Crédito de Carbono é uma coisa e Pegada de Carbono é outra

por Marcos Viana*

O tema aquecimento global e mudança climática, bem como os diversos dispositivos e políticas para seu controle, trouxe definições que por vezes provocam confusão. Uma das mais frequentes é sobre as expressões “Crédito de Carbono” e “Pegada de Carbono”, que muitas vezes são usadas como sinônimos. E não o são.

A origem do termo

Vamos começar pela origem da definição de Crédito de Carbono. Essa denominação surgiu durante as discussões que aconteceram nas diversas reuniões da UNFCCC (vertido do inglês como Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) que culminaram com o “Protocolo de Quioto” ratificado por várias nações no ano de 1997. Durante o desenvolvimento dos vários mecanismos que o Protocolo de Quioto definiu é que o termo “Crédito de Carbono” começou a ser usado por algumas pessoas.

Cabe, no entanto, a pergunta: o que é Crédito de Carbono?

Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE – no inglês CER – Cerificate of Emission Reduction) são certificados emitidos para uma pessoa ou empresa que reduziu a sua emissão de gases do efeito estufa. Por convenção, 1 tonelada de dióxido de carbono corresponde a 1 crédito de carbono.

Um exemplo prático

Por exemplo, a empresa A usava, para gerar vapor em sua caldeira, a queima de óleo diesel (combustível fóssil) e executou um projeto de troca de combustível, passando a queimar biomassa (no caso, bagaço de cana de uma usina de açúcar que ficava na vizinhança). Acontece que o bagaço de cana é fonte renovável de energia e o CO2 gerado na sua queima e passou a ser captado (biosequestrado) pela plantação de cana-de-açúcar na safra seguinte, formando um ciclo virtuoso de renovação.

O óleo Diesel, ao contrário, tem origem no petróleo, sendo que o CO2 de sua queima não volta para um ciclo de renovação e faz com que esse gás de efeito estufa fique por 150 anos em atividade na atmosfera. Como aquela empresa trocou sua matriz energética, ela passou a criar, a cada ano, um “Crédito de Carbono” que é calculado como toneladas equivalentes de CO2 (tCO2e) que ela deixou de emitir por ter deixado de queimar Diesel. Ou seja, como a empresa “não gasta” aquela reserva, fica com um crédito de emissões, que se certificado por uma entidade reconhecida pela UNFCCC pode ser anualmente negociado com uma outra empresa (B) como forma de compensação de suas emissões de gases de efeito estufa – Ver figura 1 abaixo

Figura 1 – Representação gráfica de como se dá a transferência de créditos de carbono de uma empresa para outra

E a pegada de carbono?

Agora, vamos falar sobre pegada de carbono.

A definição de “pegada de carbono” está diretamente relacionada à quantidade de emissões de gases de efeito estufa em toneladas de CO2 (tCO2e) que uma pessoa ou empresa emite em determinado ano, originada de suas atividades, produtos e serviços.

Ou seja, “pegada de carbono” é a soma de todas as emissões de uma pessoa ou empresa.

Pegada de carbono pode, também, ser definida como um inventário das emissões de gases de efeito estufa.

Para dar um exemplo prático, suponhamos que uma pessoa queira calcular sua pegada de carbono com o uso de seu veículo no ano de 2020. Sabendo-se que esse carro faz 10 km por litro de gasolina, e foram percorridos 12.000 km no ano de 2020, busca-se no BEN (Balanço Energético Nacional) 2020, o fator de emissão gasolina igual a 2,212 kg CO2 / L.


Figura 2 – Cálculo da pegada de carbono de um veículo a gasolina que percorreu 12.000 km no ano de 2020

Realizando os cálculos devidos (ver figura 2), encontra-se que a pegada de carbono pelo uso de veículo daquela pessoa foi de 2,654 tCO2e (toneladas de CO2 equivalentes).

Para neutralizar a sua pegada de carbono, a pessoa terá diferentes formas de fazê-lo. Mas isso é assunto para um outro artigo.

Fontes:

  • Quanto mais quente melhor? Desafiando a sociedade civil a entender as mudanças climáticas. Carlos Klink (organizado) – São Paulo: Peirópolis, Brasília, DF:IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil, 2007.
  • BEM 2020 – Balanço Energético Nacional – Ministério de Minas e Energia

 

(*) Marcos Viana é pesquisador, auditor, engenheiro químico, engenheiro de segurança, especialista em gestão ambiental, qualificado em controles preventivos e titular da consultoria AmazonCert sediada em Manaus.

Venha conhecer as ruínas da histórica Olaria do Senhor Andresen

Ao vir a Manaus faça uma viagem no tempo

Se você vier a Manaus e andar pela cidade prestando atenção nas casas mais antigas e típicas de uma determinada época da capital amazonense, final do século 19, início do século 20, do meio para o fim do chamado “ciclo da borracha” (*) ao longo do caminho percorrido será possível fazer uma viagem de volta no tempo e embarcar nas histórias contadas pelas gerações que ajudaram a construir a imagem da ‘Manaus Antiga’ e seus cenários, como está narrado no portal G1. Vale a pena ver – aqui.

Tijolos depois das casas de taipa

A matéria do G1 ocupa-se, em especial, de casas ainda feitas de taipa, mas a estética das construções da época colonial foi mantida um pouco mais adiante, quando várias olarias começaram a se instalar na cidade, concentradas de um lado e de outro do Rio Negro, de onde saíram os tijolos que mantêm de pé por anos e anos moradias que até hoje são típicas de Manaus.

Se nas suas andanças pela cidade houver tempo e disposição, vale uma esticada até o Instituto Soka Amazonas para conhecer, entre outras importantes realizações da Organização, as ruínas de uma daquelas históricas olarias, que pertenceu à família do sr. J. H. Andresen, um dinamarquês que ainda menino foi para a cidade do Porto, em Portugal e veio depois para o Brasil.

Naquela época, por diferentes razões, os portugueses estavam como que redescobrindo o Brasil e houve uma forte corrente migratória dirigida, entre outros, para o norte de nosso país, primeiro para Belém do Pará, depois para o Amazonas. Pessoas e mesmo empresas vinham com um claro objetivo econômico, e o dinamarquês-lusitano sr. J. H. Andresen foi um dos que chegaram a Manaus em busca de sucesso, sucesso que, sim, ele alcançou, afinal, a ciclo da borracha estava em seu apogeu

Primeiro o sr. Andresen trabalhou, aqui, na mesma empresa de importações e exportações em que trabalhava em Portugal, mas logo desenvolveu seu próprio negócio, os Armazéns J.H. Andresen, no centro de Manaus. Foi um sucesso!

Além da atividade comercial (foto) J.H.Andresen criou a olaria que levava seu próprio nome, no mesmo local ocupado, hoje, pela RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) onde se localiza o Instituto Soka Amazônia

Quando o ciclo da borracha já não estava com todo o fôlego, e os negócios de comércio começavam a minguar, o empreendedor dinamarquês voltou-se para outro ramo e surgiu em 1882 a Olaria Lages e Lages, cujas ruinas podem ser visitadas hoje na RPPN Daisaku Ikeda (Reserva Particular de Patrimônio Natural), fora do centro de Manaus, uma área de 52 hectares bem em frente ao Encontro das Águas, uma das visitas obrigatórias para quem visita o Amazonas.

Segundo as arqueólogas Maraget Cerqueira e Vanessa Benedito, colaboradoras constantes do Instituto Soka Amazônia, sócias da consultoria Muiraquitã Arqueologia, que atua em processos de licenciamento ambiental, a Reserva Daisaku Ikeda contém uma típica “floresta cultural”, uma área muito devastada que foi totalmente remanejada e reconstruída para voltar a ter o verde pujante que ostenta hoje.

Olaria Andresen_1901 – Aspecto do complexo oleiro, localizado na entrada da cidade em tomada feita do Rio Negro- Foto: Felipe Augusto Fidanza – Álbum do Estado do Amazonas  

Quem chega à Reserva e faz a caminhada naturalmente proposta aos visitantes, é conduzido às ruinas da olaria que pertenceu ao sr. Andresen, situada dentro do riquíssimo sítio arqueológico que tem uma série de descobertas de tempos ainda mais remotos, pré-coloniais.

O ofício da produção de tijolos, a partir da utilização da argila, transcendeu épocas. Após o declínio do ciclo econômico da borracha e, por consequente declínio do complexo de olarias que antes estava localizado na atual RPPN Daisaku Ikeda e seu entorno, as olarias “mudaram-se” para o outro lado do belo rio Negro, em sua margem direita e o município de Iranduba abriga atualmente o maior complexo de fábricas de cerâmica que produzem milhares de tijolos, de variados modelos, gerando trabalho e renda para muitas famílias.

Nas ruinas da olaria Lages e Lages, encontram-se peças remanescentes da época em que a olaria do sr. Andresen estava em plena atividade – material ainda muito bem conservado, típico do final do século 19, início do século 20, tijolos, por sinal, praticamente iguais aos atuais. Anúncios da época, aliás, apregoavam que a olaria do sr. Andresen era a mais moderna de todas.

A aquisição do espaço em que atua o Instituto Soka Amazônia aconteceu em 1991 e 4 anos depois, em 1995, a RPPN Daisaku Ikeda foi oficialmente credenciada pelo IBAMA.

A Olaria Lages do sr. Andresen apregoava ser a mais moderna da região. Imagem disponibilizada pelo Centro Cultural Reunidos

A homenagem ao dr. Ikeda foi prestada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), em reconhecimento aos esforços do fundador do Instituto Soka pela preservação e educação ambiental da Amazônia.

O Instituto Soka espera que a pandemia do Covid 19 chegue logo ao fim e possa voltar a dar boas-vindas a todos os visitantes.

Inclusive você.

(*) O auge do ciclo da borracha aconteceu entre os anos de 1879 e 1912, tendo ainda, uma boa sobrevida entre os anos de 1942 e 1945, no decorrer da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

Venha conhecer as ruínas da histórica Olaria do Senhor Andresen

Ao vir a Manaus faça uma viagem no tempo

Se você vier a Manaus e andar pela cidade prestando atenção nas casas mais antigas e típicas de uma determinada época da capital amazonense, final do século 19, início do século 20, do meio para o fim do chamado “ciclo da borracha” (*) ao longo do caminho percorrido será possível fazer uma viagem de volta no tempo e embarcar nas histórias contadas pelas gerações que ajudaram a construir a imagem da ‘Manaus Antiga’ e seus cenários, como está narrado no portal G1. Vale a pena ver – aqui.

Tijolos depois das casas de taipa

A matéria do G1 ocupa-se, em especial, de casas ainda feitas de taipa, mas a estética das construções da época colonial foi mantida um pouco mais adiante, quando várias olarias começaram a se instalar na cidade, concentradas de um lado e de outro do Rio Negro, de onde saíram os tijolos que mantêm de pé por anos e anos moradias que até hoje são típicas de Manaus.

Se nas suas andanças pela cidade houver tempo e disposição, vale uma esticada até o Instituto Soka Amazonas para conhecer, entre outras importantes realizações da Organização, as ruínas de uma daquelas históricas olarias, que pertenceu à família do sr. J. H. Andresen, um dinamarquês que ainda menino foi para a cidade do Porto, em Portugal e veio depois para o Brasil.

Naquela época, por diferentes razões, os portugueses estavam como que redescobrindo o Brasil e houve uma forte corrente migratória dirigida, entre outros, para o norte de nosso país, primeiro para Belém do Pará, depois para o Amazonas. Pessoas e mesmo empresas vinham com um claro objetivo econômico, e o dinamarquês-lusitano sr. J. H. Andresen foi um dos que chegaram a Manaus em busca de sucesso, sucesso que, sim, ele alcançou, afinal, a ciclo da borracha estava em seu apogeu

Primeiro o sr. Andresen trabalhou, aqui, na mesma empresa de importações e exportações em que trabalhava em Portugal, mas logo desenvolveu seu próprio negócio, os Armazéns J.H. Andresen, no centro de Manaus. Foi um sucesso!

Além da atividade comercial (foto) J.H.Andresen criou a olaria que levava seu próprio nome, no mesmo local ocupado, hoje, pela RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) onde se localiza o Instituto Soka Amazônia

Quando o ciclo da borracha já não estava com todo o fôlego, e os negócios de comércio começavam a minguar, o empreendedor dinamarquês voltou-se para outro ramo e surgiu em 1882 a Olaria Lages e Lages, cujas ruinas podem ser visitadas hoje na RPPN Daisaku Ikeda (Reserva Particular de Patrimônio Natural), fora do centro de Manaus, uma área de 52 hectares bem em frente ao Encontro das Águas, uma das visitas obrigatórias para quem visita o Amazonas.

Segundo as arqueólogas Maraget Cerqueira e Vanessa Benedito, colaboradoras constantes do Instituto Soka Amazônia, sócias da consultoria Muiraquitã Arqueologia, que atua em processos de licenciamento ambiental, a Reserva Daisaku Ikeda contém uma típica “floresta cultural”, uma área muito devastada que foi totalmente remanejada e reconstruída para voltar a ter o verde pujante que ostenta hoje.

Olaria Andresen_1901 – Aspecto do complexo oleiro, localizado na entrada da cidade em tomada feita do Rio Negro- Foto: Felipe Augusto Fidanza – Álbum do Estado do Amazonas  

Quem chega à Reserva e faz a caminhada naturalmente proposta aos visitantes, é conduzido às ruinas da olaria que pertenceu ao sr. Andresen, situada dentro do riquíssimo sítio arqueológico que tem uma série de descobertas de tempos ainda mais remotos, pré-coloniais.

O ofício da produção de tijolos, a partir da utilização da argila, transcendeu épocas. Após o declínio do ciclo econômico da borracha e, por consequente declínio do complexo de olarias que antes estava localizado na atual RPPN Daisaku Ikeda e seu entorno, as olarias “mudaram-se” para o outro lado do belo rio Negro, em sua margem direita e o município de Iranduba abriga atualmente o maior complexo de fábricas de cerâmica que produzem milhares de tijolos, de variados modelos, gerando trabalho e renda para muitas famílias.

Nas ruinas da olaria Lages e Lages, encontram-se peças remanescentes da época em que a olaria do sr. Andresen estava em plena atividade – material ainda muito bem conservado, típico do final do século 19, início do século 20, tijolos, por sinal, praticamente iguais aos atuais. Anúncios da época, aliás, apregoavam que a olaria do sr. Andresen era a mais moderna de todas.

A aquisição do espaço em que atua o Instituto Soka Amazônia aconteceu em 1991 e 4 anos depois, em 1995, a RPPN Daisaku Ikeda foi oficialmente credenciada pelo IBAMA.

A Olaria Lages do sr. Andresen apregoava ser a mais moderna da região. Imagem disponibilizada pelo Centro Cultural Reunidos

A homenagem ao dr. Ikeda foi prestada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), em reconhecimento aos esforços do fundador do Instituto Soka pela preservação e educação ambiental da Amazônia.

O Instituto Soka espera que a pandemia do Covid 19 chegue logo ao fim e possa voltar a dar boas-vindas a todos os visitantes.

Inclusive você.

(*) O auge do ciclo da borracha aconteceu entre os anos de 1879 e 1912, tendo ainda, uma boa sobrevida entre os anos de 1942 e 1945, no decorrer da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).

RPPNs – benefícios públicos através de meios privados

O peso da palavra “perpetuidade”

A palavra “perpetuidade”, contida na definição do que é uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) dá uma perfeita dimensão da responsabilidade assumida por uma pessoa (jurídica ou mesmo física) ao pleitear e obter o registro de uma área dentro do sistema oficial de áreas protegidas do Brasil.

Perpetuamente manter todos os cuidados que vão das ações de proteção e sinalização, passando pelo planejamento e o plantio de árvores nativas até a gestão de toda a área que contribui para o estabelecimento de corredores ecológicos que oferecem refúgio para a fauna e favorecem a provisão de uma série de benefícios, direta e indiretamente desfrutados por toda a coletividade.

Obrigações assumidas

É muita responsabilidade!

Responsabilidade que tem um custo.

Aplicação contínua (em verdade, perpétua) de muitos e muitos recursos materiais, humanos; horas e horas de constante dedicação.

Coletar sementes, tratá-las, criar mudas, plantar, acompanhar seu desenvolvimento, manter equipes técnicas especializadas em cada etapa, administrar esse processo como um todo.

E a verdade é que não são muitas ou muito vultosas as possibilidades de obter algum rendimento que de alguma forma contribua para cobrir os custos envolvidos.

Um livro que cobre o assunto de A a Z

O livro “Conservação em Ciclo Contínuo” de Flávio Ojidos (coautoria de Claudio Valladares Pádua e Angela Pellin), da Editora Essencial Idea contém informações de A a Z sobre RPPNs – histórico da conservação voluntária em áreas privadas no Brasil e diversos outros países, legislação, pesquisas, análise de cenários e até uma série de informações sobre possibilidades de geração ou obtenção de recursos, seja através de prestação de serviços, seja através de alguns incentivos fiscais.

Ao exporem o regime ganha-ganha em que essas operações se desenvolvem, os autores lembram até e entre outras, atividades turísticas, pois é cada vez maior o número de pessoas que querem conhecer de perto como é e como se desenvolve uma RPPN, e essas visitas passaram a ser algo extremamente atraente.

As muitas RPPNs no Brasil

Há mais de 1.650 RPPNs em todos os biomas e Estados do país, que juntas protegem cerca de 800 mil hectares. Uma delas, a RPPN Gigante do Itaguaré, de 358 hectares, protege a biodiversidade da Serra da Mantiqueira e tem sido palco para a implementação prática dos conceitos da Conservação em Ciclo Contínuo, trazidos no já citado livro de Flávio Ojidos.

Outra, a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, em Manaus, que é gerida pelo Instituto Soka Amazônia. Com seus 52 hectares, é localizada na área do Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, com o compromisso de preservar a biodiversidade e promover o desenvolvimento ambiental na região.

São muitas as histórias de famílias e instituições que demonstram efetivo engajamento com a causa ambiental e oferecem ao mundo seus esforços conservacionistas em prol de toda a coletividade.

Como Brent Mitchell fala no prefácio do livro mencionado, “quando buscamos definição para as reservas particulares, dizemos que oferecem benefícios públicos através de meios privados”. Seria importante acrescentar: perpetuamente.

RPPNs – benefícios públicos através de meios privados

O peso da palavra “perpetuidade”

A palavra “perpetuidade”, contida na definição do que é uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) dá uma perfeita dimensão da responsabilidade assumida por uma pessoa (jurídica ou mesmo física) ao pleitear e obter o registro de uma área dentro do sistema oficial de áreas protegidas do Brasil.

Perpetuamente manter todos os cuidados que vão das ações de proteção e sinalização, passando pelo planejamento e o plantio de árvores nativas até a gestão de toda a área que contribui para o estabelecimento de corredores ecológicos que oferecem refúgio para a fauna e favorecem a provisão de uma série de benefícios, direta e indiretamente desfrutados por toda a coletividade.

Obrigações assumidas

É muita responsabilidade!

Responsabilidade que tem um custo.

Aplicação contínua (em verdade, perpétua) de muitos e muitos recursos materiais, humanos; horas e horas de constante dedicação.

Coletar sementes, tratá-las, criar mudas, plantar, acompanhar seu desenvolvimento, manter equipes técnicas especializadas em cada etapa, administrar esse processo como um todo.

E a verdade é que não são muitas ou muito vultosas as possibilidades de obter algum rendimento que de alguma forma contribua para cobrir os custos envolvidos.

Um livro que cobre o assunto de A a Z

O livro “Conservação em Ciclo Contínuo” de Flávio Ojidos (coautoria de Claudio Valladares Pádua e Angela Pellin), da Editora Essencial Idea contém informações de A a Z sobre RPPNs – histórico da conservação voluntária em áreas privadas no Brasil e diversos outros países, legislação, pesquisas, análise de cenários e até uma série de informações sobre possibilidades de geração ou obtenção de recursos, seja através de prestação de serviços, seja através de alguns incentivos fiscais.

Ao exporem o regime ganha-ganha em que essas operações se desenvolvem, os autores lembram até e entre outras, atividades turísticas, pois é cada vez maior o número de pessoas que querem conhecer de perto como é e como se desenvolve uma RPPN, e essas visitas passaram a ser algo extremamente atraente.

As muitas RPPNs no Brasil

Há mais de 1.650 RPPNs em todos os biomas e Estados do país, que juntas protegem cerca de 800 mil hectares. Uma delas, a RPPN Gigante do Itaguaré, de 358 hectares, protege a biodiversidade da Serra da Mantiqueira e tem sido palco para a implementação prática dos conceitos da Conservação em Ciclo Contínuo, trazidos no já citado livro de Flávio Ojidos.

Outra, a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, em Manaus, que é gerida pelo Instituto Soka Amazônia. Com seus 52 hectares, é localizada na área do Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, com o compromisso de preservar a biodiversidade e promover o desenvolvimento ambiental na região.

São muitas as histórias de famílias e instituições que demonstram efetivo engajamento com a causa ambiental e oferecem ao mundo seus esforços conservacionistas em prol de toda a coletividade.

Como Brent Mitchell fala no prefácio do livro mencionado, “quando buscamos definição para as reservas particulares, dizemos que oferecem benefícios públicos através de meios privados”. Seria importante acrescentar: perpetuamente.

Jovem cientista em formação

Tais Tokusato
Tais Tiyoko Tokusato é uma colaboradora que atua com grande excelência em praticamente todas as frentes no Instituto Soka Amazônia

As Ciências Naturais envolvem campos de estudo que buscam compreender as características gerais e fundamentais da natureza, tais como o comportamento dos seres vivos, seus hábitos, tudo que os compõem. Trata-se de um ramo da Ciência bastante vasto e que requer muita disposição para o estudo. “Sempre gostei muito de estudar sobre as curiosidades do mundo natural. Por conta disso quis fazer Ciências Biológicas, mas descobri por um acaso este curso [Ciências Naturais] e acabei me apaixonando por ele”, contou Tais.

Tais é a caçula de três irmãos. Natural da zona norte da capital paulista, chegou a Manaus em 2016 para estudar na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e trabalhar no Instituto Soka Amazônia. Desde então se tornou componente indispensável da equipe, colaborando em muitas frentes para o bom funcionamento da instituição. Tal dedicação levou-a a cursar outra faculdade em paralelo: Tecnologia em Gestão Ambiental. O profissional dessa área investiga problemas ambientais e, ao detectá-los, elabora projetos para minimizar os danos, como a elaboração de planos para a recuperação de áreas degradadas; e também cria programas de educação ambiental, ajudando as populações a refletirem sobre as melhores formas de fazer uso sustentável dos recursos naturais.

“Senti a necessidade de obter um conhecimento maior sobre gestão, uma vez que o Instituto é gestor de uma reserva e acabei encontrando no formato EAD a alternativa para este aprofundamento”, explicou Tais sobre a decisão de cursar uma segunda graduação em conjunto com a primeira.

A jovem cientista é quem está à frente dos programas ambientais com foco nos projetos de educação ambiental. “Dentre todos os projetos que coordeno, o nosso principal – e o meu favorito – é a ‘Academia Ambiental’. Nela recebemos diversos alunos da rede pública e com eles aprendemos e ensinamos assuntos relacionados com o meio ambiente”, enfatizou. Devido à expertise obtida, Tais já proferiu diversas palestras sobre estas ações, tanto no Brasil como no exterior.

16ª Conferência sobre Educação Soka na Universidade Soka América Disponível em: https://institutosoka-amazonia.org.br/california-2020-2-dias-intensos-e-riquissimos-na-16a-conferencia-sobre-educacao-soka/

No momento, devido a pandemia, sua atuação, assim como a de boa parte da população brasileira, está sendo realizada remotamente. Mas esporadicamente ela ainda vai à sede do Instituto para algumas ações pontuais. “Nossos projetos de educação ambiental estão paralisados na forma presencial, mas estamos dando continuidade a eles no formato digital”, informou. Mesmo remotamente, Tais ressalta que a rotina inexiste. A única constante é o trabalho ininterrupto e abundante. “Participo de reuniões com parceiros e produzo o que for necessário para o Instituto”, acrescentou.

Planos futuros

O pai de Tais, Seiki Tokusato, hoje aposentado, mas quando na ativa era mecânico de máquinas pesadas, como caminhões utilizados na agricultura; e a mãe, Anita Mituco Hirano Tokusato, ainda hoje talentosa costureira, são budistas e integrantes da BSGI, assim como Tais e seus irmãos Celso e Joelma.

“Tive uma infância bem humilde, mas muito feliz na periferia da zona norte de São Paulo”. Foi lá que cresceu como pessoa e como budista, nos “jardins” da BSGI. Os valores que a direcionaram até o momento foram adquiridos desde aquele momento da vida. “Desde pequena sou muito sonhadora e foram estes sonhos que sempre me impulsionaram rumo aos objetivos. Almejava desbravar o mundo e contribuir para torná-lo melhor e mais harmônico. Foi quando fui informada sobre o propósito do Instituto Soka e comecei a cultivar a ideia de poder trabalhar lá. Foi isso que moveu minha vida a nunca desistir dos estudos e sempre buscar me qualificar cada vez mais!”, exclamou.

Para o futuro, Tais quer se manter nesse caminho de autoaprimoramento, tanto como autodidata como no ensino formal para poder contribuir com o máximo de excelência com os projetos do Instituto e, com isso, com a preservação ambiental da floresta Amazônica, um dos maiores patrimônios naturais do planeta. “Afinal, a obtenção de conhecimento não tem limites!”, finaliza a jovem cientista.

Jovem cientista em formação

Tais Tiyoko Tokusato é uma colaboradora que atua com grande excelência em praticamente todas as frentes no Instituto Soka Amazônia

As Ciências Naturais envolvem campos de estudo que buscam compreender as características gerais e fundamentais da natureza, tais como o comportamento dos seres vivos, seus hábitos, tudo que os compõem. Trata-se de um ramo da Ciência bastante vasto e que requer muita disposição para o estudo. “Sempre gostei muito de estudar sobre as curiosidades do mundo natural. Por conta disso quis fazer Ciências Biológicas, mas descobri por um acaso este curso [Ciências Naturais] e acabei me apaixonando por ele”, contou Tais.

Tais é a caçula de três irmãos. Natural da zona norte da capital paulista, chegou a Manaus em 2016 para estudar na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e trabalhar no Instituto Soka Amazônia. Desde então se tornou componente indispensável da equipe, colaborando em muitas frentes para o bom funcionamento da instituição. Tal dedicação levou-a a cursar outra faculdade em paralelo: Tecnologia em Gestão Ambiental. O profissional dessa área investiga problemas ambientais e, ao detectá-los, elabora projetos para minimizar os danos, como a elaboração de planos para a recuperação de áreas degradadas; e também cria programas de educação ambiental, ajudando as populações a refletirem sobre as melhores formas de fazer uso sustentável dos recursos naturais.

“Senti a necessidade de obter um conhecimento maior sobre gestão, uma vez que o Instituto é gestor de uma reserva e acabei encontrando no formato EAD a alternativa para este aprofundamento”, explicou Tais sobre a decisão de cursar uma segunda graduação em conjunto com a primeira.

A jovem cientista é quem está à frente dos programas ambientais com foco nos projetos de educação ambiental. “Dentre todos os projetos que coordeno, o nosso principal – e o meu favorito – é a ‘Academia Ambiental’. Nela recebemos diversos alunos da rede pública e com eles aprendemos e ensinamos assuntos relacionados com o meio ambiente”, enfatizou. Devido à expertise obtida, Tais já proferiu diversas palestras sobre estas ações, tanto no Brasil como no exterior.

16ª Conferência sobre Educação Soka na Universidade Soka América Disponível em: https://institutosoka-amazonia.org.br/california-2020-2-dias-intensos-e-riquissimos-na-16a-conferencia-sobre-educacao-soka/

No momento, devido a pandemia, sua atuação, assim como a de boa parte da população brasileira, está sendo realizada remotamente. Mas esporadicamente ela ainda vai à sede do Instituto para algumas ações pontuais. “Nossos projetos de educação ambiental estão paralisados na forma presencial, mas estamos dando continuidade a eles no formato digital”, informou. Mesmo remotamente, Tais ressalta que a rotina inexiste. A única constante é o trabalho ininterrupto e abundante. “Participo de reuniões com parceiros e produzo o que for necessário para o Instituto”, acrescentou.

Planos futuros

O pai de Tais, Seiki Tokusato, hoje aposentado, mas quando na ativa era mecânico de máquinas pesadas, como caminhões utilizados na agricultura; e a mãe, Anita Mituco Hirano Tokusato, ainda hoje talentosa costureira, são budistas e integrantes da BSGI, assim como Tais e seus irmãos Celso e Joelma.

“Tive uma infância bem humilde, mas muito feliz na periferia da zona norte de São Paulo”. Foi lá que cresceu como pessoa e como budista, nos “jardins” da BSGI. Os valores que a direcionaram até o momento foram adquiridos desde aquele momento da vida. “Desde pequena sou muito sonhadora e foram estes sonhos que sempre me impulsionaram rumo aos objetivos. Almejava desbravar o mundo e contribuir para torná-lo melhor e mais harmônico. Foi quando fui informada sobre o propósito do Instituto Soka e comecei a cultivar a ideia de poder trabalhar lá. Foi isso que moveu minha vida a nunca desistir dos estudos e sempre buscar me qualificar cada vez mais!”, exclamou.

Para o futuro, Tais quer se manter nesse caminho de autoaprimoramento, tanto como autodidata como no ensino formal para poder contribuir com o máximo de excelência com os projetos do Instituto e, com isso, com a preservação ambiental da floresta Amazônica, um dos maiores patrimônios naturais do planeta. “Afinal, a obtenção de conhecimento não tem limites!”, finaliza a jovem cientista.