Projeto de biosequestro de carbono

Neutralizar ou compensar as emissões de gases de efeito estufa são as possibilidades empresariais ou individuais desse projeto inovador do Instituto Soka Amazônia em parceria com a AmazonCert

Todas as atividades humanas promovem, em algum grau, o desequilíbrio climático devido às suas emissões de gases do Efeito Estufa. Produção de cimento e aço e queima de combustíveis fósseis estão no topo da lista de maiores causadores de tal desequilíbrio e as pesquisas para combater ou minimizar esse Efeito são contínuas e, muitas delas apresentam resultados promissores, como o projeto de neutralização ou compensação por meio do biosequestro de carbono, idealizado pela AmazonCert em parceria com o Instituto Soka Amazônia.

Segundo o engenheiro químico, especialista em Gestão Ambiental e CEO da AmazonCert, Marcos José Gomes Viana, “o CO2 [dióxido de carbono] emitido para a atmosfera é biosequestrado pelas folhas das jovens árvores como um dos reagentes que atuam no processo de fotossíntese[i]”. Essas mudas em crescimento são mais eficazes que as árvores adultas devido ao processo de amadurecimento que requer maior captação de CO2 do ar atmosférico. Some-se a isso a água que, juntando-se ao CO2 se transforma-se, por reações químicas da fotossíntese, em diversas substâncias (carboidratos), promovendo o desenvolvimento da planta. Assim se dá o biosequestro: CO2 é retido nas partes da planta e liberam o oxigênio, gás indispensável para a sobrevivência de todo ser vivo.

“Nossa abordagem utiliza-se do biosequestro de carbono utilizando mais de 50 espécies nativas para o reflorestamento, preferencialmente em áreas degradadas da floresta Amazônica”, explica o engenheiro.

Segundo Viana, já há alguns anos ele buscava uma instituição ambiental para uma parceria que viabilizasse seu projeto inovador na Amazônia. No Sudeste brasileiro há empresas atuando nesse setor, mas na região Norte, especificamente na maior floresta tropical do planeta, a iniciativa da AmazonCert é ainda a única. “Busquei praticamente todos os institutos de pesquisa, mas nenhum reunia as condições necessárias de que o Instituto Soka Amazônia dispõe”, contou.

Viana precisava de um local que lhe oferecesse não somente as sementes, mas a produção das mudas, de forma certificada e com manejo correto, já em estágio ideal para o plantio. “Finalmente depois de muito buscar cheguei ao Instituto Soka e teve início a nossa parceria”, diz o pesquisador.

O projeto funciona da seguinte forma: a empresa contrata os seus serviços e Viana desenvolve os cálculos que darão origem à validação das emissões de carbono daquela organização. “A empresa pode optar por neutralizar, ou seja, promover o biosequestro de 100% de suas emissões; ou apenas compensar, promovendo somente um percentual de biosequestro”, explicou.

Importante ressaltar que o engenheiro possui a qualificação necessária como auditor ISO 14064-1, que o autoriza a fornecer certificados de emissão de gases do Efeito Estufa. A partir desses cálculos, realiza-se o plantio das mudas necessárias, tanto para a neutralização, como para a compensação.

Outro importante dado: as mudas são plantadas em locais degradados e que tenham a garantia de que não serão afetados/desmatados durante 20 anos. “Isso porque segundo dados recentes, as árvores tropicais sequestram 312 kg de CO2 ao longo de 20 anos, ou o tempo de seu crescimento”, pontuou.

Benefícios a todos

Além da contribuição ao meio ambiente, as empresas que buscam o projeto conquistam, aos olhos do mercado, um importante requisito, que é a valorização da marca e o reconhecimento de seus clientes e consumidores. É uma prerrogativa importante que agrega um valor além da qualidade intrínseca do produto e/ou serviço. As empresas ambientalmente responsáveis são, hoje, a grande busca do mercado consumidor. Há grandes empresas que exigem de seus fornecedores tal certificação para assinar contratos.

Uma “floresta em pé” é, ainda, um fator que mantém uma importante cadeia produtiva e atinge diretamente os povos tradicionais da floresta que dela dependem para sua subsistência imediata. Milhões de pessoas se beneficiam de uma floresta em crescimento.

Esses dois fatores se alinham perfeitamente aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da Agenda 2030 da ONU e ações ESG (do inglês Environmental, Social, Governance ou Ambiental, Social e Governança).

Ainda: as novas árvores contribuem para a manutenção dos rios voadores que por sua vez são parte significativa da manutenção do regime de chuvas e do ciclo hidrológico; também conservam o solo e promovem o aumento da biodiversidade.

Finalmente, os recursos captados por esse projeto servirão para fomento de novas pesquisas do Instituto Soka Amazônia e o consequente aumento de conhecimento acerca de toda a vida na floresta. Ações que beneficiarão as futuras gerações. Há, entre os pesquisadores, o consenso de que até o momento nem um centésimo dos benefícios que a floresta pode fornecer chegaram a ser catalogados. Só para se ter uma ideia: dessa pequena parcela já estudada e catalogada, sabe-se que mais de 10 mil espécies de plantas amazônicas possuem princípios ativos de extrema relevâncias para o uso medicinal e para o controle biológico de pragas.

Por tudo já descrito, o projeto é um meio mais do que necessário e que ainda traz múltiplos benefícios, além da simples neutralização do carbono emitido. Portanto não é exagero dizer que ao plantar uma árvore está se promovendo a vida em todo o planeta.

Fonte: https://g1.globo.com/natureza/noticia/por-que-a-amazonia-e-vital-para-o-mundo.ghtml


1 Fotossíntese é um processo pelo qual ocorre a conversão da energia solar em energia química para realização da síntese de compostos orgânicos. A fotossíntese é a principal responsável pela entrada de energia na biosfera e é realizada por organismos denominados fotossintetizantes, como plantas e algas.