Observação de aves:  conhecimento e proteção da biodiversidade nas Reservas da Biosfera

Instituto Soka Amazônia participa do Global Big Day com ação dedicada à Reserva da Biosfera Amazônia Central

 
por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia 

Na mesma semana em que se comemora o Dia das Árvores Migratórias (13 de maio) foi realizado o Global Big Day, jornada  mundial de observação de aves. Em 24 horas, pessoas de todas as idades observaram e registraram aves que avistaram em suas cidades, contribuindo assim para ampliar o conhecimento sobre a variedade de espécies nas várias regiões do Planeta.

A iniciativa, criada em 2002 pela Universidade Cornell, incentiva a população a conhecer mais sobre a biodiversidade de sua localidade. Como prática de Ciência Cidadã as jornadas de observação estimulam o envolvimento e engajamento dos participantes na preservação da biodiversidade.

O Instituto Soka Amazônia, dentro da parceria com a Universidade do Estado do Amazonas, recebe jornadas de observação de aves organizadas pelo Vem Passarinhar Manaus na  Reserva de Patrimônio Natural RPPN Dr. Daisaku Ikeda,  que tornou-se pontos de observação de aves registrado na plataforma e-Bird.

Com  participação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Instituto Soka Amazônia, Museu do Amazonas (MUSA), Instituto Mamirauá, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e grupo Vem Passarinhar Manaus, o  Global big Day irá potencializar, neste ano, os registros de espécies da avifauna avistadas na Reserva da Biosfera da Amazônia Central, com apoio da UNESCO.

As aves visualizadas no dia  serão registradas na plataforma e-Bird, contribuindo para ampliar conhecimento de espécies com incidência na Amazônia Central. Dados como esses são de relevância para estudos sobre comportamento de espécies,  efeitos das mudanças climáticas e impacto da poluição sobre biodiversidade.

Foto: Erika Hingst-Zaher (cedida pelo pesquisador). Jornal da USP

É o caso da andorinha azul (Progne subis) – ave migratória que se descola  dos Estados Unidos e Canadá  para a Amazônia  – cuja pesquisa do biólogo Jonathan Maycol Branco, do Instituto de Biociência da USP, apontou  diminuição da população em  decorrência de contaminação por mercúrio na Amazônia. De acordo com o biólogo, o mercúrio detectado nas penas das aves afeta diretamente a capacidade da espécie de se deslocar em vôos em grandes distâncias. Para o especialista, é algo realmente preocupante em se tratando de aves migratórias pois elas necessitam ter grandes reservas de gordura, sua unica fonte de energia durante o processo migratório.    

Reservas da Biosfera união para preservação

Otimizar a convivência homem-natureza é um dos focos das ações propostas para as Reservas da Biosfera, conceito criado pela Unesco na década de 1970.

Na prática é uma área designada que favoreça a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das florestas tropicais, desertificação,  a poluição atmosférica, o efeito estufa e tantos outros. Atualmente, existem 738 Reservas da Biosfera classificadas em 134 países. O Brasil contempla sete: Mata Atlântica, Cinturão Verde de São Paulo, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Serra do Espinhaço e Amazônia Central, criada em 2001.

Fonte: ReservasdaBiosfera.org

O Instituto Soka Amazônia contribui significativamente para a Reserva da Biosfera Amazônia Central, com ações de apoio a pesquisas científicas, educação socioambiental e conservação da biodiversidade, promovendo a coexistência harmônica entre homem e natureza

Benefício às pessoas, biodiversidade e à Ciência

A prática de observação de aves traz diversos benefícios à saúde de seus praticantes; Ouvir a vocalização de pássaros, por exemplo, pode trazer ganhos para a saúde mental, diminuindo o estresse e ajudando em casos depressivos, como demonstrou pesquisa divulgada em 2022 pelo Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College Londres. Segundo o estudo os efeitos podem durar  por até oito horas.  Embora novas pesquisas devam distinguir esses efeitos considerando sons gravadas ou reais, outros estudos apontaram benefícios para a saúde integral por caminhadas e permanências em áreas verdes ou florestais. Para o experiente observador de aves da Amazônia, Pedro Nassar, as jornadas de observação de aves promovidas pelo Vem Passarinhar Manaus e o Global Big Day traduzem bem esses ganhos:  ” são oportunidades excelentes par se integrar a grupos de pessoas apaixonadas pela natureza. É um estilo de vida saudável e de quebra a gente contribui para a ciência”. A bióloga e co-fundadora do Vem Passarinhar Manaus, Bruna Kathlen da Silva, considera gratificante práticas de Ciência Cidadã como essas: “É muito especial ver pessoas de todas idades admirar as aves e entender a importância delas e, principalmente, como podemos protegê-las e ao meio ambiente para continuarmos existindo”.

Fontes:
Unesco e a Rede Brasileira de Reservas da Biosfera
Jornal da USP : Contaminação de mercúrio da Amazônia em aves migratórias
Ver ou ouvir pássaros melhora a saúde mental

 

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Incêndios florestais, uma ameaça para todos

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia

Havaí, Canadá, Grécia, Austrália e muitas outras regiões do mundo vêm enfrentando incêndios florestais de grandes proporções nos últimos meses. Essa triste realidade noticiada diariamente confirma os alertas de estudos sobre o crescimento da ocorrência de incêndios florestais, por conta das mudanças climáticas e do uso da terra.

Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado em 2022, sinaliza que, se nada for feito, haverá um aumento global de incêndios extremos na ordem de 14% até 2030; 30% até o final de 2050; e 50% até o final do século.

Além de vitimar diretamente várias vidas humanas e a biodiversidade, essas tragédias ambientais provocam impactos globais, afetando inclusive quem está a quilômetros de distância de florestas.

A origem dos incêndios pode ser, ocasionalmente, por fenômenos naturais, como raios e vulcões, mas, na grande maioria das vezes, é a ação humana a causa das ocorrências, o que poderia ser evitável.

Realidade amazônica

No Brasil, foram detectados por satélite 58.670 focos de incêndio entre os dias 1º de janeiro e 23 de agosto deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O bioma mais afetado é a Amazônia com 45,2%, seguido pelo Cerrado (39%) e a Mata Atlântica (9%). Os municípios que mais registraram focos de queimadas, neste período, foram, respectivamente, Altamira, no Pará, e Apuí, no Amazonas.

Para a engenheira ambiental Alana Rosas, Supervisora Ambiental no Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), os focos de incêndios registrados na região amazônica são decorrentes, principalmente, da prática de queimadas para fins de atividade agropecuária ou invasões em áreas rurais e urbanas. Além de criminosas, tais ações demonstram falta de visão de longo prazo, na avaliação da especialista.

A mudança na forma de uso da terra, segundo Alana, pode contribuir para evitar crimes ambientais na Amazônia se for considerada a vocação econômica da região, pautada na sustentabilidade e nos principais ativos relacionados à preservação da biodiversidade.

A especialista exemplifica como é possível preservar 80% da área florestal de uma propriedade e ainda ser produtivo nos 20% restantes:

“De acordo com a Lei 12.651/2012, todo imóvel rural deve manter uma área com cobertura de vegetação nativa, denominada Reserva Legal. Essa área, localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, terá a função de garantir o uso econômico dos recursos naturais do imóvel rural de forma sustentável, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos, promover a conservação da biodiversidade, bem como abrigar e proteger a fauna silvestre e a flora nativa”.

Importante saber que a dimensão mínima dessa área, em termos percentuais relativos à área do imóvel, dependerá de sua localização. “É possível implementar modelos produtivos mais sustentáveis e ecologicamente viáveis, como o modelo agroflorestal, nessas áreas”, sugere.

Em resumo, a mudança na visão sobre o uso da terra ajuda a evitar a principal causa de incêndios florestais no território amazônico.

Outro fator associado à propagação dos incêndios é o clima seco e as temperaturas elevadas, combinados com a diminuição das chuvas e a ação dos ventos, que ampliam a propagação das chamas.

Por essa razão, é necessário que todos se conscientizem sobre a gravidade dessa tragédia ambiental e como evitá-la. Veja como:

Danos das queimadas ao Meio Ambiente e à população

  • Destruição Ambiental e dos Biomas: A perda significativa de biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora, desencadeia desequilíbrios ambientais, empobrece o solo e acelera processos de desertificação.
  • Chuva Ácida: A fumaça e a emissão de gases poluentes afetam a saúde humana em várias regiões, podendo ter impactos na produção agrícola devido à chuva ácida resultante.
  • Saúde Humana: O contato com gases e fumaças resultantes provoca um aumento de doenças respiratórias como rinites, asmas, sinusites, bronquites e alergias.
  • Prejuízos Econômicos: Há riscos de acidentes e perdas patrimoniais decorrentes dos incêndios.
  • Risco à Navegação e Aviação: A fumaça prejudica a visibilidade, afetando o tráfego de veículos e aeronaves.
  • Agravamento do Aquecimento Global e Efeito Estufa: A destruição das florestas impacta nas nascentes e influencia os ciclos das chuvas, contribuindo para o aumento do nível dos oceanos e o derretimento das calotas polares.

Como ajudar a evitar Incêndios Florestais

  • Denuncie Incêndios: Ao identificar um foco de incêndio, comunique imediatamente os órgãos competentes, como os bombeiros, a polícia ambiental e os órgãos de proteção ambiental do estado e município.
  • Evite as Causas: Não solte balões e evite descartar cigarros ou materiais em chamas próximo a áreas florestais, pastagens e estradas.
  • Controle Fogueiras: Evite acender9 fogueiras em áreas de acampamentos ou próximas à vegetação para evitar o alastramento das chamas.
  • Descarte Consciente: Não queime móveis ou lixo, além de ser prejudicial à saúde, as fagulhas podem ser carregadas pelo vento e causar incêndios em outras regiões.
  • Lembre-se de que a prevenção e a ação consciente são fundamentais para proteger nosso meio ambiente e garantir a segurança de todos.

O Instituto Soka Amazônia trabalha em seus projetos para ampliar a sensibilização e conscientização para preservar o meio ambiente.

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Inicia a florada de ipê amarelo na Amazônia

Quem visita a sede do  Instituto Soka Amazônia é presenteado pela exuberante beleza da biodiversidade da Reserva de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda (RPPN Dr. Daisaku Ikeda).

Neste final de julho, é possivel avistar também uma grata presença na paisagem: a florada do ipê amarelo.

Considerada a flor oficial do Brasil, o ipê amarelo desabrocha em várias cidades brasileiras, podendo se assim chamada as árvores de diferentes gêneros (Handroanthus, Tabebuia e Tecoma) de uma mesma família botânica (Bignoniaceae).

Na Amazônia é comum a presença da espécie Tabebuia aurea que pode chegar a 12 e 20 metros. Sua florada ocorre, normalmente, entre julho e setembro, quando há menor incidência de chuva. Se o período chuvoso for curto, a florada se antecipa; se as chuvas se estenderem por mais tempo, a floração é retardada, como explica o professor Felipe Fajardo, doutor em botânica e docente na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Breve espetáculo em benefício da  biodiversidade

O nome ipê é de origem tupi e significa “árvore cascuda”.

A beleza da flor é marcante pelo cor intensa, mas também efêmera, durando poucos dias. Seguindo o ciclo natural, após o período de floração, a árvore perde as folhas e frutifica. Neste momento as sementes “aladas” entram em ação e são carregadas pelo vento, especialmente no verão.

O curto tempo de florescimento é resultado de uma sabedoria natural da espécie. Para concretizar a sua propagação, a planta floresce rápido provocando a dispersão de sementes no período com menos chuvas. Ao fim do período da florada e frutificação, a planta encerra o ciclo e aguarda o período de chuvas, investindo em seu crescimento e manutenção.

O tom intenso de amarelo das flores atrai vários visitantes, como beija-flores, abelhas e outros polinizadores, essenciais na manutenção dos ecossistemas.

Fonte: site UFRA. É tempo de florada: Ipês colorem parques e avenidas

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RPPN Dr. Daisaku Ikeda: história de preservação da biodiversidade

por Monica Kimura, em colaboração para o Instituto Soka Amazônia

O dia 12 de julho marca a oficialização da Reserva Particular de Patrimônio Natural, hoje denominada RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

A Unidade de Conservação (UC), localizada em frente ao Encontro das Águas, em Manaus, chamou-se inicialmente Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Nazaré das Lajes, passando a receber o nome do fundador do Instituto Soka Amazônia, por uma homenagem do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Como destacou, à época,  o então diretor de Criação e Manejo e Unidades de Conservação do ICMBio, Luiz Felipe Lima de Souza, o nome da RPPN é um reconhecimento aos tenazes esforços do pacifista em prol do meio ambiente.

“Quando Ikeda falou da relação entre cultura de paz e meio ambiente no ano de 1995, sendo realmente um visionário, teve a grandeza de criar uma reserva natural em um dos biomas mais importantes do globo”.

O Instituto Soka Amazônia, criado por Ikeda, realiza a gestão da RPPN e promove a visão de relação mais harmônica entre ser humano e meio ambiente, em programas de conservação da biodiversidade, apoio à pesquisa científica e educação socioambiental.

A importância da RPPN Dr. Daisaku Ikeda para ecologia da região

Quando foi criada a RPPN, no início da década de 1990, a área de 52 hectares era um terreno totalmente degradado onde havia ruínas de a antiga olaria e vegetação rasteira e de pequeno porte, num solo precário, como relembra o biólogo e doutor em Ciência do Sistema Terrestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Diego Oliveira Brandão.

“É surpreendente e singular conhecer as origens dessa RPPN, pois quem a visita hoje só enxerga uma densa e bela  floresta regenerada  que hoje compõe a Reserva”, conta.

Diego reitera sobre alguns pontos que tornam a RPPN Dr. Daisaku Ikeda ainda mais relevante dentro de um contexto macro. “A primeira é a presença na Amazônia, pois a Região Norte tem o menor número de RPPN do país, , conforme dados do ICMBio”, explicou.

Outro ponto é a sua localização em frente ao Encontro das Águas. Não somente pelo visual espetacular, mas pela biodiversidade que abriga. “Foi uma decisão inteligente e providencial do fundador do Instituto Soka quando, apesar da degradação aparente no momento da decisão, visualizou o potencial existente”, elucidou.

Hoje a cobertura vegetal da Reserva é de tal exuberância que dezenas de pesquisadores da vida natural já passaram por lá e relatam que é um ambiente propício para a realização de estudos científicos.

RPPN em benefício da biodiversidade e do clima

As RPPNs são Unidades de Conservação essenciais para a biodiversidade, porque servem de habitat para as espécies nativas conhecidas e ainda desconhecidas esperando para serem catalogadas. Toda RPPN é uma Unidade de Conservação privada de Uso Sustentável.

Diego explica que, embora as RPPNs representem ainda um número pouco expressivo (cerca de 1% de todo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, os outros 99% são outras formas de Unidades de Conservação de domínio público e alguns privados), sua relevância extrapola os números, “pois cada RPPN tem o objetivo de conservar a  biodiversidade e sua existência garante a sobrevivência de muitas espécies, inclusive as ameaçadas de extinção”.

“Cada RPPN é um banco genético único. Funciona como uma provedora de alimentos e habitat às espécies nativas – fauna e flora silvestre – proporcionando serviços ecossistêmicos importantes, como frutos, polinização e proteção do solo”, explicou Diego.

Outro ponto levantado pelo biólogo é a relevância dessas UCs para o clima regional e global. O ciclo hidrológico de cada região Amazônica depende da reciclagem da água que a floresta executa. E atua também como estoque de carbono na superfície terrestre, como nas folhas, nos troncos, nas populações de fungos e  raízes, por exemplo. “Em vez desse carbono estar solto na atmosfera como dióxido de carbono, que é um gás intensificador do efeito estufa que aquece o planeta”, completa Diego.

Apesar da relevante contribuição das RPPNs para a biodiversidade e o clima do planeta Terra, Diego faz um alerta: mesmo com todo poder de regeneração da natureza, estudos indicam que há um limite associado ao desmatamento e às mudanças climáticas globais.

“A combinação entre 25% de desmatamento e aquecimento global de 2,5°C pode mudar o clima da região permanentemente, com alta perda de biodiversidade.E estamos perto desse limite, pois o desmatamento está próximo de 20% e o aquecimento global já ultrapassou 1,15°C.”, disse com preocupação. Só para se ter uma ideia: de 2001 a 2018, a média de desmatamento foi de 17 mil km2 ao ano em toda Amazônia. “Para ficar claro uma comparação básica: a área do Distrito Federal é de 5,7 mil km2, portanto, foi desmatada anualmente mais de três vezes a área total do Distrito Federal”, finalizou o biólogo.

RPPNs m números

Infelizmente, embora abrigue a maior parte da maior floresta tropical biodiversa do planeta, a Região Norte brasileira é a que tem a menor quantidade de RPPNs. Por exemplo, o estado do Amazonas possui somente 14 reservas particulares atualmente.

Em todo território nacional há 1567 RPPNs que, juntas perfazem um total de 890 mil hectares. Os estados campeões são: Minas Gerais (350), Paraná (282) e Bahia (157); seguidos por Rio de Janeiro (152), São Paulo (99) e Santa Catarina (84). O bioma com mais unidades é a Mata Atlântica, seguido pelo Cerrado e pela Caatinga.

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Biodiversidade amazônica: Camucamu, a rainha da vitamina C

Essa árvore é uma prova viva de que a floresta tem ainda muito o que oferecer à humanidade e a cada exemplar abatido é uma perda irreparável para o meio ambiente

Ela ocorre em muitas áreas da Amazônia em sua forma silvestre, mas devido suas propriedades medicinais, no Brasil vem sendo cultivada principalmente no Pará, em algumas fazendas de São Paulo, nos municípios de Mirandópolis e Iguape. Ainda pouco conhecido no Brasil, o destino da produção são os grandes apreciadores do fruto no exterior, como: Japão, EUA e a União Europeia. Atualmente, o Peru é o grande produtor e exportador do camu camu.

Porém, a América Tropical, o Brasil possui a maior diversidade de espécies do gênero Myrtaceae. A planta é encontrada abundante nos estados do Amapá, Marachão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantis. O primeiro registro data de 1902, quando da expedição do botânico austro-húngaro, Adolfo Ducke, à Amazônia.

Conhecida também por outros nomes – caçari, araçá-d’água, araçá-de-igapó, sarão, azedinha – o camucamuzeiro é um arbusto ou pequena árvore, podendo atingir de 3m a 6m de altura, pertencente à família Myrtaceae, ainda não totalmente domesticada e se dispersa em praticamente toda a região Amazônia. Embora seja um fruto de alto valor nutritivo os povos da floresta parecem não apreciá-lo como alimento, preferindo utilizá-lo como isca para pesca ou, eventualmente, como tira-gosto. O peixe, por sua vez, alimenta-se do camu camu e é o principal dispersor das sementes. A polinização é feita principalmente por abelhas, embora o vento também contrinua significamente no processo. As flores exalam um aroma doce e agradável, devido isso o néctar é bastante apreciado pelas abelhas nativas (Melipona fuscopilara e Trigona portica).

Sua preferência são as margens de rios e lagos, os exemplares silvestres chegam a permanecer por 4 a 5 meses submersos durante os períodos de cheia. O camu camu amadurece entre novembro e março e praticamente ao longo de todo o ano a árvore brinda os olhos com suas flores, principalmente entre abril e junho.

São largamente conhecidos os benefícios da vitamina C para o bom funcionamento do sistema imunológico do organismo. Além disse é um importante antioxidante, que participa em várias reações metabólicas no organismo, como o metabolismo de ácido fólico, fenilalanina, tirosina, ferro, histamina, metabolismo de carboidratos, lipídios, proteínas e carnitina. Esta vitamina é também muito importante na síntese de colágeno, razão pela qual está muitas vezes presente nos suplementos de colágeno. O colágeno é essencial para a manutenção da pele, mucosas, ossos, dentes e preservação da integridade dos vasos sanguíneos.

Desde de 1980, o INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, vem estudando o camucamuzeiro figurando em sua lista de prioridades, por considerá-la de grande potencial nutritivo, entre os frutos nativos da região. O objetivo é oferecer formas alternativas de melhorar a dieta da população local, mas também a geração de divisas. Para se ter uma ideia mais clara de seu potencial nutritivo, a concentração de vitamina C do camu camu é aproximadamente 13 vezes maior que aquela encontrada no caju, 20 vezes maior que na acerola, 100 vezes maior que no limão, podendo conter 5 g da vitamina em cada 100 g de polpa.

By Agroforum Perú – http://www.agroforum.pe/agro-noticias/attachments/11564d1471060316-camu-camu-peru-vitamina-c.jpg/, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=54372736

E mais: na comparação com a laranja, o camu camu contém 10 vezes mais ferro e 50% mais fósforo. Devido o elevado teor de ácido ascórbico é considerado um poderoso antioxidante e coadjuvante na eliminação de radicais livres, proporcionando retardamento no envelhecimento. Ou seja: são muitas as razões para estudar, cultivar e promover seu consumo.

Desafios

Por todos os motivos acima listados, os pesquisadores concordam que se trata de uma espécie de imenso potencial para exploração comercial. Os desafios a serem vencidos tem a ver com a falta de variedades ou clones indicados para condição de cultivo em área de terra firme.

Nesse sentido, a Embrapa da Amazônia Oriental vem se debruçando sobre a questão do melhoramento genético da espécie desde 2008, promovendo a seleção de genótipos para o caráter de produção de frutos no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) do Camucamuzeiro. Foi assim que os melhores materiais obtidos foram clonados e estão em fase de avaliação em área de terra firme.

A partir de plantas sadias e de alta produção com frutos de tamanho apropriado, faz-se a coleta das sementes. A extração dos frutos é feito por meio da coleta de frutos com o mesmo estágio de maturação que deve garantir uma maior uniformidade no processo de germinação.

O camucamuzeiro começa a produzir após 3 anos de seu posicionamento em campo. Os frutos têm formato globoso arredondado, com diâmetro de 10mm a 32 mm, de coloração vermelha ou rósea e roxo escuro no estágio final de maturação e pesa cerca de 8g. De elevada acidez, dificilmente são consumidos in natura, sendo bastante apreciados em preparações, como refrescos, sorvetes, geleias, doces, licores, ou para conferir sabor a tortas e sobremesas. É, portanto, mais uma das espécies amazônicas potencialmente das mais viáveis economicamente por contribuir significativamente para o bem estar e a saúde humana.

Fontes:

http://portal.inpa.gov.br/cpca/areas/camu-camu.html?#:~:text=O%20camu%2Dcamu%2C%20ca%C3%A7ari%2C,lagos%2C%20geralmente%20de%20%C3%A1gua%20preta

https://www.todafruta.com.br/camu-camu/  https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/175155/1/COLECAO-PLANTAR-A-cultura-do-camu-camu-2012.pdf

Semana do Meio Ambiente: Melhores Momentos

Com o tema Consciência e Ação: Reconectar à vida, Cuidar do Planeta, Instituto Soka Amazônia promoveu série de eventos visando sensibilizar a sociedade para proteção do meio ambiente

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia

O mês de junho começou com várias ações de estímulo ao engajamento da sociedade para a necessária proteção do meio ambiente, diante dos desafios enfrentados em escala local e global.

Na cidade de Manaus, a equipe do Instituto Soka Amazônia teve oportunidades de levar à população conhecimento e experiências visando reconectar as pessoas à natureza e inspirá-las para ações no dia-a-dia.

No dia 1º de junho, a convite da Secretaria Municipal de Educação de Manaus, a coordenadora da Divisão de Pesquisas Científicas do Instituto, Tamy Kobashikawa, proferiu palestra para educadores e alunos da rede municipal sobre o que é e como aplicar Carta da Terra.

A poucos metros dali, no Ocas do Conhecimento Socioambiental,  espaço voltado à provocar a interação da população com as questões ambientais, voluntarios e equipe de Educação Socioambiental do Instituto Soka Amazônia realizaram ação educativa com workshop da bióloga e  pesquisadora Iris Andrade, sobre importância das abelhas nativas para o ecossistema.

Com o intuito de apoiar ações de ESG de empresas, a equipe de Proteção a Natureza do Instituto realizou palestra de sensibilização e plantio de árvores nativas com os colaboradores da empresa de energia Breitener.

PORTAS ABERTAS

Mas, foi no dia 3 de junho a abertura oficial da Semana do Meio Ambiente, com o tema Consciência e Ação: Reconectar à vida, Cuidar do Planeta, que promoveu atividades e vivências estimuladoras para reconexão, afeição e proteção da natureza.

Foram dez horas de programação na Reserva Particular de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda, como trilhas educativas, caminhadas com observação de pássaros, plantio de enriquecimento florestal,  exposições educativas e interativas de empresas parceiras. Um público de mais de 400 pessoas de diversas idades pode experimentar exercícios de  Sambaterapia, oficinas de origami, artesanato com plantio de mudas, atividades literárias e atração musical da Manaus Brass Band.

DIA DO MEIO AMBIENTE COM CARTA DA TERRA

No dia 5 de junho, foi realizada cerimônia para celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente e a oficialização do Instituto Soka como a primeira organização amazônica filiada à Carta da Terra Internacional. 

O diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, destacou a importância da Carta Terra como declaração global que estabelece os valores e princípios para um futuro sustentável, nos moldes da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Nascimento ressalta o papel da Carta como instrumento para mostrar a responsabilidade e potencial de cada pessoa para transformar o destino o Planeta e de protegê-lo como cidadãos globais e planetários. “É um documento que nos empodera e nos dá esperança para as urgentes e necessárias mudanças a serem feitas para o bem das futuras gerações”, afirma. 

Antes de proferir sua palestra, Mirian Viela, diretora executiva da Carta da Terra Internacional, confessou sua emoção de ver, pela primeira vez, o Encontro das Águas a partir do Instituto . “A beleza e a estética do lugar deve ajudar a mover a nossa consciência a um outro nível”, comentou.

Mirian destacou ainda que o Dia do Meio Ambiente é todo o dia que vivemos, pois nas mínimas ações interagimos e dependemos do meio ambiente natural. “Somos natureza, somo feitos de água, ar e todos nutrientes. É fundamental expandir a nossa consciência sobre isso”.

Durante a solenidade, o presidente da Soka Gakkai, Minoru Harada, apresentou mensagem enviada pelo fundador do Instituto Soka Amazônia, Dr. Daisaku Ikeda, em que agradece a homenagem recebida da Carta da Terra Internacional e a dedica ao seu predecessor, Tsunessaburo Makiguti. “O professor Makiguti foi um geógrafo proeminente que admirava sinceramente as terras da Amazônia e era um precursor que almejava um futuro de coexistência com o meio ambiente e a competição humanitária”.

A cerimonia foi concluída com plantio de árvore nativa em celebração ao Dia do Meio Ambiente e Carta da Terra Internacional.

SEMINÁRIO CONSCIÊNCIA E AÇÃO

Um público de quase mil pessoas assistiu ao Seminário Consciência e Ação: Reconectar à vida, Cuidar do Planeta, transmitido ao vivo, pelo youtube no dia 6 de junho.

O evento reuniu apresentações de especialistas e debates sobre a importância da biodiversidade para o cidadão comum e abordagens educativas para criação de valores alinhados aos princípios da Carta da Terra.

Entre os palestrantes esteve a coordenadora de Tecnologia Social do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), professora doutora Denise Gutierrez, o professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), professor doutor Marcelo Gordo, e o coordenador da Divisão de Proteção da Natureza do Instituto Soka Amazônia, Rodrigo Izumi.  

O Seminário contou ainda com palestra de Mirian Vilela, da Carta da Terra Internacional, sobre formas de aplicar a Carta da Terra em vários contextos e uma mesa redonda com as consultoras da Carta da Terra Internacional, Cristina Moreno, Waverli Neuberger e Rose Inojosa.

Pelo chat na transmissão pelo Youtube do Seminário houve grande troca de informação e inspiração entre os participantes.

Veja alguns depoimentos dos participantes:

“Excelentes reflexões. o que falta fazer para o homem pensar global e agir local? Fundei uma ONG Árvores frutíferas em Rio branco com meu pai de 83 anos. plantamos cerca de 160 mudas por semana” (Marcia Macedo, educadora, Rio Branco/AC)

“Excelente, dra Denise. Aqui no Japão, temos este sistema de reciclagem também, seria excelente algum político pudesse levantar-se-á bandeira também” (Alfredo Kadomoto​)

Instituto Soka Amazônia partipa do Global Big Day, uma jornada mundial de observação de aves

por Dulce Moraes

Neste sábado, 13 de maio, uma turma de apaixonados por pássaros visitou a sede do Instituto Soka Amazônia, na Reserva Particular de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda, em Manaus, com uma silenciosa, atenta e emocionante missão: participar da jornada de observação e registro de aves para o desafio Global Big Day, iniciativa do Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell, que propõe 24 horas de observação de aves em todo o planeta.

Dois locais na cidade de Manaus foram escolhidos pelos participantes para concentrar suas observações: o Museu da Amazônia (Musa) e o Instituto Soka Amazônia na RPPN Dr. Daisaku Ikeda.  O Global Big Day a cada ano tem batido recordes de registros e de identificação de aves.  

O grupo que realizou a jornada no Instituto Soka faz parte do programa Vem Passarinhar Manaus, coordenado pela professora Katell Uguen, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Para a professora Katell, a RPPN Dr Daisaku Ikeda é um local privilegiado com diferentes ecossistemas e microclimas – como floresta, lago e a praia do Encontro das Águas –  que favorecem a atração de inúmeras espécies de aves. “E ideal para esse tipo de atividade e espero que o programa se perpetue aqui.  Com este evento de hoje já é possível ampliar muito o registro e identificação de espécies da nossa avifauna. É extraordinário que, em apenas um dia, se consiga registrar mais de 800 espécies no mundo. É maravilhoso, isso”, afirma.

A professora Odette Gonçalves Araujo, do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, participante do programa Vem Passarinhar Manaus, destacou a realização no período da tarde, quando as espécies se preparam para se recolher, o que torna a experiência mais interessante. Entusiasta do projeto e apaixonada pela observação de pássaros, Odette compartilhou com o Instituto Soka as imagens dos seus registros durante o Global Big Day. Confira no final.

Grupo Vem Passarinhar Manaus na praia de Ponte das Lajes dentro da RPPN Dr. Daisaku Ikeda. Foto: Dulce Moraes/InstitutoSokaAmazônia

Os observadores de pássaros compartilharam as listas de espécies que registraram na RPPN Dr. Daisaku Ikeda, na plataforma e-Bird.

Imagens captadas pela professora Odette Gonçalves de Araujo durante o Global Big Day 2023.

Quer conhecer ou apoiar as ações do Instituto Soka Amazônia?

Expedição promovida pelo Instituto Soka Amazônia visita comunidades na região do Médio Rio Negro

A equipe do Instituto percorreu 100km ao longo dos rios Negro e Cuieiras, visitando comunidades e realizando o plantio de 110 mudas de espécies florestais nativas

por Talita Oliveira, em colaboração ao Instituto Soka Amazônia

Na última quinta-feira (27), o Instituto Soka Amazônia promoveu sua primeira expedição do ano. Com o objetivo de realizar ações de educação ambiental e contribuir para o desenvolvimento sustentável de comunidades indígenas e ribeirinhas, a equipe do Instituto percorreu mais de 100km de barco na região do Médio Rio Negro, ao longo dos rios Negro e Cuieiras, realizando diálogos e plantios, em ações que envolveram comunitários, professores e estudantes.

O primeiro destino da expedição foi a Comunidade Nova Esperança, do povo indígena Baré, distante cerca de três horas de barco a partir da sede do Instituto. A equipe foi recebida por Sandoval Moreno, professor e assessor pedagógico da Escola Indígena Municipal Puranga Pisasu

Junto a aproximadamente 40 crianças, o assessor e os professores assistiram ao vídeo institucional do Instituto e foram presenteados com exemplares do livro “Escolha a Vida” e  da Proposta de Paz, de autoria do fundador do Instituto, Dr. Daisaku Ikeda,  além de 200 caixas de giz de cera vindas diretamente do Japão e destinadas às crianças.

O vice-presidente do Instituto Soka Amazônia, Milton Fujiyoshi, explicou para a comunidade qual é o maior desejo do Instituto nessa primeira visita. “Hoje pudemos dar um pequeno passo avante para cumprirmos nossa missão de plantar no coração de cada pessoa a semente da reflexão e consciência de nosso importante papel para a proteção da Amazônia. O objetivo é fazer e aprender junto com todos vocês”, finalizou. 

Após o diálogo, foi hora da ação. Protagonizado pelos alunos e com o apoio técnico da equipe do Instituto, foi realizado o plantio de 100 mudas de espécies florestais nativas na área do entorno da escola. 

O professor e assessor pedagógico da escola indígena, Sandoval Moreno, explica que ações como essas trazem aprendizados que levam as crianças a terem um maior cuidado com a comunidade. “São coisas que incentivam, motivando as nossas crianças a saber cuidar do contexto onde elas estão vivendo. Para as crianças, é sempre uma alegria, uma diversão e ao mesmo tempo elas vão adquirindo novos conhecimentos”, reflete.

Educação indígena: vencendo barreiras e criando valores

Dando sequência ao roteiro da expedição, a equipe percorreu mais uma hora até chegar na Comunidade Três Unidos, do povo indígena Kambeba, onde o Instituto já desenvolveu outras ações. O professor e diretor da Escola Indígena Municipal Kanata T-ykua, Raimundo Kambeba, recebeu a equipe para um intenso e proveitoso diálogo, onde pôde compartilhar a sua trajetória enquanto educador indígena profundamente comprometido com seu povo e sua comunidade, o que inspirou a equipe do Instituto.

Formado em pedagogia intercultural indígena pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e especialista em gestão escolar, Raimundo conta que no início não foi fácil conciliar os estudos com a responsabilidade de ser professor na sua comunidade, função que exerce desde os 14 anos. “Foi uma luta muito grande, pois nunca deixei de estar aqui na comunidade dando aula, estudava na cidade e voltava para a comunidade”, relembra. 

Raimundo enfatiza a necessidade das escolas indígenas terem condições para produzir materiais próprios, que valorizem os conhecimentos tradicionais. “Precisamos de parcerias para que educadores indígenas em suas próprias comunidades possam criar materiais pedagógicos que possam ser trabalhados nas suas escolas, para que o conhecimento dos nossos mais velhos possa ficar registrado”, finaliza. 

Na oportunidade, a equipe identificou as espécies florestais que são de interesse da comunidade e que possam, futuramente, fornecer também matéria prima para os artesanatos do povo Kambeba, feitos com sementes das árvores. 

Plantar, educar e preservar

A última parada da expedição foi a Comunidade Santa Maria do Rio Negro, onde vivem indígenas e ribeirinhos. Ângelo Grijó, diretor da Escola Municipal Luiz Jorge da Silva, recebeu a equipe do Instituto e mostrou a estrutura da escola. Após um breve diálogo, os alunos, sob a supervisão da equipe do Instituto, realizaram o plantio de 10 mudas de espécies florestais nativas no entorno da escola, especialmente próximo às margens do rio, com a intenção de preservar os barrancos da comunidade.

“Estamos muito gratos pela visita do Instituto Soka Amazônia aqui na comunidade. A educação ambiental  faz com que as crianças percebam a importância do plantio e os efeitos desse plantio, que futuramente estará preservando os barrancos da comunidade”, explica o diretor. 

Com a proximidade da chuva e do horário do pôr-do-sol, a equipe do Instituto finalizou a expedição, com a sensação de missão cumprida. “O Instituto Soka Amazônia vai continuar seguindo essa luta de conectar vidas. A partir da inseparabilidade da pessoa e seu ambiente, podemos dar uma grande contribuição aprendendo junto e realmente criando uma história nova na vida de todos nós”, avalia o vice-presidente do Instituto Soka Amazônia, Milton Fujiyoshi.

Sementes da Vida

Todas as mudas nativas plantadas nas comunidades são georreferenciadas e integram o projeto Sementes da Vida, idealizado pela Corregedoria-Geral de Justiça do Estado do Amazonas e coordenado pelo Instituto Soka Amazônia. Para cada criança que nasce na Maternidade Pública Moura Tapajós, na cidade de Manaus, é plantada uma árvore. Junto com a certidão de nascimento do bebê, os pais recebem um certificado de plantio, emitido com o nome da criança, identificando a espécie e sua geolocalização. 

Apoios

A expedição é uma iniciativa do Instituto Soka Amazônia em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed), com a qual o Instituto desenvolve ações conjuntas de educação ambiental na rede municipal de ensino. Além da Semed, a expedição também teve o apoio do Centro de Projetos Rurais Sustentáveis da Amazônia (Prusa).

Essas e outras importantes ações empreendidas pelo Instituto Soka Amazônia só podem ser realizadas em razão da ampla rede de órgãos, instituições, empresas e pessoas que apoiam o Instituto, sejam através de doações ou demais parcerias.

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Valorização do Patrimônio Cultural no Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda 

O dia 18 de abril –  Dia Internacional dos Monumentos e Sítios – é o marco da defesa do Patrimônio Cultural e foi instituído pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios para estimular ações ao redor do mundo para a valorização e proteção de bens culturais.

O Instituto Soka Amazônia participa desse movimento de preservação do patrimônio histórico e cultural por meio da conservação e divulgação de conhecimento sobre o sítio arqueológico localizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Dr. Daisaku Ikeda.

O Sitio Arqueológico Dr. Daisaku Ikeda foi oficializado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2001, a partir do registro de achados arqueológicos cerâmicos na área  da RPPN, como uma urna funerária e um alguidar (panelas utilizadas por povos indígenas da região amazônica). 

Pesquisadores apontam que os achados referem-se às fases Guarita, Cerâmica e Paredão, que têm cerca de 2.000 anos. As análises se baseiam em estudos multidisciplinares que buscam compreender como as vasilhas foram produzidas, utilizadas e descartadas. 

De acordo com o relatório do Museu Amazônico, na área da RPPN Dr Daisaku Ikeda existem três sítios arqueológicos – o sitio de gravuras rupestres Ponta das Lajes e os sítios cerâmicos Lajes e Daisaku Ikeda. Segundo estudos, a arqueologia local sugere uma ocupação que pode remontar milhares de anos atrás, como no caso do sítio rupestre Ponta das Lajes. Os sítios cerâmicos somam quase uma dezena e apontam para sequência de uma ocupação, aparentemente ininterrupta, desde o início da era cristã até o contato com o europeu e os dias atuais. O Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda, área florestada m frente ao Encontro das Águas, aparenta ser contemporâneo ao Sitio Ponta das Lajes, e provavelmente ocupado pelos mesmos grupos indígenas no passado.

Fonte: Plano de Manejo da Reserva Particular de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikda, 2017. CSNAM/UFAM/INSTITUTO SOKA AMAZÔNIA

Visitantes do Instituto Soka Amazônia, alunos e educadores que participam das aulas do programa Academia Ambiental podem apreciar uma amostra desses achados e também das ruínas da Olaria do Senhor Andresen, vestígio histórico datado do início da construção do centro histórico da cidade de Manaus. 

Outro patrimônio de importância histórica e cultural são as gravuras rupestres localizadas em rochas submersas no Encontro das Águas, em frente  à RPPN Dr. Daisaku Ikeda, que só podem ser visualizadas em períodos de seca e de baixíssima vazão dos rios Negro e Solimões, na  área conhecida como Ponta das Lages. 

São várias gravuras feitas na pedra com símbolos que se assemelham a faces humanas. Essas gravuras são um mistério que intriga especialistas e, segundo arqueólogos que estudam a região da Amazônia, podem ter sido feitas entre 2.000 e 5.000 anos atrás por índigenas que habitavam o local.

Conhecer e, principalmente, proteger esses achados de relevância cultural e histórica é dever de toda a sociedade. A partir da Constituição Federal de 1988, o patrimônio arqueológico é reconhecido como parte constituinte do Patrimônio Cultural brasileiro, impondo ao poder público, com a colaboração da comunidade, o dever de sua proteção.

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Fique sabendo:

Sítios arqueológicos: São locais onde foram localizados vestígios resultantes de atividades humanas antigas ou recentes e que podem ser localizados na superfície terrestre, rochas, subsolos ou submersos em corpos d’água.

Achados arqueológicos: são  gravuras e pinturas rupestres, sambaquis, geoglifos, objetos de naufrágios, estruturas históricas e casas subterrâneas, dentre outros.

Sítios arqueológicos no Braisl: há mais de 34 mil sítios arqueológicos registrados no SICG (sistema do Iphan onde estão integrados os dados sobre o Patrimônio Cultural e possibilita o reconhecimento de cada um dos bens enquanto sítio arqueológico). Esse número aumenta a cada dia.

Obrigatoriede de informa achado e proteger:

Ao encontrar vestígios arqueológicos em sua propriedade, cidadão deve-se comunicar os órgãos de Patrimônio Histórico de sua região. Mais detalhes no site do Iphan.

De acordo com a Constituição Federal, os sítios arqueológicos são bens da União, sendo competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios fomentar medidas de preservação, bem como impedir sua destruição e mutilação. O cadastro de um bem enquanto sítio arqueológico ocorre a partir do atendimento aos critérios estipulados na Portaria Iphan nº 316/2019 e após a sua inserção no sistema SICG, do Iphan.

São proibidos o aproveitamento econômico, a destruição ou a mutilação dos sítios arqueológicos, antes de serem pesquisados por arqueólogas e arqueólogos (Lei 13.653/2018), com a devida autorização do Iphan.


Parabéns ao Bosque da Ciência do INPA por 28 anos de promoção da Ciência e Ecologia

O Instituto Soka Amazônia participou das celebrações de 28 anos do Bosque da Ciência do INPA, um importante espaço educativo e cultural da cidade de Manaus, aberto à população para atividades de lazer com educação e conscientização ambiental.

Para celebrar a data, o Instituto Soka fez um oferecimento de 150 mudas selecionadas de espécies nativas – abiu, açaí-de-touceira, bacuri-liso, cacau, cupuaçu, graviola e sapotilha – que ajudarão no enriquecimento florestal do Bosque e também foram doadas aos participantes.

O Bosque é um dos núcleos educativos do Instituto de Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, com o qual o Instituto Soka Amazônia tem acordo de cooperação técnica, desde 2015.

E foi nesse espaço que se deu inicio às ações conjuntas entre as duas instituições, como relembra Jean Dinelly Leão, coordenador de Educação Ambiental do Instituto Soka. “Já nesse ano começamos a participar de edições do projeto Circuito da Ciência”.

O Circuito da Ciência, realizado no Bosque, é um projeto voltado a estudantes do Ensino Fundamental e Médio de Manaus com enfoque na sensibilização ambiental e popularização da Ciência.

Os participantes fazem uma imersão no universo científico e, por algumas horas, se sentem parte de uma grande estrutura que é o meio ambiente natural amazônico, graças à rica fauna e flora existente na área do Bosque.

Parceria e sinergia em prol da proteção da Amazônia

Para Jean Dinelly Leão há muita sinergia entre as iniciativas de proteção à natureza e educação ambiental do Instituto Soka Amazônia e as atividades do Bosque da Ciência do INPA e que se reflete nas ações conjuntas.

“Desde o plantio periódico de mudas frutíferas, que servem de alimento à fauna composta basicamente de primatas e roedores, até ao apoio às ações educativas. No ano de  2022, por exemplo, na Semana do Meio Ambiente, o Instituto levou mais de 100 voluntários que ajudaram a revitalizar o Bosque que se encontrava fechado ao público, devido à pandemia”.

Jean Dinelly Leão, coordenador de Educação Ambiental do Instituto Soka Amazônia

Desde a assinatura do acordo de cooperação,  o Instituto Soka e o INPA vêm também promovendo diversos eventos conjuntos, como o Seminário Águas da Amazônia, Semana do Meio Ambiente. 

Na avaliação de Tamy Kobashikawa, coordenadora da Divisão de Pesquisas Científicas do Instituto Soka Amazônia, a trajetória de  quase três décadas do Bosque da Ciência tem muitos motivos para ser celebrada e destaca a relevante contribuição dada à cidade de Manau s quanto à preservação ecológica e conscientização ambiental. 

“O Bosque da Ciência é uma iniciativa que temos muito orgulho de colaborar, inclusive com os plantios para enriquecimento florestal, e por ser um espaço que proporciona à população desfrutar esse verdadeiro tesouro natural em meio à cidade. E o INPA é um dos parceiros de longa data do Instituto Soka e desejamos que esses laços sejam mais fortes e frutíferos no futuro. Imensas felicitações e continuem contando com os amigos Soka!”

Tamy Kobashikawa, coordenadora da Divisão de Pesquisas Científicas do Instituto Soka Amazônia

A coordenadora de Tecnologia Social do INPA, professora doutora Denise Guttierrez, também exalta a parceria com o Instituto Soka e destaca que os objetivos de ambas instituições são confluentes na defesa do patrimônio natural de uso coletivo que é a floresta e tudo que envolve sua sobrevivência.

“Valorizamos a floresta  em pé! Valorizamos os recursos da Amazônia! Valorizamos e amamos a Ciência, o conhecimento e todos os valores que ela pode aportar e, nesse sentido, temos muita confluência com o Instituto Soka”, concluiu.

Professora doutora Denise Guttierrez, coordenadora de Tecnologia Social do INPA, ,