Desde novembro de 2021, a família desse primata ameaçado está se adaptando ao novo espaço e parece estar totalmente ambientada
O sauim-de-coleira é um dos xodós da população de Manaus-AM, por causa de sua presença em diversos fragmentos florestais do Amazonas. Devido a isso, é muitas vezes chamado de sauim-de-manaus ou de sauim-de-duas-cores.
Desde o último mês de novembro, uma família desses primatas foi alocada na reserva do Instituto Soka Amazônia, afinal seu habitat natural está sendo cada vez mais perdido devido ao crescimento desordenado da região.
“Dos 9 animais do grupo, três se separaram, mas se juntam esporadicamente. Esse grupo menor dificilmente é avistado”, contou o professor doutor em Zoologia da Universidade Federal do Amazonas -UFAMA, Marcelo Gordo, responsável pela captura e soltura da família.
Segundo ele, o grupo maior, com os 6 indivíduos, tem explorado bem novas áreas dentro da Reserva, voltando sempre para se alimentar nas plataformas elevadas, abastecidas com bananas todos os dias.
Competidores naturais
Embora sejam competidores naturais por território e alimentos dos sauins, os macacos de cheiro que já eram abundantes na reserva, até o momento não têm causado problemas. “Nessa época de chuvas há muitas árvores com frutos disponíveis para ambas as espécies”, ressalta o professor.
Na última semana de janeiro, o grupo principal com 6 indivíduos foi avistado. “Estão frequentando com menos frequência as plataformas de alimentação, provavelmente pela fartura de alimentos na mata. Aparentemente estão muito bem”, detalhou, “infelizmente, o grupo menor com 3 animais não foi mais avistado”.
Uma espécie em constante ameaça
Desde 1997 a redução de seu habitat natural fez com que a população desse simpático primata fosse diminuída em 80%. Hoje restam 7,5 mil km² (nos) em partes dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara.
Tanto a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) quanto o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), colocam a espécie no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. A estimativa atual é de que ainda existam mais de 45 mil sauins-de-coleira na natureza, com mais de 20 mil adultos entre eles. A cada ano, no entanto, eles perdem mais de 250 km² de habitat: 80% para o desmatamento e 20% pela ocupação do seu principal concorrente: o sagui-de-mãos-douradas.
O fotógrafo da natureza, Valter Calheiros de Souza vem registrando as belezas e os desafios da Amazônia desde a década de 1980
Não há dúvida de que há quem veja e não enxergue e há quem olhe e perceba muito mais do que está diante de si. Este é o olhar do fotógrafo, um ser sensível que, munido de sua câmera, consegue captar muito mais do que a simples paisagem à sua frente. Valter, desde que se mudou de Parintins-PA, para Manaus-AM, encontrou na arte fotográfica seu modo de exprimir o mundo que enxerga, tanto como meio de registrar sua riqueza como para denunciar as mazelas. É ainda um dos grandes amigos e colaboradores do Instituto Soka Amazônia.
O que significa ter “um bom olho”
O olhar fotográfico é aquele que além de ver, sente o que se passa naquele local. Dessa forma, ter ‘um bom olho” para a fotografia passa necessariamente pelo sentimento, pelo universo interno de cada um. Por meio do ato de fotografar proporciona-se a comunicação, daí a conhecida sentença ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’, frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio. O jovem Valter, no alto de seus 17 anos, assim que chegou a Manaus percebeu que poderia ‘comunicar muito’, por meio de suas imagens.
Por meio do ato de fotografar proporciona-se a comunicação, daí a conhecida sentença ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’
frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio
Mostrar uma maravilha ao mundo
Oriundo de uma prole numerosa, ele é o terceiro de 9 irmãos, chegou a um distrito na periferia de Manaus que fica em frente ao Encontro das Águas. “Naquele momento senti que tinha o dever de registrar aquela maravilha e mostra-la ao mundo! ” Para quem ainda não teve o privilégio de ir a esse local encantado, onde as águas dos rios Negro e Solimões percorrem quilômetros lado-a-lado, como se algo mágico os unisse e os impelisse a caminhar irmanados de forma a produzir tal singularidade, não tem ideia da grandiosidade desse fenômeno.
Para o adolescente Valter, esse momento marcou profundamente sua vida. Uniu-se a outros com o objetivo de salvaguardar aquele local sagrado e vem se empenhando para garantir a sua preservação.
Educador ambiental
Valter é o responsável pela área educacional do Museu da Amazônia – MUSA. Segundo consta do site, “O mote ‘viver juntos’, mais que um imperativo de entendimento entre humanos e não humanos que aqui vivem, é, para o Musa, símbolo de um projeto de educação e solidariedade empenhado em promover o convívio dos cidadãos na diversidade cultural, biológica, social e política da grande bacia amazônica”. Trata-se de um ‘museu vivo’, ou seja, os visitantes têm um acervo a céu aberto, onde podem ver as intrincadas ligações entre os seres que compõem o espaço totalmente vivo e interativo.
Valter coordena as visitações, em especial das escolas das redes públicas municipal e estadual. “Há basicamente dois tipos de visitas: a matutina e a noturna”, explica Valter. A matutina acontece muito cedo, quando as criaturas do dia iniciam sua jornada. A noturna, ainda mais fascinante, visa assistir aos seres noturnos em suas ações cotidianas.
“A Amazônia tem 2 momentos no ano: a cheia e a vazante. Durante a cheia é praticamente impossível realizar determinadas atividades, mas pode-se fazer outras, como percorrer os igarapés de barco. Na vazante, quando as águas baixam e a vida terrestre reinicia”, torna a explicar. Em cada fase o museu se reinventa e produz vivências inesquecíveis aos seus visitantes.”
Os 100 hectares do MUSA
Criado em janeiro de 2009, o Musa ocupa 100 hectares da Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, em Manaus. Uma área de floresta de terra firme, nativa, que há mais de 60 anos vem sendo estudada com paixão.
Podem ser encontrados no MUSA: exposições, viveiro de orquídeas e bromélias, lago, aquários e laboratórios experimentais de serpentes, de insetos e de borboletas. Uma torre de 42 metros permite fruir uma magnífica vista do dossel das árvores da floresta, inesquecível quando vista às seis da manhã.
Trilhas na floresta proporcionam ao visitante passeios agradáveis e descobertas surpreendentes. No Musa são desenvolvidas pesquisas em divulgação e popularização da ciência e da educação científica e cultural.
O fotógrafo da natureza, Valter Calheiros de Souza vem registrando as belezas e os desafios da Amazônia desde a década de 1980
Não há dúvida de que há quem veja e não enxergue e há quem olhe e perceba muito mais do que está diante de si. Este é o olhar do fotógrafo, um ser sensível que, munido de sua câmera, consegue captar muito mais do que a simples paisagem à sua frente. Valter, desde que se mudou de Parintins-PA, para Manaus-AM, encontrou na arte fotográfica seu modo de exprimir o mundo que enxerga, tanto como meio de registrar sua riqueza como para denunciar as mazelas. É ainda um dos grandes amigos e colaboradores do Instituto Soka Amazônia.
O que significa ter “um bom olho”
O olhar fotográfico é aquele que além de ver, sente o que se passa naquele local. Dessa forma, ter ‘um bom olho” para a fotografia passa necessariamente pelo sentimento, pelo universo interno de cada um. Por meio do ato de fotografar proporciona-se a comunicação, daí a conhecida sentença ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’, frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio. O jovem Valter, no alto de seus 17 anos, assim que chegou a Manaus percebeu que poderia ‘comunicar muito’, por meio de suas imagens.
Por meio do ato de fotografar proporciona-se a comunicação, daí a conhecida sentença ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’
frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio
Mostrar uma maravilha ao mundo
Oriundo de uma prole numerosa, ele é o terceiro de 9 irmãos, chegou a um distrito na periferia de Manaus que fica em frente ao Encontro das Águas. “Naquele momento senti que tinha o dever de registrar aquela maravilha e mostra-la ao mundo! ” Para quem ainda não teve o privilégio de ir a esse local encantado, onde as águas dos rios Negro e Solimões percorrem quilômetros lado-a-lado, como se algo mágico os unisse e os impelisse a caminhar irmanados de forma a produzir tal singularidade, não tem ideia da grandiosidade desse fenômeno.
Para o adolescente Valter, esse momento marcou profundamente sua vida. Uniu-se a outros com o objetivo de salvaguardar aquele local sagrado e vem se empenhando para garantir a sua preservação.
Educador ambiental
Valter é o responsável pela área educacional do Museu da Amazônia – MUSA. Segundo consta do site, “O mote ‘viver juntos’, mais que um imperativo de entendimento entre humanos e não humanos que aqui vivem, é, para o Musa, símbolo de um projeto de educação e solidariedade empenhado em promover o convívio dos cidadãos na diversidade cultural, biológica, social e política da grande bacia amazônica”. Trata-se de um ‘museu vivo’, ou seja, os visitantes têm um acervo a céu aberto, onde podem ver as intrincadas ligações entre os seres que compõem o espaço totalmente vivo e interativo.
Valter coordena as visitações, em especial das escolas das redes públicas municipal e estadual. “Há basicamente dois tipos de visitas: a matutina e a noturna”, explica Valter. A matutina acontece muito cedo, quando as criaturas do dia iniciam sua jornada. A noturna, ainda mais fascinante, visa assistir aos seres noturnos em suas ações cotidianas.
“A Amazônia tem 2 momentos no ano: a cheia e a vazante. Durante a cheia é praticamente impossível realizar determinadas atividades, mas pode-se fazer outras, como percorrer os igarapés de barco. Na vazante, quando as águas baixam e a vida terrestre reinicia”, torna a explicar. Em cada fase o museu se reinventa e produz vivências inesquecíveis aos seus visitantes.”
Os 100 hectares do MUSA
Criado em janeiro de 2009, o Musa ocupa 100 hectares da Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, em Manaus. Uma área de floresta de terra firme, nativa, que há mais de 60 anos vem sendo estudada com paixão.
Podem ser encontrados no MUSA: exposições, viveiro de orquídeas e bromélias, lago, aquários e laboratórios experimentais de serpentes, de insetos e de borboletas. Uma torre de 42 metros permite fruir uma magnífica vista do dossel das árvores da floresta, inesquecível quando vista às seis da manhã.
Trilhas na floresta proporcionam ao visitante passeios agradáveis e descobertas surpreendentes. No Musa são desenvolvidas pesquisas em divulgação e popularização da ciência e da educação científica e cultural.
Meu nome é igarapé, mas pode me chamar de caminho d’água, que é como os índios me chamavam
São cursos d’água de primeira, segunda ou terceira ordem que irrigam a floresta amazônica e percorrem quilômetros mata adentro. São constituídos por longos braços de rios ou canais e são incontáveis em toda a bacia Amazônica. Pouco profundos e estreitos, portanto, somente pequenas embarcações chatas e canoas conseguem navegar por eles. No idioma tupi-guarani, igarapé = caminho d’água.
Para as comunidades ribeirinhas são fonte de água potável, proporcionam irrigação para suas pequenas plantações, peixes como alimento e vias de acesso a rios e outras comunidades. Mas o que mais importante disso tudo é sua imensa importância à biodiversidade.
Segundo ressaltam os especialistas, a Amazônia constitui a maior bacia fluvial do planeta, com 700 mil km2. Composta por rios e lagos gigantes, os igarapés abundam e são parte essencial da intrincada cadeia de cursos d’água, constituindo uma das reservas aquáticas mais densas do mundo. Excetuando-se os rios que nascem nas altas montanhas dos Andes, quase todos os rios amazônicos são resultantes da junção de pequenos igarapés. Estima-se que 80% da bacia hidrográfica é ocupada pelos igarapés, ou seja, são a morada de uma quantidade inestimável de flora e fauna, muitas das quais ainda estão por serem descobertas e catalogadas.
Estudo recente
Pesquisadores catalogaram, observaram e registraram 83 igarapés (com até três metros de largura) nos municípios de Santarém e Paragominas, no Pará, para melhor compreender a importância desses pequenos cursos d’água para a conservação da biodiversidade em regiões de expansão agropecuária. Nesse artigo os cientistas apontaram principalmente as fragilidades nas leis ambientais brasileiras na proteção dos riachos de pequeno porte, fundamentais para humanos.
O estudo foi coordenado por pesquisadores da Rede Amazônia Sustentável (RAS), que reúne mais de 30 instituições do Brasil e do exterior com o objetivo de pesquisar temas relacionados à conservação e o uso sustentável da terra na região amazônica. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico britânico Journal of Applied Ecology. A RAS é coordenada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Lancaster University, Manchester Metropolitan University, Stockholm Environment Institute e o Museu Paraense Emílio Goeldi.
As leis atuais protegem os cursos d’água, mas simplesmente ignoram o que ocorre mata adentro, longe das margens dos igarapés. O problema é que se trata de um sistema complexo que afeta todo o conjunto. A derrubada da mata afeta também os cursos d’água. Não há como proteger somente uma parte da cadeia.
Em 150 metros, 44 espécies de peixe
Os pesquisadores se surpreenderam com a imensa variedade de vida! Num pequeno trecho de apenas 150 metros, obtiveram o registro de 44 espécie de peixes. Mesmo igarapés próximos, com poucos quilômetros de distância um do outro, abrigam conjuntos de espécies bastante diferentes. Ou seja: cada pequeno curso d’água amazônico é inestimável e precisa ser preservado.
Meu nome é igarapé, mas pode me chamar de caminho d’água, que é como os índios me chamavam
São cursos d’água de primeira, segunda ou terceira ordem que irrigam a floresta amazônica e percorrem quilômetros mata adentro. São constituídos por longos braços de rios ou canais e são incontáveis em toda a bacia Amazônica. Pouco profundos e estreitos, portanto, somente pequenas embarcações chatas e canoas conseguem navegar por eles. No idioma tupi-guarani, igarapé = caminho d’água.
Para as comunidades ribeirinhas são fonte de água potável, proporcionam irrigação para suas pequenas plantações, peixes como alimento e vias de acesso a rios e outras comunidades. Mas o que mais importante disso tudo é sua imensa importância à biodiversidade.
Segundo ressaltam os especialistas, a Amazônia constitui a maior bacia fluvial do planeta, com 700 mil km2. Composta por rios e lagos gigantes, os igarapés abundam e são parte essencial da intrincada cadeia de cursos d’água, constituindo uma das reservas aquáticas mais densas do mundo. Excetuando-se os rios que nascem nas altas montanhas dos Andes, quase todos os rios amazônicos são resultantes da junção de pequenos igarapés. Estima-se que 80% da bacia hidrográfica é ocupada pelos igarapés, ou seja, são a morada de uma quantidade inestimável de flora e fauna, muitas das quais ainda estão por serem descobertas e catalogadas.
Estudo recente
Pesquisadores catalogaram, observaram e registraram 83 igarapés (com até três metros de largura) nos municípios de Santarém e Paragominas, no Pará, para melhor compreender a importância desses pequenos cursos d’água para a conservação da biodiversidade em regiões de expansão agropecuária. Nesse artigo os cientistas apontaram principalmente as fragilidades nas leis ambientais brasileiras na proteção dos riachos de pequeno porte, fundamentais para humanos.
O estudo foi coordenado por pesquisadores da Rede Amazônia Sustentável (RAS), que reúne mais de 30 instituições do Brasil e do exterior com o objetivo de pesquisar temas relacionados à conservação e o uso sustentável da terra na região amazônica. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico britânico Journal of Applied Ecology. A RAS é coordenada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Lancaster University, Manchester Metropolitan University, Stockholm Environment Institute e o Museu Paraense Emílio Goeldi.
As leis atuais protegem os cursos d’água, mas simplesmente ignoram o que ocorre mata adentro, longe das margens dos igarapés. O problema é que se trata de um sistema complexo que afeta todo o conjunto. A derrubada da mata afeta também os cursos d’água. Não há como proteger somente uma parte da cadeia.
Em 150 metros, 44 espécies de peixe
Os pesquisadores se surpreenderam com a imensa variedade de vida! Num pequeno trecho de apenas 150 metros, obtiveram o registro de 44 espécie de peixes. Mesmo igarapés próximos, com poucos quilômetros de distância um do outro, abrigam conjuntos de espécies bastante diferentes. Ou seja: cada pequeno curso d’água amazônico é inestimável e precisa ser preservado.
O Instituto Soka Amazônia recebeu seus novos moradores em novembro de 2021
A cidade de Manaus é lar de muitas espécies de flora e fauna. Uma das que fazem a alegria e é a paixão dos moradores é o Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), também conhecido por sauim-de-Manaus, sagui-de-duas-cores, sagui-de-cara-nua. Uma família dessa espécie de primatas foi toda alocada no Instituto Soka Amazônia em novembro último e está se adaptando bem, para alegria de toda equipe.
Manaus é uma cidade que segue crescendo e essa expansão acaba por deixar fragmentos de mata nativa no meio urbano. Sempre que se cogita derrubar algum pedaço desses fragmentos, todo um estudo envolvendo captura, soltura e adaptação da fauna, é feito. O biólogo, mestre em Ecologia e doutor em Zoologia e pesquisador pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), Marcelo Gordo, ressaltou que muito antes da soltura dessa família de Sauim, ela já vinha sendo monitorada para conhecer seus hábitos ao mesmo tempo em que se buscavam locais que poderiam servir de lar.
“É sempre um risco. Minha preocupação inicial com a reserva do Instituto Soka era a grande quantidade de macacos-de-cheiro que predominam ali. Poderia haver disputa por território”, completou. “Mas era fundamental manter essa família de sauim próxima da área a que já estava acostumada, ou a adaptação poderia ser traumática. E a área do Instituto era a ideal”.
Fêmea alfa
Uma singularidade dessa espécie é a presença da fêmea alfa.
“A monitorização possibilitou a identificação da fêmea alfa. Com a sua captura os demais membros se mantêm próximos e isso facilita o processo”, explicou. Apreendidos todos os indivíduos, eles foram levados ao laboratório do ICMBio para coleta de material para exames, colocação de microchip, coleira rádio na fêmea alfa. Por meio desses dispositivos será possível saber com certa precisão como está toda a família.
Isso porque só a fêmea alfa reproduz e o Sauim é uma espécie em risco. Segundo a categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil, ele figura como “Criticamente em Perigo” (CR), devido especialmente à expansão urbana. Cerca de 80% de seu habitat foi perdido desde 1997 e, em consequência, 80% de sua população igualmente se reduziu. Restam somente 46.500 indivíduos segundo a última estimativa. Destes, cerca de 20 mil são adultos, mas a tendência populacional segue, infelizmente, em declínio, daí a importância de se proteger e garantir a adaptação de toda essa família em seu novo endereço.
Segue uma tabela com as características principais:
O Instituto Soka Amazônia recebeu seus novos moradores em novembro de 2021
A cidade de Manaus é lar de muitas espécies de flora e fauna. Uma das que fazem a alegria e é a paixão dos moradores é o Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), também conhecido por sauim-de-Manaus, sagui-de-duas-cores, sagui-de-cara-nua. Uma família dessa espécie de primatas foi toda alocada no Instituto Soka Amazônia em novembro último e está se adaptando bem, para alegria de toda equipe.
Manaus é uma cidade que segue crescendo e essa expansão acaba por deixar fragmentos de mata nativa no meio urbano. Sempre que se cogita derrubar algum pedaço desses fragmentos, todo um estudo envolvendo captura, soltura e adaptação da fauna, é feito. O biólogo, mestre em Ecologia e doutor em Zoologia e pesquisador pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), Marcelo Gordo, ressaltou que muito antes da soltura dessa família de Sauim, ela já vinha sendo monitorada para conhecer seus hábitos ao mesmo tempo em que se buscavam locais que poderiam servir de lar.
“É sempre um risco. Minha preocupação inicial com a reserva do Instituto Soka era a grande quantidade de macacos-de-cheiro que predominam ali. Poderia haver disputa por território”, completou. “Mas era fundamental manter essa família de sauim próxima da área a que já estava acostumada, ou a adaptação poderia ser traumática. E a área do Instituto era a ideal”.
Preparo para o processo de adaptação e soltura do Sauim no Instituto Soka Amazônia
Fêmea alfa
Uma singularidade dessa espécie é a presença da fêmea alfa.
“A monitorização possibilitou a identificação da fêmea alfa. Com a sua captura os demais membros se mantêm próximos e isso facilita o processo”, explicou. Apreendidos todos os indivíduos, eles foram levados ao laboratório do ICMBio para coleta de material para exames, colocação de microchip, coleira rádio na fêmea alfa. Por meio desses dispositivos será possível saber com certa precisão como está toda a família.
Isso porque só a fêmea alfa reproduz e o Sauim é uma espécie em risco. Segundo a categoria e critério para a avaliação da espécie no Brasil, ele figura como “Criticamente em Perigo” (CR), devido especialmente à expansão urbana. Cerca de 80% de seu habitat foi perdido desde 1997 e, em consequência, 80% de sua população igualmente se reduziu. Restam somente 46.500 indivíduos segundo a última estimativa. Destes, cerca de 20 mil são adultos, mas a tendência populacional segue, infelizmente, em declínio, daí a importância de se proteger e garantir a adaptação de toda essa família em seu novo endereço.
Segue uma tabela com as características principais:
Há décadas a ciência se debruça em conhecer mais sobre como as espécies vegetais reagem a estímulos externos
O termo “estado vegetativo” é cada vez mais do que impróprio para definir alguém em estado de letargia total. Isso porque cada vez mais se sabe que os vegetais são capazes de sentir e reagir a muitas variáveis do ambiente como luz, água, gravidade, temperatura, estrutura do solo, nutrientes, toxinas, micróbios, herbívoros, sinais químicos de outras plantas. Há estudos que buscam compreender o sistema de processamento de informação, bem parecido com o que ocorre com o nosso cérebro, que integra todos os dados, coordenando respostas comportamentais de cada espécie.
Um exemplo dessa comunicação: na savana africana, as girafas têm uma predileção por determinada folhagem oriunda de acácias. Estas árvores, ao serem “atacadas” pelas girafas, liberam gás etileno que é logo assimilado por suas irmãs do entorno. Tal informação faz com que estas liberem toxinas para as folhas, de forma a rechaçar o ataque desses grandes mamíferos, o que garante a sobrevivência da comunidade. Outro exemplo de comunicação entre plantas: um estudo divulgado no fim de 2013 na revista Ecology Letters, mostrou como as plantas se comunicam por meio de compostos voláteis. Viajando pelo ar, eles avisam outras árvores sobre a presença de herbívoros potencialmente perigosos – as folhas recebem a mensagem e tornam-se mais resistentes às pragas.
A inteligência vegetal é tema de inúmeras pesquisas recentes que registraram que os vegetais possuem linguagem, memória, cognição e, mais impressionante, são dotadas da capacidade de fazer escolhas! Ou seja: cada vez mais a ciência coloca as plantas no mesmo patamar dos animais: criaturas autônomas e sensíveis.
Um novo campo de estudo foi criado: a neurobiologia vegetal, cujo propósito é entender como a planta sente e percebe seu entorno, suas reações integradas aos estímulos que o ambiente lhe proporciona. Em 2005, em Florença, a Sociedade de Neurobiologia Vegetal teve seu primeiro encontro e, em 2006, foi lançada a primeira revista científica: a Plant Signaling & Behavior (Sinalização e comportamento da planta, em tradução livre).
O fato de as plantas serem seres que não têm como se mover e buscar alimentos fez com que desenvolvessem um aparato extremamente sofisticado e ao mesmo tempo sutil, mas eficaz, tanto para localizar alimento e nutrientes como para identificar possíveis ameaças. Estudos já publicados descobriram cerca de 15 a 20 sentidos, alguns análogos aos nossos: olfato e paladar (reagem ao perceber a presença de substâncias presentes no ar ou em seu corpo, como no exemplo das girafas); visão (toda planta reage à luz e hoje se sabe que percebem diferentes comprimentos de onda luminosa e sombras); tato (trepadeiras e raízes “sabem” quando encontram objetos sólidos); audição (há muito se sabe que as plantas reagem fortemente a estímulos sonoros). Um experimento interessante realizado em laboratório, resultou na constatação de que as plantas buscam por água no subsolo, seja natural ou canos enterrados. Nesse último caso, mesmo que o solo ao redor esteja totalmente seco, o que se conclui que as plantas foram guiadas pelo som da água em movimento. As raízes merecem um capítulo à parte. Como já abordado em matéria desse mesmo blog (Um universo conectado sob os nossos pés!, leia a íntegra aqui, sabe-se que as extremidades das raízes vegetais, além de sentirem a gravidade, umidade, luz, pressão e dureza, também são capazes de perceber volume, nitrogênio, fósforo, sal, várias toxinas, micróbios e sinais químicos de plantas vizinhas. As raízes percebem quando estão próximas de obstáculos ou de alguma substância tóxica, desviam-se evitando ter contato. Também conseguem perceber quando estão próximas de plantas irmãs ou não.
“As plantas são capazes de comportamentos muitíssimo mais sofisticadas do que imaginávamos”, afirma o biólogo Rick Karban, da Universidade da Califórnia, nos EUA, e principal autor do estudo sobre comunicação vegetal. “Elas passaram por uma seleção em que tiveram de lidar com os mesmos desafios que os animais e desenvolveram soluções que, às vezes, guardam semelhanças com as deles.”
Com o avanço dos estudos em biologia e fisiologia vegetal e, aliados às novas tecnologias de medição e quantificação potentes, capazes de mensurar todos os fenômenos nunca antes imaginados é que faz com que a ciência coloque as plantas em um novo patamar: para estes pesquisadores elas ocupam o mesmo lugar na escala evolutiva.
Tudo o que foi descrito e muito mais são resultado de pesquisas recentes, realizadas nos últimos vinte anos. Há ainda muito mais a ser descoberto e, à medida que o tempo passa, novas e impressionantes descobertas se somam à ideia de que a inteligência das plantas vai muito além do que imaginávamos o que abre um grandioso e precioso leque de possibilidades para o futuro do planeta. Daí a urgência em se preservar e conservar o que existe de forma a podermos usufruir de tudo o que o mundo vegetal tem a oferecer.
Há décadas a ciência se debruça em conhecer mais sobre como as espécies vegetais reagem a estímulos externos
O termo “estado vegetativo” é cada vez mais do que impróprio para definir alguém em estado de letargia total. Isso porque cada vez mais se sabe que os vegetais são capazes de sentir e reagir a muitas variáveis do ambiente como luz, água, gravidade, temperatura, estrutura do solo, nutrientes, toxinas, micróbios, herbívoros, sinais químicos de outras plantas. Há estudos que buscam compreender o sistema de processamento de informação, bem parecido com o que ocorre com o nosso cérebro, que integra todos os dados, coordenando respostas comportamentais de cada espécie.
Um exemplo dessa comunicação: na savana africana, as girafas têm uma predileção por determinada folhagem oriunda de acácias. Estas árvores, ao serem “atacadas” pelas girafas, liberam gás etileno que é logo assimilado por suas irmãs do entorno. Tal informação faz com que estas liberem toxinas para as folhas, de forma a rechaçar o ataque desses grandes mamíferos, o que garante a sobrevivência da comunidade. Outro exemplo de comunicação entre plantas: um estudo divulgado no fim de 2013 na revista Ecology Letters, mostrou como as plantas se comunicam por meio de compostos voláteis. Viajando pelo ar, eles avisam outras árvores sobre a presença de herbívoros potencialmente perigosos – as folhas recebem a mensagem e tornam-se mais resistentes às pragas.
A inteligência vegetal é tema de inúmeras pesquisas recentes que registraram que os vegetais possuem linguagem, memória, cognição e, mais impressionante, são dotadas da capacidade de fazer escolhas! Ou seja: cada vez mais a ciência coloca as plantas no mesmo patamar dos animais: criaturas autônomas e sensíveis.
Um novo campo de estudo foi criado: a neurobiologia vegetal, cujo propósito é entender como a planta sente e percebe seu entorno, suas reações integradas aos estímulos que o ambiente lhe proporciona. Em 2005, em Florença, a Sociedade de Neurobiologia Vegetal teve seu primeiro encontro e, em 2006, foi lançada a primeira revista científica: a Plant Signaling & Behavior (Sinalização e comportamento da planta, em tradução livre).
O fato de as plantas serem seres que não têm como se mover e buscar alimentos fez com que desenvolvessem um aparato extremamente sofisticado e ao mesmo tempo sutil, mas eficaz, tanto para localizar alimento e nutrientes como para identificar possíveis ameaças. Estudos já publicados descobriram cerca de 15 a 20 sentidos, alguns análogos aos nossos: olfato e paladar (reagem ao perceber a presença de substâncias presentes no ar ou em seu corpo, como no exemplo das girafas); visão (toda planta reage à luz e hoje se sabe que percebem diferentes comprimentos de onda luminosa e sombras); tato (trepadeiras e raízes “sabem” quando encontram objetos sólidos); audição (há muito se sabe que as plantas reagem fortemente a estímulos sonoros). Um experimento interessante realizado em laboratório, resultou na constatação de que as plantas buscam por água no subsolo, seja natural ou canos enterrados. Nesse último caso, mesmo que o solo ao redor esteja totalmente seco, o que se conclui que as plantas foram guiadas pelo som da água em movimento. As raízes merecem um capítulo à parte. Como já abordado em matéria desse mesmo blog (Um universo conectado sob os nossos pés!, leia a íntegra aqui, sabe-se que as extremidades das raízes vegetais, além de sentirem a gravidade, umidade, luz, pressão e dureza, também são capazes de perceber volume, nitrogênio, fósforo, sal, várias toxinas, micróbios e sinais químicos de plantas vizinhas. As raízes percebem quando estão próximas de obstáculos ou de alguma substância tóxica, desviam-se evitando ter contato. Também conseguem perceber quando estão próximas de plantas irmãs ou não.
“As plantas são capazes de comportamentos muitíssimo mais sofisticadas do que imaginávamos”, afirma o biólogo Rick Karban, da Universidade da Califórnia, nos EUA, e principal autor do estudo sobre comunicação vegetal. “Elas passaram por uma seleção em que tiveram de lidar com os mesmos desafios que os animais e desenvolveram soluções que, às vezes, guardam semelhanças com as deles.”
Com o avanço dos estudos em biologia e fisiologia vegetal e, aliados às novas tecnologias de medição e quantificação potentes, capazes de mensurar todos os fenômenos nunca antes imaginados é que faz com que a ciência coloque as plantas em um novo patamar: para estes pesquisadores elas ocupam o mesmo lugar na escala evolutiva.
Tudo o que foi descrito e muito mais são resultado de pesquisas recentes, realizadas nos últimos vinte anos. Há ainda muito mais a ser descoberto e, à medida que o tempo passa, novas e impressionantes descobertas se somam à ideia de que a inteligência das plantas vai muito além do que imaginávamos o que abre um grandioso e precioso leque de possibilidades para o futuro do planeta. Daí a urgência em se preservar e conservar o que existe de forma a podermos usufruir de tudo o que o mundo vegetal tem a oferecer.
Tornar-se voluntário em alguma ação social é um ato de amor à humanidade e a si mesmo
O programa de voluntariado do Instituto Soka Amazônia tem como foco os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), parte da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com a pandemia houve uma interrupção no Programa, mas em breve serão reabertas as inscrições para participar. Assim, estudantes e pesquisadores da fauna e flora da Amazônia terão a oportunidade de se integrar ao bioma mais diverso do planeta e realizar um trabalho de grande valor para a humanidade. Aguardem!
Enquanto aguardamos, compartilhamos abaixo as principais benesses ao voluntário advindas das ações genuinamente altruísticas.
Fazer o bem faz bem
Há muito já se sabe que o ato de fazer o bem é benéfico não só para quem recebe, mas principalmente para quem se doa. Mas como ocorre isso? A psiquiatra Tatiana Mourão do Departamento de Saúde Mental da Universidade Federal de Minas Gerais, ressalta que pessoas verdadeiramente altruísticas se beneficiam muito dessa condição devido à descarga dos hormônios promotores do bem-estar: serotonina, endorfina, dopamina e ocitocina, reduzindo assim, os níveis de cortisol, hormônio que causa o estresse.
Há muitos estudos que comprovam essa informação, relacionando o trabalho voluntário com a redução significativa dos sintomas de depressão, melhora na saúde mental e física, menos limitações funcionais e maior longevidade.
Foi o que concluíram pesquisadores das Universidades de Michigan e Cornell, nos EUA. Durante um longo período, dedicaram-se a estudos ligados ao voluntariado e constataram uma longevidade muito maior do grupo de voluntariado diferindo significativamente daqueles que nunca participaram de qualquer ação desse tipo. A explicação para isso é a melhor qualidade de vida do voluntário. Outro estudo acompanhou um grupo de voluntárias ao longo de 30 anos e constataram que estas mantiveram um índice muito superior na manutenção de suas habilidades e aptidões físicas e mentais.
Os seja: os voluntários vivem mais, têm mais qualidade de vida e confirmam que o altruísmo faz bem à saúde!
Cerca de 2 a 3 horas por semana, ou 100 horas ao ano, são suficientes para promover todos esses benefícios.
Mais um estudo
Outro estudo muito celebrado foi o da doutora em Psicologia, Nicole Anderson. Trabalhando em conjunto com cientistas de centros acadêmicos canadenses e estadunidenses, realizou a análise de 73 pesquisas publicadas nos últimos 45 anos envolvendo adultos com idades de 50 anos ou mais que atuavam em funções formais de voluntariado.
A inclusão dos estudos para essa revisão foi criteriosa. Foram analisados critérios como a medição dos resultados psicossociais, físicos e/ou cognitivos associados com o voluntariado – como felicidade, saúde física, depressão, funcionamento cognitivo, sentimentos de apoio social, satisfação com a vida etc.
“Nós descobrimos uma série de tendências nos resultados que pintam um retrato convincente do voluntariado como um componente do estilo de vida importante para manter a saúde e o bem-estar nos anos seguintes”, ressaltou a pesquisadora.
Assim, seguem as conclusões mais relevantes:
O voluntariado está associado com redução nos sintomas de depressão, melhor saúde geral, menos limitações funcionais e maior longevidade.
Os benefícios à saúde dependem de um nível moderado de voluntariado. Parece haver um ponto de inflexão, após o qual não se agregam maiores benefícios – esse ponto situa-se ao redor de 100 horas anuais (2-3 horas por semana).
Idosos mais vulneráveis, ou seja, aqueles com condições crônicas de saúde, podem se beneficiar mais do voluntariado do que idosos sem problemas de saúde.
Sentir-se valorizado ou necessário como voluntário parece amplificar a relação entre o voluntariado e o bem-estar psicossocial.
“Tomados em conjunto, estes resultados sugerem que o voluntariado está associado com a melhoria da saúde e um aumento da atividade física – alteração que, como esperado, oferece proteção contra uma variedade de condições de saúde”, disse a dra. Anderson.
Voluntário altruísta vive mais, voluntário egoísta não
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