Academia Ambiental

2 horas e uma lição para toda a vida

Embora profundamente alteradas durante o período da pandemia do Covid 19, as visitas de estudantes ao Instituto sempre foram motivo de muita empolgação para os grupos de visitantes.

Quando forem superadas as peculiaridades destes tempos tão anormais, provavelmente haverá novas alterações no roteiro, mas vale a pena fazer um registro de como se desenrolaram os programas que ornam evidente o jeito de ser do Instituto Soka.

Quando os grupos de estudantes chegavam ao Instituto (normalmente grupos de 40 jovens do ensino fundamental de escolas públicas de Manaus) havia sempre uma explosão de alegria. Ruidosos, descontraídos, chegavam preparados para o que ia acontecer nas próximas duas a três horas.

No começo, ainda em estilo sala de aula, quando o pessoal já começava a ficar mais à vontade, havia uma explicação sobre o que é uma RPPN Reserva Particular de Proteção Natural e o que eles aprenderiam naquele dia. Eram lembrados fatos específicos sobre a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, seu tamanho, tipos de trabalhos desenvolvidos, árvores, programas de plantio, banco de sementes, a praia, o sítio arqueológico com objetos e ruinas de muitos e muitos anos atrás.

Em verdade, era uma ótima forma de esquentar a moçada para as caminhadas que começariam dali a pouco.

Seres humanos e grandes rios

Como bons manauenses, manauaras ou barés (como são chamados os naturais de Manaus) todos já eram familiarizados com o fenômeno do Encontro das Águas, mas isso não significava que deixassem de se interessar, fazer perguntas, comentários, fazer anotações sobre essa peculiaridade que está ali à vista, já que o Instituto fica justamente em frente ao local em que as águas dos rios Negro e Solimões teimam em não se misturar.

A importância das árvores e da água

Mais adiante os jovens eram despertados para a importância das árvores, seu papel no consumo de carbono, a fotossíntese, bem como no ciclo da água, a importância da floresta na produção de alimentos, na qualidade de vida e, como assunto puxa assunto, a ainda deficiente arborização da cidade de Manaus.

Empolgação no Sítio Arqueológico

Depois de um intervalo para um lanchinho, uma das partes que mais empolgam sempre foi a visita ao sítio arqueológico, sala das cerâmicas de índios. Várias cerâmicas são expostas e ao lado delas há códigos QR, para os jovens apontarem seus celulares e encontrarem textos explicativos, sendo que em cada um há uma palavra destacada que, juntas no final, acabam formando uma frase para a reflexão:

“Quais são as pegadas que deixamos para o futuro?”

Plantas que precisam crescer, herbívoros que precisam se alimentar

Sempre houve dois momentos nas visitas em que a sumaúma ganhava destaque como artista principal.

Na primeira parte era visitada uma sumaúma nenê, aproximadamente 2 anos; na segunda, uma sumaúma adulta, com 30 anos, imponente, enorme, uma das mais altas árvores da Amazônia.

Hora ideal para lembrar a sabedoria da mãe-natureza.

Para que a sumaúma nenê se defenda de insetos e outros animais herbívoros, ela é cheia de espinhos que vão desaparecendo ao longo do tempo.

Há plantas, ervas, gramas, árvores. E há animais herbívoros, a formiga e a cotia, para ficar num exemplo de extremos.

As plantas têm que crescer; os animais têm que se alimentar. É uma lei natural que não tem jeito: precisa ser cumprida.

No caso da sumaúma, a mãe-natureza coloca muitos espinhos na árvore nenê, já que seu caule tem um sabor adocicado e precisa ser preservado para que ela cresça saudável, espinhos que vão desaparecendo ao longo do tempo. Ou seja, devidamente protegida, a sumaúma cresce e, crescendo, transforme-se numa árvore adulta cheia de saúde.

Era quando os monitores faziam uma analogia com a vida dos seres humanos que precisam se preparar desde os primeiros tempos para ter força e enfrentar os obstáculos que, lá adiante, podem dificultar o caminho em direção à realização de sonhos e projetos pessoais. Hora de pensar em estratégias para garantir que os sonhos naturais que cada pessoa tem, se materializem. Importância de contar com pessoas que deem segurança no crescimento – família, amigos, escola. Em outras palavras e ao mesmo tempo, formação de cidadãos mais conscientes sobre seus direitos e deveres.

O aprendizado e o dia a dia de cada um

Já perto do encerramento da visita, em torno de uma sumaúma, os estudantes eram lembrados do que cada um pode fazer de prático, em sua vida normal, com tudo aquilo que lhes foi mostrado durante a permanência no Instituto.

É curioso notar (e isso sempre ficou flagrante) o antes e o depois daquelas duas ou três horas na Academia Ambiental no ânimo, no interesse dos jovens. Uma constatação que provoca um sentimento de dever cumprido, seja em termos pessoais dos técnicos, seja em termos institucionais do Instituto Soka, reforçando a determinação de ampliar, cada vez mais, essas atividades.

Academia Ambiental

2 horas e uma lição para toda a vida

Embora profundamente alteradas durante o período da pandemia do Covid 19, as visitas de estudantes ao Instituto sempre foram motivo de muita empolgação para os grupos de visitantes.

Quando forem superadas as peculiaridades destes tempos tão anormais, provavelmente haverá novas alterações no roteiro, mas vale a pena fazer um registro de como se desenrolaram os programas que ornam evidente o jeito de ser do Instituto Soka.

Quando os grupos de estudantes chegavam ao Instituto (normalmente grupos de 40 jovens do ensino fundamental de escolas públicas de Manaus) havia sempre uma explosão de alegria. Ruidosos, descontraídos, chegavam preparados para o que ia acontecer nas próximas duas a três horas.

No começo, ainda em estilo sala de aula, quando o pessoal já começava a ficar mais à vontade, havia uma explicação sobre o que é uma RPPN Reserva Particular de Proteção Natural e o que eles aprenderiam naquele dia. Eram lembrados fatos específicos sobre a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, seu tamanho, tipos de trabalhos desenvolvidos, árvores, programas de plantio, banco de sementes, a praia, o sítio arqueológico com objetos e ruinas de muitos e muitos anos atrás.

Em verdade, era uma ótima forma de esquentar a moçada para as caminhadas que começariam dali a pouco.

Seres humanos e grandes rios

Como bons manauenses, manauaras ou barés (como são chamados os naturais de Manaus) todos já eram familiarizados com o fenômeno do Encontro das Águas, mas isso não significava que deixassem de se interessar, fazer perguntas, comentários, fazer anotações sobre essa peculiaridade que está ali à vista, já que o Instituto fica justamente em frente ao local em que as águas dos rios Negro e Solimões teimam em não se misturar.

A importância das árvores e da água

Mais adiante os jovens eram despertados para a importância das árvores, seu papel no consumo de carbono, a fotossíntese, bem como no ciclo da água, a importância da floresta na produção de alimentos, na qualidade de vida e, como assunto puxa assunto, a ainda deficiente arborização da cidade de Manaus.

Empolgação no Sítio Arqueológico

Depois de um intervalo para um lanchinho, uma das partes que mais empolgam sempre foi a visita ao sítio arqueológico, sala das cerâmicas de índios. Várias cerâmicas são expostas e ao lado delas há códigos QR, para os jovens apontarem seus celulares e encontrarem textos explicativos, sendo que em cada um há uma palavra destacada que, juntas no final, acabam formando uma frase para a reflexão:

“Quais são as pegadas que deixamos para o futuro?”

Plantas que precisam crescer, herbívoros que precisam se alimentar

Sempre houve dois momentos nas visitas em que a sumaúma ganhava destaque como artista principal.

Na primeira parte era visitada uma sumaúma nenê, aproximadamente 2 anos; na segunda, uma sumaúma adulta, com 30 anos, imponente, enorme, uma das mais altas árvores da Amazônia.

Hora ideal para lembrar a sabedoria da mãe-natureza.

Para que a sumaúma nenê se defenda de insetos e outros animais herbívoros, ela é cheia de espinhos que vão desaparecendo ao longo do tempo.

Há plantas, ervas, gramas, árvores. E há animais herbívoros, a formiga e a cotia, para ficar num exemplo de extremos.

As plantas têm que crescer; os animais têm que se alimentar. É uma lei natural que não tem jeito: precisa ser cumprida.

No caso da sumaúma, a mãe-natureza coloca muitos espinhos na árvore nenê, já que seu caule tem um sabor adocicado e precisa ser preservado para que ela cresça saudável, espinhos que vão desaparecendo ao longo do tempo. Ou seja, devidamente protegida, a sumaúma cresce e, crescendo, transforme-se numa árvore adulta cheia de saúde.

Era quando os monitores faziam uma analogia com a vida dos seres humanos que precisam se preparar desde os primeiros tempos para ter força e enfrentar os obstáculos que, lá adiante, podem dificultar o caminho em direção à realização de sonhos e projetos pessoais. Hora de pensar em estratégias para garantir que os sonhos naturais que cada pessoa tem, se materializem. Importância de contar com pessoas que deem segurança no crescimento – família, amigos, escola. Em outras palavras e ao mesmo tempo, formação de cidadãos mais conscientes sobre seus direitos e deveres.

O aprendizado e o dia a dia de cada um

Já perto do encerramento da visita, em torno de uma sumaúma, os estudantes eram lembrados do que cada um pode fazer de prático, em sua vida normal, com tudo aquilo que lhes foi mostrado durante a permanência no Instituto.

É curioso notar (e isso sempre ficou flagrante) o antes e o depois daquelas duas ou três horas na Academia Ambiental no ânimo, no interesse dos jovens. Uma constatação que provoca um sentimento de dever cumprido, seja em termos pessoais dos técnicos, seja em termos institucionais do Instituto Soka, reforçando a determinação de ampliar, cada vez mais, essas atividades.

Formando novas gerações de protetores ambientais

Educação Ambiental
A Educação é a forma mais efetiva de conscientização e a Rede Pedagógica Ambiental é o projeto da professora Jacy Alice Grande Odani com o Instituto Soka Amazônia

A especialista, mestre e doutora em Educação, Jacy Alice sempre se encantou com a escola, desde menina.

“No maternal, o cheiro, as cores, as pessoas me marcaram muito e eu só tinha 2 anos! Lembro que me apaixonei de imediato pela profissão. Decidi que era o que iria seguir: seria professora”, contou Jacy.

Jacy teve sorte. Já na 2ª série do Ensino Fundamental pode usufruir de um ensino de qualidade, ministrado por uma excelente professora que deixou marcas profundas em sua formação. Tanto que, aos 6 anos, alfabetizou os vizinhos e seu irmão caçula. Foi sua iniciação na brilhante carreira que se delinearia no futuro.

Todos os títulos foram conquistados na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e ela é hoje a alma do projeto Rede Pedagógica Ambiental em parceria com o Instituto Soka Amazônia. O objetivo é proporcionar uma rica vivência educativa ambiental já desde a primeira infância, proporcionando às crianças atendidas uma formação integral do ser humano, conscientizando-as para sua simbiótica relação com a natureza.

Rede Pedagógica Ambiental e o Instituto Soka Amazônia

“O projeto foi iniciado em uma simples conversa com o diretor do Instituto Soka, Akira Sato”, explicou a educadora. A partir desse diálogo, foi elaborado um “piloto” implantado na Creche Municipal Neyde Tomás. “Hoje estamos no 2º ano do projeto, atendendo três creches, com 900 crianças”, enfatizou. São, portanto, 900 famílias impactadas, atendidas por meio do ensino remoto, devido à pandemia no Covid-19. Estão previstas a capacitação para a produção de hortas comunitárias, cursos de alimentação saudável que serão ministrados pela bioconfeiteira Cláudia Regina, entre outros. “Queremos acabar com a fome e a miséria!”, exclamou a educadora. O uso da biomassa[i] por exemplo, obtida a partir da banana verde, é um excelente complemento alimentar que pode ser utilizado em praticamente todas as preparações aumentando significativamente o teor nutricional. “Quase toda família atendida tem uma bananeira no seu quintal e elas desconhecem o potencial desse alimento”, complementa.

Todas as ações realizadas com as crianças são inspiradas na Carta da Terra e nas ODS[ii]. Professores e comunidade recebem formação com base nesses conteúdos para a realização das atividades pedagógicas que, por sua vez, têm fundamento na pedagogia da escuta e os pressupostos da pedologia[iii] preconizada pelo grande pensador L. S. Vigotski, em prol da educação ambiental.

Extraindo força da dor

Há muitas maneiras de se lidar com a dor. Há quem se dedique a buscar respostas e outras que se entreguem ao sofrimento. Mas há quem decide dar um significado maior ao fato. É o caso da professora Jacy. No final de 2019 sofreu a perda de uma filha, poucas horas após o nascimento, após uma gestação marcada por muitos incidentes devido a problemas congênitos do bebê. Houve quem se posicionasse a favor da interrupção da gravidez, argumentando inúmeras questões relacionadas à deficiência da criança, entre outras coisas. “Foi uma verdadeira violência”, contou. Jacy se deu conta de que tal violência não poderia se repetir e buscou maneiras de fazer desse episódio uma bandeira de luta em prol de uma gestação segura e protegida por lei.

Quando uma pessoa se empodera, as energias afins se juntam. E foi isso que aconteceu. Jacy uniu-se a outros com o mesmo propósito e juntos produziram um projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. “Se aprovada, nosso Estado será o primeiro a ter uma lei que trata da violência gestacional”, exclamou. A Lei Yumi Odani (nome de sua filha falecida), aborda ainda a estimulação precoce no caso de bebês nascidos com doenças crônicas e deficiências. Tal estimulação precoce consegue reduzir significativamente diversas sequelas causadas por estas patologias específicas, daí a imensa relevância do projeto de Lei que produziu.

A tragédia também a inspirou a encampar uma ação social: a doação de fraldas às UTIs neonatais de Manaus. “Quando comecei eu queria 34 fraldas. Conseguimos mais de 400! Empresas me procuram para doar, tem quem bata à minha porta para deixar um pacote de fraldas. É realmente gratificante quando percebemos que há humanidade nas pessoas”, exultou.

A educadora entende que a carreira docente que abraçou é muito mais que os quatro muros da escola. O campo de atuação vai além disso. Tem de se estender para fora da sala de aula, para as ruas, calçadas, lares. “Só teremos educação de qualidade quando erradicarmos a miséria da vida do povo”, enfatizou.

Para tanto, ela ressalta que tal objetivo tem de ser uma tarefa de todos. A meta é a formação de uma rede pedagógica multidisciplinar diretamente relacionada à conscientização sócioambiental, tendo a Educação como elo, desde a primeira infância – 0 a 3 anos – a melhor idade para se iniciar qualquer aprendizado. Isso porque é nessa fase da vida que o cérebro da criança possui uma imensa neuroplasticidade. Ou seja, a fase do crescimento e desenvolvimento sensório-motor, que é quando se formam as redes neurais mais importantes para a formação da personalidade. “E quanto mais oportunidades pedagógicas oferecermos, mais desenvolvimento essas crianças terão e, consequentemente, se tornarão adultos mais sãos, conscientes e empoderados”, explicou.

A parceria com o Instituto Soka Amazônia é parte essencial para a formação dessa rede de apoio sócio-educativa-ambiental. “Sou muito grata e uma entusiasta das ações do Instituto pois percebo a grandeza do que seremos capazes de criar juntos”, explicou. Em dois apenas – mesmo em meio à pandemia global – vêm conseguindo atender 900 famílias. “Imagine daqui a 10 anos!”, complementou.

Jacy ressalta ainda que esse é um fator de fundamental importância para a construção de um planeta mais sustentável. São essas futuras gerações – despertas para a importância dessa construção por meio de ricas vivências educativas – que se tornarão adultos conscientes e protetores do meio em que vivem. “As experiências vividas por estas crianças jamais serão esquecidas, estarão no cerne da personalidade de cada uma e, posteriormente, no cidadão planetário que se tornarão”, conclui.


[i] A biomassa de banana verde ajuda a emagrecer e a reduzir o colesterol porque é rica em amido resistente, um tipo de carboidrato que não é digerido pelo intestino e que funciona como uma fibra que ajuda a controlar a glicemia, reduzir o colesterol e dar mais saciedade após a refeição. https://www.tuasaude.com/biomassa-de-banana-verde/

[ii] Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e compõem uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030. https://www.embrapa.br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods/o-que-sao-os-ods

[iii] Pedologia, do grego pedon (solo, terra), é o estudo dos solos no seu ambiente natural. É ramo da geografia física, e é um dos dois ramos das ciências do solo, sendo o outro a edafologia.

Formando novas gerações de protetores ambientais

Educação Ambiental
A Educação é a forma mais efetiva de conscientização e a Rede Pedagógica Ambiental é o projeto da professora Jacy Alice Grande Odani com o Instituto Soka Amazônia

A especialista, mestre e doutora em Educação, Jacy Alice sempre se encantou com a escola, desde menina.

“No maternal, o cheiro, as cores, as pessoas me marcaram muito e eu só tinha 2 anos! Lembro que me apaixonei de imediato pela profissão. Decidi que era o que iria seguir: seria professora”, contou Jacy.

Jacy teve sorte. Já na 2ª série do Ensino Fundamental pode usufruir de um ensino de qualidade, ministrado por uma excelente professora que deixou marcas profundas em sua formação. Tanto que, aos 6 anos, alfabetizou os vizinhos e seu irmão caçula. Foi sua iniciação na brilhante carreira que se delinearia no futuro.

Todos os títulos foram conquistados na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e ela é hoje a alma do projeto Rede Pedagógica Ambiental em parceria com o Instituto Soka Amazônia. O objetivo é proporcionar uma rica vivência educativa ambiental já desde a primeira infância, proporcionando às crianças atendidas uma formação integral do ser humano, conscientizando-as para sua simbiótica relação com a natureza.

Rede Pedagógica Ambiental e o Instituto Soka Amazônia

“O projeto foi iniciado em uma simples conversa com o diretor do Instituto Soka, Akira Sato”, explicou a educadora. A partir desse diálogo, foi elaborado um “piloto” implantado na Creche Municipal Neyde Tomás. “Hoje estamos no 2º ano do projeto, atendendo três creches, com 900 crianças”, enfatizou. São, portanto, 900 famílias impactadas, atendidas por meio do ensino remoto, devido à pandemia no Covid-19. Estão previstas a capacitação para a produção de hortas comunitárias, cursos de alimentação saudável que serão ministrados pela bioconfeiteira Cláudia Regina, entre outros. “Queremos acabar com a fome e a miséria!”, exclamou a educadora. O uso da biomassa[i] por exemplo, obtida a partir da banana verde, é um excelente complemento alimentar que pode ser utilizado em praticamente todas as preparações aumentando significativamente o teor nutricional. “Quase toda família atendida tem uma bananeira no seu quintal e elas desconhecem o potencial desse alimento”, complementa.

Todas as ações realizadas com as crianças são inspiradas na Carta da Terra e nas ODS[ii]. Professores e comunidade recebem formação com base nesses conteúdos para a realização das atividades pedagógicas que, por sua vez, têm fundamento na pedagogia da escuta e os pressupostos da pedologia[iii] preconizada pelo grande pensador L. S. Vigotski, em prol da educação ambiental.

Extraindo força da dor

Há muitas maneiras de se lidar com a dor. Há quem se dedique a buscar respostas e outras que se entreguem ao sofrimento. Mas há quem decide dar um significado maior ao fato. É o caso da professora Jacy. No final de 2019 sofreu a perda de uma filha, poucas horas após o nascimento, após uma gestação marcada por muitos incidentes devido a problemas congênitos do bebê. Houve quem se posicionasse a favor da interrupção da gravidez, argumentando inúmeras questões relacionadas à deficiência da criança, entre outras coisas. “Foi uma verdadeira violência”, contou. Jacy se deu conta de que tal violência não poderia se repetir e buscou maneiras de fazer desse episódio uma bandeira de luta em prol de uma gestação segura e protegida por lei.

Quando uma pessoa se empodera, as energias afins se juntam. E foi isso que aconteceu. Jacy uniu-se a outros com o mesmo propósito e juntos produziram um projeto de Lei que tramita na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas. “Se aprovada, nosso Estado será o primeiro a ter uma lei que trata da violência gestacional”, exclamou. A Lei Yumi Odani (nome de sua filha falecida), aborda ainda a estimulação precoce no caso de bebês nascidos com doenças crônicas e deficiências. Tal estimulação precoce consegue reduzir significativamente diversas sequelas causadas por estas patologias específicas, daí a imensa relevância do projeto de Lei que produziu.

A tragédia também a inspirou a encampar uma ação social: a doação de fraldas às UTIs neonatais de Manaus. “Quando comecei eu queria 34 fraldas. Conseguimos mais de 400! Empresas me procuram para doar, tem quem bata à minha porta para deixar um pacote de fraldas. É realmente gratificante quando percebemos que há humanidade nas pessoas”, exultou.

A educadora entende que a carreira docente que abraçou é muito mais que os quatro muros da escola. O campo de atuação vai além disso. Tem de se estender para fora da sala de aula, para as ruas, calçadas, lares. “Só teremos educação de qualidade quando erradicarmos a miséria da vida do povo”, enfatizou.

Para tanto, ela ressalta que tal objetivo tem de ser uma tarefa de todos. A meta é a formação de uma rede pedagógica multidisciplinar diretamente relacionada à conscientização sócioambiental, tendo a Educação como elo, desde a primeira infância – 0 a 3 anos – a melhor idade para se iniciar qualquer aprendizado. Isso porque é nessa fase da vida que o cérebro da criança possui uma imensa neuroplasticidade. Ou seja, a fase do crescimento e desenvolvimento sensório-motor, que é quando se formam as redes neurais mais importantes para a formação da personalidade. “E quanto mais oportunidades pedagógicas oferecermos, mais desenvolvimento essas crianças terão e, consequentemente, se tornarão adultos mais sãos, conscientes e empoderados”, explicou.

A parceria com o Instituto Soka Amazônia é parte essencial para a formação dessa rede de apoio sócio-educativa-ambiental. “Sou muito grata e uma entusiasta das ações do Instituto pois percebo a grandeza do que seremos capazes de criar juntos”, explicou. Em dois apenas – mesmo em meio à pandemia global – vêm conseguindo atender 900 famílias. “Imagine daqui a 10 anos!”, complementou.

Jacy ressalta ainda que esse é um fator de fundamental importância para a construção de um planeta mais sustentável. São essas futuras gerações – despertas para a importância dessa construção por meio de ricas vivências educativas – que se tornarão adultos conscientes e protetores do meio em que vivem. “As experiências vividas por estas crianças jamais serão esquecidas, estarão no cerne da personalidade de cada uma e, posteriormente, no cidadão planetário que se tornarão”, conclui.


[i] A biomassa de banana verde ajuda a emagrecer e a reduzir o colesterol porque é rica em amido resistente, um tipo de carboidrato que não é digerido pelo intestino e que funciona como uma fibra que ajuda a controlar a glicemia, reduzir o colesterol e dar mais saciedade após a refeição. https://www.tuasaude.com/biomassa-de-banana-verde/

[ii] Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015 e compõem uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas que visam guiar a humanidade até 2030. https://www.embrapa.br/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods/o-que-sao-os-ods

[iii] Pedologia, do grego pedon (solo, terra), é o estudo dos solos no seu ambiente natural. É ramo da geografia física, e é um dos dois ramos das ciências do solo, sendo o outro a edafologia.

Mais de 3.000 alegres e ruidosos “donos” da Academia Ambiental

Mesmo em regime remoto continua a empolgação da moçada

Nesta época de pandemia  em que as regras de isolamento social são mandatórias, uma das mais alegres e estimulantes atividades que se desenvolvem regularmente no Instituto Soka Amazônia -a visita de grupos de estudantes- está sendo feita de forma remota, e por isso menos colorida, sem aquele clima descontraído que é próprio da moçada que vem passar algumas horas conosco para se familiarizar com as coisas do ambientalismo e sentir de perto todo o trabalho que é aqui realizado dia após dia, 365 dias do ano. Mas temos a certeza de que mesmo assim, o envolvimento das crianças com as questões ambientais continuam firmes.

Em sala de aula, em meio ao verde e agora em casa

O programa “Academia Ambiental” existe formalmente desde 2017.

Antes disso as visitas desses grupos aconteciam com menor regularidade.

O saldo positivo é que já chega a mais de 3.00 alunos de escolas públicas da área de Manaus que já visitaram o Instituto, no programa que inclui tanto uma parte em sala de aula, como caminhadas pela Reserva Ecológica Daisaku Ikeda e pelo Sitio Arqueológico descoberto em 2001, quando são abordados de forma dinâmica os mais diferentes aspectos de ecologia, integração do ser humano com a natureza, meio ambiente e do célebre Encontro das Águas, fenômeno que apesar de extremamente familiar para quem vive em Manaus, acaba sempre empolgando os jovens estudantes.

Caminhadas dos grupos de alunos no Instituto Soka Amazônia

 Esse programa vem sendo cumprido de outra forma desde outubro de 2020 com a produção de materiais especiais -vídeos, em especial- que são remetidos às escolas para que os professores os utilizem dentro das aulas remotas, que passaram a ser rotina.

Apesar de toda a familiaridade com o Encontro das Águas de quem vive em Manaus, o fenômenos continua empolgando os jovens que participam do projeto Academia Ambiental

Um exemplo de que esse formato é um sucesso, apesar de ter seu dinamismo comprometido, é o da Escola Municipal Francisco Nunes. 40 alunos do 9º ano participaram e produziram vários trabalhos a partir da utilização do material remetido. Nesse caso específico foi importante a parceria com o organismo Ocas do Conhecimento Ambiental da Secretaria Municipal de Educação (Semed-Manaus).

Novidades em 2021

Para 2021 -e todos esperam que a pandemia tenha chegado ao fim- há várias inovações que estão sendo programadas pelo Instituto Soka Amazônia e com isso voltará a reinar, aqui, a descontração que é típica de encontros de jovens em programas como o da Academia Ambiental. 

Mais de 3.000 alegres e ruidosos “donos” da Academia Ambiental

Mesmo em regime remoto continua a empolgação da moçada

Nesta época de pandemia  em que as regras de isolamento social são mandatórias, uma das mais alegres e estimulantes atividades que se desenvolvem regularmente no Instituto Soka Amazônia -a visita de grupos de estudantes- está sendo feita de forma remota, e por isso menos colorida, sem aquele clima descontraído que é próprio da moçada que vem passar algumas horas conosco para se familiarizar com as coisas do ambientalismo e sentir de perto todo o trabalho que é aqui realizado dia após dia, 365 dias do ano. Mas temos a certeza de que mesmo assim, o envolvimento das crianças com as questões ambientais continuam firmes.

Em sala de aula, em meio ao verde e agora em casa

O programa “Academia Ambiental” existe formalmente desde 2017.

Antes disso as visitas desses grupos aconteciam com menor regularidade.

O saldo positivo é que já chega a mais de 3.00 alunos de escolas públicas da área de Manaus que já visitaram o Instituto, no programa que inclui tanto uma parte em sala de aula, como caminhadas pela Reserva Ecológica Daisaku Ikeda e pelo Sitio Arqueológico descoberto em 2001, quando são abordados de forma dinâmica os mais diferentes aspectos de ecologia, integração do ser humano com a natureza, meio ambiente e do célebre Encontro das Águas, fenômeno que apesar de extremamente familiar para quem vive em Manaus, acaba sempre empolgando os jovens estudantes.

Caminhadas dos grupos de alunos no Instituto Soka Amazônia

 Esse programa vem sendo cumprido de outra forma desde outubro de 2020 com a produção de materiais especiais -vídeos, em especial- que são remetidos às escolas para que os professores os utilizem dentro das aulas remotas, que passaram a ser rotina.

Apesar de toda a familiaridade com o Encontro das Águas de quem vive em Manaus, o fenômenos continua empolgando os jovens que participam do projeto Academia Ambiental

Um exemplo de que esse formato é um sucesso, apesar de ter seu dinamismo comprometido, é o da Escola Municipal Francisco Nunes. 40 alunos do 9º ano participaram e produziram vários trabalhos a partir da utilização do material remetido. Nesse caso específico foi importante a parceria com o organismo Ocas do Conhecimento Ambiental da Secretaria Municipal de Educação (Semed-Manaus).

Novidades em 2021

Para 2021 -e todos esperam que a pandemia tenha chegado ao fim- há várias inovações que estão sendo programadas pelo Instituto Soka Amazônia e com isso voltará a reinar, aqui, a descontração que é típica de encontros de jovens em programas como o da Academia Ambiental. 

Esperança para o FUTURO

Instituto Soka Amazônia participa de evento ecumênico e ambiental internacional

Futuro. Palavra que vem recebendo novos significados a cada dia. Esperança. Desejo, anseio, necessidade que permeia todas as mentes nesse momento que a humanidade convive com tantas incertezas. Foi nesse contexto que aconteceu o seminário Hope for the Future (Esperança para o Futuro), promovido pela Interfaith Liaison Committee, com sede em Genebra, na Suiça e com o apoio de diversos grupos religiosos internacionais. O tema do seminário foi a interrelação da fé e a questão climática. O Instituto Soka Amazônia, participou de um dos painéis, representado pela estudante de Ciências Naturais, Tais Tokusato.

O evento é um dos muitos que se seguirão antes da realização da COP26 (26ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática da ONU) em novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia. Hope for the Future buscou compartilhar e refletir sobre histórias de esperança e ação das comunidades religiosas do mundo.

Pelo Instituto Soka, Tais relatou um pouco de sua história de vida, relacionada ao tema do evento. Ela contou como construiu sua vida a partir da vivência, desde a infância, embasada na filosofia humanística do budismo de Nichiren Daishonin, base de todas as ações da Associação Brasil SGI à qual Tais sempre foi associada.

“No budismo, todas as pessoas são dignas de respeito devido ao potencial ilimitado em suas vidas e elas merecem um ambiente igualmente digno. Os indivíduos e a natureza são inseparáveis e influenciam-se mutuamente, portanto, qualquer ação individual tem um resultado em seu ambiente”, exemplificou.

Desde 2016 no Instituto Soka Amazônia, Tais encontrou o local onde pode compartilhar a esperança real, por meio dos projetos de educação ambiental. “Eu vi esperança e sonhos surgindo do coração das crianças!”, exclamou.

Um de principais projetos educacionais tem como participantes alunos de escolas públicas de Manaus. Moradores da periferia que enfrentam a pobreza e a violência todos os dias. A maioria deles nunca visitou a floresta e tem medo dela. Neste projeto, são abordados diversos temas ecológicos ao longo de um dia de vivência direta na floresta na reserva natural do Instituto. “Assim como sementes, cada uma dessas crianças tem um potencial maravilhoso para desenvolver um futuro incrível e contribuir para um mundo melhor”.

Tais discorreu também sobre os demais projetos do Instituto e de como as ações deste vem se destacando em meio à sociedade manauara. “Acredito que as comunidades baseadas na fé convertem a esperança e tantos outros princípios importantes para a justiça climática em ações concretas que impactam a vida diária das pessoas comuns. É exatamente unindo pessoas comuns com valores compartilhados, como respeito, empatia e solidariedade, que um futuro digno e justo será construído”, ressaltou.

O Instituto Soka da Amazônia, localizado em frente ao dramático ponto de encontro dos rios Negro e Solimões, é um dos pontos turísticos mais visitados de Manaus. Quem visita a hoje a reserva natural, não pode imaginar que há poucas décadas era um terreno contendo as ruínas de uma antiga olaria cercada por uma área completamente devastada. Em 28 anos apenas, com o plantio de vinte mil espécies nativas de toda a região amazônica é hoje uma floresta florescente e biodiversa.

Há poucas semanas a filha do dono da antiga olaria que fabricava tijolos, visitou a reserva. “Ela nos disse que seu pai apreciava muito aquela área e por isso não tinha a intenção de vendê-la. Mas quando soube da proposta de criar uma reserva natural ali, acabou fechando o negócio”. Segundo Tais, na ocasião, ele afirmou aos filhos: “Vamos vender nossa fábrica para um projeto que visa respeitar a vida e proteger o meio ambiente”. Quando esta senhora visitou o Instituto, disse emocionada: “vocês estão realizando o que meu pai imaginava há décadas”.

Outro depoimento foi de uma educadora da rede pública, participante do projeto de educação ambiental. “Como professora, aprendi como é importante aumentar nossa consciência ecológica. Iniciamos uma nova etapa de nossas vidas aqui, a etapa de consciência ambiental, e estamos fazendo um trabalho duro para a nossa nação”.

Demais participantes do seminário Hope for de Future:

Esperança para o FUTURO

Instituto Soka Amazônia participa de evento ecumênico e ambiental internacional

Futuro. Palavra que vem recebendo novos significados a cada dia. Esperança. Desejo, anseio, necessidade que permeia todas as mentes nesse momento que a humanidade convive com tantas incertezas. Foi nesse contexto que aconteceu o seminário Hope for the Future (Esperança para o Futuro), promovido pela Interfaith Liaison Committee, com sede em Genebra, na Suiça e com o apoio de diversos grupos religiosos internacionais. O tema do seminário foi a interrelação da fé e a questão climática. O Instituto Soka Amazônia, participou de um dos painéis, representado pela estudante de Ciências Naturais, Tais Tokusato.

O evento é um dos muitos que se seguirão antes da realização da COP26 (26ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática da ONU) em novembro de 2021, em Glasgow, na Escócia. Hope for the Future buscou compartilhar e refletir sobre histórias de esperança e ação das comunidades religiosas do mundo.

Pelo Instituto Soka, Tais relatou um pouco de sua história de vida, relacionada ao tema do evento. Ela contou como construiu sua vida a partir da vivência, desde a infância, embasada na filosofia humanística do budismo de Nichiren Daishonin, base de todas as ações da Associação Brasil SGI à qual Tais sempre foi associada.

“No budismo, todas as pessoas são dignas de respeito devido ao potencial ilimitado em suas vidas e elas merecem um ambiente igualmente digno. Os indivíduos e a natureza são inseparáveis e influenciam-se mutuamente, portanto, qualquer ação individual tem um resultado em seu ambiente”, exemplificou.

Desde 2016 no Instituto Soka Amazônia, Tais encontrou o local onde pode compartilhar a esperança real, por meio dos projetos de educação ambiental. “Eu vi esperança e sonhos surgindo do coração das crianças!”, exclamou.

Um de principais projetos educacionais tem como participantes alunos de escolas públicas de Manaus. Moradores da periferia que enfrentam a pobreza e a violência todos os dias. A maioria deles nunca visitou a floresta e tem medo dela. Neste projeto, são abordados diversos temas ecológicos ao longo de um dia de vivência direta na floresta na reserva natural do Instituto. “Assim como sementes, cada uma dessas crianças tem um potencial maravilhoso para desenvolver um futuro incrível e contribuir para um mundo melhor”.

Tais discorreu também sobre os demais projetos do Instituto e de como as ações deste vem se destacando em meio à sociedade manauara. “Acredito que as comunidades baseadas na fé convertem a esperança e tantos outros princípios importantes para a justiça climática em ações concretas que impactam a vida diária das pessoas comuns. É exatamente unindo pessoas comuns com valores compartilhados, como respeito, empatia e solidariedade, que um futuro digno e justo será construído”, ressaltou.

O Instituto Soka da Amazônia, localizado em frente ao dramático ponto de encontro dos rios Negro e Solimões, é um dos pontos turísticos mais visitados de Manaus. Quem visita a hoje a reserva natural, não pode imaginar que há poucas décadas era um terreno contendo as ruínas de uma antiga olaria cercada por uma área completamente devastada. Em 28 anos apenas, com o plantio de vinte mil espécies nativas de toda a região amazônica é hoje uma floresta florescente e biodiversa.

Há poucas semanas a filha do dono da antiga olaria que fabricava tijolos, visitou a reserva. “Ela nos disse que seu pai apreciava muito aquela área e por isso não tinha a intenção de vendê-la. Mas quando soube da proposta de criar uma reserva natural ali, acabou fechando o negócio”. Segundo Tais, na ocasião, ele afirmou aos filhos: “Vamos vender nossa fábrica para um projeto que visa respeitar a vida e proteger o meio ambiente”. Quando esta senhora visitou o Instituto, disse emocionada: “vocês estão realizando o que meu pai imaginava há décadas”.

Outro depoimento foi de uma educadora da rede pública, participante do projeto de educação ambiental. “Como professora, aprendi como é importante aumentar nossa consciência ecológica. Iniciamos uma nova etapa de nossas vidas aqui, a etapa de consciência ambiental, e estamos fazendo um trabalho duro para a nossa nação”.

Demais participantes do seminário Hope for de Future:

As muitas águas da Amazônia

A quinta edição do Seminário Águas da Amazônia trouxe dados essenciais para a reflexão e busca de soluções para as questões atuais envolvendo a floresta

Sempre que se fala em Amazônia logo vem à mente as imagens das queimadas e o desmatamento ilegal. Mas a região é muito mais que isso. O V Seminário Águas da Amazônia, que aconteceu online nos dias 20 e 21 de outubro[i], abordou diversos aspectos extremamente relevantes para o futuro da maior floresta tropical do planeta. Cerca de uma centena de privilegiados e interessados participantes se inscreveram puderam ter acesso a informações atuais e necessárias para gerar reflexão e caminhos criativos rumo à sustentabilidade efetiva.

O primeiro dia, 20 de outubro, foi brindado com a preciosa Abertura pela Prof. Dra. Denise Gutierrez, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que discorreu sobre a importância do evento cujo objetivo principal é popularizar a ciência. E, no caso específico deste Seminário, a questão das Águas da Amazônia, fonte essencial da vida e que representa cerca de 20% de toda a água doce do planeta.

Amazônia e suas potencialidades, palestra proferida pelo Prof. Dr. Phelippe Daou Junior/CEO do Grupo Rede Amazônica, que congrega 13 emissoras de tevê da região Norte do país em cinco estados. Daou enfatizou bastante a questão das potencialidades da região, afinal são pelo menos 25 mil quilômetros de rios navegáveis o que proporciona uma infraestrutura logística invejável.

O Prof. Ms. Oscar Asakura/CBO, da All Bi Technologies, discorreu sobre a Inteligência Artificial para promover Inovações Disruptivas. O termo inovação disruptiva foi cunhado por Clayton M. Christensen, professor de Administração na Harvard Business School. Mas inovação disruptiva não é somente uma ideia criativa. Trata-se de inovação real em uma tecnologia, produto ou serviço cujas características são disruptivas e não somente evolutivas.

O exemplo usado por Asakura foi o Iphone e posteriormente o Smartphone. Embora já seja um produto de uso comum, quando de seu surgimento, provocou verdadeiro assombro, um computador que cabia na palma da mão. Dessa forma, foi uma inovação disruptiva que provocou uma verdadeira ruptura nos padrões anteriormente estabelecidos. É, portanto algo inédito, original e transformador, um feito que todos os desenvolvedores de tecnologia vêm buscando realizar e que deve ser o grande tema dos próximos anos.

Da Universidade Federal do Paraná, o Prof. Dr. Marco Tadeu Grassi, fez a palestra Qualidade da água nas cidades brasileiras. Embora abundante, a água no Brasil tem sido muito maltratada, por diversas questões ao longo das décadas. O professor abriu sua fala alertando para a vulnerabilidade hídrica (imagem ao lado). A foto em destaque é da represa do Passaúna, em abril de 2020, de Curitiba-PR, um dosprincipais reservatórios que abastecem daquela Região Metropolitana. As tabelas demonstram a crescente preocupação dos especialistas quanto a escassez de água que já ocorre. Em Curitiba, por exemplo, os reservatórios estão operando abaixo de 30% de sua capacidade.

Brasil – cerca de 50% dos municípios têm saneamento básico. 31% lançam esgoto não tratado no meio ambiente. 10% não tem acesso a serviços de saneamento básico. E pior ainda: mesmo para aqueles que possuem tratamento de água, a mesma está contaminada por substâncias sem controle ou monitoramento. Os programas governamentais que realizam o monitoramento controlam cerca de 40 a 50 substâncias. Mas sabe-se hoje que o universo de substâncias químicas presentes na água do dia-a-dia é infinitamente superior a esses números.

No segundo dia, 21 de outubro, o Prof. Ms. Vicente Fernandes Tino, das Universidades IDAAM, falou sobre A inteligência de dados e o futuro das profissões. Em uma palestra bastante dinâmica, Tino observou que os dados são o novo petróleo (Data is the new oil), ou seja, o combustível da nova economia e quem souber fazer bom uso deles, aproveitando o seu potencial, pode sair-se muito bem num futuro bem próximo.

Isso se justifica ao se compreender que boa parte de todas as nossas atividades cotidianas tem um traço digital. Difícil encontrar um ser humano no planeta que não esteja com um celular na mão consultando um dado (número de telefone, localização de determinado endereço, fazendo um pagamento, conversando com alguém). São tarefas cotidianas às quais ninguém dá importância, mas são por meio delas que as corporações se valem para estruturar suas ações.

O professor enfatizou que há o lado “luz” e o lado “sombra” e que devido a isso é fundamental que gestores, pesquisadores, população em geral, se posicione para não ser tragado pela torrente que pode advir do lado “sombra”. As recentes eleições presidenciais deixaram claro o potencial destrutivo deste lado sombrio.

Impactos ambientais das grandes construções e hidrelétricas na Amazônia e os Serviços Ambientais da Floresta, foi o tema do Prof. Dr. Philip Fearnside, do INPA. Ele iniciou sua palestra enfatizando o impacto ambiental causado pela construção das grandes hidrelétricas na região amazônica. E que, embora se alardeie que se trata de uma opção energética mais barata que as demais, o custo ambiental a longo prazo é gigantesco. Na verdade, segundo Fearnside, o país teria como gerar muito mais energia por meio de usinas eólicas e solares – possui condição privilegiada quanto aos ventos e ao sol – do que pelas hidrelétricas. Na verdade, juntas – eólica e solar – ultrapassam em muito a energia gerada pelas tradicionais usinas hidrelétricas. E, as duas não causam o impacto ambiental nefasto causado pelo represamento das águas (deslocamento de populações humanas inteiras junto com a perda de referencial dos povos tradicionais; morte de plantas, árvores e animais etc)

O V Seminário Águas da Amazônia foi realizado pelo Instituto Soka Amazônia e integrou a programação oficial da Semana de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, com apoio do INPA, Universidade Federal do Paraná, Fundação Rede Amazônica, Faculdades IDAAN, All Bi Technologies e Instituto Federal do Amazonas.


[i] As palestras estão disponíveis na íntegra no YouTube: 1º dia – https://www.youtube.com/watch?v=ZFaz-tqlkaI ; 2º dia – https://www.youtube.com/watch?v=BddQRIzbEI8&t=2s

As muitas águas da Amazônia

A quinta edição do Seminário Águas da Amazônia trouxe dados essenciais para a reflexão e busca de soluções para as questões atuais envolvendo a floresta

Sempre que se fala em Amazônia logo vem à mente as imagens das queimadas e o desmatamento ilegal. Mas a região é muito mais que isso. O V Seminário Águas da Amazônia, que aconteceu online nos dias 20 e 21 de outubro[i], abordou diversos aspectos extremamente relevantes para o futuro da maior floresta tropical do planeta. Cerca de uma centena de privilegiados e interessados participantes se inscreveram puderam ter acesso a informações atuais e necessárias para gerar reflexão e caminhos criativos rumo à sustentabilidade efetiva.

O primeiro dia, 20 de outubro, foi brindado com a preciosa Abertura pela Prof. Dra. Denise Gutierrez, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que discorreu sobre a importância do evento cujo objetivo principal é popularizar a ciência. E, no caso específico deste Seminário, a questão das Águas da Amazônia, fonte essencial da vida e que representa cerca de 20% de toda a água doce do planeta.

Amazônia e suas potencialidades, palestra proferida pelo Prof. Dr. Phelippe Daou Junior/CEO do Grupo Rede Amazônica, que congrega 13 emissoras de tevê da região Norte do país em cinco estados. Daou enfatizou bastante a questão das potencialidades da região, afinal são pelo menos 25 mil quilômetros de rios navegáveis o que proporciona uma infraestrutura logística invejável.

O Prof. Ms. Oscar Asakura/CBO, da All Bi Technologies, discorreu sobre a Inteligência Artificial para promover Inovações Disruptivas. O termo inovação disruptiva foi cunhado por Clayton M. Christensen, professor de Administração na Harvard Business School. Mas inovação disruptiva não é somente uma ideia criativa. Trata-se de inovação real em uma tecnologia, produto ou serviço cujas características são disruptivas e não somente evolutivas.

O exemplo usado por Asakura foi o Iphone e posteriormente o Smartphone. Embora já seja um produto de uso comum, quando de seu surgimento, provocou verdadeiro assombro, um computador que cabia na palma da mão. Dessa forma, foi uma inovação disruptiva que provocou uma verdadeira ruptura nos padrões anteriormente estabelecidos. É, portanto algo inédito, original e transformador, um feito que todos os desenvolvedores de tecnologia vêm buscando realizar e que deve ser o grande tema dos próximos anos.

Da Universidade Federal do Paraná, o Prof. Dr. Marco Tadeu Grassi, fez a palestra Qualidade da água nas cidades brasileiras. Embora abundante, a água no Brasil tem sido muito maltratada, por diversas questões ao longo das décadas. O professor abriu sua fala alertando para a vulnerabilidade hídrica (imagem ao lado). A foto em destaque é da represa do Passaúna, em abril de 2020, de Curitiba-PR, um dosprincipais reservatórios que abastecem daquela Região Metropolitana. As tabelas demonstram a crescente preocupação dos especialistas quanto a escassez de água que já ocorre. Em Curitiba, por exemplo, os reservatórios estão operando abaixo de 30% de sua capacidade.

Brasil – cerca de 50% dos municípios têm saneamento básico. 31% lançam esgoto não tratado no meio ambiente. 10% não tem acesso a serviços de saneamento básico. E pior ainda: mesmo para aqueles que possuem tratamento de água, a mesma está contaminada por substâncias sem controle ou monitoramento. Os programas governamentais que realizam o monitoramento controlam cerca de 40 a 50 substâncias. Mas sabe-se hoje que o universo de substâncias químicas presentes na água do dia-a-dia é infinitamente superior a esses números.

No segundo dia, 21 de outubro, o Prof. Ms. Vicente Fernandes Tino, das Universidades IDAAM, falou sobre A inteligência de dados e o futuro das profissões. Em uma palestra bastante dinâmica, Tino observou que os dados são o novo petróleo (Data is the new oil), ou seja, o combustível da nova economia e quem souber fazer bom uso deles, aproveitando o seu potencial, pode sair-se muito bem num futuro bem próximo.

Isso se justifica ao se compreender que boa parte de todas as nossas atividades cotidianas tem um traço digital. Difícil encontrar um ser humano no planeta que não esteja com um celular na mão consultando um dado (número de telefone, localização de determinado endereço, fazendo um pagamento, conversando com alguém). São tarefas cotidianas às quais ninguém dá importância, mas são por meio delas que as corporações se valem para estruturar suas ações.

O professor enfatizou que há o lado “luz” e o lado “sombra” e que devido a isso é fundamental que gestores, pesquisadores, população em geral, se posicione para não ser tragado pela torrente que pode advir do lado “sombra”. As recentes eleições presidenciais deixaram claro o potencial destrutivo deste lado sombrio.

Impactos ambientais das grandes construções e hidrelétricas na Amazônia e os Serviços Ambientais da Floresta, foi o tema do Prof. Dr. Philip Fearnside, do INPA. Ele iniciou sua palestra enfatizando o impacto ambiental causado pela construção das grandes hidrelétricas na região amazônica. E que, embora se alardeie que se trata de uma opção energética mais barata que as demais, o custo ambiental a longo prazo é gigantesco. Na verdade, segundo Fearnside, o país teria como gerar muito mais energia por meio de usinas eólicas e solares – possui condição privilegiada quanto aos ventos e ao sol – do que pelas hidrelétricas. Na verdade, juntas – eólica e solar – ultrapassam em muito a energia gerada pelas tradicionais usinas hidrelétricas. E, as duas não causam o impacto ambiental nefasto causado pelo represamento das águas (deslocamento de populações humanas inteiras junto com a perda de referencial dos povos tradicionais; morte de plantas, árvores e animais etc)

O V Seminário Águas da Amazônia foi realizado pelo Instituto Soka Amazônia e integrou a programação oficial da Semana de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, com apoio do INPA, Universidade Federal do Paraná, Fundação Rede Amazônica, Faculdades IDAAN, All Bi Technologies e Instituto Federal do Amazonas.


[i] As palestras estão disponíveis na íntegra no YouTube:

1º dia – https://www.youtube.com/watch?v=ZFaz-tqlkaI ;

2º dia – https://www.youtube.com/watch?v=BddQRIzbEI8&t=2s