uma energia capaz de nos proporcionar evolução. Para muitos, o simples fato de olhar para uma densa mata tem o efeito calmante. Sentar-se à sombra, respirar profundamente ares de uma pureza quase palpável e, inconscientemente, sentir-se parte de algo muito maior que a existência humana. Conectar-se com a natureza é um exercício de humanidade!

Mas, uma parcela significativa da população possui uma percepção do mundo natural muito mais apurada, pois não se bloqueia para as energias sutis: as crianças e os jovens.

Ciente de potencial ilimitado desse público, o Instituto Soka Amazônia, realizou, neste ano, aulas especiais na Academia Ambiental, um programa voltado à conscientização ambiental e aprendizado por meio da experiência e conexão com a natureza.

Uma das participantes do  projeto é Larissa Freitas Rocha, uma jovem de 21 anos com síndrome de Down que, ainda que sua condição seja caracterizada por uma série de limitações, demonstra sensibilidade aguçada para as energias sutis dos ambientes naturais.

Larissa compreende com precisão tudo o que a cerca, algo que transcende a percepção captada pelos cinco sentidos pela maioria das pessoas. Sua sensibilidade a levou a participar do curso de fotografia inclusiva, ministrado pela fotógrafa Cláudia Miyuki Higuchi e promovido pela APAE-Manaus e governo do Estado do Amazonas.

Na visita ao Instituto Soka, Larissa pode colocar seu talento em ação. Entusiasmada por conhecer a RPPN Daisaku Ikeda e participar da Academia Ambiental na Semana Internacional da Síndrome de Dow, em março, Larissa deu asas à sua sensível habilidade e registrou livremente a natureza com sua câmera fotográfica.

Além de render à jovem boas sensações em relação à natureza, o olhar de Larissa inspiraram muitas outras pessoas.

Suas fotos foram selecionadas e participaram da Exposição Biodiversidade: a Diversidade Amazônica promovida pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) por meio da iniciativa Ocas do Conhecimento Ambiental, em maio.

Além da fotografia, a estudante busca na arte formas de expressar sua visão de mundo, como na dança do ventre, na dança popular, além de ser bailarina inclusiva.

Luciana Petniúnas Freitas comenta a alegria de ver a mudança significativa na vida de Larissa, com cada vez mais independência e liberdade. “Meu sentimento como mãe é de gratidão em ver minha filha sendo inserida cada vez mais numa sociedade que todos são iguais e têm os mesmos direitos de se desenvolverem mostrando que é capaz. Não tem coisa melhor na vida do que ver o brilho no seu olhar de felicidade e eu dizendo: ‘você pode e você é capaz‘”, ressaltou Luciana.

Outra história de sucesso

O exemplo de Larissa não é um caso isolado, o portal estadunidense, Children & Nature, relata um caso semelhante como o de Larissa, ocorrido com Leela, cujo contato com a natureza a ajudou a aprender sobre o “eu” físico e, mais importante, sobre seu espírito e sua essência. Segundo ela mesma, “a natureza é um organismo vivo, um lugar de relacionamento compartilhado”.  Sua mãe, Allyson enfatiza que para Leela, estar na natureza é como contatar a si mesma, os elementos sensoriais da mata permitem uma redefinição de como sentimos determinadas questões

“As birras terminam quando levamos Leela para fora. É uma experiência de cura no momento”, explica. Allyson conta que as experiências de Leela com a natureza elevaram seu senso de identidade, permitindo que ela se visse como parte de algo maior.

Vários estudos apontam evidências dos beneficios do contato da natureza para crianças. As chamadas “Escolas Verdes”, com com maior presença de natureza, podem melhorar a saúde, bem-estar e promover o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nas crianças.

De acordo com site da rede Children & Nature, em espaços educativos mais naturais, os estudantes podem tornar-se:

  • Mais calmos e menos estressados: poder olhar para paisagens verdes das janelas da sala de aula ajudou alunos do ensino médio recuperarem-se mais rapidamente de eventos estressantes.
  • Positivos e restaurados: escolas florestais aumenta a positividade e reduz emoções negativas.
  • Resilientes: áreas naturais aumentam sentimentos de competência e amplia ainda mais as relações sociais que ajudam a construir resiliência.

Fonte: Children&Nature Nrtwork

Para a pesquisadora e doutora em Educação, Zemilda Santos, o afeto pela natureza deve ser estimulada na infância. Ela conclui em sua tese de doutorado que“… assim como o poeta Manoel de Barros, eu percebo que a realidade é complexa, mas também acredito na esperança, na potência do vir a ser, e, por isso, ouso dizer: Eu sei que as crianças de hoje, fabricadas de natureza e cultura, conseguirão restaurar dentro delas a inocência. (…) Conseguirão crescer sem deixar de ser crianças. Serão seres que saberão que o importante é ser e não ter. Conseguirão viver em harmonia com os demais sistemas de vida com os quais coabitam na natureza. Tudo isso será possível sim! Se, a começar pela Educação Infantil, lhe permitirem viver na infância, uma experiência afetiva com a natureza.”

Toda a equipe do Instituto Soka Amazônia trabalha incansavelmente para que essas palavras proféticas da pesquisadora se tornem realidade em um futuro bem próximo!

Fontes:

RHODELAND, Amelia. Experiências ao ar livre “naturalmente inclusivas” para crianças de todas as habilidades. Children&Nature. Maio 2023.

SANTOS, Zemilda do Carmo Weber do Nascimento. Criança e a experiência afetiva com a natureza – as concepções nos documentos oficiais que orientam e regulam a Educação Infantil no Brasil. Unival, Tese de Doutorado, Itajaí-SC, 2016. Disponível em: Acesso em: 06/07/2023.

TIRIBA, Lea; Profice, Chistiana Cabicieri. Crianças da natureza: vivências, saberes e pertencimento. Revista Educação & Realidade. Seção temática: Infâncias e Educação das relações étnico-raciais, ed. 44, ano 2, 2019. Disponível em: Acesso em: 06/07/2023

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