Uniting for Nature, relatório produzido por organizações religiosas é apresentado na COP da Biodiversidade (COP16)

Ao lado de iniciativas de todos os continentes, o Instituto Soka Amazônia é destacado no Relatório, produzida pela coalização internacional Faiths for Biodiversity, por sua atuação na conservação e educação ambiental

No sábado, 2 de novembro, a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), foi encerrada em Cali, Colômbia, sem um consenso satisfatório em prol da proteção da biodiversidade, mas, com avanços pela representatividade e grande pluralidade das manifestações das organizações e representantes da sociedade civil em prol da defesa da biodiversidade. 

Entre  as contribuições apresentadas está o Relatório Uniting for Nature – Faiths at the Forefront of Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework Implementation (em tradução livre: Unindo pela natureza – fés na vanguarda da implementação da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal). 

A publicação foi lançada pela coalizão internacional Faiths for Biodiversity  que reúne organizações religiosas em defesa da biodiversidade.   

O  Relatório apresentou exemplos de iniciativas em todos os continentes com significativa atuação em prol da conservação biodiversidade, entre as quais o Instituto Soka Amazônia, organização não-governamental de atuação ambiental mas que se alinha filosoficamente à Soka Gakkai Internacional (SGI).

Além de realizar a gestão da Reserva Particular do Patrimônio Natural Daisaku Ikeda (RPPN Daisaku Ikeda), o Instituto Soka  apoia pesquisas científicas sobre a Amazônia, promove programas de educação ambiental e dá continuidade ao trabalho de restauração ecológica iniciado há quase 30 anos por associados da Brasil SGI com plantio de mais de 20 mil árvores. 

O Relatório classificou a sede do Instituto Soka como “santuário para a biodiversidade da floresta”. Na Reserva foram identificadas mais de 400 árvores matrizes de espécies com risco de extinção.  Para garantir a perpetuidades dessas espécie é feito a coleta de sementes com variedade genética; monitoramento da biodiversidade contando com o apoio de universidades; plantios de espécies nativas amazônicas e um relevante trabalho de educação e sensibilização social com o objetivo de contribuir para a  integridade ecológica da Amazônia. 

Para ler o relatório completo, acesse https://www.biodiversity.faith/report 

Como organizações baseadas na fé protegem a biodiversidade

  • Envolvimento da comunidade e participação inclusiva: reúne grupos, incluindo mulheres, jovens e crianças em atividades como plantio de árvores, jardinagem comunitária e educação ambiental. 
  • Educação e conscientização: criam  espaços inovadores para o aprendizado experimental; organizam conferências e workshops; desenvolvem programas educacionais que conectam os ensinamentos espirituais com o cuidado ambiental. 
  • Restauração e conservação de ecossistemas : atividades, desde restauração de planícies aluviais e florestas até o estabelecimento de santuários de vida selvagem e promoção da conservação de espécies nativas.
  • Práticas sustentáveis e gerenciamento de recursos : estão na vanguarda da promoção da agrofloresta, gestão sustentável da água, consumo ético e proteção de espécies. proteção de espécies.
  • Defesa de políticas e abordagens baseadas em direitos : se engajam ativamente na formulação de políticas, defendendo para proteções ambientais mais fortes e promovendo abordagens baseadas em direitos para a conservação.
  • Colaboração inter-religiosa e intersetorial: redes baseadas na fé reunem cada vez mais diversas tradições religiosas, perspectivas indígenas e organizações seculares para criar abordagens holísticas para a conservação da biodiversidade.

O QUE É 

É uma coalizão internacional de organizações religiosas mobilizando e defendendo ações para deter e reverter a perda de biodiversidade. Estabelecida após a Cúpula das Nações Unidas sobre Biodiversidade em 2020, a coalizão é dedicada a promover a implementação da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (KMGBF) 

Desde a adoção da Estrutura Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (KMGBF), as organizações religiosas organizações religiosas continuaram a liderar os esforços locais para restaurar ecossistemas degradados e proteger a biodiversidade, envolvendo as comunidades locais no aprendizado sobre a natureza e a necessidade de sua proteção. 

A iniciativa oferece um espaço exclusivo para organizações religiosas, grupos de conservação e outras grupos de conservação e outras organizações da sociedade civil para formar redes, compartilhar recursos e colaborar na defesa da biodiversidade em eventos internacionais importantes. Faiths for Biodiversity também trabalha para aumentar a compreensão das preocupações com a biodiversidade entre as organizações de fim religioso e fortalecer sua capacidade de participar dos esforços de conservação da biodiversidade.  

Participe também da proteção da Amazônia

Com seu apoio as ações e programas do Instituto Soka Amazônia alcançam milhares de vidas, ampliando a consciência para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade amazônica.

Ação solidária Águas de Ajuri leva esperança e água limpa para comunidades ribeirinhas impactadas pela seca

Era para ser apenas mais um Dia das Crianças, mas, para a comunidade ribeirinha Catalão, no município de Iranduba, foi dia de renovar esperança diante da seca que acomete a região trazendo, entre grandes desafios, a dificuldade de acesso a água potável.

Na manhã de sábado (12), a comunidade recebeu voluntários do Águas de Ajuri  – ação solidária promovida pelo Instituto Soka Amazônia e empresas e organizações parceiras que visa apoiar a resiliência das comunidades ribeirinhas da região Encontro das Águas que sofrem as consequências da forte estiagem. 

A iniciativa é um desdobramento da iniciativa realizada em 2023 que levou água e alimentos a duas comunidades ribeirinhas na região. 

Neste ano, com o espírito de Ajuri (se unir para ajudar) outras empresas se somaram ao Instituto para levar uma solução mais permanente para as comunidades. Com esforço conjunto, foi possível destinar  62 filtros Água Camelo, que serão distribuídos às famílias das comunidades Catalão, Paraná do Xiborena e São Francisco.


De fácil manejo, essa tecnologia permitirá que as próprias famílias possam filtrar de forma segura e sem custos, a água que captam diretamente do rio, evitando doenças e contaminações. 

 

Esta edição do Águas de Ajuri contou com a participação da associação Brasil SGI, Breitener Energética (Grupo Ceiba), Tutiplast, Plásticos Manaus, ADN Reciclagem, Plajetec, Super Terminais e Editora Brasil Seikyo.
O espírito do Águas de Ajuri é solidariedade e união, sentimentos mais que necessários para enfrentamento da crise climática, afirma Milton Fujiyoshi, vice-presidente do Instituto Soka Amazônia. “Estamos unidos com essas comunidades pelos Rios Negro e Solimões. Como  verdadeiros vizinhos e, juntos com nossos parceiros, desejamos que essa triste realidade não mais se repita no futuro””..

A emoção de ajudar 

A coordenadora de Responsabilidade da Breitener e Grupo Ceiba, Danielle Viana, relembrou a quão árdua foi a entrega de doações no ano passado sob sol escaldante, mas que todo aquele esforço era pequeno diante das necessidades dessas comunidades.

Segundo ela, as emergências climáticas estão se agravando a cada ano e só poderemos reverter essa tendência se mudarmos o nosso modo de vida. “Estou feliz que estamos levando essa solução, que não vai resolver o problema da comunidade, mas dará melhores condições para que enfrentem com dignidade essa situação”, afirmou.

Maria Clara Pinheiro dos Santos, voluntária da Tutiplast, que participou pela primeira vez nesse tipo de voluntariado, veio de coração aberto para ação.

 “É gratificante. Para nós é uma atividade de um dia, mas para eles é uma vida inteira. E essa união das empresas do polo industrial de Manaus que transborda para as comunidades é muito importante para ajudar o desenvolvimento da Amazônia de forma sustentável”.

Compartilhando os desafios e alegrias

A data escolhida para entrega dos primeiros filtros Água Camelo nas comunidades foi o Dia das Crianças, uma data simbólica para se renovar a esperança diante de tantos desafios. 

A estiagem mudou completamente a paisagem da comunidade Catalão, conhecida por suas casas flutuantes. Com a seca, áreas que eram cobertas pelas águas do rio hoje estão ocupadas por vegetação rasteira, barro e terra batida. Casas flutuantes e embarcação ficam estacionadas no que seria leito do rio. 

Os voluntários percorreram longo trajeto por terra batida até um lago represado pela comunidade e de onde foram transportados por canoas até o campo de futebol onde as famílias da comunidade se reuniram. 

Além das cestas básicas, lanches, doces e brinquedos, os voluntários participaram de brincadeiras com as crianças tornando esse Dia das Crianças uma memória de alegria e esperança para todas essas famílias.

Autonomia, saúde e dignidade para as famílias ribeirinhas

Diante da escassez de água em toda a bacia Amazônia várias comunidades ribeirinhas são obrigadas a captar água direto do rio, devido à falta de poços e grande dificuldade para comprar água potável em regiões distantes. 

A utilização do filtro Água Camelo pode atender mais de uma família, pois tem capacidade de filtrar 45 litros de água por hora e é capaz de filtrar água barrenta e poluída de bactérias, protozoários, partículas em suspensão e microplásticos.

Essa tecnologia desenvolvida pela startup brasileira de impacto social foi apresentada na Conferência da Água da ONU em 2023 e vem sendo utilizada em projetos voltados a comunidades com vulnerabilidade e escassez de água em várias regiões e países. 

Mais que doar, participe efetivamente da proteção da Amazônia

Com seu apoio as ações e programas do Instituto Soka Amazônia alcançam milhares de vidas, ampliando a consciência para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade amazônica.

Instituto Soka e Educação Ambiental em Países de Língua Portuguesa

 

O Instituto Soka Amazônia foi convidado a integrar a programação do 8º Congresso Internacional de Educação Ambiental dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa que acontecerá entre os dias 21 e 25 de julho de 2025, na cidade de Manaus.

Com o tema “Educação ambiental e ação local: respostas à emergência climática, justiça ambiental, democracia e bem viver” esta edição fará parte rol e eventos paralelos e preparatórios para a COP 2030.

De acordo com o professor Joaquim Pinto, representante da Rede Lusófona de Educação Ambiental (Redeluso) e Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), o evento tem como propósito principal é estimular a troca de saberes, experiências e cooperação entre iniciativas e educadores de Portugal e Brasil e demais países da comunidade luso como Angola, Cabo Verde, Galícia, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Timor Leste e São Tomé e Príncipe.

No último dia 20 de setembro, Joaquim Pinto esteve pessoalmente na sede Instituto Soka Amazônia para conhecer a dinâmica do programa Academia Ambiental que atende anualmente em média 3 mil estudantes das redes públicas de ensino.

Participaram da visita representantes da Redeluso, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), do Ministério da Educação (MEC), da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC-AM) e do Meio Ambiente (SEMA) e organização da sociedade civil.

O lançamento do 8º Congresso foi realizado em abril deste ano, em Brasília, ocasião em que a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou  a i mportância da realização  como espaço de preparação para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30). O  Congresso contará com a organização do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Mais que doar, participe efetivamente da proteção da Amazônia

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Academia Ambiental amplia e dinamiza suas ações


Alunos e professores ganham aula extra com a abordagem dos ODS e orientações sobre cuidados em unidades de conservação

Um dos pilares mais relevantes do Instituto Soka Amazônia é a Academia Ambiental, programa que trabalha a educação ambiental de forma experiencial para conscientizar as futuras gerações sobre a grandiosidade e imporância da floresta amazônica para o planeta.

Em 17 de julho, uma nova dinâmica teve início no programa com a aula prévia, ministrada pela equipe do Instituto Soka, na Escola Municipal Professor Álvaro Valle, na zona noroeste de Manaus.

Ao todo, 74 alunos e 4 educadores receberam orientações sobre cuidados ecológicos e de segurança necessários em visitas à universidades de conservação, como a RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

De acordo com Jean Dinelli Leão, coordenador da Divisão de Educação Socioambiental do Instituto Soka, é um item importante no processo de aprendizagem, pois funciona como preparação e incentivo para as aulas ao ar livre que acontecem na RPPN Dr. Daisaku Ikeda. A nova dinâmica foi uma das sugestões apresentadas na reunião com os gestores de escolas municipais, realizadas em junho.

Para completar a participação na Academia Ambiental, professores e alunos participam da visitação à RPPN Dr Daisaku Ikeda, sede do Instituto Soka localizada em frente ao Encontro das Águas, onde experienciam conteúdos interativos, com atividades ao ar livre e como a caminhada nas trilhas educativas da Reserva.

Outra novidade no programa é a inclusão de material didático sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) produzido especialmente para o público infantil, pelos Estudios Maurício de Souza e a ONG Aldeias SOS. Nessa etapa, o primeiro objetivo a ser apresentado aos alunos é o ODS4 – Educação de Qualidade.

Valores e princípios da Carta da Terra também estão sendo incluídos na programaçao da Academia Ambiental.

Aprendendo os ODS com a Turma da Mônica

O almanaque Turma da Mônica em Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável é material didático de apoio para que professores e alunos trabalhem em sala de aula. Os exemplares incluídos no material pedagógico da Academia Ambiental foram doados pela empresa Teleperformance, parceira e apoiadora dos projetos do Instituto Soka Amazônia.

O ODS4 – Educação de Qualidade – é aplicado pelo Instituto Soka Amazôni com a Academia Ambiental, que oferece a estudantes de escolas públicas e particulares atividades dinâmicas de conscientização para a preservação da biodiversidade, da água, direitos humanos, englobando assim, os demais ODS.

O sucesso da Academia Ambiental só é possível com o apoio de empresas e instituições parceiras, como a Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed) e Ocas do Conhecimento Ambiental, além da participação de educadores e tutores voluntários.

Junte-se a nós!

Ajude a preservar o futuro da Amazônia.

Seja um doador, voluntário ou parceiro dos projetos do Instituto Soka Amazônia

Natureza como aprendizado, a lição do povo Kambeba

Instituto Soka Amazônia conversou com gestor da Escola Indígena Kanata, professor Raimundo Kambeba, sobre a experiência da educação intercultural
Raimundo Kambeba, gestor da Escola Indígena Kanata

Neste mês em que se comemora o Dia Mundial da Educação Ambiental*, o blog do Instituto Soka Amazônia compartilha entrevista especial com o educador Raimundo Kambeba, gestor da Escola Indígena Kanata.

Graduado em Pedagogia Territorial Indígena pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e Mestre em Educação, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Raimundo Kambeba fala da experiência da educação indígena para preservação da natureza e da identidade do seu povo.

Mas, quem são os Kambeba?

Também chamados de Omágua, ou povo das águas, os Kambeba são conhecidos por suas canoas, resistentes e de navegação eficiente.

Presentes também no Peru, há muito tempo deixaram de ali se identificar como indígenas devido à violência e à discriminação que existe desde o século XVIII por parte de não indígenas. Outra característica que os diferenciava de outros povos indígenas, eram suas vestimentas em algodão[i].

*26 de Janeiro

Dia Mundial da Educação Ambiental

Data instituída na Carta de Belgrado, em 1975, elaborada durante o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental, com o objetivo de conscientizar sobre a necessidade de proteger o meio ambiente através da educação.

Na Amazônia brasileira, os Kambeba estão localizados nas regiões do alto Solimões e baixo Rio Negro.  Na cidade de Manaus, a comunidade Kambeba está estabelecida na região Três Unidas, cerca de um quilômetro da capital em linha reta

De acordo com o professor Raimundo, esse grupo veio do alto Solimões até o baixo Rio Negro em busca de melhores condições de vida, de educação, saúde, economia e organização social.

Fonte: Site Povos Indígenas do Brasil/Instituto Socioambiental

Nos últimos anos, a comunidade Kambeba de Três Unidas vem estabelecendo parcerias, entre as quais plantio de mudas com o Instituto Soka Amazônia, com o enfoque na saúde, educação intercultural, e economia voltada à interculturalidade.

As parcerias, segundo o professor Raimundo, auxiliam na conquista da melhoria da qualidade de vida para a comunidade e nas condições de preservação do ambiente em que habitam. E ressalta: nessa questão é fundamental que se conheça a economia indígena e a economia não indígena.

Comunidade Kambeba e Escola Indígena Kanata.

Aprendendo com a natureza

“Para nós, povos indígenas, a Natureza é nossa mãe. A Terra é a nossa mãe, é onde a gente vive, é onde a gente está no dia a dia. É ela que nos dá saúde, oxigênio limpo de qualidade para a gente viver. Então, é a luta que nós, povos indígenas temos”, explicou professor Raimundo.

Na escola indígena, o respeito ao conhecimento dos mais velhos é valorizado como forma de preservar sua cultura. As crianças aprendem sobre o conhecimento ancestral e tradições, como as danças, músicas e gastronomia indígenas, além da arte do seu povo, como as pinturas, produção de peneira e outros utensílios de caça e pesca. Todo esse aprendizado é realizado na escola indígena, sendo os mais velhos os professores e especialistas no conhecimento.

Trajetória como educador

Raimundo Kambeba começou a atuar como professor aos 14 anos de idade. “A comunidade me apoiou para ser professor. Eu tinha estudado até a 5ª série. Comecei a estudar e dar aula. Mas, por eu ser menor de idade, a Secretaria de Educação, daquela época, não aceitaria me contratar.  Assim, meu pai foi contratado e eu trabalhava com ele, dando aula”, contou.

Raimundo relembra que, no início, eram 30 crianças para alfabetizar e ele só tinha uma ideia: valorizar a cultura de seu povo, revitalizar essa cultura, reavivar a língua, imortalizar os conhecimentos tradicionais.

(*) Tuxawa é uma liderança política dos povos indígenas. Do tupi, o termo tuxaua significa “aquele que manda”. Seria o que, em português, é conhecido como cacique.

Nesse percurso, por ser indígena, ele sofreu discriminações, mas a cada desafio renovava sua determinação e os obstáculos só serviram para que se fortalecesse mais e mais.

Hoje, 29 anos depois daquela primeira turma de 30 alunos, Raimundo é o vice tuxawa* reconhecido e querido pela comunidade, onde atua com seu pai.

“É uma luta muito grande que a gente tem como povos indígenas, de estar conseguindo lidar com todas essas situações. Nós somos as lideranças e buscamos por dias melhores para os povos indígenas”, diz Raimundo.

Educação intercultural

O acadêmico e professor, Raimundo Kambeba, ressalta a importância das parcerias com instituições que valorizam a interculturalidade, compreendendo as diferenças entre os indígenas e não indígenas como possibilidade de enriquecer ambas as culturas.

Para ele, é importante conhecer o que é educação indígena e o que é educação escolar não indígena. “O que é cuidar da natureza para o índio? O que é cuidar da natureza para o não indígena? O que a saúde indígena propõe para os povos indígenas e o que a saúde não indígena propõe para os não-índios. Até os governantes também”, enfatizou.

Todas essas reflexões fazem com que os povos originários se fortaleçam em conhecimentos e sabedoria; as parcerias contribuem para que essas etnias busquem maior autonomia e obtenham melhoria na qualidade de vida em suas comunidades.

Os Kambebas são uma das mais expressivas etnias a se projetar rumo a um futuro em que indígenas e não indígenas possam compartilhar espaços e saberes como irmãos, membros de uma mesma família humana.

Ao longo de 2023 teremos oportunidade de publicar neste blog uma série de matérias abordando diferentes aspectos do povo Kambeba. Acompanhe e nos siga nas redes sociais.


 

Natureza como aprendizado, a lição do povo Kambeba

Instituto Soka Amazônia conversou com gestor da Escola Indígena Kanata, professor Raimundo Kambeba, sobre a experiência da educação intercultural
Raimundo Kambeba, gestor da Escola Indígena Kanata

Neste mês em que se comemora o Dia Mundial da Educação Ambiental*, o blog do Instituto Soka Amazônia compartilha entrevista especial com o educador Raimundo Kambeba, gestor da Escola Indígena Kanata.

Graduado em Pedagogia Territorial Indígena pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e Mestre em Educação, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Raimundo Kambeba fala da experiência da educação indígena para preservação da natureza e da identidade do seu povo.

Mas, quem são os Kambeba?

Também chamados de Omágua, ou povo das águas, os Kambeba são conhecidos por suas canoas, resistentes e de navegação eficiente.

Presentes também no Peru, há muito tempo deixaram de ali se identificar como indígenas devido à violência e à discriminação que existe desde o século XVIII por parte de não indígenas. Outra característica que os diferenciava de outros povos indígenas, eram suas vestimentas em algodão[i].

*26 de Janeiro

Dia Mundial da Educação Ambiental

Data instituída na Carta de Belgrado, em 1975, elaborada durante o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental, com o objetivo de conscientizar sobre a necessidade de proteger o meio ambiente através da educação.

Na Amazônia brasileira, os Kambeba estão localizados nas regiões do alto Solimões e baixo Rio Negro.  Na cidade de Manaus, a comunidade Kambeba está estabelecida na região Três Unidas, cerca de um quilômetro da capital em linha reta

De acordo com o professor Raimundo, esse grupo veio do alto Solimões até o baixo Rio Negro em busca de melhores condições de vida, de educação, saúde, economia e organização social.

Fonte: Site Povos Indígenas do Brasil/Instituto Socioambiental

Nos últimos anos, a comunidade Kambeba de Três Unidas vem estabelecendo parcerias, entre as quais plantio de mudas com o Instituto Soka Amazônia, com o enfoque na saúde, educação intercultural, e economia voltada à interculturalidade.

As parcerias, segundo o professor Raimundo, auxiliam na conquista da melhoria da qualidade de vida para a comunidade e nas condições de preservação do ambiente em que habitam. E ressalta: nessa questão é fundamental que se conheça a economia indígena e a economia não indígena.

Comunidade Kambeba e Escola Indígena Kanata.

Aprendendo com a natureza

“Para nós, povos indígenas, a Natureza é nossa mãe. A Terra é a nossa mãe, é onde a gente vive, é onde a gente está no dia a dia. É ela que nos dá saúde, oxigênio limpo de qualidade para a gente viver. Então, é a luta que nós, povos indígenas temos”, explicou professor Raimundo.

Na escola indígena, o respeito ao conhecimento dos mais velhos é valorizado como forma de preservar sua cultura. As crianças aprendem sobre o conhecimento ancestral e tradições, como as danças, músicas e gastronomia indígenas, além da arte do seu povo, como as pinturas, produção de peneira e outros utensílios de caça e pesca. Todo esse aprendizado é realizado na escola indígena, sendo os mais velhos os professores e especialistas no conhecimento.

Trajetória como educador

Raimundo Kambeba começou a atuar como professor aos 14 anos de idade. “A comunidade me apoiou para ser professor. Eu tinha estudado até a 5ª série. Comecei a estudar e dar aula. Mas, por eu ser menor de idade, a Secretaria de Educação, daquela época, não aceitaria me contratar.  Assim, meu pai foi contratado e eu trabalhava com ele, dando aula”, contou.

Raimundo relembra que, no início, eram 30 crianças para alfabetizar e ele só tinha uma ideia: valorizar a cultura de seu povo, revitalizar essa cultura, reavivar a língua, imortalizar os conhecimentos tradicionais.

(*) Tuxawa é uma liderança política dos povos indígenas. Do tupi, o termo tuxaua significa “aquele que manda”. Seria o que, em português, é conhecido como cacique.

Nesse percurso, por ser indígena, ele sofreu discriminações, mas a cada desafio renovava sua determinação e os obstáculos só serviram para que se fortalecesse mais e mais.

Hoje, 29 anos depois daquela primeira turma de 30 alunos, Raimundo é o vice tuxawa* reconhecido e querido pela comunidade, onde atua com seu pai.

“É uma luta muito grande que a gente tem como povos indígenas, de estar conseguindo lidar com todas essas situações. Nós somos as lideranças e buscamos por dias melhores para os povos indígenas”, diz Raimundo.

Educação intercultural

O acadêmico e professor, Raimundo Kambeba, ressalta a importância das parcerias com instituições que valorizam a interculturalidade, compreendendo as diferenças entre os indígenas e não indígenas como possibilidade de enriquecer ambas as culturas.

Para ele, é importante conhecer o que é educação indígena e o que é educação escolar não indígena. “O que é cuidar da natureza para o índio? O que é cuidar da natureza para o não indígena? O que a saúde indígena propõe para os povos indígenas e o que a saúde não indígena propõe para os não-índios. Até os governantes também”, enfatizou.

Todas essas reflexões fazem com que os povos originários se fortaleçam em conhecimentos e sabedoria; as parcerias contribuem para que essas etnias busquem maior autonomia e obtenham melhoria na qualidade de vida em suas comunidades.

Os Kambebas são uma das mais expressivas etnias a se projetar rumo a um futuro em que indígenas e não indígenas possam compartilhar espaços e saberes como irmãos, membros de uma mesma família humana.

Ao longo de 2023 teremos oportunidade de publicar neste blog uma série de matérias abordando diferentes aspectos do povo Kambeba. Acompanhe e nos siga nas redes sociais.


 

Vem passarinhar Manaus: aprendizado e bem-estar garantidos

O objetivo: observar as exuberantes aves amazônicas em seu habitat natural seja para recreação, seja para fins de estudo

É indiscutível o relevante papel das aves para o equilíbrio dos ecossistemas. Cada grupo de animais tem um propósito e uma função a desempenhar e, graças às características únicas como hábitos alimentares e agilidade no deslocamento pelo ar, as aves formam um contingente essencial para o pleno êxito da harmonia entre os diferentes ecossistemas.

As birdwatching, termo cunhado nos EUA onde a atividade se originou, como são chamadas as ações de grupos para a observação desses animais, além de uma atividade que se complementa à terapia de Banho de Floresta (matéria já publicada neste blog: https://institutosoka-amazonia.org.br/que-tal-um-banho-de-floresta/ ), é ainda uma ação muito eficaz de educação ambiental.

A professora doutora Katell Uguen, da Universidade Estadual do Amazonas, é a orientadora do projeto Vem Passarinhar Manaus, que consiste em ações de observação de pássaros, com alunos e público em geral, em Manaus.

Sensação de bem estar

“Tudo começou na pandemia, em 2020 e vem se realizando com uma periodicidade de aproximadamente 30 a 45 dias”, contou a professora. Francesa de nascimento, vive no Amazonas há 25 anos. Embora tenha se graduado em engenharia agronômica, fez o doutorado em Ecologia Ambiental. “Desde a primeira vez que fui a uma passarinhada*, no Museu da Amazônia, a sensação de bem-estar me conquistou”, contou ela.

Ela se apressa a esclarecer que a iniciativa do Vem Passarinhar Manaus foi de uma aluna de graduação. “Ela veio com o projeto que eu imediatamente abracei por enxergar grandes oportunidades de estudo e também de compartilhamento de vivências saudáveis”, contou. Basicamente, o Vem Passarinhar Manaus uniu o utilíssimo ao agradabilíssimo.

“Já fizemos, no Instituto Soka, oito ações do projeto com a equipe e uma com o público em geral e já identificamos 71 espécies, mas isso ainda é pouco”

Muitas espécies de plantas das florestas amazônicas e de áreas periodicamente alagadas produzem frutos carnosos, com cores vivas e odor forte. Tais características atraem tanto aves como mamíferos que fazem o importante trabalho de dispersar as sementes para longe da árvore-mãe, o que garante a perpetuação e a conquista de novos ambientes para muitas espécies e sua permanência no ecossistema a longo prazo.

Alterações nos habitats podem gerar desequilíbrio, por isso, devido ao bom estado de conservação da cobertura vegetal e a diversidade de ambientes ao longo de um gradiente do rio para a terra firme, as passarinhadas no ISA são tão interessantes. “Já fizemos, no Instituto Soka, três ações do projeto com a equipe e uma com o público em geral e já identificamos 71 espécies, mas ainda é pouco”, explicou. Segundo ela, a área do Encontro das Águas pode reunir facilmente, mais de 300 espécies de aves devido às condições únicas que essas águas oferecem.

Dia mundial da observação de aves

O dia 8 de outubro é o Big Global Day, para o movimento do birdwatching. No mundo todo os apaixonados pela observação de aves saem a campo para reunir dados de extrema relevância para as pesquisas e/ou simplesmente se deleitar com o prazer de estar em meio ao verde, pois é um momento da Primavera (no hemisfério Sul) e Outono (no hemisfério Norte) em que as migrações estão em plena preparação e/ou em andamento. Em outubro, a equipe do projeto fez um levantamento no Instituto Soka onde levantou 28 espécies, contribuindo para o esforço mundial de monitoramento da biodiversidade.

Arquivo de sons de pássaros

Após cada ação do Vem Passarinhar Manaus são produzidos relatórios com os dados coletados. Os espécimes podem ser atraídos por meio de arquivo de sons de pássaros, o que possibilita a observação mais objetiva. A professora explica que a observação de aves é uma atividade que existe desde que o homem começou a interessar-se pelo comportamento de outras formas de vida. Há grupos que se dedicam a essa atividade regularmente em praticamente todos os parques nacionais. Aqui no Brasil o birdwatching é recente mas já conta com muitos clubes de observadores de aves e todos os estados.

É também uma atividade que resulta em benefícios para toda a coletividade, como o desenvolvimento do turismo responsável, pois esse turista não degrada e não polui, por ter a consciência da importância de preservar para que sempre haja espécimes a serem observados. Outro benefício é a geração de renda e valores agregados às comunidades locais, além, é claro, da sensibilização para a importância da conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Outro ponto abordado pela professora é a educação ambiental. “Quem já foi a um birdwatching será naturalmente um defensor do meio ambiente”, finalizou.

(*) A professora dá a essa expressão (passarinhada) um sentido muito mais nobre do que tem em muitos lugares do país onde o termo se refere a uma especialidade gastronômica como a famigerada “Passarinhada de Embu”, churrascada de confraternização política numa cidade da região da grande São Paulo, em que foram mortos de 2 mil a 3 mil pássaros.

Criação de cidadãos planetários a partir da experiência de plantar uma única muda

Educação para a Cidadania Global: um dos principais pilares da pedagogia de criação de valor

Por Tamy Kobashikawa[i]

Na Educação para a Cidadania Global (ECG), os estudantes desempenham um papel ativo e abordam questões globais para criar um mundo mais pacífico, tolerante, inclusivo e seguro. Ela tem três dimensões de aprendizagem: cognitiva, socioemocional e comportamental. A dimensão cognitiva representa a aquisição de conhecimento, compreensão e pensamento crítico sobre questões globais (e sua interconexão/interdependência entre diferentes nações e culturas); a dimensão socioemocional é o desenvolvimento do sentimento de pertencer a uma humanidade comum, compartilhando valores e responsabilidades, empatia, solidariedade e respeito pelas diferenças e diversidade; e a dimensão comportamental refere-se à ação ativa dos estudantes em escala local, nacional e global com responsabilidade[CdM1]  na busca de um mundo pacífico e sustentável (UNESCO, 2019). 

Em 1996, Ikeda já afirmava que um cidadão global não é determinado pelo número de idiomas falados, nem pelo número de países para os quais viajou, mas sim pelas três qualidades seguintes que devem ser cultivadas no indivíduo: sabedoria, coragem e compaixão. Ele argumenta:  

“A sabedoria para perceber a inter-relação de todos os tipos de vida e ambiente; a coragem de não temer ou negar as diferenças, mas respeitar e forçar a entender pessoas de diferentes culturas e crescer por meio do contato com elas; e a compaixão para cultivar uma empatia imaginativa que vá além do ambiente ao nosso redor e se estenda a outras pessoas que sofrem em lugares distantes”. (Ikeda, 1996, p. 122).

A cidadania global da pedagogia de valor é uma “importante base para fomentar a sabedoria de reconhecer a natureza mutuamente inter-relacionada de todos os seres vivos, a coragem de se envolver sem medo com diferentes povos e culturas, e a compaixão de empatizar, com os sofrimentos dos povos de outros países” (Garrison, Hickman & Ikeda, 2014, p. 148).

Educação ambiental como um dos temas a fomentar a sabedoria de cidadãos globais

Ikeda (1996) também apresentou a Educação Ambiental como um dos quatro temas para a prática da Educação para a Cidadania Global Criadora de Valor: primeiro, educação para a paz, na qual os jovens aprendem a crueldade e a loucura da guerra, para enraizar a prática da não-violência na sociedade humana; segundo, educação ambiental, para estudar as realidades ecológicas atuais e os meios de proteger o meio ambiente; terceiro, educação para o desenvolvimento, para focalizar a atenção em questões de pobreza e justiça global; e quarto, educação para os direitos humanos, para despertar uma consciência da igualdade e dignidade humana.

Os jovens aprendem a crueldade e a loucura da guerra, para enraizar a prática da não-violência na sociedade humana

A Pedagogia de Criação de Valor explora a ideia da comunidade local como um “microcosmo”, e os seres humanos e o meio ambiente estão interdependentes (conceito de engi) e influenciam uns aos outros. Entender que os indivíduos influenciam a comunidade local e vice-versa é outro conceito amplamente discutido no campo da Educação Ambiental. Steffen et al. (2018, p. 8254) argumentam que a emergência requer uma “mudança fundamental no papel dos seres humanos no planeta”. O relatório do UNDP (2020) aponta: 

“Mudanças na biosfera podem afetar o caráter de um lugar e a relação do ser humano com ele, já que mudanças na estrutura e função de um ecossistema também podem afetar o significado simbólico e a pertença criada pela relação com aquele lugar. Esses tipos de mudanças podem levar a angústias psicológicas e emocionais, incluindo a dor e a angústia associada à perda do lugar, da biodiversidade e da natureza. O sentido do lugar ligado à biosfera afeta como indivíduos e comunidades se adaptam às novas condições, determina se estratégias de realocação são utilizadas ou bem-sucedidas e influencia as mudanças nas estratégias de subsistência. Um forte apego a significados particulares de um lugar e um sentimento de pertencer à natureza inspiram empatia e motivam a ação e a administração dos ecossistemas” (UNDP, 2020, p.32).

“Um cidadão global desenvolve uma perspectiva de cidadania planetária de “pensar globalmente e agir localmente”

Ao entender o local e o global, um cidadão global desenvolve uma perspectiva de cidadania planetária de “pensar globalmente e agir localmente”. Da mesma forma, a educação ambiental na Abordagem de Criação de Valor promove cidadãos globais que “pensam globalmente e agem localmente” e têm três características principais: coragem, sabedoria e compaixão.

Conectando o aprendizado à vida cotidiana e ao meio ambiente

O Instituto Soka Amazônia proporciona uma experiência única de criação de valores por meio da educação ambiental e do plantio de árvores em uma abordagem holística. Uma das principais atividades sustentadas pelo Instituto é coletar e catalogar sementes e, com elas, produzir mudas para proporcionar ao público uma experiência de interconexão com a natureza e contribuir para a proteção da integridade ecológica da Amazônia.

Alunos da Academia Ambiental

Este texto é um resumo da pesquisa recente apresentada no 1º Simpósio Internacional em Educação para Cidadania Global realizada na Universidade Soka, Japão, em que conclui que projetos de plantio do Instituto contribuem para sensibilizar a consciência ambiental e a educação para a cidadania global. Dar a oportunidade a qualquer pessoa de plantar uma muda, explicar a importância das árvores e aprofundar a compreensão sobre a interconexão entre os seres e o meio ambiente numa perspectiva holística, abrangente, são passos importantes para fomentar uma consciência ambiental.

Especialmente para a região amazônica, estudar a educação ambiental com base em uma perspectiva de valor é fundamental para o desenvolvimento da região de forma sustentável. Respeitar a dignidade da vida, as singularidades de cada grupo étnico, proporcionar igualdade de direitos e oportunidades, acesso à informação e à tecnologia; e o diálogo são alguns dos aspectos fundamentais apresentados no simpósio para desenvolver a região amazônica. Desta forma, os projetos de plantio e educação ambiental do Instituto Soka Amazônia baseados na pedagogia de criação de valor têm grande potencial de fomentar cidadãos globais na sociedade amazônica.


[i] Coordenadora de Pesquisas do Instituto Soka Amazônia Doutora em Economia pela Universidade Soka, Tóquio, Japão; mestre em Economia pela Universidade Soka; e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo. Este texto é um resumo do paper apresentado no 1º Simpósio Internacional em Educação para Cidadania Global realizada na Universidade Soka, Japão, de outubro do presente ano.


Referências:

Ikeda, D. (1996) Thoughts on Education for Global Citizenship. Retrieved from https://www.daisakuikeda.org/sub/resources/works/lect/lect-08.html 

 ________ (2002). Education for Sustainable Development Proposal. Retrieved from https://www.daisakuikeda.org/main/educator/education-proposal/edu-proposal-2002.html 

________ (2012). For a Sustainable Global Society: Learning for Empowerment and Leadership. Retrieved from https://www.sgi.org/content/files/about-us/president-ikedas-proposals/environmentproposal2012.pdf 

Steffen, Will, Johan Rockström, Katherine Richardson, Timothy M. Lenton, Carl Folke, Diana Liverman, Colin P. Summerhayes, Anthony D. Barnosky, Sarah E. Cornell, Michel Crucifix, Jonathan F. Donges, Ingo Fetzer, Steven J. Lade, Marten Scheffer, Ricarda Winkelmann, and Hans Joachim Schellnhuber (2018). “Trajectories of the Earth System in the Anthropocene.” Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 115(33):8252–59. doi: 10.1073/pnas.1810141115.

Kobashikawa, T. (2022). Experience in value-creating through sowing seeds project: voices of Amazonian people. Oral presentation on the 1st International Symposium on Global Citizenship Educationat Soka University, Japan.

UNESCO (2019) SDG Indicator 4.7.1: Proposal for a measurement strategy. Retrieved from http://tcg.uis.unesco.org/wp-content/uploads/sites/4/2019/08/TCG6-REF-4-4.7.1-Proposal-for-measurement-strategy.pdf 

UNDP. 2020. Human Development Report 2020. The next Frontier. Human Development and the Anthropocene. HDR. New York, NY: United Nations.

 [CdM1]

ODS 4.7 de Educação Ambiental:

Contato direto e prático de jovens com o futuro que lhes pertence

Erradicação da pobreza, fome zero, trabalho decente, redução da desigualdade, consumo e produção responsável, paz, justiça, redução da desigualdade, no total são 17 os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, objetivos sem dúvida ambiciosos e interconectados, que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo. Esses objetivos foram propostos pela ONU – Organização das Nações Unidas em 2015 e dali em diante vêm se tornando realidade.

A propósito, vale a pena conhecer histórias e casos expostos na internet aqui.

Educação ambiental

A meta número 4 aborda aspectos relativos a educação de qualidade e a meta 4.7 fala especificamente sobre a educação ambiental. Ela estabelece que:

“Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.”

Fazer a diferença no futuro

Dentro desse tema e determinação, a Academia Ambiental é um projeto do Instituto Soka Amazonas.

Todos os meses dezenas de alunos de escolas municipais de Manaus visitam o Instituto, com sua permanente alegria e disposição, muita vontade de aprender coisas novas, preparando-se para no futuro fazer a diferença no cuidado e preservação do meio ambiente.

Os alunos vivenciam momentos práticos de contato direto com a natureza e seu comportamento, aprendem que o meio ambiente vai muito além de árvores, rios, animais. “Ambiente”, em verdade, é qualquer lugar em que estamos. Cada ação gera um impacto no lugar em que estamos. Na RPPN Dr. Daisaku Ikeda (Reserva Particular do Patrimônio Natural), acompanham, por exemplo, todos os passos de como as abelhas produzem o mel; de como se formam os cursos d’água; veem de perto o encontro das águas. Sem falar no contato direto com a Sumaúma, que é considerada a árvore gigante da Amazônia.

Ampliação do escopo

A Academia foi criada com a ideia de que suas atividades fossem destinadas exclusivamente a alunos da rede pública de Manaus, mas com o passar do tempo, outras instituições corporativas, educacionais e religiosas também passaram a fazer parte dessas instrutivas visitas.

A Academia Ambiental e sua intensa atividade anual

Educação Ambiental
3 palestras e muito material de raciocínio para os jovens

Um dos projetos mais sólidos do Instituto Soka Amazônia é a Academia Ambiental, que inclui neste início de agosto (agosto 2022) três das diversas aulas-palestras de educação ambiental que estão programas e que ao serem ministradas percorrem diversos pontos da RPPN Dr. Daisaku Ikeda como a Baby Sumaúma, o Encontro das Águas, a Castanheira Centenária, as Ruínas das Olarias, o Meliponário, o Viveiro de Mudas, a trilha da terra-preta-de-índio. O roteiro das palestras é adaptado de acordo com o período do ano e das condições meteorológicas e continuará dentro de um calendário ao longo do ano. Compartilhamos aqui o conteúdo de três dessas palestras: 1) Encontro das Águas, 2) Ruínas das Olarias, e 3) Castanheira e os benefícios das árvores

1. Encontro das águas

No mirante do Instituto Soka é possível ter a visão de um dos principais pontos turísticos de Manaus, o “Encontro das águas”. É ali que os rios Negro e Solimões se encontram dando origem ao rio Amazonas, mas suas águas não se misturam por aproximadamente 7 quilômetros. Diante das explicações que são dadas, os alunos passam a conhecer as razões de águas não se misturarem e são levados a raciocinar sobre uma referência do fenômeno em relação aos seres humanos. 

Nas explicações, são lembrados os principais fatores que provocam o fenômeno: velocidade dos rios, temperatura, formação geológica, partículas em suspensão, e o diferente pH de cada um dos rios. Ao serem dadas as explicações, é feita uma reflexão sobre as características que nos tornam seres humanos diferentes uns dos outros, aproveitando o potencial de construir coisas grandiosas como o rio. Quem apresenta o tema aproveita para comparar a logomarca do Instituto com o Encontro das Águas.

Do mirante também é possível visualizar uma estação de captação de água que é um dos responsáveis pelo abastecimento da cidade de Manaus, feito através do rio Negro. Os alunos são instados, então, a refletir sobre a qualidade de água que chega às suas casas e a compreenderem a relação que há entre o processo de tratamento da água com o que aprenderam sobre as propriedades que levam as águas de cada rio a não se misturarem. 

Encontro das Águas em Manaus – Vista do Instituto Soka Amazônia

A cidade de Manaus é cortada por igarapés que deságuam no rio Negro. Um dos propósitos da palestra é que os alunos se conscientizem da importância de preservar os igarapés com a consciência do significado deles para o rio Negro, de onde se extraem muitos recursos, lembrando que suas águas são parte fundamental para criação do rio Amazonas, o maior rio de água doce do mundo, responsável por um alto porcentual da água doce despejada no oceano, com influência na vida marinha. 

2. Ruínas das olarias 

Nos anos de 1910, durante o auge do ciclo da borracha na cidade de Manaus, no local onde hoje funciona o Instituto, existia uma rede de olarias que forneciam material para construção do centro histórico da cidade de Manaus. Por conta dessas fábricas, uma grande área foi desmatada para se produzir lenha para os fornos de tijolos. Próximo ao rio, hoje, ainda é possível ver algumas estruturas dessas antigas fábricas e, principalmente, ver a retomada da floresta sobre as ruínas, uma vez que o local foi restaurado, possibilitando o surgimento de uma nova floresta.  

Os alunos realizam uma pequena trilha dentro das ruínas, ou no seu entorno, dependendo da vazante. Enquanto se conta a história dessa área, é feita uma reflexão sobre a importância de novas tecnologias para a preservação do meio ambiente e a importância de ambos estarem alinhados na construção de uma sociedade mais sustentável. 

Por estar à beira do rio e ser uma área de várzea sazonalmente alagada pela vazante do rio Negro, também é um local onde se acumula muito lixo trazido pela correnteza do rio. Os alunos são estimulados a refletir sobre o descarte correto do lixo e as possibilidades de reaproveitamento e reciclagem.

3. Castanheira e os benefícios das árvores

Ao pé de uma castanheira centenária, os alunos refletem sobre os principais benefícios que uma árvore e uma floresta podem trazer para as nossas vidas. 

O primeiro benefício discutido é o “sequestro de carbono” feito pelas árvores. Uma árvore é capaz de absorver 180 kg de CO2. A fase em que uma árvore mais absorve carbono é durante o crescimento, uma vez que o carbono é essencial para a constituição podendo representar até 80% da formação do tronco. Os alunos são estimulados a sempre plantar árvores para garantir que o processo seja mantido. 

O segundo benefício diz respeito à qualidade térmica nas cidades. A sombra de árvores e a diminuição da sensação térmica são alguns dos pontos expostos. Apesar de Manaus ser a capital da floresta Amazônica brasileira, no CENSO de 2010 feito pelo IBGE foi constatado que a cidade é uma das capitais com o pior índice de arborização urbana. Segundo o Centro de Monitoramento da UFAM, Manaus conta com apenas 22% de cobertura vegetal.  Nesse ponto, os alunos refletem sobre a necessidade de preservação da vegetação dentro da cidade. 

O terceiro ponto é o processo conhecido como “rios voadores”, massa de ar carregada de gotículas de água que é levada pelos ventos no céu para boa parte do sudeste e centro-oeste do Brasil, regiões do país em que se produz a maior parte dos alimentos. 

Enfim, dessa forma, os alunos conhecem o ciclo da água e a interligação de todo o país e o quanto o impacto da preservação da floresta amazônica influencia não só a economia local, como a qualidade de vida de todo o Brasil bem como de outros países.