Instituto Soka promove,  com IFAM e Universidade Soka, Workshop para Práticas de Ciência e Educação Ambiental na Amazônia brasileira

por Dulce Moraes, Instituto Soka Amazônia

Como parte dos esforços de fortalecer  intercâmbios culturais e acadêmicos entre universidades amazônicas e Universidade Soka,  foi realizado nos dias 27 e 28 de março, a segunda edição do Workshop de Ciências Práticas e Educação Ambiental, uma promoção cojunta do Instituto Soka Amazônia, Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e Universidade Soka do Japão.

Cerca de cem alunos de graduação dos cursos de agroecologia, medicina veterinária, engenharia em aquicultura, administração e direito participaram  da intensa e dinâmica programação com atividades na sede do Instituto Soka e em dois campi do IFAM: o da zona leste de Manaus e de Presidente Figueiredo.

 

A abertura do evento contou com a participação do reitor da Universidade Soka, professor doutor Masashi Suzuki, que, direto do Japão, apresentou palestra sobre as iniciativas e projetos da Universidade com foco o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organização das Nações Unidas.

O presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, agradeceu ao reitor Suzuki e aos professores da Universidade Soka e IFAM pelos esforços na realização do evento.

 

Dirigindo-se aos estudantes, o presidente do Instituto Soka manifestou seu desejo que  desfrutassem a visita à sede do Instituto –  a Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda – e que levassem grandes aprendizados desse local.

Como inspiração para os futuros profissionais e pesquisadores compartilhou quatro conselhos proferidos pela diretora executiva da Carta da Terra Internacional, Dra Mirian Vilela, aos formandos da Universidade Soka: “que jamais deixem de estimular o livre pensamento; que mantenham a dignidade e modo de vida baseado na ética; que não deixem-se abalar por coisas insignificantes; e que mantenham o entusiasmo e a paixão”.

 

Representando o reitor, Dr. Jaime Cavalcante, o diretor de Pesquisa e Inovação Tecnológica do IFAM,  Prof. Dr. Paulo Aride, ressaltou a importância da parceria das instituições para os estudantes.

“A atividade que desenvolvemos com o Instituto Soka e Universidade Soka tem possibilitado aos nossos alunos, professores e  corpo acadêmico desenvolverem habilidades que vão muito além da parte acadêmica. Uma prova disso foi a atividade do primeiro workshop (no ano passado)  que, de forma prática, culminou na publicação de um artigo que foi muito importante para a vida acadêmica dos nossos discentes”, afirmou.

Nesta mesma semana, em encontro entre representantes da Universidade Soka e reitores e pró-reitores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Instituto Federal do Amazonas (IFAM) foi estabelecido acordo que dará oportunidade de alunos dessas instituições participem de programas de estudos no Japão a partir de 2025.

Palestras e Mesa Redonda

Ainda pela manhã, na sede do Instituto Soka Amazônia, foram proferidas as palestras internacionais dos professores Tatsuki Toda e Shinjiro Sato, da Universidade Soka (Japão) e palestra do professor Dr. Jean Dalmo Oliveira, do IFAM.

 

Professor Dr. Tatsuki Toda apresentou as parcerias estratégicas interdisciplinares realizadas pela Faculdade de Engenharia da Universidade Soka, entre as quais os projetos de Pesquisa Científica e Tecnológica para o Desenvolvimento Sustentável, com enfoque na construção de uma sociedade orientada para a reciclagem.

Professor Shinjiro Sato, que foi um dos idealizadores do Workshop, apresentou os resultados e relatórios do Primeito Workshop para Ciências Práticas na Amazônia Brasileira realizado em 2023.

O professor Jean Dalmo Oliveira, do Programa de Pós-Graduação do Ensino Tecnológico do IFAM-AM,  apresentou palestra “Utilização de Recursos Naturais Amazônicos no Ensino e Aprendizado”, exemplificando o trabalho desenvolvido por aluna do IFAM que tornou-se instrumento de educação ambiental  as trilhas interpretativas  na RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

Visita ao IFAM Zona Leste

No período da tarde, a programação se estendeu com visita técnica ao Centro de Referência em Agroecologia no Campus Zona Leste do IFAM e plantio comemorativo com a participação dos professores e alunos das duas instituições em torno do lago.

As espécies plantadas foram capitari ( Tabebuia barbata ) e seringa (Hevea brasiliensis). De acordo com Rodrigo Izumi, coordenador de Divisão de Proteção da Natureza do Instituto Soka, seguiu-se o critério de serem nativas da amazônia, desenvolverem-se em áreas de várzea e terem o potencial de contribuição  para biodiversidade. Os frutos dessas espécies são  nutritivos e apreciados pela avifauna e peixes do lago.

Workshop na terra das cachoeiras

Na quinta-feira (28), a programação do evento foi desenvolvida na cidade de Presidente Figueiredo há 134 quilômetros de Manaus. As atividades foram divididas no campus do IFAM e na Reserva Particular de Patrimônio Natural Cachoeira da Onça.

 

O diretor do IFAM Campus Figueiredo, professor Dr. Jackson Lima, avaliou o reflexo da realização de evento para ampliar as perspectivas dos alunos.

“Essa ação de internacionalização do IFAM com a Universidade Soka do Japão é muito importante, pois nos permite interagir com pesquisadores renomados na área de aquicultura, ecologia, sistemas aquáticas e nossos estudantes tem a oportunidade de ver tecnologias que estão sendo desenvolvidas lá fora e que podem ser desenvolvidas aqui”.

O professor Dr. Shinjiro Sato, especialista em Ciências do Solo, apresentou os resultados do projeto de pesquisa desenvolvido na Etiópia para produção de biocarvão a partir da planta aquática Eichhornnia Crassipes, conhecida como aguapé e considerada invasora. Esse biocarvão tem aplicação na produção de energia e tratamento do solo.

A professora Railma Moraes, apresentou a gestão de pesquisa ambiental e os projetos realizados por alunos do IFAM Campus Presidente Figueiredo

 

 

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Após seca histórica, Rio Negro sobe e reacende a esperança e alerta para as mudanças climáticas

Vista do Encontro das Águas

Colaboração: Monica Kimura

2023 foi marcado por emergências climáticas, entre as quais, a seca extrema que atingiu os principais rios amazônicos, resultando grandes prejuízos à biodiversidade e as comunidades ribeirinhas.

O Rio Negro esteve entre os mais atingidos pela seca, chegando a baixar 12 metro em seu nível. Algo histórico em mais de 121 anos!

Na região do Encontro das Águas, onde está localizado o Instituto Soka Amazônia, na cidade de Manaus, desde o início de janeiro, o nível das águas do Rio Negro vem subindo mudando completamente a paisagem.

Antes, durante e depois da seca do Rio Negro, no limite entre o Instituto Soka Amazônia e Praia das Lajes

No último dia 5 de fevereiro, o Rio Negro atingiu a marca de 21 metros e 42 centímetros, quase o dobro do nível mais baixo atingido.

Apesar da lenta recuperação os impactos dos fenômenos climáticos no ciclo hidrológico amazônico ainda são sentidos por vários municípios da região e boa parte deles ainda encontram-se em estado de emergência por conta da seca.

Em outubro de 2023, no auge da seca, o Instituto Soka Amazônia mobilizou empresas parceiras e realizaram uma ação emergencial solidária para levar água, alimentos e filtros de água para comunidades ribeirinhas no município de Iranduba, próximo ao Encontro das Águas.

Vida interligada por rios

A medida que sobe o nível dos rios, sobe também a esperança da população local.

A região Amazônica concentra a maior floresta tropical e uma das maiores bacias hidrográficas do mundo. Todo o ecossistema e a vida de quem vive por lá muda de acordo com as cheias e baixas dos rios.  

A economia local depende do transporte fluvial, assim como o turismo que, literalmente, precisa das águas para fluir. Quando ocorre uma seca extrema, todos são afetados pois dependem dos rios para se locomoverem e receber alimentos e demais itens de primeira necessidade.

Alerta às mudanças climáticas

As chuvas que precipitaram em dezembro de 2023 e janeiro de 2024 contribuíram para a elevação nos níveis de umidade no solo em grande parte do Brasil, mas, principalmente, no sul da região Norte e em áreas da região central do País, de acordo com o boletim Painel El Niño 2023-2024, divulgado pela Agência Nacional das Águas.

Porém, o levantamento alerta de que a previsão climática para os meses de fevereiro, março e abril indica maior probabilidade de chuva abaixo do normal em parte da porção central e Norte do Brasil.  

Embora as previsões indiquem condições mais úmidas do que o normal entre o centro e leste do país, em grande parte das demais regiões do país – incluindo região amazônica – a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal. 

Fonte: Agência Nacional das Águas
ANA – Painel El Niño 2023-2024

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Dia Internacional de Meninas e Mulheres na Ciência e o desafio da Amazônia

*artigo foi gentilmente escrito pela autora para o Instituto Soka Amazônia, em alusão ao dia 11 de fevereiro, Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma iniciativa lançada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com o objetivo de fortalecer o compromisso global com a igualdade de direitos entre homens e mulheres, especialmente na educação. O artigo expressa a opinião da autora.

Descobertas científicas têm impulsionado o desenvolvimento da humanidade no propósito de viver mais e melhor. A busca sistemática pelo conhecimento implica acesso à escola, oportunidades, suportes para pesquisa que, durante muito tempo, foram vedados às mulheres.

Apesar disso temos, na história, exemplos como Marie Curie (1867-1934), física e química, a primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel, ea cientista Rachel Carson (1907-1964), bióloga americana cujo livro Primavera Silenciosa, com seu estudo científico sobre os riscos do uso de pesticida agrícola, tornou-seum marco na história da ecologia.

Mas, a Ciência ainda é uma questão de gênero. No mundo, apenas um terço dos pesquisadores é constituído por mulheres.

O desafio do acesso das meninas e mulheres à escola, às universidades, aos financiamentos de pesquisa tem sido enfrentado, tanto pelo trabalho insistente da ONU e da UNESCO, bem como por programas nacionais e locais. E, também, pelo extraordinário desempenho das mulheres quando conquistam esse acesso. No Brasil, dados do MEC, divulgados em abril de 2023, revelam que, dos 405 mil alunos de mestrado e doutorado no país, 221 mil são mulheres: 54%.

Certamente há muitos outros desafios a superar numa sociedade que ainda tem preconceitos de gênero, que passam pela ocupação de cargos, remunerações desiguais e, até, escolha de temas de pesquisa.

Por isso é importante celebrar iniciativas como o movimento Mulheres e Meninas na Ciência. E, especialmente, na Amazonia.

“Nós podemos preparar o caminho para um futuro em que a Ciência não tenha fronteiras de gênero.”

Audrey Azoulay, Diretora geral da UNESCO

A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que tem investido no protagonismo das mulheres na Ciência, lançou, em março de 2023, uma série de vídeos intitulada “Mulheres Cientistas no Amazonas”. Em uma das entrevistas, Elisabeth Gusmão, doutora em Ecologia e Recursos Naturais, lembrou que “superar a invisibilidade foi o meu maior desafio.”

Na Amazonia é preciso superar a invisibilidade das mulheres pesquisadoras e a invisibilidade dos conhecimentos tradicionais preciosos para a Ciência contemporânea, pois, como afirma a Carta da Terra, é necessário “Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.”

ROSE MARIE INOJOSA

Advisor e professora no Centro Internacional Carta da Terra de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, com sede na Universidade para a Paz, na Costa Rica. Conselheira e ex-Diretora da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) da prefeitura do município de São Paulo.

O Instituto Soka Amazônia é filiado à Carta da Terra Internacional. Em seus programas de Educação Socioambiental e de Apoio a Pesquisas Científicas, estimula e inspira novas gerações de cientistas.

O Instituto mantém parcerias e acordos de cooperação técnicas com instituições acadêmicas e de pesquisa, como as Universidades Federais do Amazonas (UFAM) e de Rondônia (UFIR), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Universidade do Estado Amazonas (UEA), Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) e Soka University (Japão).

Essas iniciativas e parcerias contribuem para alcance dos seguintes OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) DA ONU:

ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 5 – Igualdade de Gênero; ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico; ODS 17 – Parcerias para Implementação

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Instituto Soka e INPA realizam a 8ª Edição do Seminário Águas da Amazônia

2023 ficará marcado na história pela série de eventos climáticos extremos na Amazônia com conseqüências graves para a biodiversidade e populações locais.

A região que concentra a maior floresta tropical e a mais extensa bacia hidrográfica do mundo vivencia a seca dos últimos 122 anos na região. Em 62 municípios do estado do Amazonas, cerca de 600 mil pessoas foram impactadas diretamente pela seca, segundo dados da Defesa Civil do Estado. 

Tal panorama não poderia estar de fora das discussões do Seminário Águas da Amazônia, realizado no último dia 9 de novembro, na sede do Instituto Soka e transmitido ao vivo pela youtube.

Especialistas de diversos segmentos apresentaram suas análises dos impactos dos eventos extremos no ciclo hidrológico amazônico criando oportunidade de reflexões sobre o necessário aprimoramento das relações do ser humano perante a natureza como um todo.

Para o diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, o Seminário é relevante não apenas para a região.

“Os momentos que estamos vivendo em toda sociedade requerem que possamos refletir, pensar e partir para ações para mudar o futuro de toda a sociedade e construir um mundo melhor”, afirmou, agradecendo o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e demais parceiros na realização do Seminário, que chega à sua 8ª edição

De acordo com a diretora de Tecnologia Social do INPA, Dra. Denise Gutierrez, o Seminário é realizado em parceria com o Instituto Soka, devido aos temas convergentes que ambas instituições trabalham e que são fundamentais para a região.

Ela destacou a convergência em educação ambiental, enfatizando que é impossível atuar  com sustentabilidade, qualidade de vida para as populações e preservação do meio ambiente, sem fortes ações educativas. “Temos a convergência na própria preservação e na visão de preservação, no entendimento que somos depositários de riquezas naturais importantes que são advindas da floresta amazônica e nós lutamos por ela”.

Na palestra “Eventos extremos de seca e cheias na Amazônia“, o doutor Jochen Schongart, pesquisador titular da Coordenação de Uso de Terra e Mudanças Climáticas do INPA descreveu a importância global e magnitude da bacia amazônica.

“São 15 mil quilômetros cúbicos de chuva, que correspondem a mais de 10% de todas as chuvas de todos os continentes do mundo. Metade disso volta em forma de evapotranspiração e grande parte é exportado na forma de rios voadores que levam umidade a outras regiões. É a maior  hidrobacia do  mundo, com 18% de toda a água doce que chega aos oceanos; são 30% de áreas úmidas; reúne 10% de toda a biodiversidade conhecida; e estoca de 150 a 200 bilhões de toneladas de carbono na biomassa e no solo”.

Com base em 122 anos de monitoramento do nível dos rios na cidade de Manaus, o especialista avaliou que o ciclo hidrológico da Amazônia já sofre forte mudança. Nos primeiros 23 anos deste século, a situação de emergência é quase igual a de todo o século anterior. Em outras palavras, 7% desse século é situação de emergência, ou seja, a cada 17º dia é um dia de emergência induzida por  enchentes ou secas. “São enormes desafios para as políticas públicas e para a sociedade, pois essas ocorrências tem dimensões complexas, sociais, econômicas e de biodiversidade”, concluiu.

O consultor da Unicef, Paulo Diógenes, apresentou os impactos da escassez de água de qualidade e tratamento sanitário na vida das crianças e adolescentes no Brasil. De acordo com levantamento recente, apenas 21% das escolas brasileiras tem água tratada disponível e 3,3  milhões de crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos de idade, não tem acesso a água segura.

Para as meninas, o quadro é mais dramático: apenas 3% das estudantes brasileiras frequentam escolas com  banheiro em condições de uso. E no estado do Amazonas, 13,4% das crianças no Amazonas não tem acesso à água segura e quase 72% não tem acesso a saneamento básico.

O pós-Doutorando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Mestre em Direito Ambiental, Thiago Flores dos Santos, abordou em sua palestra o uso de Pagamento por Serviços Ambientais Hídricos como estratégia de Conservação da Biodiversidade no Amazonas.

Para o especialista há desafios a serem superados quanto à regulamentação, formas de valorar e precificar os ativos e o monitoramento dos resultados.

O professor doutor Sergio Duvoisin Junior, do núcleo permanente do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente da Universidade do Estado do Amazonas e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (UEA/INPA), apresentou os dados do projeto monitoramento ambiental realizado nas principais bacias hidrográficas amazônicas e onde foram coletadas várias amostras de água e solo para avaliar a qualidade. Os dados completos serão disponibilizados até o final de ano e poderão ajudar os gestores públicos tomarem medidas de planejamento e contenção.

O especialista  fez questão de destacar que a preservação ambiental não é responsabilidade apenas dos gestores públicos ou concessionária.  “A parte de conscientização pessoal – de saber que  cada um de nós tem que fazer o seu papel na preservação dos recursos hídricos – é fundamental. Senão  não chegaremos ao lugar nenhum”.

Estudantes das universidades e representantes da sociedade civil presentes fizeram suas perguntas aos especialistas e considerações. Em seguida, duas as duas palestras finais trouxeram reflexão e esperança.

O antropólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN Amazonas), Mauro Augusto Dourado Menezes, destacou que, dentro da lógica do antropoceno,  a seca  vem revelando de diversas formas como homem tem se relacionado com o lugar e o espaço em que ele vive.

Ao se referir ao elemento água como patrimônio cultural enfatizou: “Falar de água, falar de ambiente, falar de natureza, portanto,estamos falando de referencias  que a água,  o meio ambiente e a natureza como portadores de identidade e memória. Talvez quando as políticas publicas se derem conta de natureza não apenas como recursos mas como pessoas, como gentes, teremos outra vertente para pensar na questão ambiental”.

Por fim,  o  engenheiro ambiental e coordenador de Educação Socioambiental do Instituto Soka Amazônia,  Jean Dinelly Leão , apresentou os resultados dos projetos e práticas de educação ambiental, de apoio a pesquisa e de proteção da biodiversidade amazônica, a partira da RPPN Dr. Daisaku Ikeda.

Ao final do evento cerca de 40 quilos de alimentos não perecíveis doados pelos participantes foram destinados à comunidade ribeirinha vizinha ao Instituto.

Assista, a seguir o Seminário na íntegra:

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As gravuras milenares expostas pela Seca na Amazônia

Por conta da seca no Rio Negro no Amazonas, o sítio arqueológico Ponta das Lajes atraiu, no mês de outubro, a atenção de especialistas, da imprensa mundial e de muitos curiosos no início de outubro.

Nessa área de aproximadamente 150.000 m², que comporta uma praia coberta de lajes de pedra, existem petróglifos (gravuras rupestres) com incisões e oficinas de amoladores pré-coloniais. A estimativa é de que tenham cerca 2.000 anos.

Nas bordas desse rochedo, gravuras em forma de animais e rostos humanos, até então, submersas, ficaram expostas devida a baixo do nível do rio. A primeira vez elas haviam sido visualizadas foi no ano de 2010, durante outra forte estiagem. 

Segundo o professor e pesquisador Carlos Augusto da Silva, Universidade Federal da Amazônia (UFAM), as gravuras são, na verdade, símbolos históricos antigos em que os povos utilizavam as rochas para registrar seus comportamentos sociais.

“Elas também podem representar um comportamento socioambiental humanizado, em que a água, a terra e a floresta seriam como irmãos. Havia zelo pela vida”, comenta.

Helena Pinto Lima, doutora em arqueologia pela USP e pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, destaca a importância de todos os Sítios Arqueológicos da região e dessas gravuras. “Elas são uma expressão fortíssima de como esses povos viram e representaram elementos importantes de suas culturas.”

“Esse complexo arqueológico se situa justo à frente do Encontro das Águas, lugar de muita potência em diversos sentidos, desde os tempos antigos até hoje em dia”. Segundo ela, não à toa, o Sítio Lages (com G) foi o primeiro sítio arqueológico registrado em Manaus, ainda na década de 1960.

Convivência e cuidado

Embora sejam surpreendentes para maioria das pessoas, para os moradores da região as gravuras fazem parte da memória. Dona Onedia Nascimento dos Santos (83 anos), que frequenta a região para banho de sol e pesca individual, afirma que desde a infância via essas marcas nas pedras. “Lembro de muitas outras figuras, algumas parecidas com objetos de mesa”, relata.

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Outras marcas em forma de riscos ou afundamentos delgados e cilindricos, presentes em grandes extensões das lajes, são sinais da chamadas oficinas líticas, ou seja, atividades cotidianas de polimento de rochas resultado do processo de feitura de objetos do cotidiano .

Embora inspire curiosidade e fascínio, as gravuras reveladas pela seca do rio Negro também atraíram, infelizmente, desrespeito e depredação e outros atos criminosos. Como informado em Nota Oficial do IPHAN: “todos os bens arqueológicos pertencem à União, sendo que a legislação veda qualquer tipo de aproveitamento econômico de artefatos arqueológicos, assim como sua destruição e mutilação.”

O órgão federal alerta que, para realização de pesquisas de campo e escavações, é preciso o envio prévio de projeto arqueológico ao Iphan, que avaliará e, só então, editará portaria de autorização. “Assim, qualquer pesquisa interventiva realizada sem autorização do Iphan é ilegal e passível de punição nos temos da lei”. Clique aqui para ler a Nota na íntegra.

Por esse motivo, o mutirão de limpeza organizado pelo Instituto Soka Amazônia e IPHAN, contou com a presença da Polícia Federal e da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, e foi oportunidade de educação e sensibilização.

Técnicos do IPHAN e de outros órgãos orientaram a população sobre como visitar os sítios e se apropriar do conhecimento sobre esses locais, sem causar qualquer dano. Por exemplo, registros fotográficos são permitidos desde que não se faça intervenções ou coleta de objetos.  

O arqueólogo Jaime Oliveira orienta que, em situações de descoberta de material arqueológico deve-se comunicar, primeiramente, ao Iphan.

No caso do Amazonas, ao email e telefone da Superintendência do IPHAN Amazonas. “Orientamos que as pessoas não coletem materiais no local do sítio, bem como não realizem escavações, pinturas ou outras atividades que impliquem em intervenção no local. Para essas situações, basta fazer um registro fotográfico e anotar a localização, se possível, com a coordenada geográfica e o meio de acesso.” 

Riqueza arqueológica da Amazônia: Instituto Soka e IPHAN promovem ações educativas para preservação do patrimônio

Proteger a Amazônia é preservar a floresta, seus rios, animais e as populações que existem ou já existiram nesse territóro.

Registrada de diversas formas, seja no solo, nos rios, nas formações rochosas, nos vestígios deixados por quem viveu antes ou nos modos de vida transmitidos de geração em geração, a história da Amazônia é um patrimônio essencial para compreensão do presente e garantia de futuro.  

Um exemplo disso está na Reserva do Particular do Patrimônio Natural RPPN Daisaku Ikeda, onde foram encontrados, em 2001, urna funerária e um alguidar (panelas utilizadas por povos indígenas da região amazônica). A partir desse achado a área foi reconhecida e oficializada como Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

O Sitio Arqueológico Daisaku Ikeda está rodeado pelos Sítios Lages, Porto do Encontro das Águas e Ponta das Lajes. Este último, por longos períodos, fica praticamente submerso (vide infográfico).

Entre os sítios arqueológicos da região o Daisaku Ikeda está em melhor estado de preservação, segundo especialistas, por estar inserido em unidade de conservação. A área reflorestada pelo Instituto Soka ao longo dos últimos 30 anos teria contribuído para essa proteção.

Floresta em pé, ampliação de pesquisa e popularização do conhecimento arqueológico por meio da educação patrimonial são estratégias benéficas para proteção do patrimônio arqueológico, histórico e cultural Amazônia e ajudam a potencializar o senso de pertencimento e respeito às origens dos povos amazônicos.

Cientes disso, o Instituto Soka Amazônia uniu-se à Superintendência do IPHAN Amazonas para realizar uma Semana de Educação Patrimonial, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro.

A série de eventos contou com o apoio da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC) e envolveu professores, alunos, pesquisadores das universidades federal (UFAM) e estadual do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Museu da Amazônia (Musa), agentes culturais e comunidade local.

No Brasil, a Educação Patrimonial é eixo estruturante da política de patrimônio, como explica a superintendente do IPHAN Amazonas, Beatriz Calheiro.”Acredito que todos os processos educativos construídos de forma coletiva que tenham foco no Patrimônio Cultural, podem ser compreendidos pela comunidade nos territórios e colaborar pra reconhecimento e valorização dos nossos bens históricos e culturais, sejam arqueológico, edificado ou imaterial”.

Arqueologia no Instituto Soka Amazônia

No Instituto Soka, todos os anos, cerca de 2000 alunos da rede pública de ensino têm um primeiro contato com a arqueologia e despertam seu interesse por meio da visita guiada pelo Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda do programa Academia Ambiental.

No último dia 1º de novembro, os participantes da Semana de Educação Patrimonial do IPHAN também visitaram o Sitio Arqueológico Daisaku Ikeda e assistiram às palestras e demonstrações dos arqueólogos Iberê Martins, do Museu da Amazônia, e Jaime Oliveira, do IPHAN Amazonas.

No dia 28 de outubro, foi a vez de sensibilizar a comunidade local com outra atividade promovida pelo Instituto Soka e IPHAN Amazonas.

Um mutirão educativo e de limpeza no Sítio Ponta das Lajes, em Manaus foi organizado com a participação de cerca de 200 voluntários de empresas vizinhas ao Sítio e de instituições parceiras, além de pesquisadores, alunos e população local.

Além da retirada de resíduos sólidos (lixo) do local , os participantes receberam orientações sobre como visitar sítios arqueológicos sem causar qualquer tipo de prejuízo ao Patrimônio Arqueológico.  

Beatriz Calheiro se emociona ao relembrar a quantidade tão diversa de pessoas e representações de órgãos públicos unidos em prol do patrimônio histórico.

“Coletar aqueles resíduos sólidos foi um momento de reflexão, cuidado e de fazer alguma coisa efetiva acontecer, sem ficar esperando. Mas sim juntos, unindo esforços, para entrelaçar educação ambiental e educação patrimonial”, avaliou ela.

A ação foi inspirada em outra iniciativa educativa realizada, no dia anterior, pela Escola Japonesa de Manaus na área da RPPN Daisaku Ikeda próxima à margem do rio.

Leia também : As gravuras milenares expostas pela seca na Amazônia

Conhecimentos por trilhas no Instituto Soka Amazônia

Muitas são as percepções e sensações que se pode ter em caminhadas em unidades de conservação ou áreas florestais. Reconhecer os variados sons e aromas ou apenas observar diversas formas de vida na paisagem natural já trazem muita informação e saberes.

Mas o conhecimento proporcionado por essa experiência pode ser ampliado e trazer mais compreensão sobre a floresta e as relações ecológicas, com a técnica de interpretação ambiental, um método de aprendizagem utilizado em trilhas educativas ou interpretativas.

Quem visita ou participa dos programas educativos do Instituto Soka Amazônia já usufruem dessa experiência em trilha pela Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda (RPPN Daisaku Ikeda), localizado em frente ao Encontro das Águas.

Parte do aprendizado é obtido nas monitorias e atividades propostas ao longo desses caminhos. Outro recurso disponível, encontrado ao longo das trilhas, enriquece mais experiência: as placas interpretativas.

Nesses painéis estão sintetizados dados relevantes e, até surpreendentes, de cada trilha, como relevo, vegetação, temperatura, características do solo, informações sobre biodiversidade e até dados históricos.

O fato curioso sobre os painéis é que foram desenvolvidos a partir de outra enriquecedora experiência de aprendizado. Na verdade, eles são resultado de um projeto realizado por pesquisadores do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), com alunos de Ciências Biológicas, e pesquisadores e equipe do Instituto Soka Amazônia.

Jean Dalmo de Oliveira Marques, doutor em Ecologia e professor do IFAM e que orientou o trabalho, explica que as trilhas na Reserva já existiam e eram utilizadas por equipes de manutenção ou para simples visitações. Com a aplicação da interpretação ambiental a experiência do visitante foi aprimorada, dando-se acesso a informações essenciais para completar a aula ou o passeio.

“Demos um novo olhar para aquelas trilhas e, hoje, as placas interpretativas orientam os visitantes, inclusive sobre o nível de dificuldade, extensão da trilha, acessibilidade, tempo estimado de duração da caminhada”, conclui.

O projeto fez parte da cooperação técnica firmanda entre o IFAM e Instituto Soka Amazônia e resultou na publicação do Guia para instrumentalização de trilhas interpretativas numa perspectiva de ensino e aprendizagem, importante manual para interessados em Gestão Ambiental e Ecologia da Amazônia.

Jean Dalmo destaca a relevância do Instituto Soka para experiências como essa. Para ele, a RPPN Dr Daisaku Ikeda, uma unidade de conservação sustentável de 52 hectares, é mais que ideal para ser estudada e conhecida, sendo um bem sucedido exemplo de mata amazônica em plena recuperação.

O pesquisador destaca outros motivos para o local ser boa opção para estudos e pesquisas sobre o bioma amazônico. “A RPPN está localizada em um ponto estratégico e contem elementos preciosos, como a terra-preta-de-índio, falésia, formação litológica, ruínas históricas, às margens do Rio Negro e a vegetação nativa em franca recuperação”, comenta Jean Dalmo.

Com 21 anos de docência, Jean Dalmo relata que conheceu Instituto Soka em sua busca por ambientes propícios para completar o processo ensino-aprendizagem. A cada semestre, cerca de 40 novos alunos de graduação são convidados a visitar a área da reserva e verificar na prática o que aprendem em teoria na sala de aula. Além das aulas práticas, pesquisadores e alunos de mestrado e doutorado se beneficiam desse ambiente natural para pesquisa. 

Trilhas educativas do programa Academia Ambiental

Vestígios Históricos

Em uma das trilhas podem ser visualizados elementos históricos como as ruínas da antiga olaria, que existia no local até o início do século XX, e aprender mais sobre os achados arqueológicos encontrados em 2001 durante a construção das edificações do centro administrativo do Instituto.  Nesse trajeto foram identificadas peças cerâmicas, como uma urna funerária e um alguidar (panela utilizada pelos índios da região amazônica).

Terra-Preta-de-Índio

Terra-preta-de-índio é um solo de coloração escura, rico em cálcio, magnésio, zinco, manganês, fósforo e carbono. Sua composição proporciona grande fertilidade, atributo raro na região amazônica, onde os solos ácidos são desfavoráveis à agricultura.

Abelhas sem-ferrão

Nesse ponto da trilha é possível saber mais sobre as nativas abelhas-sem-ferrão em uma instalação de meliponário para fins didáticos e de pesquisa. São 52 gêneros e mais de 300 espécies identificadas com distribuição registrada para América do Sul, América Central, Ásia, Ilhas do Pacífico, Austrália, Nova Guiné e África.

Rainha da Floresta

A Samaúma ou Sumaúma (Ceiba pentranda) é uma das árvores gigantes da Amazônia. Sagrada entre os povos da antiguidade do continente, como os maias, seu nome remete à fibra que pode ser obtida a partir de seus frutos. Nas trilhas da RPPN Daisaku Ikeda é possível visualizar duas sumaúmas e que são destaque nas aulas práticas de educação ambiental. Um exemplar tem de 25 anos de vida e 30 metros de altura; a outra, chamada carinhosamente de sumaúma-bebê, tem 5 anos e 10 metros de altura..

Encontro das Águas

Do mirante do Instituto Soka se vê um dos principais pontos turísticos de Manaus, o Encontro das Águas. É ali que os rios Negro e Solimões se encontram dando origem ao rio Amazonas.  Durante a trilha, os visitantes passam a conhecer as razões das águas não se misturarem e a relação desse fenômeno com os seres humanos. Nas explicações, são lembrados os principais fatores que provocam o fenômeno: velocidade dos rios, temperatura, formação geológica, partículas em suspensão.


Fonte:

Trilhas interpretativas em unidade de conservação: espaço pedagógico para o ensino de ecologia.  Jean Dalmo de Oliveira Marques, Laís Cássia Monteiro de Souza Barreto, Elizalane Moura de Araújo Marques. DOI: https://doi.org/10.5335/rbecm.v4i2.11525

LIVRO : Guia para instrumentalização de trilhas interpretativas numa perspectiva de ensino e aprendizagem. Laís Cássia Monteiro de Souza Barreto, Jean Dalmo de Oliveira Marques, Rosa Oliveira Marins Azevedo, Jean Dinelly Leão, JomberChota Inuma, Tais TyotoTokusato .DOI: 10.24824/978854443435.2 Acesso ao Livro

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Pesquisa sobre educação no Instituto Soka Amazônia é apresentada em Conferência da Unesco

As práticas educacionais realizadas no Instituto Soka Amazônia foram destaque na  4ª Conferência Internacional da Rede Acadêmica de Educação e Aprendizagem Global (Angel) , realizada na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, no ultimo dia 19.  

A pesquisadora em educação internacional e professora adjunta da Universidade do Estado de Nova York, PhD Namrata Sharma, apresentou estudos realizados sobre a abordagem de criação de valor (em japonês, Soka) na educação ambiental promovida no Instituto na Amazônia.

Na avaliação da especialista, tanto a educação formal como a não formal são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades críticas nos estudantes. Segundo ela, as abordagens educativas baseadas em valores humanos podem estimular comportamentos para uma mudança global construtiva.

Namrata Sharma classificou como múltipla a relevância do Instituto Soka Amazônia para a educação em sustentabilidade e cidadania global, somada à sua missão de preservação da biodiversidade da Amazônia, destacando três pontos:

  • a atuação da entidade como organização âncora do HUB ODS Amazonas, promovendo engajamento de empresas para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU;
  • a ética do Instituto representada na visão do fundador de uma coexistência harmoniosa de todas vidas;
  • compromisso da instituição com os princípios da Carta da Terra aplicados na abordagem de valores para a sustentabilidade.

“Tenho interesse em explorar tais aspectos em meu estudo sobre o Instituto como espaço informal único de aprendizagem para a prática da educação geradora de valor, reunindo discussões sobre sustentabilidade e cidadania global”, afirmou a PhD Namrata Sharma.

A IV edição da Conferência ANGEL teve como temática Educação e Aprendizado Global para um Mundo Justo, Pacífico e Sustentável. O evento é organizado pela Rede Acadêmica de Educação e Aprendizagem Global (ANGEL) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Rede Europeia de Educação Global, Instituto e Faculdade de Educação e Sociedade da University College London e a Cátedra UNESCO em Educação para Cidadania Global em Ensino Superior Educação, com sede na Universidade de Bolonha.

Instituto Soka Amazônia partipa do Global Big Day, uma jornada mundial de observação de aves

por Dulce Moraes

Neste sábado, 13 de maio, uma turma de apaixonados por pássaros visitou a sede do Instituto Soka Amazônia, na Reserva Particular de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda, em Manaus, com uma silenciosa, atenta e emocionante missão: participar da jornada de observação e registro de aves para o desafio Global Big Day, iniciativa do Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell, que propõe 24 horas de observação de aves em todo o planeta.

Dois locais na cidade de Manaus foram escolhidos pelos participantes para concentrar suas observações: o Museu da Amazônia (Musa) e o Instituto Soka Amazônia na RPPN Dr. Daisaku Ikeda.  O Global Big Day a cada ano tem batido recordes de registros e de identificação de aves.  

O grupo que realizou a jornada no Instituto Soka faz parte do programa Vem Passarinhar Manaus, coordenado pela professora Katell Uguen, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Para a professora Katell, a RPPN Dr Daisaku Ikeda é um local privilegiado com diferentes ecossistemas e microclimas – como floresta, lago e a praia do Encontro das Águas –  que favorecem a atração de inúmeras espécies de aves. “E ideal para esse tipo de atividade e espero que o programa se perpetue aqui.  Com este evento de hoje já é possível ampliar muito o registro e identificação de espécies da nossa avifauna. É extraordinário que, em apenas um dia, se consiga registrar mais de 800 espécies no mundo. É maravilhoso, isso”, afirma.

A professora Odette Gonçalves Araujo, do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas, participante do programa Vem Passarinhar Manaus, destacou a realização no período da tarde, quando as espécies se preparam para se recolher, o que torna a experiência mais interessante. Entusiasta do projeto e apaixonada pela observação de pássaros, Odette compartilhou com o Instituto Soka as imagens dos seus registros durante o Global Big Day. Confira no final.

Grupo Vem Passarinhar Manaus na praia de Ponte das Lajes dentro da RPPN Dr. Daisaku Ikeda. Foto: Dulce Moraes/InstitutoSokaAmazônia

Os observadores de pássaros compartilharam as listas de espécies que registraram na RPPN Dr. Daisaku Ikeda, na plataforma e-Bird.

Imagens captadas pela professora Odette Gonçalves de Araujo durante o Global Big Day 2023.

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Expedição promovida pelo Instituto Soka Amazônia visita comunidades na região do Médio Rio Negro

A equipe do Instituto percorreu 100km ao longo dos rios Negro e Cuieiras, visitando comunidades e realizando o plantio de 110 mudas de espécies florestais nativas

por Talita Oliveira, em colaboração ao Instituto Soka Amazônia

Na última quinta-feira (27), o Instituto Soka Amazônia promoveu sua primeira expedição do ano. Com o objetivo de realizar ações de educação ambiental e contribuir para o desenvolvimento sustentável de comunidades indígenas e ribeirinhas, a equipe do Instituto percorreu mais de 100km de barco na região do Médio Rio Negro, ao longo dos rios Negro e Cuieiras, realizando diálogos e plantios, em ações que envolveram comunitários, professores e estudantes.

O primeiro destino da expedição foi a Comunidade Nova Esperança, do povo indígena Baré, distante cerca de três horas de barco a partir da sede do Instituto. A equipe foi recebida por Sandoval Moreno, professor e assessor pedagógico da Escola Indígena Municipal Puranga Pisasu

Junto a aproximadamente 40 crianças, o assessor e os professores assistiram ao vídeo institucional do Instituto e foram presenteados com exemplares do livro “Escolha a Vida” e  da Proposta de Paz, de autoria do fundador do Instituto, Dr. Daisaku Ikeda,  além de 200 caixas de giz de cera vindas diretamente do Japão e destinadas às crianças.

O vice-presidente do Instituto Soka Amazônia, Milton Fujiyoshi, explicou para a comunidade qual é o maior desejo do Instituto nessa primeira visita. “Hoje pudemos dar um pequeno passo avante para cumprirmos nossa missão de plantar no coração de cada pessoa a semente da reflexão e consciência de nosso importante papel para a proteção da Amazônia. O objetivo é fazer e aprender junto com todos vocês”, finalizou. 

Após o diálogo, foi hora da ação. Protagonizado pelos alunos e com o apoio técnico da equipe do Instituto, foi realizado o plantio de 100 mudas de espécies florestais nativas na área do entorno da escola. 

O professor e assessor pedagógico da escola indígena, Sandoval Moreno, explica que ações como essas trazem aprendizados que levam as crianças a terem um maior cuidado com a comunidade. “São coisas que incentivam, motivando as nossas crianças a saber cuidar do contexto onde elas estão vivendo. Para as crianças, é sempre uma alegria, uma diversão e ao mesmo tempo elas vão adquirindo novos conhecimentos”, reflete.

Educação indígena: vencendo barreiras e criando valores

Dando sequência ao roteiro da expedição, a equipe percorreu mais uma hora até chegar na Comunidade Três Unidos, do povo indígena Kambeba, onde o Instituto já desenvolveu outras ações. O professor e diretor da Escola Indígena Municipal Kanata T-ykua, Raimundo Kambeba, recebeu a equipe para um intenso e proveitoso diálogo, onde pôde compartilhar a sua trajetória enquanto educador indígena profundamente comprometido com seu povo e sua comunidade, o que inspirou a equipe do Instituto.

Formado em pedagogia intercultural indígena pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e especialista em gestão escolar, Raimundo conta que no início não foi fácil conciliar os estudos com a responsabilidade de ser professor na sua comunidade, função que exerce desde os 14 anos. “Foi uma luta muito grande, pois nunca deixei de estar aqui na comunidade dando aula, estudava na cidade e voltava para a comunidade”, relembra. 

Raimundo enfatiza a necessidade das escolas indígenas terem condições para produzir materiais próprios, que valorizem os conhecimentos tradicionais. “Precisamos de parcerias para que educadores indígenas em suas próprias comunidades possam criar materiais pedagógicos que possam ser trabalhados nas suas escolas, para que o conhecimento dos nossos mais velhos possa ficar registrado”, finaliza. 

Na oportunidade, a equipe identificou as espécies florestais que são de interesse da comunidade e que possam, futuramente, fornecer também matéria prima para os artesanatos do povo Kambeba, feitos com sementes das árvores. 

Plantar, educar e preservar

A última parada da expedição foi a Comunidade Santa Maria do Rio Negro, onde vivem indígenas e ribeirinhos. Ângelo Grijó, diretor da Escola Municipal Luiz Jorge da Silva, recebeu a equipe do Instituto e mostrou a estrutura da escola. Após um breve diálogo, os alunos, sob a supervisão da equipe do Instituto, realizaram o plantio de 10 mudas de espécies florestais nativas no entorno da escola, especialmente próximo às margens do rio, com a intenção de preservar os barrancos da comunidade.

“Estamos muito gratos pela visita do Instituto Soka Amazônia aqui na comunidade. A educação ambiental  faz com que as crianças percebam a importância do plantio e os efeitos desse plantio, que futuramente estará preservando os barrancos da comunidade”, explica o diretor. 

Com a proximidade da chuva e do horário do pôr-do-sol, a equipe do Instituto finalizou a expedição, com a sensação de missão cumprida. “O Instituto Soka Amazônia vai continuar seguindo essa luta de conectar vidas. A partir da inseparabilidade da pessoa e seu ambiente, podemos dar uma grande contribuição aprendendo junto e realmente criando uma história nova na vida de todos nós”, avalia o vice-presidente do Instituto Soka Amazônia, Milton Fujiyoshi.

Sementes da Vida

Todas as mudas nativas plantadas nas comunidades são georreferenciadas e integram o projeto Sementes da Vida, idealizado pela Corregedoria-Geral de Justiça do Estado do Amazonas e coordenado pelo Instituto Soka Amazônia. Para cada criança que nasce na Maternidade Pública Moura Tapajós, na cidade de Manaus, é plantada uma árvore. Junto com a certidão de nascimento do bebê, os pais recebem um certificado de plantio, emitido com o nome da criança, identificando a espécie e sua geolocalização. 

Apoios

A expedição é uma iniciativa do Instituto Soka Amazônia em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed), com a qual o Instituto desenvolve ações conjuntas de educação ambiental na rede municipal de ensino. Além da Semed, a expedição também teve o apoio do Centro de Projetos Rurais Sustentáveis da Amazônia (Prusa).

Essas e outras importantes ações empreendidas pelo Instituto Soka Amazônia só podem ser realizadas em razão da ampla rede de órgãos, instituições, empresas e pessoas que apoiam o Instituto, sejam através de doações ou demais parcerias.

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