Em visita ao Brasil, no mês de julho, o economista e reitor da Soka University of America (SUA), Edward Fiesel, expressou grande expectativa em relação a juventude brasileira em relação aos novos rumos da sustentabilidade.
Em entrevista exclusiva no Instituto Soka Amazônia, ele explicou como a SUA aplica o conceito de cidadania global entre os estudantes de graduação. Além da troca intercultural já inerente pelas várias origens dos alunos, o currículo da garante a experiência de um semestre de vivência em outra localidade ao redor do mundo para conhecer a cultura, a realidade e os desafios locais.
Além de desenvolver empatia e senso de responsabilidade social, essa prática, segundo Fiesel, vai ao encontro do propósito do fundador da Universidade e do Instituto Soka Amazônia, Dr. Daisaku Ikeda, de “promover um fluxo constante de cidadãos globais comprometidos a viver uma vida de contribuição”, afirmou Fiesel.
O economista também comentou sobre a criação de um Instituto na Universidade dedicado a estudar os desafios que a humanidade enfrenta na atualidade nas áreas da sustentabilidade, desigualdade, paz, desenvolvimento, direitos humanos e paz.
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Com seu apoio as ações e programas do Instituto Soka Amazônia alcançam milhares de vidas, ampliando a consciência para a proteção do meio ambiente e da biodiversidade amazônica.
Comemorando os seus 10 anos de existência, o Instituto Soka Amazônia reafirmou as parcerias e acordos de cooperação com as principais universidades públicas locais – como Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonas (Inpa).
A entidade também oficializou, no último dia 30, parceria com a Soka University of América (SUA), com a presença do reitor Edward Feasel, que esteve em Manaus exclusivamente para participar das celebrações de aniversário do Instituto Soka e da Mesa Redonda Educação para Sustentabilidade e Cidadania, promovido com universidades locais. A universidade norte-americana, como o Instituto Soka Amazônia, foi fundada pelo pacifista Daisaku Ikeda.
No último dia 29, Dr. Feasel e comitiva liderada pelo Instituto Soka Amazônia visitaram a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), sendo recebidos pela vice-reitora, Dra. Therezinha de Jesus Pinto Fraixe, pelo pró-reitor de Extensão, Prof. Almir Oliveira de Menezes, pela Assessora de Relações Internacionais e Interinstitucionais, Dra. Artemis de Araújo Soares e os diretores das Faculdades de Tecnologia, de Letras e de Artes, professores João Caldas do Lago Neto, Robert Langlady Lira Rosas e João Gustavo Kienen.
Além de estreitar relações entre as instituições, o encontro teve como objetivo promover troca de informações sobre os projetos e linhas de pesquisas desenvolvidas e avaliar possibilidades de parcerias e intercâmbios internacionais.
Dr. Feasel apresentou as áreas de estudo da SUA contemplam eixos temáticos como sustentabilidade, equidade e desenvolvimento social, paz e direitos humanos. A instituição já firmou parceria com Universidade Federal do Grande ABC (UFABC) de São Paulo e com o Instituto Soka Amazônia, por meio do qual vislumbra viabilizar a vinda de alunos da SUA à Manaus para conhecer a Amazônia. “Gostaríamos que eles pudessem também visitar à UFAM”, afirmou.
O pró-reitor de Extensão, professor Almir Oliveira, enalteceu as similaridades entre UFAM e SUA, que cria cidadãos globais por meio da cultura, sustentabilidade, inclusão e diversidade global e elogiou a visão do fundador do Instituto Soka Amazônia “Ikeda entendia de paz e via o ser humano como ponto fundamental”.
Assim como o Instituto Soka, o campus da Universidade está localizado em uma área de proteção ambiental, com forte sociobiodiversidade. “Na UFAM se encontra a epistemologia dos povos indígenas, onde se valoriza a cultura e a sensibilidade da natureza”, afirmou Almir, destacando a importância das condições, objetivas e subjetivas, democráticas e com transdisciplinaridade.
Para a vice-reitora, professora Therezinha Fraixe, ambas as universidades trabalham com hibridismo cultural, com alunos de várias partes do mundo. E ressaltou que a Universidade abraça a causa da pobreza e combate da miséria e fome com diversos programas para os estudantes brasileiros, indígenas e propõe o desenvolvimento de um programa para além da mobilidade acadêmica, contribua para mitigar a pobreza, fome e miséria no planeta, por meio de ações sistêmicas que une os ecossistemas globais.
Na tarde de segunda-feira (06/08), o reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Dr. Andre Zogahib, acompanhado de comitiva de professores, visitaram a sede do Instituto Soka Amazônia, na Reserva Particular de Patrimônio Natural Dr. Daisaku Ikeda.
A visita foi uma retribuição ao encontro realizado com o presidente do Instituto Soka, Luciano Nascimento, e o reitor da Universidade Soka da América, Dr. Edward Feasel, no último dia 30, com o objetivo de apresentar as instalações e projetos do Instituto Soka Amazônia e avaliar as possibilidades de intercâmbios e ações conjuntas.
Zogahib agradeceu a possibilidade de conhecer mais perto o trabalho do Instituto Soka e da Universidade Soka, ressaltando a convergência de propósito de ambas as entidades de formar cidadãos conscientes e que protegem o futuro da Amazônia. O reitor destacou o foco da Universidade no interior do Amazonas e que tem intenção de estabelecer parcerias internacionais, motivo pelo qual vê o Instituto Soka (e a Universidade Soka) como importante parceiros.
Na sede do Instituto Soka Amazônia, a comitiva da UEA visitou o Mirante voltado ao Encontro das Águas e o Laboratório de Sementes na Reserva Particular de Patrimônio Natural RPPN Dr. Daisaku Ikeda e pode conhecer detalhes do projeto educativo realizado pelo Instituto, com estudantes da rede pública de ensino, apresentado por Jean Dinelly Leão, coordenador da Divisão de Educação Ambiental.
Acompanharam a visita a chefe de gabinete, Dra. Patrícia Attademo, o pró-reitor de Planejamento, Dr. Isaque Sousa; pró-reitor de Ensino de Graduação, Dr. Fabio Carmo, o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Dr. Darlisom Ferreira, professor do curso de Tecnologia Pesqueira, Dr. Marcos Amorim, e o professor do Programa de Pós-Graduação de Mestrado e Doutorado em Direito Ambiental Dr. Adriano Fernandes.
A Universidade do Estado do Amazonas possui acordo de cooperação técnica com Instituto Soka e algumas iniciativas já vem sendo realizado na área de Extensão, como as passarinhadas do projeto Vem Passarinhar.
Durante a visita realizada no dia 30 na sede reitoria da UEA, o reitor da Soka University of America (SUA), Edward Feasel, esclareceu que a natureza da instituição é a formação de cidadãos globais e que metade dos seus alunos vem de diferentes regiões do mundo. Experiências internacionais, segundo Feasel, fazem parte da grade curricular da Universidade e que já se estuda a possibilidade de trazer um grupo de alunos para conhecer a Amazônia em um futuro breve.
“Será uma grande oportunidade de aprenderem sobre a biodiversidade da Amazônia e a cultura indígena. Seria interessante se os estudantes amazônidas também pudessem conhecer o campus da Universidade Soka da America”, afirmou Zogahib.
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Com apoio de amigos e de empresas e instituições parceiras, as ações e programas do Instituto Soka Amazônia alcançam milhares de vidas, ampliando a consciência para a proteção do meio ambiente, e contribuindo para a proteção da biodiversidade amazônica.
No evento de encerramento das celebrações dos 10 anos do Instituto Soka Amazônia, foi assinado um termo de parceria entre o Instituto e a Soka University of America, sediada nos Estados Unidos.
A expectativa é que as instituições possam colaborar mutuamente nos temas de educação e incentivo a pesquisas voltadas à sustentabilidade, com a previsão de intercâmbio entre estudantes dos dois países.
“Nós compartilhamos uma história similar, instituições fundadas por Daisaku Ikeda e que ele não conseguiu visitar. Trabalhamos para desenvolver valores globais e coexistência harmoniosa entre o ser humano e a natureza. Estou feliz que hoje o Instituto Soka e a Universidade Soka solidificam nossa cooperação mútua”, finaliza Edward.
Assista ao vídeo comemorativo aos 10 anos do Instituto Soka Amazônia
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2023 foi marcado por emergências climáticas, entre as quais, a seca extrema que atingiu os principais rios amazônicos, resultando grandes prejuízos à biodiversidade e as comunidades ribeirinhas.
O Rio Negro esteve entre os mais atingidos pela seca, chegando a baixar 12 metro em seu nível. Algo histórico em mais de 121 anos!
Na região do Encontro das Águas, onde está localizado o Instituto Soka Amazônia, na cidade de Manaus, desde o início de janeiro, o nível das águas do Rio Negro vem subindo mudando completamente a paisagem.
Antes, durante e depois da seca do Rio Negro, no limite entre o Instituto Soka Amazônia e Praia das Lajes
No último dia 5 de fevereiro, o Rio Negro atingiu a marca de 21 metros e 42 centímetros, quase o dobro do nível mais baixo atingido.
Apesar da lenta recuperação os impactos dos fenômenos climáticos no ciclo hidrológico amazônico ainda são sentidos por vários municípios da região e boa parte deles ainda encontram-se em estado de emergência por conta da seca.
Em outubro de 2023, no auge da seca, o Instituto Soka Amazônia mobilizou empresas parceiras e realizaram uma ação emergencial solidária para levar água, alimentos e filtros de água para comunidades ribeirinhas no município de Iranduba, próximo ao Encontro das Águas.
Vida interligada por rios
A medida que sobe o nível dos rios, sobe também a esperança da população local.
A região Amazônica concentra a maior floresta tropical e uma das maiores bacias hidrográficas do mundo. Todo o ecossistema e a vida de quem vive por lá muda de acordo com as cheias e baixas dos rios.
A economia local depende do transporte fluvial, assim como o turismo que, literalmente, precisa das águas para fluir. Quando ocorre uma seca extrema, todos são afetados pois dependem dos rios para se locomoverem e receber alimentos e demais itens de primeira necessidade.
Alerta às mudanças climáticas
As chuvas que precipitaram em dezembro de 2023 e janeiro de 2024 contribuíram para a elevação nos níveis de umidade no solo em grande parte do Brasil, mas, principalmente, no sul da região Norte e em áreas da região central do País, de acordo com o boletim Painel El Niño 2023-2024, divulgado pela Agência Nacional das Águas.
Porém, o levantamento alerta de que a previsão climática para os meses de fevereiro, março e abril indica maior probabilidade de chuva abaixo do normal em parte da porção central e Norte do Brasil.
Embora as previsões indiquem condições mais úmidas do que o normal entre o centro e leste do país, em grande parte das demais regiões do país – incluindo região amazônica – a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal.
2023 ficará marcado na história pela série de eventos climáticos extremos na Amazônia com conseqüências graves para a biodiversidade e populações locais.
A região que concentra a maior floresta tropical e a mais extensa bacia hidrográfica do mundo vivencia a seca dos últimos 122 anos na região. Em 62 municípios do estado do Amazonas, cerca de 600 mil pessoas foram impactadas diretamente pela seca, segundo dados da Defesa Civil do Estado.
Tal panorama não poderia estar de fora das discussões do Seminário Águas da Amazônia, realizado no último dia 9 de novembro, na sede do Instituto Soka e transmitido ao vivo pela youtube.
Especialistas de diversos segmentos apresentaram suas análises dos impactos dos eventos extremos no ciclo hidrológico amazônico criando oportunidade de reflexões sobre o necessário aprimoramento das relações do ser humano perante a natureza como um todo.
Para o diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento, o Seminário é relevante não apenas para a região.
“Os momentos que estamos vivendo em toda sociedade requerem que possamos refletir, pensar e partir para ações para mudar o futuro de toda a sociedade e construir um mundo melhor”, afirmou, agradecendo o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e demais parceiros na realização do Seminário, que chega à sua 8ª edição
De acordo com a diretora de Tecnologia Social do INPA, Dra. Denise Gutierrez, o Seminário é realizado em parceria com o Instituto Soka, devido aos temas convergentes que ambas instituições trabalham e que são fundamentais para a região.
Ela destacou a convergência em educação ambiental, enfatizando que é impossível atuar com sustentabilidade, qualidade de vida para as populações e preservação do meio ambiente, sem fortes ações educativas. “Temos a convergência na própria preservação e na visão de preservação, no entendimento que somos depositários de riquezas naturais importantes que são advindas da floresta amazônica e nós lutamos por ela”.
Na palestra “Eventos extremos de seca e cheias na Amazônia“, o doutor Jochen Schongart, pesquisador titular da Coordenação de Uso de Terra e Mudanças Climáticas do INPA descreveu a importância global e magnitude da bacia amazônica.
“São 15 mil quilômetros cúbicos de chuva, que correspondem a mais de 10% de todas as chuvas de todos os continentes do mundo. Metade disso volta em forma de evapotranspiração e grande parte é exportado na forma de rios voadores que levam umidade a outras regiões. É a maior hidrobacia do mundo, com 18% de toda a água doce que chega aos oceanos; são 30% de áreas úmidas; reúne 10% de toda a biodiversidade conhecida; e estoca de 150 a 200 bilhões de toneladas de carbono na biomassa e no solo”.
Com base em 122 anos de monitoramento do nível dos rios na cidade de Manaus, o especialista avaliou que o ciclo hidrológico da Amazônia já sofre forte mudança. Nos primeiros 23 anos deste século, a situação de emergência é quase igual a de todo o século anterior. Em outras palavras, 7% desse século é situação de emergência, ou seja, a cada 17º dia é um dia de emergência induzida por enchentes ou secas. “São enormes desafios para as políticas públicas e para a sociedade, pois essas ocorrências tem dimensões complexas, sociais, econômicas e de biodiversidade”, concluiu.
O consultor da Unicef, Paulo Diógenes, apresentou os impactos da escassez de água de qualidade e tratamento sanitário na vida das crianças e adolescentes no Brasil. De acordo com levantamento recente, apenas 21% das escolas brasileiras tem água tratada disponível e 3,3 milhões de crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos de idade, não tem acesso a água segura.
Para as meninas, o quadro é mais dramático: apenas 3% das estudantes brasileiras frequentam escolas com banheiro em condições de uso. E no estado do Amazonas, 13,4% das crianças no Amazonas não tem acesso à água segura e quase 72% não tem acesso a saneamento básico.
O pós-Doutorando em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Mestre em Direito Ambiental, Thiago Flores dos Santos, abordou em sua palestra o uso de Pagamento por Serviços Ambientais Hídricos como estratégia de Conservação da Biodiversidade no Amazonas.
Para o especialista há desafios a serem superados quanto à regulamentação, formas de valorar e precificar os ativos e o monitoramento dos resultados.
O professor doutor Sergio Duvoisin Junior, do núcleo permanente do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente da Universidade do Estado do Amazonas e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (UEA/INPA), apresentou os dados do projeto monitoramento ambiental realizado nas principais bacias hidrográficas amazônicas e onde foram coletadas várias amostras de água e solo para avaliar a qualidade. Os dados completos serão disponibilizados até o final de ano e poderão ajudar os gestores públicos tomarem medidas de planejamento e contenção.
O especialista fez questão de destacar que a preservação ambiental não é responsabilidade apenas dos gestores públicos ou concessionária. “A parte de conscientização pessoal – de saber que cada um de nós tem que fazer o seu papel na preservação dos recursos hídricos – é fundamental. Senão não chegaremos ao lugar nenhum”.
Estudantes das universidades e representantes da sociedade civil presentes fizeram suas perguntas aos especialistas e considerações. Em seguida, duas as duas palestras finais trouxeram reflexão e esperança.
O antropólogo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN Amazonas), Mauro Augusto Dourado Menezes, destacou que, dentro da lógica do antropoceno, a seca vem revelando de diversas formas como homem tem se relacionado com o lugar e o espaço em que ele vive.
Ao se referir ao elemento água como patrimônio cultural enfatizou: “Falar de água, falar de ambiente, falar de natureza, portanto,estamos falando de referencias que a água, o meio ambiente e a natureza como portadores de identidade e memória. Talvez quando as políticas publicas se derem conta de natureza não apenas como recursos mas como pessoas, como gentes, teremos outra vertente para pensar na questão ambiental”.
Por fim, o engenheiro ambiental e coordenador de Educação Socioambiental do Instituto Soka Amazônia, Jean Dinelly Leão , apresentou os resultados dos projetos e práticas de educação ambiental, de apoio a pesquisa e de proteção da biodiversidade amazônica, a partira da RPPN Dr. Daisaku Ikeda.
Ao final do evento cerca de 40 quilos de alimentos não perecíveis doados pelos participantes foram destinados à comunidade ribeirinha vizinha ao Instituto.
Assista, a seguir o Seminário na íntegra:
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Proteger a Amazônia é preservar a floresta, seus rios, animais e as populações que existem ou já existiram nesse territóro.
Registrada de diversas formas, seja no solo, nos rios, nas formações rochosas, nos vestígios deixados por quem viveu antes ou nos modos de vida transmitidos de geração em geração, a história da Amazônia é um patrimônio essencial para compreensão do presente e garantia de futuro.
Um exemplo disso está na Reserva do Particular do Patrimônio Natural RPPN Daisaku Ikeda, onde foram encontrados, em 2001, urna funerária e um alguidar (panelas utilizadas por povos indígenas da região amazônica). A partir desse achado a área foi reconhecida e oficializada como Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
O Sitio Arqueológico Daisaku Ikeda está rodeado pelos Sítios Lages, Porto do Encontro das Águas e Ponta das Lajes. Este último, por longos períodos, fica praticamente submerso (vide infográfico).
Entre os sítios arqueológicos da região o Daisaku Ikeda está em melhor estado de preservação, segundo especialistas, por estar inserido em unidade de conservação. A área reflorestada pelo Instituto Soka ao longo dos últimos 30 anos teria contribuído para essa proteção.
Floresta em pé, ampliação de pesquisa e popularização do conhecimento arqueológico por meio da educação patrimonial são estratégias benéficas para proteção do patrimônio arqueológico, histórico e cultural Amazônia e ajudam a potencializar o senso de pertencimento e respeito às origens dos povos amazônicos.
Cientes disso, o Instituto Soka Amazônia uniu-se à Superintendência do IPHAN Amazonas para realizar uma Semana de Educação Patrimonial, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro.
A série de eventos contou com o apoio da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc), da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC) e envolveu professores, alunos, pesquisadores das universidades federal (UFAM) e estadual do Amazonas (UEA), Instituto Federal do Amazonas (IFAM), Museu da Amazônia (Musa), agentes culturais e comunidade local.
No Brasil, a Educação Patrimonial é eixo estruturante da política de patrimônio, como explica a superintendente do IPHAN Amazonas, Beatriz Calheiro.”Acredito que todos os processos educativos construídos de forma coletiva que tenham foco no Patrimônio Cultural, podem ser compreendidos pela comunidade nos territórios e colaborar pra reconhecimento e valorização dos nossos bens históricos e culturais, sejam arqueológico, edificado ou imaterial”.
Arqueologia no Instituto Soka Amazônia
No Instituto Soka, todos os anos, cerca de 2000 alunos da rede pública de ensino têm um primeiro contato com a arqueologia e despertam seu interesse por meio da visita guiada pelo Sítio Arqueológico Daisaku Ikeda do programa Academia Ambiental.
No último dia 1º de novembro, os participantes da Semana de Educação Patrimonial do IPHAN também visitaram o Sitio Arqueológico Daisaku Ikeda e assistiram às palestras e demonstrações dos arqueólogos Iberê Martins, do Museu da Amazônia, e Jaime Oliveira, do IPHAN Amazonas.
No dia 28 de outubro, foi a vez de sensibilizar a comunidade local com outra atividade promovida pelo Instituto Soka e IPHAN Amazonas.
Um mutirão educativo e delimpeza no Sítio Ponta das Lajes, em Manaus foi organizado com a participação de cerca de 200 voluntários de empresas vizinhas ao Sítio e de instituições parceiras, além de pesquisadores, alunos e população local.
Além da retirada de resíduos sólidos (lixo) do local , os participantes receberam orientações sobre como visitar sítios arqueológicos sem causar qualquer tipo de prejuízo ao Patrimônio Arqueológico.
Beatriz Calheiro se emociona ao relembrar a quantidade tão diversa de pessoas e representações de órgãos públicos unidos em prol do patrimônio histórico.
“Coletar aqueles resíduos sólidos foi um momento de reflexão, cuidado e de fazer alguma coisa efetiva acontecer, sem ficar esperando. Mas sim juntos, unindo esforços, para entrelaçar educação ambiental e educação patrimonial”, avaliou ela.
A ação foi inspirada em outra iniciativa educativa realizada, no dia anterior, pela Escola Japonesa de Manaus na área da RPPN Daisaku Ikeda próxima à margem do rio.
Muitas são as percepções e sensações que se pode ter em caminhadas em unidades de conservação ou áreas florestais. Reconhecer os variados sons e aromas ou apenas observar diversas formas de vida na paisagem natural já trazem muita informação e saberes.
Mas o conhecimento proporcionado por essa experiência pode ser ampliado e trazer mais compreensão sobre a floresta e as relações ecológicas, com a técnica de interpretação ambiental, um método de aprendizagem utilizado em trilhas educativas ou interpretativas.
Quem visita ou participa dos programas educativos do Instituto Soka Amazônia já usufruem dessa experiência em trilha pela Reserva Particular de Patrimônio Natural Daisaku Ikeda (RPPN Daisaku Ikeda), localizado em frente ao Encontro das Águas.
Parte do aprendizado é obtido nas monitorias e atividades propostas ao longo desses caminhos. Outro recurso disponível, encontrado ao longo das trilhas, enriquece mais experiência: as placas interpretativas.
Nesses painéis estão sintetizados dados relevantes e, até surpreendentes, de cada trilha, como relevo, vegetação, temperatura, características do solo, informações sobre biodiversidade e até dados históricos.
O fato curioso sobre os painéis é que foram desenvolvidos a partir de outra enriquecedora experiência de aprendizado. Na verdade, eles são resultado de um projeto realizado por pesquisadores do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), com alunos de Ciências Biológicas, e pesquisadores e equipe do Instituto Soka Amazônia.
Jean Dalmo de Oliveira Marques, doutor em Ecologia e professor do IFAM e que orientou o trabalho, explica que as trilhas na Reserva já existiam e eram utilizadas por equipes de manutenção ou para simples visitações. Com a aplicação da interpretação ambiental a experiência do visitante foi aprimorada, dando-se acesso a informações essenciais para completar a aula ou o passeio.
“Demos um novo olhar para aquelas trilhas e, hoje, as placas interpretativas orientam os visitantes, inclusive sobre o nível de dificuldade, extensão da trilha, acessibilidade, tempo estimado de duração da caminhada”, conclui.
O projeto fez parte da cooperação técnica firmanda entre o IFAM e Instituto Soka Amazônia e resultou na publicação do Guia para instrumentalização de trilhas interpretativas numa perspectiva de ensino e aprendizagem, importante manual para interessados em Gestão Ambiental e Ecologia da Amazônia.
Jean Dalmo destaca a relevância do Instituto Soka para experiências como essa. Para ele, a RPPN Dr Daisaku Ikeda, uma unidade de conservação sustentável de 52 hectares, é mais que ideal para ser estudada e conhecida, sendo um bem sucedido exemplo de mata amazônica em plena recuperação.
O pesquisador destaca outros motivos para o local ser boa opção para estudos e pesquisas sobre o bioma amazônico. “A RPPN está localizada em um ponto estratégico e contem elementos preciosos, como a terra-preta-de-índio, falésia, formação litológica, ruínas históricas, às margens do Rio Negro e a vegetação nativa em franca recuperação”, comenta Jean Dalmo.
Com 21 anos de docência, Jean Dalmo relata que conheceu Instituto Soka em sua busca por ambientes propícios para completar o processo ensino-aprendizagem. A cada semestre, cerca de 40 novos alunos de graduação são convidados a visitar a área da reserva e verificar na prática o que aprendem em teoria na sala de aula. Além das aulas práticas, pesquisadores e alunos de mestrado e doutorado se beneficiam desse ambiente natural para pesquisa.
Trilhas educativas do programa Academia Ambiental
Vestígios Históricos
Em uma das trilhas podem ser visualizados elementos históricos como as ruínas da antiga olaria, que existia no local até o início do século XX, e aprender mais sobre os achados arqueológicos encontrados em 2001 durante a construção das edificações do centro administrativo do Instituto. Nesse trajeto foram identificadas peças cerâmicas, como uma urna funerária e um alguidar (panela utilizada pelos índios da região amazônica).
Terra-Preta-de-Índio
Terra-preta-de-índio é um solo de coloração escura, rico em cálcio, magnésio, zinco, manganês, fósforo e carbono. Sua composição proporciona grande fertilidade, atributo raro na região amazônica, onde os solos ácidos são desfavoráveis à agricultura.
Abelhas sem-ferrão
Nesse ponto da trilha é possível saber mais sobre as nativas abelhas-sem-ferrão em uma instalação de meliponário para fins didáticos e de pesquisa. São 52 gêneros e mais de 300 espécies identificadas com distribuição registrada para América do Sul, América Central, Ásia, Ilhas do Pacífico, Austrália, Nova Guiné e África.
Rainha da Floresta
A Samaúma ou Sumaúma (Ceiba pentranda) é uma das árvores gigantes da Amazônia. Sagrada entre os povos da antiguidade do continente, como os maias, seu nome remete à fibra que pode ser obtida a partir de seus frutos. Nas trilhas da RPPN Daisaku Ikeda é possível visualizar duas sumaúmas e que são destaque nas aulas práticas de educação ambiental. Um exemplar tem de 25 anos de vida e 30 metros de altura; a outra, chamada carinhosamente de sumaúma-bebê, tem 5 anos e 10 metros de altura..
Encontro das Águas
Do mirante do Instituto Soka se vê um dos principais pontos turísticos de Manaus, o Encontro das Águas. É ali que os rios Negro e Solimões se encontram dando origem ao rio Amazonas. Durante a trilha, os visitantes passam a conhecer as razões das águas não se misturarem e a relação desse fenômeno com os seres humanos. Nas explicações, são lembrados os principais fatores que provocam o fenômeno: velocidade dos rios, temperatura, formação geológica, partículas em suspensão.
Fonte:
Trilhas interpretativas em unidade de conservação: espaço pedagógico para o ensino de ecologia. Jean Dalmo de Oliveira Marques, Laís Cássia Monteiro de Souza Barreto, Elizalane Moura de Araújo Marques. DOI: https://doi.org/10.5335/rbecm.v4i2.11525
LIVRO : Guia para instrumentalização de trilhas interpretativas numa perspectiva de ensino e aprendizagem. Laís Cássia Monteiro de Souza Barreto, Jean Dalmo de Oliveira Marques, Rosa Oliveira Marins Azevedo, Jean Dinelly Leão, JomberChota Inuma, Tais TyotoTokusato .DOI: 10.24824/978854443435.2 Acesso ao Livro
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The educational practices carried out at the Soka Amazon Institute were highlighted at the 4th ANGEL (Academic Network on Global Education and Learning) International Conference 2023, held at the headquarters of the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), in Paris, on the last 19th.
The international education researcher and associate professor at the State University of New York, PhD Namrata Sharma, presented her studies on the value creating (in Japanese, Soka) approach to environmental education promoted at the Institute in the Amazon.
In the expert’s evaluation, both formal and non-formal education are fundamental for the development of critical skills in students. According to her, educational approaches based on human values can stimulate behavior for constructive global change.
Namrata Sharma described the relevance of the Soka Amazon Institute for sustainability education and global citizenship are manifold, including its mandate to preserve biodiversity in the Amazon, highlighting 3 aspects:
– its performance as an SDG hub, promoting the engagement of enterprises to achieve the UN Sustainable Development Goals.
– in its ethos, which is an enactment of the founder’s vision for harmonious coexistence of all life;
– and through its commitment to the Earth Charter and values-based approaches to sustainability.
“I am interested to explore such aspects in my study of the Institute as the only informal learning space for the practice of value-creating education, bringing together discussions on sustainability and global citizenship”, said Ph.D. Namrata Sharma. cidadania global”, afirmou a PhD Namrata Sharma.
The 4th edition of the ANGEL Conference has a theme as Global education & learning for a just, peaceful & sustainable world. The event is organized by the Academic Network on Global Education and Learning(ANGEL) in partnership with the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), Global Education Network Europe (GENE), Institute and Faculty of Education and Society at University College London (UCL) and the NESCO Chair in Global Citizenship Education in Higher Education, based at the University of Bologna.
As práticas educacionais realizadas no Instituto Soka Amazônia foram destaque na 4ª Conferência Internacional da Rede Acadêmica de Educação e Aprendizagem Global (Angel) , realizada na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, no ultimo dia 19.
A pesquisadora em educação internacional e professora adjunta da Universidade do Estado de Nova York, PhD Namrata Sharma, apresentou estudos realizados sobre a abordagem de criação de valor (em japonês, Soka) na educação ambiental promovida no Instituto na Amazônia.
Na avaliação da especialista, tanto a educação formal como a não formal são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades críticas nos estudantes. Segundo ela, as abordagens educativas baseadas em valores humanos podem estimular comportamentos para uma mudança global construtiva.
Namrata Sharma classificou como múltipla a relevância do Instituto Soka Amazônia para a educação em sustentabilidade e cidadania global, somada à sua missão de preservação da biodiversidade da Amazônia, destacando três pontos:
a atuação da entidade como organização âncora do HUB ODS Amazonas, promovendo engajamento de empresas para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU;
a ética do Instituto representada na visão do fundador de uma coexistência harmoniosa de todas vidas;
compromisso da instituição com os princípios da Carta da Terra aplicados na abordagem de valores para a sustentabilidade.
“Tenho interesse em explorar tais aspectos em meu estudo sobre o Instituto como espaço informal único de aprendizagem para a prática da educação geradora de valor, reunindo discussões sobre sustentabilidade e cidadania global”, afirmou a PhD Namrata Sharma.
A IV edição da Conferência ANGEL teve como temática Educação e Aprendizado Global para um Mundo Justo, Pacífico e Sustentável. O evento é organizado pela Rede Acadêmica de Educação e Aprendizagem Global (ANGEL) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Rede Europeia de Educação Global, Instituto e Faculdade de Educação e Sociedade da University College London e a Cátedra UNESCO em Educação para Cidadania Global em Ensino Superior Educação, com sede na Universidade de Bolonha.
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