Pioneiro na defesa do Meio Ambiente no Brasil

O jornalista Washington Novaes faleceu esta semana aos 86 anos

Premiado internacionalmente, referência em jornalismo ambiental, Washington Luís Rodrigues Novaes faleceu esta semana, aos 86 anos, em Aparecida de Goiânia. Os temas que o consagraram foram pautados pela defesa do meio ambiente e das culturas tradicionais indígenas entre outras.

Nascido em Vargem Grande do Sul-SP, desde o início de sua carreira destacou-se por se dedicar incansavelmente a questões ambientais e indígenas, produzindo documentários e livros sobre os temas. Recebeu diversos prêmios, com destaque para o Esso Especial de Ecologia e Meio Ambiente (1992) e o Professor Azevedo Netto (2004).

Crédito: Novaes2-TV Anhanguera

Entre os documentários por ele dirigidos, Amazonas, a pátria da água, ganhou a medalha de prata no Festival de Cinema e Televisão de Nova York, EUA, em 1982. Como parte de sua jornada, mergulhou em profundidade no rico e diverso universo dos povos tradicionais do Xingu. Dessa experiência resultou a séria não ficcional Xingu, a Terra Mágica e também o diário Xingu, uma flecha no coração. “Chegar perto do índio, da cultura do índio, exige uma mudança radical de perspectiva, como se o olho passasse a ver pelo lado oposto, no sonho, no inconsciente. Entender o índio, entender a sua cultura e respeitá-lo, implica despirmo-nos desta nossa civilização. Porque o encontro com o índio é um mergulho em outro espaço, em outro tempo”, ressaltou Novaes sobre esse projeto.

Mais de duas décadas se passariam até que Novaes lançasse Xingu, a Terra Ameaçada, onde ele compara os dois momentos, destacando principalmente a tensão envolvida na pressão pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo. Ambas as obras foram premiadas internacionalmente.

Recentemente, era colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Popular, bem como consultor de jornalismo da TV Cultura.

Em tempo: O Instituto Soka Amazônia (ISA) presta esta justa homenagem a um dos maiores defensores dessa que é fonte de vida a todo o planeta: a Amazônia. Sobre ela, o fundador do ISA escreveu: ”Quando a Amazônia mostra seu sorriso, a Humanidade sente-se aliviada. Quando a Amazônia adoece, a humanidade também padece (…) A Amazônia é o ‘Tesouro da Terra’ que vem executando a exuberante sinfonia de convivência e harmonia entre a natureza e o homem desde o mais remoto passado”.

Crédito das Imagens: Novaes1-ClaudioTavares-ISA(InstitutoSocioAmbiental) e Novaes2-TV Anhanguera

As muitas idas e vindas na vida de Jean

Gestor Ambiental do Instituto Soka Amazônia

Jean Dinelly Leão – Gestor Ambiental. É assim que está escrito em seu cartão de visitas.

Esse título –Gestor Ambiental– está longe de descrever toda a atividade de Jean no Instituto Soka Amazônia. E está longe (claro!) de revelar todas as inúmeras idas e vindas que foram acontecendo em sua vida, desde que, aos 14 anos, saiu de Maués para Manaus, sem saber direito o que iria acontecer dali para a frente, a não ser  –disso ele estava determinado–  que ia encontrar um futuro melhor, estudar, trabalhar, ganhar mais, ter, bem lá na frente, muito o que contar para os netos, se viesse a tê-los.

Bombril

Responsável Técnico pela RPPN Dr. Daisaku Ikeda, as funções de Jean abrangem, por exemplo, o Assessoramento Executivo, que avalia o nível de interação que o Instituto pode ter com seus parceiros e define os campos de trabalho, embasamento do propósito filosófico face à legislação e ou termo de cooperação. Faz parte de seu trabalho, também, a definição da melhor forma de comunicação para cada nível de interação que o Instituto possui com doadores, colaboradores, parceiros institucionais e demais públicos. E vai adiante, no agendamento, avaliação e participação de atividades com Universidades, empresas, profissionais liberais e demais parceiros do Instituto. Passa pela avaliação de intervenções de caráter humano e fisiológico na RPPN, bem como o seu grau de impacto e suas formas de mitigação propostas no Plano de Manejo. Por fim, elaboração de relatórios pertinentes à gestão da RPPN junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio

Parece muito, mas há muito mais. Jean está sempre ativo em cada visita de grupos que veem conhecer de perto o Instituto. Ou quando jornalistas precisam receber informações detalhadas sobre assuntos relacionados aos projetos de biodiversidade na Amazônia. Em verdade, vez ou outra ele é chamado de Bombril, com suas 1001 utilidades…

Maués, Jean, guaraná

Maués, que é onde Jean veio ao mundo, é a terra do guaraná. Com muito orgulho.

O quase caçula foi o penúltimo de 9 irmãos. Garoto ainda, já trabalhava com amigos na Secretaria de Saúde da cidade, na área de saúde bucal. Foi, aliás, por insistência desses mesmos amigos que, pouco depois da morte do pai, Jean decidiu ir em busca de novos ares na Capital, onde foi morar com amigos. Longa viagem de barco – 18 horas rio acima.

Com persistência, coragem, verdadeira obstinação e uma incrível firmeza de propósito, foi encontrando o seu caminho. A primeira barreira vencida foi o ensino médio, curso técnico em contabilidade. E dá-lhe trabalho. Um desses foi numa farmácia, “Até injeções eu aplicava” conta Jean com ar divertido.

A professora da USP, o guaraná e a diabete Recentes descobertas de pesquisadores do grupo da professora Elizabeth Aparecida Ferraz Silva Torres, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, concluíram em um estudo que as propriedades do guaraná (Paullinia cupana) vão além das conhecidas funções energéticas promovidas pela cafeína. Os compostos fenólicos presentes nas sementes e no fruto possuiriam ação bactericida, anti-inflamatória e anti-hiperglicêmica, sendo que este último age em enzimas que controlam a diabete do tipo 2. O artigo pode ser encontrado na internet: aqui

O valor de um computador de tela azul

Mas tudo bem. Formado em contabilidade, continuou sua maratona, passando a usar o que obtivera com sua formação. Talvez por estar nessa área, acabou conseguindo seu primeiro computador, um Gradiente ainda com aquela antiga tela azul, máquina que teve papel muito importante em sua vida. Autodidata, foi aprendendo e se tornando craque.

Olha daqui, mexe dali, tenta de outro jeito, quando percebeu já dominava a máquina, e daí a começar a dar aulas no Distrito Industrial de Manaus foi um pulo. Em verdade, era de ensinar que ele gostava mesmo. Sem deixar o emprego, agora numa fábrica de painéis elétricos, o que não faltava era gente querendo aprender. Um dos clientes, um senhor português ficou encantado com a internet e maravilhado com a possibilidade de ver, no mesmo dia, os jornais da terrinha.

De tanto dar aulas particulares, veio a ideia de montar com um sócio uma escola especializada em informática. Foi no ano 2.000, mas na prática a empreitada não foi todo o sucesso que ele e o sócio esperavam. E teve que ser encerrada.

Bom ouvinte (apaixonado)

O lado bom foi que, através do sócio, conheceu Elizangela, uma secretária que mais parecia uma filósofa. Foram horas e horas de conversa. Ela uma filósofa. Ele um bom ouvinte, um ouvinte atento que se transformou num ouvinte apaixonado. E acabou em casamento que deu muito certo. Mais do que esposa, Elizangela tem sido um poço de bom senso, qualidade que tem contribuído para uma série de decisões que Jean teve que ir tomando.

Com a chegada do Gabriel (que hoje tem 17 anos) e da Taís, filha de Elizangela (hoje com 23 nos), o peso da vida de casado não era pequeno. De qualquer forma, e trabalhando sempre, de um jeito ou de outro a vida se encaminhava. Um dos expedientes que não deixou de usar (com muito prazer, já que sempre teve muito gosto por ensinar) foi se dedicar à noite e nos fins de semana a ensinar pessoas extremamente interessadas em aprender a usar o computador, primeiro em Manaus, sobretudo no Distrito Industrial e, mais adiante, em Manaquiri, Careiro, Careiro Castanha, Tefé, Alto Tefé, Parintins e tantas outras cidades, onde até hoje há pessoas que quando eventualmente cruzam com Jean, agradecem a porta que ele abriu para o incrível mundo novo.

Budista desde 2009, Jean acompanhou a inauguração do edifício do Cepeam, hoje Instituto Soka Amazônia. “Me lembro da trabalheira toda e da euforia que houve, com a expectativa de todas as coisas boas que eram prometidas e veem sendo cumpridas.”

O tão sonhado diploma

E por falar em euforia Jean lembra, quando viu surgir a concreta possibilidade de conseguir bolsa integral para o tão sonhado curso superior.

“Foi um salto na vida!” – lembra. Ele tinha se matriculado, antes, num curso de administração que foi uma desilusão. Mas em 2009 foi muito bem classificado no Enem e matriculou-se no curso de Engenharia Ambiental, que lhe pareceu (e à “filósofa” Elizangela) que era uma excelente oportunidade. O Brasil estava crescendo, novas indústrias se instalando, havia carência de profissionais dessa área e as empresas brasileiras chegavam a ir buscar engenheiros no Exterior.

Ele estava com 33 anos de idade, uma espécie de tiozinho da sua turma na Faculdade.

 “Meu trabalho prático, quando fazia o curso, acabou tendo a ver com o Cepeam” – conta Jean. Um trabalho para avaliar a origem dos resíduos sólidos, ou pra falar mais claro, lixo que se acumula nas margens do rio, por exemplo na praia do Instituto Soka Amazônia.  “Meus amigos achavam que eu estava louco por fazer pesquisa em alguns lugares tão isolados, que são considerados barra pesada na região.” Mas correu tudo bem, contar tudo o que aconteceu ali dava conversa para mais hora e meia, e o certo é que o estudo foi muito bem avaliado. “Com meu boné cor de laranja, o pessoal achava que eu era da área que cuida da coleta pública de lixo e se abria, sem qualquer apelação.”

Ele estava com 33 anos de idade, uma espécie de tiozinho da sua turma na faculdade

Graduado, no entanto, o exercício prático na profissão não chegou de imediato. Continuava dando aulas, mas sem um trabalho fixo, dava uma mão para Elisangela em seu bem-sucedido Café Regional. Hoje ele dá risada: engenheiro, professor, cozinheiro, garçom de um Café Regional…

Encontro na praia – recolhendo lixo

Foi nessa época o primeiro encontro (casual) com o presidente do Instituto Soka Amazônia, Edison Akira, que viu Jean tirando resíduos da beira do rio e puxou conversa, mera troca de trivialidades, que ficou por isso mesmo. Akira estava nos seus primeiros dias na Amazônia.

Mais aulas, mais trabalho, mais projetos independentes e finalmente em 2016 um novo encontro com o presidente do Instituto Soka Amazônia e o convite formal para uma atuação regular no Instituto.

Humaitá

De lá para cá continua sendo trabalho, trabalho e mais trabalho. Com verdadeira alegria, pois trabalhar é o que faz a felicidade de Jean. Um dos projetos em que se envolveu até a tampa foi o de Humaitá, um local que ficou conhecido pelos altos níveis de corte indiscriminado de árvores, garimpo ilegal, queimadas, choques com o Ibama, mas que tem uma população apaixonada pela cidade.

A economia da Humaitá baseia-se na produção de soja, arroz, pecuária. Conhecida como a “Terra da Mangaba”, em verdade a árvore-símbolo da cidade, mangaba, é típica não da Amazônia, mas do nordeste brasileiro.

“Quando fomos até lá, percebemos o muito que poderia ser feito, falamos das possiblidades de trabalho, mas fomos recebidos com certo descrédito pela maioria dos ouvintes. ‘Todos que veem aqui prometem mundos e fundos e nunca mais aparecem’. Hoje é muito bom ser recebido pelas mesmas pessoas que, ao contrário de antes, botam muita fé no trabalho que estamos fazendo” – lembra Jean sem esconder o orgulho que tem desse prestígio que desfruta o Instituto Soka Amazônia.

As muitas idas e vindas na vida de Jean

Gestor Ambiental do Instituto Soka Amazônia

Jean Dinelly Leão – Gestor Ambiental. É assim que está escrito em seu cartão de visitas.

Esse título –Gestor Ambiental– está longe de descrever toda a atividade de Jean no Instituto Soka Amazônia. E está longe (claro!) de revelar todas as inúmeras idas e vindas que foram acontecendo em sua vida, desde que, aos 14 anos, saiu de Maués para Manaus, sem saber direito o que iria acontecer dali para a frente, a não ser  –disso ele estava determinado–  que ia encontrar um futuro melhor, estudar, trabalhar, ganhar mais, ter, bem lá na frente, muito o que contar para os netos, se viesse a tê-los.

Bombril

Responsável Técnico pela RPPN Dr. Daisaku Ikeda, as funções de Jean abrangem, por exemplo, o Assessoramento Executivo, que avalia o nível de interação que o Instituto pode ter com seus parceiros e define os campos de trabalho, embasamento do propósito filosófico face à legislação e ou termo de cooperação. Faz parte de seu trabalho, também, a definição da melhor forma de comunicação para cada nível de interação que o Instituto possui com doadores, colaboradores, parceiros institucionais e demais públicos. E vai adiante, no agendamento, avaliação e participação de atividades com Universidades, empresas, profissionais liberais e demais parceiros do Instituto. Passa pela avaliação de intervenções de caráter humano e fisiológico na RPPN, bem como o seu grau de impacto e suas formas de mitigação propostas no Plano de Manejo. Por fim, elaboração de relatórios pertinentes à gestão da RPPN junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio

Parece muito, mas há muito mais. Jean está sempre ativo em cada visita de grupos que veem conhecer de perto o Instituto. Ou quando jornalistas precisam receber informações detalhadas sobre assuntos relacionados aos projetos de biodiversidade na Amazônia. Em verdade, vez ou outra ele é chamado de Bombril, com suas 1001 utilidades…

Maués, Jean, guaraná

Maués, que é onde Jean veio ao mundo, é a terra do guaraná. Com muito orgulho.

O quase caçula foi o penúltimo de 9 irmãos. Garoto ainda, já trabalhava com amigos na Secretaria de Saúde da cidade, na área de saúde bucal. Foi, aliás, por insistência desses mesmos amigos que, pouco depois da morte do pai, Jean decidiu ir em busca de novos ares na Capital, onde foi morar com amigos. Longa viagem de barco – 18 horas rio acima.

Com persistência, coragem, verdadeira obstinação e uma incrível firmeza de propósito, foi encontrando o seu caminho. A primeira barreira vencida foi o ensino médio, curso técnico em contabilidade. E dá-lhe trabalho. Um desses foi numa farmácia, “Até injeções eu aplicava” conta Jean com ar divertido.

A professora da USP, o guaraná e a diabete Recentes descobertas de pesquisadores do grupo da professora Elizabeth Aparecida Ferraz Silva Torres, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, concluíram em um estudo que as propriedades do guaraná (Paullinia cupana) vão além das conhecidas funções energéticas promovidas pela cafeína. Os compostos fenólicos presentes nas sementes e no fruto possuiriam ação bactericida, anti-inflamatória e anti-hiperglicêmica, sendo que este último age em enzimas que controlam a diabete do tipo 2. O artigo pode ser encontrado na internet: aqui

O valor de um computador de tela azul

Mas tudo bem. Formado em contabilidade, continuou sua maratona, passando a usar o que obtivera com sua formação. Talvez por estar nessa área, acabou conseguindo seu primeiro computador, um Gradiente ainda com aquela antiga tela azul, máquina que teve papel muito importante em sua vida. Autodidata, foi aprendendo e se tornando craque.

Olha daqui, mexe dali, tenta de outro jeito, quando percebeu já dominava a máquina, e daí a começar a dar aulas no Distrito Industrial de Manaus foi um pulo. Em verdade, era de ensinar que ele gostava mesmo. Sem deixar o emprego, agora numa fábrica de painéis elétricos, o que não faltava era gente querendo aprender. Um dos clientes, um senhor português ficou encantado com a internet e maravilhado com a possibilidade de ver, no mesmo dia, os jornais da terrinha.

De tanto dar aulas particulares, veio a ideia de montar com um sócio uma escola especializada em informática. Foi no ano 2.000, mas na prática a empreitada não foi todo o sucesso que ele e o sócio esperavam. E teve que ser encerrada.

Bom ouvinte (apaixonado)

O lado bom foi que, através do sócio, conheceu Elizangela, uma secretária que mais parecia uma filósofa. Foram horas e horas de conversa. Ela uma filósofa. Ele um bom ouvinte, um ouvinte atento que se transformou num ouvinte apaixonado. E acabou em casamento que deu muito certo. Mais do que esposa, Elizangela tem sido um poço de bom senso, qualidade que tem contribuído para uma série de decisões que Jean teve que ir tomando.

Com a chegada do Gabriel (que hoje tem 17 anos) e da Taís, filha de Elizangela (hoje com 23 nos), o peso da vida de casado não era pequeno. De qualquer forma, e trabalhando sempre, de um jeito ou de outro a vida se encaminhava. Um dos expedientes que não deixou de usar (com muito prazer, já que sempre teve muito gosto por ensinar) foi se dedicar à noite e nos fins de semana a ensinar pessoas extremamente interessadas em aprender a usar o computador, primeiro em Manaus, sobretudo no Distrito Industrial e, mais adiante, em Manaquiri, Careiro, Careiro Castanha, Tefé, Alto Tefé, Parintins e tantas outras cidades, onde até hoje há pessoas que quando eventualmente cruzam com Jean, agradecem a porta que ele abriu para o incrível mundo novo.

Budista desde 2009, Jean acompanhou a inauguração do edifício do Cepeam, hoje Instituto Soka Amazônia. “Me lembro da trabalheira toda e da euforia que houve, com a expectativa de todas as coisas boas que eram prometidas e veem sendo cumpridas.”

O tão sonhado diploma

E por falar em euforia Jean lembra, quando viu surgir a concreta possibilidade de conseguir bolsa integral para o tão sonhado curso superior.

“Foi um salto na vida!” – lembra. Ele tinha se matriculado, antes, num curso de administração que foi uma desilusão. Mas em 2009 foi muito bem classificado no Enem e matriculou-se no curso de Engenharia Ambiental, que lhe pareceu (e à “filósofa” Elizangela) que era uma excelente oportunidade. O Brasil estava crescendo, novas indústrias se instalando, havia carência de profissionais dessa área e as empresas brasileiras chegavam a ir buscar engenheiros no Exterior.

Ele estava com 33 anos de idade, uma espécie de tiozinho da sua turma na Faculdade.

 “Meu trabalho prático, quando fazia o curso, acabou tendo a ver com o Cepeam” – conta Jean. Um trabalho para avaliar a origem dos resíduos sólidos, ou pra falar mais claro, lixo que se acumula nas margens do rio, por exemplo na praia do Instituto Soka Amazônia.  “Meus amigos achavam que eu estava louco por fazer pesquisa em alguns lugares tão isolados, que são considerados barra pesada na região.” Mas correu tudo bem, contar tudo o que aconteceu ali dava conversa para mais hora e meia, e o certo é que o estudo foi muito bem avaliado. “Com meu boné cor de laranja, o pessoal achava que eu era da área que cuida da coleta pública de lixo e se abria, sem qualquer apelação.”

Ele estava com 33 anos de idade, uma espécie de tiozinho da sua turma na faculdade

Graduado, no entanto, o exercício prático na profissão não chegou de imediato. Continuava dando aulas, mas sem um trabalho fixo, dava uma mão para Elisangela em seu bem-sucedido Café Regional. Hoje ele dá risada: engenheiro, professor, cozinheiro, garçom de um Café Regional…

Encontro na praia – recolhendo lixo

Foi nessa época o primeiro encontro (casual) com o presidente do Instituto Soka Amazônia, Edison Akira, que viu Jean tirando resíduos da beira do rio e puxou conversa, mera troca de trivialidades, que ficou por isso mesmo. Akira estava nos seus primeiros dias na Amazônia.

Mais aulas, mais trabalho, mais projetos independentes e finalmente em 2016 um novo encontro com o presidente do Instituto Soka Amazônia e o convite formal para uma atuação regular no Instituto.

Humaitá

De lá para cá continua sendo trabalho, trabalho e mais trabalho. Com verdadeira alegria, pois trabalhar é o que faz a felicidade de Jean. Um dos projetos em que se envolveu até a tampa foi o de Humaitá, um local que ficou conhecido pelos altos níveis de corte indiscriminado de árvores, garimpo ilegal, queimadas, choques com o Ibama, mas que tem uma população apaixonada pela cidade.

A economia da Humaitá baseia-se na produção de soja, arroz, pecuária. Conhecida como a “Terra da Mangaba”, em verdade a árvore-símbolo da cidade, mangaba, é típica não da Amazônia, mas do nordeste brasileiro.

“Quando fomos até lá, percebemos o muito que poderia ser feito, falamos das possiblidades de trabalho, mas fomos recebidos com certo descrédito pela maioria dos ouvintes. ‘Todos que veem aqui prometem mundos e fundos e nunca mais aparecem’. Hoje é muito bom ser recebido pelas mesmas pessoas que, ao contrário de antes, botam muita fé no trabalho que estamos fazendo” – lembra Jean sem esconder o orgulho que tem desse prestígio que desfruta o Instituto Soka Amazônia.

Homenagem à imprensa pelo seu papel na pandemia

Dia e noite, nas ruas, nos hospitais, nas redações, filmando, fotografando, fazendo perguntas, interrogando médicos, autoridades, pessoas que procuravam atendimento, os jornalistas foram sempre incansáveis na transmissão de informações e orientação do público a respeito do que acontecia em todas as partes durante a crise provocada pela pandemia do Covid 19.

Homenagem Dia do Meio Ambiente

Nunca houve hora ou dificuldade capaz de impedir a atuação desses profissionais incansáveis.

Sua atuação, por vezes mal compreendida, mereceu reconhecimento por parte do Instituto Soka Amazônia no Dia Universal do Meio Ambiente, data criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1972.

No dia 5 de junho (2020), para celebrar a data, uma equipe do Instituto Soka (Tais Tokusato, Rodrigo Izumi  e Pablo Caiña) visitou a sede da Fundação Rede Amazônica em Manaus onde foi plantada uma muda de Ipê que será para sempre símbolo da homenagem aos profissionais da imprensa pela sua atuação durante a pandemia.

A equipe do Instituto Soka foi recepcionada pela sra. Claudia Maria Daou Paixão, Diretora Presidente da FRAM (Fundação Rede Amazônica) e Elisandro Oliveira, diretor de jornalismo, e a eles foram entregues, ainda, outras 100 mudas de diversas espécies da flora amazônica para serem plantadas pelos próprios funcionários da Rede Amazônica.

Homenagem à imprensa pelo seu papel na pandemia

Dia e noite, nas ruas, nos hospitais, nas redações, filmando, fotografando, fazendo perguntas, interrogando médicos, autoridades, pessoas que procuravam atendimento, os jornalistas foram sempre incansáveis na transmissão de informações e orientação do público a respeito do que acontecia em todas as partes durante a crise provocada pela pandemia do Covid 19.

Homenagem Dia do Meio Ambiente

Nunca houve hora ou dificuldade capaz de impedir a atuação desses profissionais incansáveis.

Sua atuação, por vezes mal compreendida, mereceu reconhecimento por parte do Instituto Soka Amazônia no Dia Universal do Meio Ambiente, data criada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1972.

No dia 5 de junho (2020), para celebrar a data, uma equipe do Instituto Soka (Tais Tokusato, Rodrigo Izumi  e Pablo Caiña) visitou a sede da Fundação Rede Amazônica em Manaus onde foi plantada uma muda de Ipê que será para sempre símbolo da homenagem aos profissionais da imprensa pela sua atuação durante a pandemia.

A equipe do Instituto Soka foi recepcionada pela sra. Claudia Maria Daou Paixão, Diretora Presidente da FRAM (Fundação Rede Amazônica) e Elisandro Oliveira, diretor de jornalismo, e a eles foram entregues, ainda, outras 100 mudas de diversas espécies da flora amazônica para serem plantadas pelos próprios funcionários da Rede Amazônica.

A aventura de um dia na mata em busca de árvores e sementes

Um dia na Floresta Amazônica

A história de Rodrigo, o jovem engenheiro paranaense que morava no Japão com a família, conheceu o conceito Bom-Belo-Benefício, decidiu voltar sozinho ao Brasil, estudou e hoje faz parte das expedições que se embrenham na mata em busca de árvores-matrizes e sementes

O mundo dá muitas e muitas voltas e o caso do Rodrigo Yuiti Izumi comprova isso.

Engenheiro Ambiental, 33 anos de idade, ele hoje faz parte ativa (muito ativa) da equipe do Instituto Soka da Amazônia, e uma das suas funções é participar das expedições que entram floresta adentro em busca de sementes e árvores-matrizes.

Paulista de nascimento, mas criado no Paraná, quando adolescente foi com a família para o Japão em 2003 e tinha tudo para fazer lá a sua vida. Estudava, conseguia se comunicar bastante bem em japonês, vivia bem com a família, mais adiante começou a trabalhar, não ganhava mal, tinha tudo para não voltar ao Brasil.

Mas voltou.

Voltou até com uma decisão profissional assumida, alguma atividade relacionada a ambientalismo.

Contribuiu para essa tomada de decisão a leitura das publicações do Soka Gakkai que os pais recebiam em casa, onde leu, por exemplo e com interesse que acabou marcando para sempre a sua vida, o conceito “Belo, Benefício, Bom” de autoria do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Essa teoria, aplicada ao trabalho, é um excelente critério para a escolha de um bom emprego. O valor do belo significa encontrar um trabalho do qual a pessoa goste; o valor do benefício é conseguir um emprego que proporcione um salário com o qual ela possa se sustentar; e o e o valor do bem significa encontrar um emprego que ajude os outros e ao mesmo tempo contribua para a sociedade.

E foi com decisão tomada que desembarcou de volta no Paraná com uma poupança capaz de mantê-lo enquanto estudava: completar o estudo básico interrompido quando saiu do Brasil, um ano de preparatório e 4 anos na Universidade Federal do Paraná.

O curso, Engenharia Ambiental, não era exatamente o que tinha imaginado, em verdade um curso que não existia e não existe, para formação específica de um ambientalista.

“Aliás – conta Rodrigo – a decisão de estudar, foi a partir do choque com a realidade da maior parte dos meus amigos brasileiros da minha faixa etária, 19 anos em 2007, que, terminada a formação no ensino médio entrava no mercado de trabalho e ganhava um salário mínimo, um sexto do que eu ganhava no Japão”.

Conclusão: se quisesse encontrar o emprego dentro do critério Belo, Benefício, Bom, teria que estudar.

E foi o que fez.

Já formado, através de um amigo comum, conheceu o sr. Edison Akira, presidente do Instituto Soka da Amazônia e começou uma troca de e-mails, conferências pelo hangout e, em 2017, uma visita a Manaus. Em 2019, aberta pelo ISA uma seleção de profissionais, acabou sendo contratado e estava definida a carreira profissional do jovem engenheiro ambientalista paranaense.

Expedições: o que vem antes

Antes de uma expedição à mata para a coleta de sementes e identificação/cadastramento de árvores matrizes, todo o planejamento exposto em outra matéria neste espaço: estudo da genética das árvores, tipos de solos, potencial das espécies coletáveis, valores ambientais próprios de cada espécie e tudo o mais.

 As expedições

À beira da floresta como está o Instituto Soka da Amazônia, as expedições são realizadas normalmente em um dia de trabalho, um dia que começa muito cedo, pelas 5 da manhã e termina no mesmo dia, com o sol se pondo ou já noite fechada.

Os grupos são de 3 a 7 pessoas, cada um com sua própria função.

Um dia na Floresta Amazônica

Chegar cedo, mas, cuidado, não cedo demais

Numa dessas excursões, como Rodrigo conta, a maratona começou com pequeno percurso de carro, em seguida 25 quilômetros e duas horas de barco a motor rio a baixo pelo Rio Negro, troca de barco por uma canoa a remo, caminhadas, abertura de trilhas, todos os muitos cuidados tomados e chegada ao destino não muito cedo.

“Há animais, que afinal são os “donos” da floresta, e podem ser agressivos dependendo do horário em que os forasteiros aparecem” – diz Rodrigo.

As canoas são necessárias para ganhar tempo e atingir o mais rapidamente possível os locais de coleta das sementes. O rio por onde entravam na mata era muito sinuoso e o barqueiro do barco a motor seguiu adiante, dando voltas e voltas, para resgatar a expedição mais tarde, enquanto a equipe, graças aos atalhos, começou antes o trabalho que a trouxe para o meio da mata.

Tanta água, muita sede

O dia cheio de atividade, o trabalho só é interrompido para um lanche rápido – sanduiches que saíram prontos de Manaus.

“O problema de matar a fome não seria problema, sempre há algo pra se comer e, de qualquer forma ninguém chega a morrer por um dia de fome, mas passar sede é que é complicado” conta Rodrigo, a respeito de uma expedição em que a ração de água foi mal calculada e a sede apertou. “Mas os “mateiros” (espécie de guias naturais da região) não tiveram problema para cortar alguns cipós e tirar de dentro deles água fresquinha”.

O trabalho

As expedições normalmente têm duas etapas. A primeira de reconhecimento do local, entendimentos com pessoas que vivem nos povoados dentro da mata, localização de áreas com potenciais matrizes, preparação, enfim, para planejar a logística das expedições de coleta.

As sementes, dependendo das árvores, podem ser minúsculas, do tamanho de um grão de pimenta do reino, outras vezes bem grandes, do tamanho de um côco ou até maiores.

As caminhadas pelo meio da mata vão se tornando cansativas pois as sementes -às vezes pesadas, às vezes dentro de frutas que também pesam- vão enchendo as mochilas. Em meio a isso, ir identificando e marcando as árvores capazes de ser boas matrizes.

A árvore ideal é aquela que está no ponto ideal, dispersando suas sementes, prontas para serem colhidas ou simplesmente pegadas no solo.

“Muitas vezes é uma disputa com animais, cotias, por exemplo, que também querem as sementes para sua alimentação e nós temos que ser mais espertos e ágeis para não perder uma semente”.

Os habitantes da selva

A região não é habitada por índios, mas as expedições são sempre a locais em que há aldeias de habitantes com sua vida extremamente simples, que vivem ali rusticamente há anos a anos.

“O senhorzinho que nos guiou na expedição que contei, tem seus 60 e poucos anos. Nasceu ali, ele e sua ente sobrevivem com alguma coisa que plantam, com a pesca, com algumas idas eventuais à cidadezinha mais próxima pra comprar alguma coisa. Muitas vezes é praticado o chamado “escambo” em que troca o que colhe na mata, seja cultivado por ele -na maior parte das vezes macachera, (ou mandioca, ou aipim, dependendo de como se chame a raiz num lugar ou outro do país) , sejam frutos ou peixes por coisas como arroz, feijão, por exemplo” – conta Rodrigo.

Problemas práticos

Entre os objetivos das expedições é identificar e sinalizar as melhores árvores matrizes. Sinalizar com a fixação de uma placa com as características da matriz, sua localização determinada por GPS. Ao mesmo tempo, treinar os habitantes locais para colher as sementes, acondicioná-las e indicar de que árvore foi colhida simplesmente copiando os dizeres da placa e assim ter mais um produto para seu escambo. Problema: os “mateiros” não sabem ler. Uma das alternativas que estão em teste é fazer a identificação não por texto, mas por cores.

Planos pessoais

O ar de Rodrigo quando fala de si, de seu trabalho, de seus planos de vida, é um ar de pessoa de bem com a vida, que conseguiu encontrar o seu caminho dentro do conceito Bom, Belo, Benefício e, mais do que isso, sente que a Proposta de Paz que o mestre Ikeda sempre prega está sendo plenamente alcançada.

Se já voltou ao Japão? Sim, uma vez e não está fora de cogitação ir mais vezes, mas para ver a família, matar a saudade dos pais e da irmã e voltar.

“Minha vida é aqui” -diz.

A aventura de um dia na mata em busca de árvores e sementes

Um dia na Floresta Amazônica

A história de Rodrigo, o jovem engenheiro paranaense que morava no Japão com a família, conheceu o conceito Bom-Belo-Benefício, decidiu voltar sozinho ao Brasil, estudou e hoje faz parte das expedições que se embrenham na mata em busca de árvores-matrizes e sementes

O mundo dá muitas e muitas voltas e o caso do Rodrigo Yuiti Izumi comprova isso.

Engenheiro Ambiental, 33 anos de idade, ele hoje faz parte ativa (muito ativa) da equipe do Instituto Soka da Amazônia, e uma das suas funções é participar das expedições que entram floresta adentro em busca de sementes e árvores-matrizes.

Paulista de nascimento, mas criado no Paraná, quando adolescente foi com a família para o Japão em 2003 e tinha tudo para fazer lá a sua vida. Estudava, conseguia se comunicar bastante bem em japonês, vivia bem com a família, mais adiante começou a trabalhar, não ganhava mal, tinha tudo para não voltar ao Brasil.

Mas voltou.

Voltou até com uma decisão profissional assumida, alguma atividade relacionada a ambientalismo.

Contribuiu para essa tomada de decisão a leitura das publicações do Soka Gakkai que os pais recebiam em casa, onde leu, por exemplo e com interesse que acabou marcando para sempre a sua vida, o conceito “Belo, Benefício, Bom” de autoria do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Essa teoria, aplicada ao trabalho, é um excelente critério para a escolha de um bom emprego. O valor do belo significa encontrar um trabalho do qual a pessoa goste; o valor do benefício é conseguir um emprego que proporcione um salário com o qual ela possa se sustentar; e o e o valor do bem significa encontrar um emprego que ajude os outros e ao mesmo tempo contribua para a sociedade.

E foi com decisão tomada que desembarcou de volta no Paraná com uma poupança capaz de mantê-lo enquanto estudava: completar o estudo básico interrompido quando saiu do Brasil, um ano de preparatório e 4 anos na Universidade Federal do Paraná.

O curso, Engenharia Ambiental, não era exatamente o que tinha imaginado, em verdade um curso que não existia e não existe, para formação específica de um ambientalista.

“Aliás – conta Rodrigo – a decisão de estudar, foi a partir do choque com a realidade da maior parte dos meus amigos brasileiros da minha faixa etária, 19 anos em 2007, que, terminada a formação no ensino médio entrava no mercado de trabalho e ganhava um salário mínimo, um sexto do que eu ganhava no Japão”.

Conclusão: se quisesse encontrar o emprego dentro do critério Belo, Benefício, Bom, teria que estudar.

E foi o que fez.

Já formado, através de um amigo comum, conheceu o sr. Edison Akira, presidente do Instituto Soka da Amazônia e começou uma troca de e-mails, conferências pelo hangout e, em 2017, uma visita a Manaus. Em 2019, aberta pelo ISA uma seleção de profissionais, acabou sendo contratado e estava definida a carreira profissional do jovem engenheiro ambientalista paranaense.

Expedições: o que vem antes

Antes de uma expedição à mata para a coleta de sementes e identificação/cadastramento de árvores matrizes, todo o planejamento exposto em outra matéria neste espaço: estudo da genética das árvores, tipos de solos, potencial das espécies coletáveis, valores ambientais próprios de cada espécie e tudo o mais.

 As expedições

À beira da floresta como está o Instituto Soka da Amazônia, as expedições são realizadas normalmente em um dia de trabalho, um dia que começa muito cedo, pelas 5 da manhã e termina no mesmo dia, com o sol se pondo ou já noite fechada.

Os grupos são de 3 a 7 pessoas, cada um com sua própria função.

Um dia na Floresta Amazônica

Chegar cedo, mas, cuidado, não cedo demais

Numa dessas excursões, como Rodrigo conta, a maratona começou com pequeno percurso de carro, em seguida 25 quilômetros e duas horas de barco a motor rio a baixo pelo Rio Negro, troca de barco por uma canoa a remo, caminhadas, abertura de trilhas, todos os muitos cuidados tomados e chegada ao destino não muito cedo.

“Há animais, que afinal são os “donos” da floresta, e podem ser agressivos dependendo do horário em que os forasteiros aparecem”

– diz Rodrigo.

As canoas são necessárias para ganhar tempo e atingir o mais rapidamente possível os locais de coleta das sementes. O rio por onde entravam na mata era muito sinuoso e o barqueiro do barco a motor seguiu adiante, dando voltas e voltas, para resgatar a expedição mais tarde, enquanto a equipe, graças aos atalhos, começou antes o trabalho que a trouxe para o meio da mata.

Tanta água, muita sede

O dia cheio de atividade, o trabalho só é interrompido para um lanche rápido – sanduiches que saíram prontos de Manaus.

“O problema de matar a fome não seria problema, sempre há algo pra se comer e, de qualquer forma ninguém chega a morrer por um dia de fome, mas passar sede é que é complicado” conta Rodrigo, a respeito de uma expedição em que a ração de água foi mal calculada e a sede apertou. “Mas os “mateiros” (espécie de guias naturais da região) não tiveram problema para cortar alguns cipós e tirar de dentro deles água fresquinha”.

O trabalho

As expedições normalmente têm duas etapas. A primeira de reconhecimento do local, entendimentos com pessoas que vivem nos povoados dentro da mata, localização de áreas com potenciais matrizes, preparação, enfim, para planejar a logística das expedições de coleta.

As sementes, dependendo das árvores, podem ser minúsculas, do tamanho de um grão de pimenta do reino, outras vezes bem grandes, do tamanho de um côco ou até maiores.

As caminhadas pelo meio da mata vão se tornando cansativas pois as sementes -às vezes pesadas, às vezes dentro de frutas que também pesam- vão enchendo as mochilas. Em meio a isso, ir identificando e marcando as árvores capazes de ser boas matrizes.

A árvore ideal é aquela que está no ponto ideal, dispersando suas sementes, prontas para serem colhidas ou simplesmente pegadas no solo.

“Muitas vezes é uma disputa com animais, cotias, por exemplo, que também querem as sementes para sua alimentação e nós temos que ser mais espertos e ágeis para não perder uma semente”.

Os habitantes da selva

A região não é habitada por índios, mas as expedições são sempre a locais em que há aldeias de habitantes com sua vida extremamente simples, que vivem ali rusticamente há anos a anos.

“O senhorzinho que nos guiou na expedição que contei, tem seus 60 e poucos anos. Nasceu ali, ele e sua ente sobrevivem com alguma coisa que plantam, com a pesca, com algumas idas eventuais à cidadezinha mais próxima pra comprar alguma coisa. Muitas vezes é praticado o chamado “escambo” em que troca o que colhe na mata, seja cultivado por ele -na maior parte das vezes macachera, (ou mandioca, ou aipim, dependendo de como se chame a raiz num lugar ou outro do país) , sejam frutos ou peixes por coisas como arroz, feijão, por exemplo” – conta Rodrigo.

Problemas práticos

Entre os objetivos das expedições é identificar e sinalizar as melhores árvores matrizes. Sinalizar com a fixação de uma placa com as características da matriz, sua localização determinada por GPS. Ao mesmo tempo, treinar os habitantes locais para colher as sementes, acondicioná-las e indicar de que árvore foi colhida simplesmente copiando os dizeres da placa e assim ter mais um produto para seu escambo. Problema: os “mateiros” não sabem ler. Uma das alternativas que estão em teste é fazer a identificação não por texto, mas por cores.

Planos pessoais

O ar de Rodrigo quando fala de si, de seu trabalho, de seus planos de vida, é um ar de pessoa de bem com a vida, que conseguiu encontrar o seu caminho dentro do conceito Bom, Belo, Benefício e, mais do que isso, sente que a Proposta de Paz que o mestre Ikeda sempre prega está sendo plenamente alcançada.

Se já voltou ao Japão? Sim, uma vez e não está fora de cogitação ir mais vezes, mas para ver a família, matar a saudade dos pais e da irmã e voltar.

“Minha vida é aqui” -diz.

Nos dias de pandemia

Pandemia Amazonia

Durante o período de pandemia (Covid 19), os serviços de manutenção da Reserva, coleta, beneficiamento e repicagem continuaram sendo executados com os cuidados recomendados para essa atividade.

Pandemia Amazonia

Devido às restrições de mobilidade, todas as sementes coletadas nesse período foram coletadas na própria RPPN. Novas sementes foram catalogadas, proporcionando maior capacidade de diversidade biológica.

Pelo menos 3.000 mudas – algumas incluídas entre as que fazem parte da lista de estado de vulnerabilidade (IUCN) – foram plantadas em novo espaço com capacidade ampliada e maior diversificação de espécies. 

A implementação de medidas no controle dos resíduos florestais garantiu uma produção sustentável de matéria orgânica tão necessária à produção de mudas.

Nos dias de pandemia

Pandemia Amazonia

Durante o período de pandemia (Covid 19), os serviços de manutenção da Reserva, coleta, beneficiamento e repicagem continuaram sendo executados com os cuidados recomendados para essa atividade.

Pandemia Amazonia

Devido às restrições de mobilidade, todas as sementes coletadas nesse período foram coletadas na própria RPPN. Novas sementes foram catalogadas, proporcionando maior capacidade de diversidade biológica.

Pelo menos 3.000 mudas – algumas incluídas entre as que fazem parte da lista de estado de vulnerabilidade (IUCN) – foram plantadas em novo espaço com capacidade ampliada e maior diversificação de espécies. 

A implementação de medidas no controle dos resíduos florestais garantiu uma produção sustentável de matéria orgânica tão necessária à produção de mudas.

Amazônia sem antagonismos

Edison Akira Sato (*)

A Região amazônica provoca sempre sentimentos extremos.

Discussões e mais discussões em todas as partes do mundo.

Quase sempre acaloradas, cheias de paixão, às vezes com exageros, nem sempre com todo o bom senso, lucidez, equilíbrio, serenidade que seriam desejáveis.

Numa disputa entre antagônicos há, de um lado os que anteveem risco iminente de devastação incontrolável e de outro os que advogam o uso sem limites do solo e de suas riquezas em nome do suposto desenvolvimento do país. 

Opiniões expostas de forma exacerbada em que predomina mais a emoção, menos a razão.

Exageros à parte, o Instituto Soka Amazônia está convicto de que, sim, há cuidados que poderiam, mas nem sempre são tomados, da mesma forma que há pessoas, entidades, órgãos públicos e privados que se dedicam diuturnamente às causas da região. Sua atividade incansável leva à certeza de que a Amazônia, embora ameaçada, é e continuará sendo aquilo que sempre foi, cheia de vida. 

Por nos sentirmos cada vez mais integrados com esta parte tão especial do planeta, procuramos compreender os seus problemas e participar das mais diferentes campanhas que apontem para soluções de seus problemas.  

No início de fevereiro, por exemplo, recebemos aqui em nossa sede a Diretora do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, senhora Mariana Maia Lopes que veio abordar conosco uma ação ambiental proposta pelo Ministério e que teve, de pronto, nosso apoio, uma ação que aconteceu no Encontro das Águas e na praia da RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural), onde foram coletados resíduos na beira do rio e na praia, projeto que busca ao menos minorar o sério problema do lixo urbano de Manaus.

O apoio a causas como essa está no DNA do Instituto Soka Amazônia.

Seja por opção, seja por vocação, esse sentido foi dado pelo nosso fundador, uma direção com que concordamos e nos motiva a levar nossos projetos à frente. 

(*) Presidente do Instituto Soka Amazônia