Observação de aves:  conhecimento e proteção da biodiversidade nas Reservas da Biosfera

Instituto Soka Amazônia participa pela segunda vez no Global Big Day apoiando ação dedicada à Reserva da Biosfera da Amazônia Central

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia 

Na mesma semana em que se comemora o Dia das Árvores Migratórias (13 de maio) foi realizado, no dia 11 de maio, o Global Big Day, evento mundial onde, durante 24 horas, pessoas de todas as idades observam aves de suas cidades e ajudam a registrá-las e contribuir para se ter mais conhecimento das várias espécies que compõem a biodiversidade de várias partes do globo.

A iniciativa, criada em 2002 pela Universidade Cornell, incentiva a população a conhecer a biodiversidade de sua localidade, como uma prática de ciência cidadã que tem como conseqüência direta o envolvimento e engajamento dos participante na preservação do meio ambiente.

Em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Vem Passarinhar Manaus, o Instituto Soka Amazônia  realiza jornadas de observação de Aves na Reserva de Patrimônio Natural RPPN Dr. Daisaku Ikeda, como o Global Big Day, e tornou-se um hotspot (um dos melhores pontos de observação de aves) na cidade de Manaus para a plataforma e-Bird.

O Global Day 2024 está sendo apoiado pela UNESCO passando a integrar as ações do programa Homem e a Biosfera e ao Projeto Amazônia.  Com  participação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto Soka Amazônia, Museu do Amazonas (MUSA), Instituto Mamirauá, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e grupo Vem Passarinhar Manaus, o evento irá potencializar os registros de espécies da avifauna avistadas na Reserva da Biosfera da Amazônia Central. 

As aves visualizadas pelos participantes serão registradas na plataforma e-Bird, contribuindo para ampliar conhecimento de espécies com incidência na Amazônia Central. Dados como esses são de relevância para estudos sobre comportamento de espécies,  efeitos das mudanças climáticas e impacto da poluição sobre biodiversidade.

Foto: Erika Hingst-Zaher (cedida pelo pesquisador). Jornal da USP

É o caso da andorinha azul (Progne subis) – ave migratória que se descola  dos Estados Unidos e Canadá  para a Amazônia  – cuja pesquisa do biólogo Jonathan Maycol Branco, do Instituto de Biociência da USP, apontou  diminuição da população em  decorrência de contaminação por mercúrio na Amazônia.

De acordo com o biólogo, o mercúrio detectado nas penas das aves afeta diretamente a capacidade da espécie de se deslocar em vôos em grandes distâncias.

Para o especialista, é algo realmente preocupante em se tratando de aves migratórias pois elas necessitam ter grandes reservas de gordura, sua unica fonte de energia durante o processo migratório.

 

 

Reservas da Biosfera união para preservação

Otimizar a convivência homem-natureza é um dos focos das ações propostas para as Reservas da Biosfera, conceito criado pela Unesco na década de 1970. Na prática é uma área designada que favoreça a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das florestas tropicais, desertificação,  a poluição atmosférica, o efeito estufa e tantos outros.

Atualmente, existem 738 Reservas da Biosfera classificadas em 134 países. O Brasil contempla sete: Mata Atlântica, Cinturão Verde de São Paulo, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Serra do Espinhaço e Amazônia Central, criada em 2001.

Fonte: ReservasdaBiosfera.org

O Instituto Soka Amazônia contribui significativamente para a Reserva da Biosfera Amazônia Central, com ações de apoio a pesquisas científicas, educação socioambiental e conservação da biodiversidade, promovendo a coexistência harmônica entre homem e natureza

Benefício às pessoas, biodiversidade e à Ciência

A prática de observação de aves traz diversos benefícios à saúde de seus praticantes; Ouvir a vocalização de pássaros, por exemplo, pode trazer ganhos para a saúde mental, diminuindo o estresse e ajudando em casos depressivos, como demonstrou pesquisa divulgada em 2022 pelo Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College Londres. Segundo o estudo os efeitos podem durar  por até oito horas.  Embora novas pesquisas devam distinguir esses efeitos considerando sons gravadas ou reais, outros estudos apontaram benefícios para a saúde integral por caminhadas e permanências em áreas verdes ou florestais.

Para o experiente observador de aves da Amazônia, Pedro Nassar, as jornadas de observação de aves promovidas pelo Vem Passarinhar Manaus e o Global Big Day traduzem bem esses ganhos:  ” são oportunidades excelentes par se integrar a grupos de pessoas apaixonadas pela natureza. É um estilo de vida saudável e de quebra a gente contribui para a ciência”.

A bióloga e co-fundadora do Vem Passarinhar Manaus, Bruna Kathlen da Silva, considera gratificante práticas de Ciência Cidadã como essas: “É muito especial ver pessoas de todas idades admirar as aves e entender a importância delas e, principalmente, como podemos protegê-las e ao meio ambiente para continuarmos existindo”.

Fontes:
Unesco e a Rede Brasileira de Reservas da Biosfera
Jornal da USP : Contaminação de mercúrio da Amazônia em aves migratórias
Ver ou ouvir pássaros melhora a saúde mental