Pau-rosa: rara fragrância no perfume de Marilyn Monroe

A árvore quase desapareceu das nossas matas devido a exploração desenfreada

Channel nº5. Um dos perfumes mais cobiçados da história, o preferido de Marilyn Monroe. O que pouca gente sabe é que o linalol – uma substância fixadora que potencializa a fragrância permitindo-a ser notada por horas – é extraída da árvore amazônica Pau-rosa (Aniba rosaeodora). O linalol é uma das substâncias mais cobiçadas pelas indústrias de perfume do mundo.

O pau-rosa é uma árvore de grande porte que pode chegar a 30 metros de altura por 2 metros de diâmetro, de tronco reto e cilíndrico, de casca pardo amarelada ou avermelhada que se desprende facilmente em grandes placas. A copa é estreita e ovalada, ocupando um dossel intermediário ou superior da floresta. No Brasil, ocorria desde o estado do Amapá no nordeste amazônico, seguindo as duas margens do Rio Amazonas. A espécie podia ser encontrada tanto em floresta de terra firme úmida como também em área de campinarana[i], presente nas regiões norte e central da Amazônia, com habitat preferencial em platôs e nascentes de igarapé.

Uma jovem árvore pau-rosa (centro), sementes (à esq.) e frutos (dir.)

Estima-se que de 1930 para cá, mais de dois milhões de pau-rosa foram ceifadas da natureza. O óleo é extraído do tronco e, devido à exploração desenfreada, o Ibama colocou a árvore na lista de espécies ameaçadas de extinção, em 1992. Na década de 1960, cerca de 500 toneladas de óleo de pau-rosa foram exportadas anualmente pelo estado do Amazonas, levando à quase extinção das populações naturais dessa planta. Para se extrair 200 litros de óleo, pelos métodos convencionais de destilação, é necessário processar de 16 a 30 toneladas de madeira. Por aí se vê o motivo de seu quase extermínio.

E o Amazonas segue como único estado brasileiro a exportar o óleo de pau-rosa. Há poucos anos, o litro dessa substância chegou a custar 80 dólares estadunidenses. Por isso, diversos institutos de pesquisa como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) vêm buscando alternativas para a extração sustentável do óleo.

As dificuldades são muitas. As flores do pau-rosa são muito diminutas, por volta de um milímetro e por isso somente insetos muito pequenos conseguem polinizá-las, o que reduz sua capacidade de reprodução já que são árvores muito altas, de difícil acesso a esses diminutos agentes polinizadores. É, portanto, de manejo muito difícil e delicado.

São poucas as entidades de pesquisa autorizadas a fazer o manejo dessa espécie e o Instituto Soka Amazônia é uma delas. A produção de pau-rosa para estudo e manejo por parte do Instituto, segue rigoroso critério estabelecido pelos pesquisadores da área e tem como objetivo a preservação da espécie. Para os leigos pode parecer muito simples: colher a semente, germiná-la e plantá-la. Porém, o sucesso do plantio depende de diversos fatores como cuidados específicos desde a semeadura, durante o crescimento da muda, insumos especiais e conhecimento de todo o processo para obter uma boa planta. E, além disso tudo, uma árvore de pau-rosa leva cerca de 30 a 35 para atingir a maturidade na natureza, mas com o manejo e cultivo adequados esse prazo se reduz a 25 anos.

Atualmente a extração legal do óleo é feita a partir das folhas das árvores. Mas ainda há muita derrubada ilegal de árvores de pau-rosa devido seu alto valor de mercado. Triste história de uma espécie que já povoou quase toda a Amazônia e hoje se concentra em alguns poucos pontos do estado do Amazonas. Nesses locais, a cada seis hectares encontra-se somente um indivíduo adulto.

Plantio auspicioso

No último 19 de outubro, dia em que a organização-mãe, Associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI) completou 60 anos de fundação, uma muda produzida no Instituto Soka Amazônia foi plantada em comemoração à data. Uma singela homenagem do Instituto à BSGI, eternizada pela árvore que simboliza o seu grandioso objetivo: a preservação da vida da floresta.


Fontes:

https://www.inpa.gov.br/sementes/manuais/fasciculo3_aniba.pdf https://revistapesquisa.fapesp.br/pau-rosa-n5/

[i] Campinarana é um termo regionalista para um tipo de vegetação da região amazônica, com fisionomias variadas, de campestres a florestadas. Diferencia-se da Floresta Amazônica propriamente dita pela flora distinta e pelo porte menor das árvores e caules mais finos.

Pau-rosa: rara fragrância no perfume de Marilyn Monroe

A árvore quase desapareceu das nossas matas devido a exploração desenfreada

Channel nº5. Um dos perfumes mais cobiçados da história, o preferido de Marilyn Monroe. O que pouca gente sabe é que o linalol – uma substância fixadora que potencializa a fragrância permitindo-a ser notada por horas – é extraída da árvore amazônica Pau-rosa (Aniba rosaeodora). O linalol é uma das substâncias mais cobiçadas pelas indústrias de perfume do mundo.

O pau-rosa é uma árvore de grande porte que pode chegar a 30 metros de altura por 2 metros de diâmetro, de tronco reto e cilíndrico, de casca pardo amarelada ou avermelhada que se desprende facilmente em grandes placas. A copa é estreita e ovalada, ocupando um dossel intermediário ou superior da floresta. No Brasil, ocorria desde o estado do Amapá no nordeste amazônico, seguindo as duas margens do Rio Amazonas. A espécie podia ser encontrada tanto em floresta de terra firme úmida como também em área de campinarana[i], presente nas regiões norte e central da Amazônia, com habitat preferencial em platôs e nascentes de igarapé.

Uma jovem árvore pau-rosa (centro), sementes (à esq.) e frutos (dir.)

Estima-se que de 1930 para cá, mais de dois milhões de pau-rosa foram ceifadas da natureza. O óleo é extraído do tronco e, devido à exploração desenfreada, o Ibama colocou a árvore na lista de espécies ameaçadas de extinção, em 1992. Na década de 1960, cerca de 500 toneladas de óleo de pau-rosa foram exportadas anualmente pelo estado do Amazonas, levando à quase extinção das populações naturais dessa planta. Para se extrair 200 litros de óleo, pelos métodos convencionais de destilação, é necessário processar de 16 a 30 toneladas de madeira. Por aí se vê o motivo de seu quase extermínio.

E o Amazonas segue como único estado brasileiro a exportar o óleo de pau-rosa. Há poucos anos, o litro dessa substância chegou a custar 80 dólares estadunidenses. Por isso, diversos institutos de pesquisa como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) vêm buscando alternativas para a extração sustentável do óleo.

As dificuldades são muitas. As flores do pau-rosa são muito diminutas, por volta de um milímetro e por isso somente insetos muito pequenos conseguem polinizá-las, o que reduz sua capacidade de reprodução já que são árvores muito altas, de difícil acesso a esses diminutos agentes polinizadores. É, portanto, de manejo muito difícil e delicado.

São poucas as entidades de pesquisa autorizadas a fazer o manejo dessa espécie e o Instituto Soka Amazônia é uma delas. A produção de pau-rosa para estudo e manejo por parte do Instituto, segue rigoroso critério estabelecido pelos pesquisadores da área e tem como objetivo a preservação da espécie. Para os leigos pode parecer muito simples: colher a semente, germiná-la e plantá-la. Porém, o sucesso do plantio depende de diversos fatores como cuidados específicos desde a semeadura, durante o crescimento da muda, insumos especiais e conhecimento de todo o processo para obter uma boa planta. E, além disso tudo, uma árvore de pau-rosa leva cerca de 30 a 35 para atingir a maturidade na natureza, mas com o manejo e cultivo adequados esse prazo se reduz a 25 anos.

Atualmente a extração legal do óleo é feita a partir das folhas das árvores. Mas ainda há muita derrubada ilegal de árvores de pau-rosa devido seu alto valor de mercado. Triste história de uma espécie que já povoou quase toda a Amazônia e hoje se concentra em alguns poucos pontos do estado do Amazonas. Nesses locais, a cada seis hectares encontra-se somente um indivíduo adulto.

Plantio auspicioso

No último 19 de outubro, dia em que a organização-mãe, Associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI) completou 60 anos de fundação, uma muda produzida no Instituto Soka Amazônia foi plantada em comemoração à data. Uma singela homenagem do Instituto à BSGI, eternizada pela árvore que simboliza o seu grandioso objetivo: a preservação da vida da floresta.


Fontes:

https://www.inpa.gov.br/sementes/manuais/fasciculo3_aniba.pdf https://revistapesquisa.fapesp.br/pau-rosa-n5/

[i] Campinarana é um termo regionalista para um tipo de vegetação da região amazônica, com fisionomias variadas, de campestres a florestadas. Diferencia-se da Floresta Amazônica propriamente dita pela flora distinta e pelo porte menor das árvores e caules mais finos.