Vem passarinhar Manaus: aprendizado e bem-estar garantidos

O objetivo: observar as exuberantes aves amazônicas em seu habitat natural seja para recreação, seja para fins de estudo

É indiscutível o relevante papel das aves para o equilíbrio dos ecossistemas. Cada grupo de animais tem um propósito e uma função a desempenhar e, graças às características únicas como hábitos alimentares e agilidade no deslocamento pelo ar, as aves formam um contingente essencial para o pleno êxito da harmonia entre os diferentes ecossistemas.

As birdwatching, termo cunhado nos EUA onde a atividade se originou, como são chamadas as ações de grupos para a observação desses animais, além de uma atividade que se complementa à terapia de Banho de Floresta (matéria já publicada neste blog: https://institutosoka-amazonia.org.br/que-tal-um-banho-de-floresta/ ), é ainda uma ação muito eficaz de educação ambiental.

A professora doutora Katell Uguen, da Universidade Estadual do Amazonas, é a orientadora do projeto Vem Passarinhar Manaus, que consiste em ações de observação de pássaros, com alunos e público em geral, em Manaus.

Sensação de bem estar

“Tudo começou na pandemia, em 2020 e vem se realizando com uma periodicidade de aproximadamente 30 a 45 dias”, contou a professora. Francesa de nascimento, vive no Amazonas há 25 anos. Embora tenha se graduado em engenharia agronômica, fez o doutorado em Ecologia Ambiental. “Desde a primeira vez que fui a uma passarinhada*, no Museu da Amazônia, a sensação de bem-estar me conquistou”, contou ela.

Ela se apressa a esclarecer que a iniciativa do Vem Passarinhar Manaus foi de uma aluna de graduação. “Ela veio com o projeto que eu imediatamente abracei por enxergar grandes oportunidades de estudo e também de compartilhamento de vivências saudáveis”, contou. Basicamente, o Vem Passarinhar Manaus uniu o utilíssimo ao agradabilíssimo.

“Já fizemos, no Instituto Soka, oito ações do projeto com a equipe e uma com o público em geral e já identificamos 71 espécies, mas isso ainda é pouco”

Muitas espécies de plantas das florestas amazônicas e de áreas periodicamente alagadas produzem frutos carnosos, com cores vivas e odor forte. Tais características atraem tanto aves como mamíferos que fazem o importante trabalho de dispersar as sementes para longe da árvore-mãe, o que garante a perpetuação e a conquista de novos ambientes para muitas espécies e sua permanência no ecossistema a longo prazo.

Alterações nos habitats podem gerar desequilíbrio, por isso, devido ao bom estado de conservação da cobertura vegetal e a diversidade de ambientes ao longo de um gradiente do rio para a terra firme, as passarinhadas no ISA são tão interessantes. “Já fizemos, no Instituto Soka, três ações do projeto com a equipe e uma com o público em geral e já identificamos 71 espécies, mas ainda é pouco”, explicou. Segundo ela, a área do Encontro das Águas pode reunir facilmente, mais de 300 espécies de aves devido às condições únicas que essas águas oferecem.

Dia mundial da observação de aves

O dia 8 de outubro é o Big Global Day, para o movimento do birdwatching. No mundo todo os apaixonados pela observação de aves saem a campo para reunir dados de extrema relevância para as pesquisas e/ou simplesmente se deleitar com o prazer de estar em meio ao verde, pois é um momento da Primavera (no hemisfério Sul) e Outono (no hemisfério Norte) em que as migrações estão em plena preparação e/ou em andamento. Em outubro, a equipe do projeto fez um levantamento no Instituto Soka onde levantou 28 espécies, contribuindo para o esforço mundial de monitoramento da biodiversidade.

Arquivo de sons de pássaros

Após cada ação do Vem Passarinhar Manaus são produzidos relatórios com os dados coletados. Os espécimes podem ser atraídos por meio de arquivo de sons de pássaros, o que possibilita a observação mais objetiva. A professora explica que a observação de aves é uma atividade que existe desde que o homem começou a interessar-se pelo comportamento de outras formas de vida. Há grupos que se dedicam a essa atividade regularmente em praticamente todos os parques nacionais. Aqui no Brasil o birdwatching é recente mas já conta com muitos clubes de observadores de aves e todos os estados.

É também uma atividade que resulta em benefícios para toda a coletividade, como o desenvolvimento do turismo responsável, pois esse turista não degrada e não polui, por ter a consciência da importância de preservar para que sempre haja espécimes a serem observados. Outro benefício é a geração de renda e valores agregados às comunidades locais, além, é claro, da sensibilização para a importância da conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Outro ponto abordado pela professora é a educação ambiental. “Quem já foi a um birdwatching será naturalmente um defensor do meio ambiente”, finalizou.

(*) A professora dá a essa expressão (passarinhada) um sentido muito mais nobre do que tem em muitos lugares do país onde o termo se refere a uma especialidade gastronômica como a famigerada “Passarinhada de Embu”, churrascada de confraternização política numa cidade da região da grande São Paulo, em que foram mortos de 2 mil a 3 mil pássaros.

Relações entre espécies: a biodiversidade em favor da vida

As relações entre os seres vivos é o que torna fascinante a vida selvagem!

Existem muitas formas de os seres vivos interagirem na natureza. Algumas relações podem parecer violentas, outras afetuosas até, mas cada qual possui uma finalidade objetiva e necessária dentro do ciclo da vida. 

Os seres vivos estão em constante troca. Para os leigos, em muitos casos, pode parecer benéfico somente para um lado, enquanto o outro simplesmente se deixa ser ‘usado’. Mas não é bem assim. Na natureza, existem diversos tipos de relações, sendo algumas benéficas e outras prejudiciais para os envolvidos. Essas relações são classificadas como positivas, quando há ganho para um dos lados ou para ambos, e como negativas, quando há prejuízo pelo menos para um dos implicados. Quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, as relações são denominadas intraespecíficas e, quando são de espécies diferentes, chamamos de interespecífica. 

União faz a força!

Exemplos de relacionamentos intraespecíficos são os recifes de coral. Cada qual é formado por inúmeros indivíduos juntos vivendo e atuando em conjunto para o bem comum. Essa relação é chamada de colônia. Vivem todos juntos, literalmente colados uns nos outros realizando funções coletivamente em prol de toda a coletividade.

Já as colmeias e os formigueiros são chamados de sociedades e são exemplos de envolvidos. Embora suas organizações sejam também formadas por indivíduos da mesma espécie, existem grupos específicos cada um realizando ações diferenciadas, tudo em prol da sociedade em que vivem. Os papéis são claros e precisos, os indivíduos nascem e exercem suas funções sem nunca mudar de área, sem questionar, do nascimento à morte, como numa engrenagem perfeita. 

Podem ainda ser desarmônicas, quando há competição entre indivíduos, por recursos que, na maioria das vezes, não estão disponíveis em abundância no meio em que vivem. Alimento, água, parceiros reprodutivos, abrigos, são exemplos de recursos escassos que podem ser motivo de competição e desarmonia. O que ocorre é a seleção natural, dos mais fortes e/ou aptos. Casos extremos ocorrem com frequência na natureza, como o canibalismo. Um exemplo clássico é a viúva negra que, logo após o coito, arranca e devora a cabeça do macho. O mesmo ocorre com as fêmeas do louva-a-deus que devoram todo o corpo do macho. Cadelas que se sentem muito debilitadas após o parto, devoram alguns de seus filhotes recém paridos ou mesmo todos, se ela sentir que sua sobrevivência depende disso.

Diferentes tipos de parcerias

Nas relações interespecíficas há pelo menos sete tipos bem diferenciados.

  1. Protocooperação – ela acontece quando dois seres envolvidos se ligam para cooperarem um com o outro. O exemplo clássico é o que ocorre entre o pássaro-palito e o jacaré. A relação se dá quando o pássaro pousa na boca do jacaré para alimentar-se dos resíduos de carne que sobram entre os dentes. Ambos se beneficiam da relação: o jacaré ganha uma limpeza bucal e o pássaro sua refeição fácil. Outro exemplo é o que ocorre entre as árvores e os pássaros. As árvores fornecem alimento e moradia e as aves, em contrapartida, polinizam suas flores e espalham as sementes, uma relação benéfica que já dura milhões de anos.
  1. Mutualismo – essa associação se difere da anterior pelo fato de que é essencial para a sobrevivência de ambos. Um exemplo é o líquen que ocorre quanto da associação entre o fungo e a alga: esta última produz alimento através da fotossíntese que o fungo necessita e, este absorve a umidade e matéria orgânica que a alga utiliza. Cada qual vive e atua em função da sobrevivência de ambos. Outro exemplo importante: os bovinos e as bactérias de seu estômago. Embora herbívoros, esses grandes mamíferos não conseguem quebrar a celulose das folhas que ingerem sem que as bactérias produzam a enzima celulase. Em troca de moradia e alimento, esses microorganismos trabalham para o bovino, um não vive sem o outro. 
  1. Inquilinismo – como o próprio termo sugere, a relação se estabelece sem que os envolvidos retirem nada do outro. O exemplo clássico é o das plantas epífitas (orquídeas e bromélias) que aderem aos troncos das árvores. Isso garante que consigam maior luminosidade e, portanto, tenham condições de realizar a fotossíntese para produzir seu alimento. Para as árvores, a presença dessas plantas é inofensiva.
Inquilinismo: Plantas Epífitas como as Orquídeas
  1. Comensalismo – os parceiros compartilham do mesmo alimento como ocorre com leões e hienas. As leoas caçam, chamam o leão para que se alimente, depois é a vez delas e, quando todos estão saciados, deixam os restos para as hienas que se mantém ao redor, à espreita durante todo o processo. É uma relação estranha e peculiar, mas nenhuma das partes se prejudica.
  1. Parasitismo – este é um tipo de relação diferente da anterior no sentido de uma das partes se aproveita do esforço do outro e prejudica-o. O exemplo mais cotidiano é o dos piolhos e carrapatos e o ser humano. Os insetos são ectoparasitas, ficam instalados externamente. Já os endoparasitas, que se instalam dentro do corpo, como os vermes que se alojam no intestino. Todos esses parasitas sobrevivem se alimentando de sangue, líquido vital para a sobrevivência humana e, em estágios graves, podem levar à anemia ou outras patologias.
  1. Herbivoria ou herbivorismo – tem a ver com a fonte de alimento. Bovinos se enquadram nesse grupo, bem inúmeras outras espécies de vertebrados que se alimentam exclusivamente de plantas, consequentemente, predando-as. (Obs.: No caso do ser humano, dá-se ao fenômeno o nome de vegetarianismo e, no caso dos insetos, de fitofagia).
  1. Predatismo – essa é uma relação em que a presa (que servirá de alimento) e o predador (que caçará a presa). São muitos os exemplos que poderiam ser apresentados. Um deles é o que ocorre entre os leões e as zebras; serpentes e ratos; crocodilo e gnu, por exemplo. Importantíssimo para manter o equilíbrio ambiental das populações de determinados animais.

Fontes: 

https://www.biologianet.com/ecologia/protocooperacao.htm

https://www.biologianet.com/ecologia/predatismo-predacao.htm#:~:text=Um%20exemplo%20cl%C3%A1ssico%20de%20predatismo,como%20vis%C3%A3o%20ou%20olfato%20agu%C3%A7ados

https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/relacoesecologicas4.php

https://www.biologianet.com/ecologia/comensalismo.htm

https://www.todabiologia.com/ecologia/inquilinismo.htm

https://www.ecycle.com.br/mutualismo/

Relações entre espécies: a biodiversidade em favor da vida

As relações entre os seres vivos é o que torna fascinante a vida selvagem!

Existem muitas formas de os seres vivos interagirem na natureza. Algumas relações podem parecer violentas, outras afetuosas até, mas cada qual possui uma finalidade objetiva e necessária dentro do ciclo da vida. 

Os seres vivos estão em constante troca. Para os leigos, em muitos casos, pode parecer benéfico somente para um lado, enquanto o outro simplesmente se deixa ser ‘usado’. Mas não é bem assim. Na natureza, existem diversos tipos de relações, sendo algumas benéficas e outras prejudiciais para os envolvidos. Essas relações são classificadas como positivas, quando há ganho para um dos lados ou para ambos, e como negativas, quando há prejuízo pelo menos para um dos implicados. Quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, as relações são denominadas intraespecíficas e, quando são de espécies diferentes, chamamos de interespecífica. 

União faz a força!

Exemplos de relacionamentos intraespecíficos são os recifes de coral. Cada qual é formado por inúmeros indivíduos juntos vivendo e atuando em conjunto para o bem comum. Essa relação é chamada de colônia. Vivem todos juntos, literalmente colados uns nos outros realizando funções coletivamente em prol de toda a coletividade.

Já as colmeias e os formigueiros são chamados de sociedades e são exemplos de envolvidos. Embora suas organizações sejam também formadas por indivíduos da mesma espécie, existem grupos específicos cada um realizando ações diferenciadas, tudo em prol da sociedade em que vivem. Os papéis são claros e precisos, os indivíduos nascem e exercem suas funções sem nunca mudar de área, sem questionar, do nascimento à morte, como numa engrenagem perfeita. 

Podem ainda ser desarmônicas, quando há competição entre indivíduos, por recursos que, na maioria das vezes, não estão disponíveis em abundância no meio em que vivem. Alimento, água, parceiros reprodutivos, abrigos, são exemplos de recursos escassos que podem ser motivo de competição e desarmonia. O que ocorre é a seleção natural, dos mais fortes e/ou aptos. Casos extremos ocorrem com frequência na natureza, como o canibalismo. Um exemplo clássico é a viúva negra que, logo após o coito, arranca e devora a cabeça do macho. O mesmo ocorre com as fêmeas do louva-a-deus que devoram todo o corpo do macho. Cadelas que se sentem muito debilitadas após o parto, devoram alguns de seus filhotes recém paridos ou mesmo todos, se ela sentir que sua sobrevivência depende disso.

Diferentes tipos de parcerias

Nas relações interespecíficas há pelo menos sete tipos bem diferenciados.

  1. Protocooperação – ela acontece quando dois seres envolvidos se ligam para cooperarem um com o outro. O exemplo clássico é o que ocorre entre o pássaro-palito e o jacaré. A relação se dá quando o pássaro pousa na boca do jacaré para alimentar-se dos resíduos de carne que sobram entre os dentes. Ambos se beneficiam da relação: o jacaré ganha uma limpeza bucal e o pássaro sua refeição fácil. Outro exemplo é o que ocorre entre as árvores e os pássaros. As árvores fornecem alimento e moradia e as aves, em contrapartida, polinizam suas flores e espalham as sementes, uma relação benéfica que já dura milhões de anos.
  1. Mutualismo – essa associação se difere da anterior pelo fato de que é essencial para a sobrevivência de ambos. Um exemplo é o líquen que ocorre quanto da associação entre o fungo e a alga: esta última produz alimento através da fotossíntese que o fungo necessita e, este absorve a umidade e matéria orgânica que a alga utiliza. Cada qual vive e atua em função da sobrevivência de ambos. Outro exemplo importante: os bovinos e as bactérias de seu estômago. Embora herbívoros, esses grandes mamíferos não conseguem quebrar a celulose das folhas que ingerem sem que as bactérias produzam a enzima celulase. Em troca de moradia e alimento, esses microorganismos trabalham para o bovino, um não vive sem o outro. 
  1. Inquilinismo – como o próprio termo sugere, a relação se estabelece sem que os envolvidos retirem nada do outro. O exemplo clássico é o das plantas epífitas (orquídeas e bromélias) que aderem aos troncos das árvores. Isso garante que consigam maior luminosidade e, portanto, tenham condições de realizar a fotossíntese para produzir seu alimento. Para as árvores, a presença dessas plantas é inofensiva.
Inquilinismo: Plantas Epífitas como as Orquídeas
  1. Comensalismo – os parceiros compartilham do mesmo alimento como ocorre com leões e hienas. As leoas caçam, chamam o leão para que se alimente, depois é a vez delas e, quando todos estão saciados, deixam os restos para as hienas que se mantém ao redor, à espreita durante todo o processo. É uma relação estranha e peculiar, mas nenhuma das partes se prejudica.
  1. Parasitismo – este é um tipo de relação diferente da anterior no sentido de uma das partes se aproveita do esforço do outro e prejudica-o. O exemplo mais cotidiano é o dos piolhos e carrapatos e o ser humano. Os insetos são ectoparasitas, ficam instalados externamente. Já os endoparasitas, que se instalam dentro do corpo, como os vermes que se alojam no intestino. Todos esses parasitas sobrevivem se alimentando de sangue, líquido vital para a sobrevivência humana e, em estágios graves, podem levar à anemia ou outras patologias.
  1. Herbivoria ou herbivorismo – tem a ver com a fonte de alimento. Bovinos se enquadram nesse grupo, bem inúmeras outras espécies de vertebrados que se alimentam exclusivamente de plantas, consequentemente, predando-as. (Obs.: No caso do ser humano, dá-se ao fenômeno o nome de vegetarianismo e, no caso dos insetos, de fitofagia).
  1. Predatismo – essa é uma relação em que a presa (que servirá de alimento) e o predador (que caçará a presa). São muitos os exemplos que poderiam ser apresentados. Um deles é o que ocorre entre os leões e as zebras; serpentes e ratos; crocodilo e gnu, por exemplo. Importantíssimo para manter o equilíbrio ambiental das populações de determinados animais.

Fontes: 

https://www.biologianet.com/ecologia/protocooperacao.htm

https://www.biologianet.com/ecologia/predatismo-predacao.htm#:~:text=Um%20exemplo%20cl%C3%A1ssico%20de%20predatismo,como%20vis%C3%A3o%20ou%20olfato%20agu%C3%A7ados

https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/relacoesecologicas4.php

https://www.biologianet.com/ecologia/comensalismo.htm

https://www.todabiologia.com/ecologia/inquilinismo.htm

https://www.ecycle.com.br/mutualismo/