Seca na Amazônia: tragédia ambiental global

Secas na Amazônia são fenômenos naturais, mas estudos indicam que estão mais frequentes e intensas devido às atividades humanas

As secas na Amazônia acontecem pela variabilidade interanual na circulação da água e variação da temperatura de superfície nos oceanos Pacífico e Atlântico. Fenômenos como o El Niño e o aquecimento da água superficial no oceano Atlântico são causadores de secas na Amazônia. No entanto, existem estudos que associam as recentes e as futuras secas na Amazônia com as atividades humanas tais como a perda de cobertura florestal, a degradação florestal e a mudança climática. De fato, existe uma tendência de aumento nos déficits de água no solo e na atmosfera na Amazônia, principalmente durante os meses de agosto, setembro e outubro em regiões do Pará e Mato Grosso.

Foto cedida por Diego Oliveira Brandão

Não é de hoje que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) ligada à ONU vem alertando quanto às constantes perdas ambientais ocasionadas pelos incêndios e desmatamentos das florestas. Estas são cruciais para a captura de carbono da atmosfera. A região da América Latina e Caribe abriga 57% das matas do planeta e guardam 200 gigatoneladas de CO2. Isso vem causando a mudança climática que, por sua vez, ameaça a saúde pois prejudica o regime de chuvas e com isso a produção de alimentos, altera também a produtividade do setor energético e todo o sistema de ventos, essencial para disseminação de sementes e demais insumos necessários à manutenção da vida.

O pesquisador Diego Oliveira Brandão[i], em seus estudos de doutorado alerta para os efeitos deletérios das secas sobre os sistemas extrativistas e agroflorestais na Amazônia, clamando para que medidas urgentes sejam tomadas no sentido de reduzir os impactos negativos.

“As secas na Amazônia reduzem o fluxo de seiva e aumentam a mortalidade da vegetação”, inicia ele. Toda a seiva da planta é formada por água e elementos químicos essenciais como nitrogênio e fósforo. Estes, por sua vez, são absorvidos a partir do solo pela raiz para o sistema vascular (xilema[ii]) para o interior da planta. Pensando no quanto essa seiva é essencial para a sobrevivência de qualquer vegetação é fácil perceber a gravidade da redução na produção desse líquido vital.

Diego explica que quando da ocorrência de uma seca devido a um período de escassez de água, a redução no fluxo de seiva acontece devido à resposta da planta à combinação de embolia[iii] e fechamento estomático[iv]. Trata-se de uma estratégia para reduzir a perda de água da planta para a atmosfera. Mas tal fenômeno reduz a entrada de dióxido de carbono (CO2), comprometendo a produção de tecidos vegetais como folhas, frutos e sementes.

Foto cedida por Diego Oliveira Brandão

Ao se ver com menos seiva circulando, a floresta fica cada vez mais vulnerável aos incêndios florestais. A combinação de secas e incêndios florestais aumenta a mortalidade de árvores em mais de 200% na Amazônia. Entretanto, mesmo diante desse cenário devastador, há plantas mais resistentes aos impactos das secas, como algumas espécies de palmeiras e Vismia.

Foto cedida por Diego Oliveira Brandão

Os períodos secos também causam mudanças na composição de espécies e perda de biodiversidade na Amazônia. Portanto, as secas causam efeitos biofísicos significativos na vegetação. Por isso, os projetos de restauração florestal, bioeconomia, redução de emissões de gases de efeito estufa, viveiros florestais, sistemas agroflorestais e produtos da sociobiodiversidade estão vulneráveis frente aos efeitos das secas na biologia das plantas. Desse modo, as medidas de adaptação[v] são essenciais para reduzir os efeitos deletérios das secas sobre os componentes e sistemas extrativistas e agroflorestais na Amazônia.

Referência:

BRANDÃO, D. O. Mudanças climáticas e seus impactos sobre os produtos florestais não madeireiros na Amazônia. In: SIMPÓSIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SISTEMA TERRESTRE, 10. (SPGCST), 2021, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. Anais… São José dos Campos: INPE, 2021. On-line. ISBN 978-65-00-33306-0. IBI: . Disponível em: 1 Biólogo, CRBIO 116152, Email: diegobrandao779@gmail.com

Fonte adicional:https://news.un.org/pt/story/2021/08/1760132


[i] Para ler o artigo original do pesquisador Diego Brandão https://biologiadaconservacao.com.br/cienciaemacao-medidas-adaptacao-amazonia

[ii] O xilema é um tecido vascular que distribui água e solutos pelo corpo de um vegetal. Ele é encontrado de forma contínua na planta, atravessando todos os órgãos e formando uma verdadeira rede de circulação de substâncias. https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/xilema.htm#:~:text=O%20xilema%20%C3%A9%20um%20tecido%20vascular%20que%20distribui%20%C3%A1gua%20e,rede%20de%20circula%C3%A7%C3%A3o%20de%20subst%C3%A2ncias.

[iii] A embolia é a formação de bolhas de ar no xilema causada pelo aumento da tensão de água dentro da planta durante a seca. O ar dissolvido na água se expande causando bloqueios que reduzem o fluxo de seiva dentro da planta.

[iv] O fechamento do estômato, por sua vez, ocorre quando acontece uma redução de solutos na células-guardas. A célula então perde água, e a pressão de turgor é reduzida. As paredes anticlinais retornam à posição normal, e a fenda estomática é fechada. https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/estomatos.htm

[v] Medidas de adaptação são iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima.

Olhar para o chão e ver: solo!

Bastante subestimado, o chão onde pisamos é um substrato importantíssimo para a manutenção da vida no planeta

A professora e pesquisadora Gláucia Soares Tolentino[i] conta que o processo de origem, formação e transformação natural dos solos está diretamente relacionado com o intemperismo e com o acúmulo de material orgânico. Intemperismo é o conjunto de alterações que as rochas sofrem quando ficam expostas à superfície da Terra. Todos os solos são o resultado de uma série intrincada de processos e inúmeros fatores que concorrem para que as diferentes superfícies terrestres existam de maneira harmônica. Qualquer atividade não natural, como as ações humanas nefastas – mais especificamente as queimadas – fazem com que o equilíbrio se rompa e resulte em prejuízo a processos essenciais naturalmente ocorridos durante milênios. A Amazônia – uma vastidão verde – é o exemplo de processos milenares naturais que o homem em sua cega e insana ganância vem sistematicamente destruindo.

O solo da Amazônia

A professora Gláucia reitera que a floresta Amazônica só existe por um conjunto de fatores, incansavelmente trabalhados e aperfeiçoados ao longo de um tempo incrivelmente longo. Em geral, o solo amazônico é bastante pobre, mas possui uma espessa camada de nutrientes formado a partir das folhas, frutos e insumos animais (fezes, urina e corpos em decomposição). Além, é claro, de fungos e outros microrganismos que atuam nesse processo de ciclagem dos nutrientes. Cercando e envolvendo tudo isso e fazendo a grande diferença nesse verdadeiro caldeirão orgânico: as águas. Essas sobem, em forma de vapor, do oceano Atlântico, sobrevoam a região em direção ao oeste do continente. Só que ali encontram uma imensa barreira natural, a Cordilheira dos Andes, que faz todo esse vapor d’água se precipitar em forma de chuva, que desce das montanhas e literalmente varre a região amazônica, levando consigo terra e nutrientes.

A floresta, por sua vez, produz grande biomassa – que é todo e qualquer material de origem viva – e fantasticamente contribui para o enriquecimento do ambiente. Está formado, a grosso modo e em linhas gerais, o composto orgânico natural do solo da maior floresta tropical do planeta.

Nas queimadas, alguns animais conseguem sobreviver fugindo. As plantas não têm essa possibilidade.

Cada região da Terra tem seu solo formado por uma série de processos eólicos, hídricos, tectônicos, climáticos ou mesmo da atividade antrópica. Cada uma dessas mudanças transfiguram as paisagens, de forma gradual ou catastroficamente. Quando acontece de forma catastrófica, isso em geral e infelizmente, é irreversível, destruindo os solos e, como ele, habitats de inúmeros organismos animais e vegetais. “Nas queimadas, alguns animais conseguem sobreviver fugindo. As plantas não têm essa possibilidade. Mas mesmo os animais que sobrevivem perdem sua referência de moradia e a maior parte sucumbe por não conseguir mais se alimentar ou se reproduzir. É triste”, ressaltou Gláucia.

Breve história dos solos em geral

Todos os solos, como os conhecemos hoje, remontam do avanço dos primeiros organismos vegetais sobre a Terra, algo ocorrido entre 422,9 milhões e 418.7 milhões de anos. Um tantinho de tempo atrás, portanto. Foi então que alguns solos, bastante similares aos atuais – embora aquelas plantas ainda não tivessem raízes, estas só viriam a acontecer de fato entre 416 e 411 milhões de anos. De modo geral, a formação dos solos continua a ser a mesma: a partir do processo de decomposição das rochas de origem, chamadas de rochas mãe. Sim, rochas. Simplesmente porque nesse início mais que primitivo não existiam solos no planeta, somente rochas grandes e variados grupos rochosos que foram lentamente sendo desgastados pelo clima, pela ação da água e dos ventos e também pelos seres vivos, sobretudos as plantas. Com isso, essa lenta desagregação proporcionou a formação de sedimentos, que se mantêm aglomerados e compõem os solos. O processo de origem e constituição dos solos é chamado de pedogênese[ii]. Importante ressaltar que esse processo de pedogênese acontece até hoje. Portanto, foram milhões de anos para se chegar ao que temos agora.

O processo obedece a uma sequência, de certa maneira imutável:

  1. lenta decomposição da rocha mãe por agentes do intemperismo (água, ventos, clima, plantas e outros);
  2. com a ação inexorável do tempo, são acumulados materiais orgânicos sobre o solo em constante formação;
  3. todo o material depositado vai se deteriorando e se mimetiza com o restante, enriquecendo o solo e, em paralelo, vão se formando os horizontes do solo;
  4. diferentes horizontes[iii] vão se sobrepondo, à medida que mais e mais camadas vão sendo depositadas. Além disso, passam a apresentar uma camada superficial orgânica propícia ao plantio e à existência de vegetações.

Horizontes de solo

Quanto mais antigos os solos, eles possuem mais camadas consolidadas. Solos jovens, por sua vez, estão em processo intermediário de formação, ainda sem a presença dos diversos horizontes e pouca presença de material orgânico. Abaixo os horizontes de solo, segundo as classificações mais comuns:

  • Horizonte O (horizonte orgânico) – camada externa do solo composta por material orgânico em estágio de decomposição.
  • Horizonte A – é o horizonte mineral mais próximo da superfície, com uma relativa presença de matéria orgânica.
  • Horizonte B – é o horizonte de acumulação, com uma grande presença de minerais e com baixo acúmulo de material orgânico.
  • Horizonte C – camada formada por partes fragmentadas da rocha mãe, muitas vezes com sedimentos menores nas suas partes mais altas e com saprólitos e partes de rochas em sua parte inferior.
Fonte: Site Toda Matéria

Gláucia alerta para um fato emergencial: as queimadas da Amazônia se intensificaram de forma desordenada e indiscriminada, e o fogo é o meio mais deletério da saúde desse solo que levou milhões de anos para ser constituído e para formar a exuberância verde que o mundo todo admira e aplaude. “O fogo, nas proporções em que hoje acontece, só beneficia o agronegócio, pois permite o plantio imediato. A correção da pobreza do solo vem em seguida, com a adição de fertilizantes artificiais”, explicou. Porém, em poucas safras, não há mais o que fazer e aquele pedaço de terra, exaurido e incapaz de se reestruturar com artifícios químicos, se torna deserto e inútil à atividade econômica. E o agronegócio volta seus olhos para outro pedaço intocado de terra de riqueza natural inestimável, para repetir o processo e destruir mais uma parte desse tesouro da humanidade.

“Há estudos sérios que demonstram que é mais barato preservar que derrubar. Mesmo assim, a ação degradadora permanece. É preciso parar de vez com essa onda de destruição, antes que seja tarde.”, encerra a pesquisadora de solos e professora, Gláucia Tolentino.

Fontes:

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/formacao-dos-solos.htm

https://www.scielo.br/j/rbcs/a/7zyTLBm8nXMdxtcZJB4mQvv/?lang=pt


[i] Bióloga, mestre e doutora em Botânica. Pesquisadora das relações entre plantas, solo e atmosfera. Atuou como analista ambiental e hoje se dedica à atividade docente no Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Paranavaí.

[ii] Pedogênese é o nome atribuído ao processo de formação dos solos, produzidos a partir da degradação ou composição das rochas, além da junção de fatores químicos, físicos e biológicos.

[iii] Os solos bem desenvolvidos possuem normalmente várias camadas sobrepostas, designadas por horizontes. Estas camadas são formadas pela acção simultânea de processos físicos, químicos e biológicos e podem distinguir-se entre si através de determinadas propriedades, como por exemplo a cor, a textura e o teor em argilas.


Que tal um banho de floresta?

Trata-se de uma modalidade terapêutica que promove a relação entre a saúde integral e o contato direto com a natureza
Cientistas da Universidade de Stanford descobriram que o contato com florestas regula regiões do cérebro associadas à depressão

No Japão feudal era uma prática comum ir à floresta, sentar-se sob as árvores e observar uma pedra crescer. Pode parecer absurdo à nossa estreita e míope cultura ocidental, o ato de “observar uma pedra crescer”, pois pedra não cresce. Porém, a ideia tem a ver com a capacidade humana de dominar a mente e ter total controle sobre a percepção de tudo ao redor. A terapia Shinrin-yoku, ou Banho de Floresta, é um conceito empolgante no que diz respeito à relação entre humanos e a natureza.

Embora prática de meditar na floresta seja algo bastante antigo para os japoneses, foi sistematizada somente há cerca de 40 anos, com resultados bastante promissores e que por isso mesmo o Shinrin-yoku se difundiu a todos os continentes. A potência energética da floresta é o principal elemento do Banho de Floresta. Os pesquisadores japoneses perceberam que ao caminhar, contemplar, inspirar e expirar sob as copas das árvores, a pessoa recebe benefícios orgânicos e psicológicos da interação com o verde das matas. O simples fato de visualizar uma colina verdejante já causa uma sensação de bem-estar capaz de baixar os níveis de estresse.

Pode parecer absurdo à nossa estreita e míope cultura ocidental, o ato de “observar uma pedra crescer”, pois pedra não cresce.

Ficar imerso no ambiente de uma floresta regula positivamente a pressão arterial, os batimentos cardíacos, o nível geral de relaxamento e a qualidade do nosso sono, diminuindo a presença de hormônios associados ao stress ao mesmo tempo em que aumenta em mais de 50% a presença de células antitumorais na circulação sanguínea.

Mais do que uma terapia

Cientistas da Universidade de Stanford descobriram que o contato com florestas regula regiões do cérebro associadas à depressão. Mais que uma excelente terapia para vários sistemas orgânicos, o contato com florestas e bosques acelera o processo de cura em termos de saúde mental, gerando um impacto positivo e direto no nosso humor e no bem-estar.

Os japoneses relacionaram os efeitos da inalação de compostos orgânicos voláteis liberados pelas folhas das árvores aos seres humanos. Tais compostos são para o mundo vegetal algo como antibióticos que agem inibindo o desenvolvimento de micro-organismos agressores. Quando o ser humano inala esses compostos, eles geram efeitos positivos para a manutenção da saúde geral.

Como praticar o Banho de Floresta

…o ideal é que a terapia florestal seja realizada de forma individual e sem interferências

Silêncio, meditação e observação a tríade-chave do Shinrin-yoku. Há diversos locais que promovem a ida em grupo à natureza, mas o ideal é que a terapia florestal seja realizada de forma individual e sem interferências. Qualquer pessoa pode se aventurar a buscar esse contato direto e se beneficiar de todo o potencial terapêutico. Munir-se de alguma técnica de meditação é recomendado. Mindfulness[i] é uma das linhas recomendadas.

A sessão de shinrin-yoku começa com o deslocamento até uma floresta ou área verde, como um parque ou jardim botânico. O participante então deve se acalmar, sentir sua pulsação, ao mesmo tempo que observa o ambiente à sua volta e caminha lentamente, prestando atenção no movimento dos pés e deixando todos os sentidos atentos, permitindo uma imersão completa de sua consciência no ambiente da floresta. O silêncio e o contato com a natureza permitem serenar a mente e o corpo e ajudam a expandir o que é percebido pelos sentidos, sendo cientificamente aconselhado como método para reduzir o estresse.

Procure um ambiente natural tranquilo, vá sozinho e fique em silêncio ou, se for em grupo, combine de só conversarem ao final da experiência. Os estudos realizados comprovam que os benefícios podem ser sentidos com caminhadas a partir de 40 minutos, mesmo que sejam ocasionais – nesse caso, o ganho maior é emocional e de curto prazo.

No método terapêutico, são propostas sete caminhadas de três horas cada, sendo uma por semana, para que o participante, aos poucos, vá treinando o corpo e a mente para aquietar-se e ampliar a percepção. O começo da prática pode ser feito com o aconselhamento de um guia, mas nada impeça de a própria pessoa se guiar e aventurar-se pelas caminhadas do Shirin-yoku.

Marque uma reunião em um parque. Troque o café pelo óleo essencial natural das árvores. Que tal mudar o almoço no restaurante por um piquenique ao ar livre?

Dicas de como se iniciar na terapia Banho de Floresta
  • Em vez de ler um livro ou estudar no sofá, dirija-se à praça ou parque arborizado mais próximo. E faça-o sentado num daqueles bancos, de preferência o mais perto possível das árvores.
  • Adentre num lugar de natureza e silencie por alguns instantes. Procure receber o que os seus sentidos podem captar. Ative a percepção dos sons dos pássaros, vento, galhos e animais ao redor. Sinta o cheiro das plantas, contemple os diversos tons de verde da natureza. Toque cada folha diferente.
  • Comece a conhecer a região de floresta próxima da sua cidade. Verifique se há passeios e trilhas para adentrar em uma mata de verdade.
  • Que tal substituir alguns exercícios indoor, ou a academia em ambientes fechados por treinos ao ar livre ou mesmo usar equipamentos disponíveis em praças e parques?
  • Marque uma reunião em um parque. Troque o café pelo óleo essencial natural das árvores. Que tal mudar o almoço no restaurante por um piquenique ao ar livre? Encontros na natureza são inspiradores.
  • Programe as suas viagens para destinos de natureza. Esqueça as grandes cidades e seus trânsitos, e foque nas maravilhas naturais que esse país reserva. Surpreenda-se!
  • Programe ou se inscreva em exercícios de respiração, yoga, práticas orientais e meditação nos parques. Há vários gratuitos em muitas cidades.
  • Divulgue essa prática para a família e amigos.

Fontes:

https://www.ecycle.com.br/banho-de-floresta/

https://ecopsicologiabrasil.com/banho-de-floresta/

[i] Mindfulness, ou atenção plena, é a capacidade de focar no presente e resistir às distrações. É um exercício mental que exige foco e atenção em suas próprias emoções e sensações.

Praticar a mindfulness é uma forma de se concentrar no momento presente e abraçar as suas sensações corporais sem julgamento. É um processo de autoconhecimento.

Constrangimento entre árvores? Entenda o fenômeno dessa timidez

Há muitas teorias que visam justificar o fato de que as copas das árvores mantêm um distanciamento mínimo e bem peculiar entre si
Cientistas que estudam os dosséis recomendam para os leigos: deite-se sob as copas das grandes árvores, olhe para os dosséis esmeralda e deleite-se com o balançar das ramagens ao sabor dos ventos. É uma sensação simplesmente indescritível!

Quem já teve a experiência de cuidar de uma planta sabe o que representa a correta exposição ao sol tanto do tronco como dos ramos mais internos. Quando a planta recebe a preciosa luz e calor, há um incremento realmente impressionante no seu desenvolvimento.

Na verdade, toda a vida na terra depende da energia oriunda da nossa querida estrela.

O fenômeno

Pense agora em árvores como as amazônicas que não são plantadas pelo homem e sim pelo processo natural. Elas crescem desordenadamente e dessa forma suas copas, teoricamente deveriam se juntar lá no alto. Mas não é isso que acontece. É justamente sobre esse fenômeno que estamos falando. As árvores, generosa e naturalmente mantêm entre si uma distância capaz de oferecer, no mínimo, oportunidade para que as plantas e os animais do solo possam usufruir da maravilhosa luz solar e se desenvolver.

MAHIM BHAT, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons

Além do descrito acima, ainda se buscam outras justificativas para o fenômeno. Há quem defenda que o fato ocorra para promover a redução da propagação de insetos prejudiciais. Há também quem acredite que as árvores não misturando suas copas, visam proteger os ramos uns dos outros, evitando que se partam ou rachem. Outra teoria argumenta que a assim dita timidez entre árvores maximiza o processo de fotossíntese por meio da maior exposição ao sol.

Buscando explicações para o fenômeno

Entre todas as teorias aventadas a partir da observação científica uma se destaca: a de que esse comportamento se dá para dificultar a passagem de insetos e larvas de uma árvore a outra. Para uma pessoa que esteja no chão da floresta e olhe para as copas, é fácil fazer uma analogia com rios, por causa do desenho intrincado delineado pelas frestas entre as árvores. Na realidade, esse é resultado de mecanismos diferentes em cada espécie. Afora o fenômeno descrito no início desse texto, todas as outras teorias ocorrem de forma pontual em uma ou outra espécie, resultado de inúmeras adaptações e processos evolutivos.

É assim que muitos dosséis1 de florestas, coberturas superiores da floresta formadas pelas copas das árvores, apresentam espaços vazios, que podem ajudar as árvores a compartilhar recursos e permanecer saudáveis. Há pesquisadores que defendem que também as árvores necessitam de seu espaço individual.

Histórico dos estudos 

As primeiras constatações remontam à década de 1920, porém foi preciso que se passassem várias décadas até que pesquisas reais fossem feitas, descritas e publicadas. A causa – ou as causas – do fenômeno, como já colocado, são várias e muitas ainda sem comprovação absoluta, mas que possuem fortes indícios. Dentre as muitas teorias aventadas, houve uma que defendia que a timidez arbórea se dava por uma disputa entre as árvores devido o balanço dos ramos causado pelo vento, cada árvore se esmerando em produzir mais e mais novos galhos para atacar ou se defender das vizinhas.

Aproximadamente duas décadas se passaram até que a equipe de Mark Rudnicki, biólogo da Universidade Tecnológica de Michigan, resolveu medir a força das colisões entre pinheiros da espécie Pinus contorta em Alberta, Canadá. O estudo percebeu que florestas compostas por troncos longos e longilíneos, largamente expostos às ventanias, tinham a tendência de resultar em timidez arbórea. Rudnicki e sua equipe experimentaram usar cordas de náilon para impedir os choques entre pinheiros vizinhos. O que ocorreu a partir disso espantou os pesquisadores: as plantas entrelaçaram suas copas, preenchendo os espaços entre as copas adjacentes! Ou seja: não eram os choques resultado de disputas, mas outra causa que permanece um mistério.

Já publicamos antes uma matéria sobre a consciência das plantas – veja aqui. A pesquisadora silvicultora e horticultora da Universidade de Yale, Marlyse Duguid, afirma que há cada dia mais estudos científicos sobre o tema da consciência vegetal. A comunicação química entre espécies lenhosas ainda é escassa, mas se em outras espécies já foi possível verificar que existe o estabelecimento de percepção entre afins, isso leva a crer que as plantas sejam capazes de interromper o crescimento do dossel antes da ocorrência de qualquer disputa. 

A individualidade como vantagem

O que se percebeu até o momento é que a timidez arbórea é um fato e que a preservação do espaço individual parece trazer benefícios. Proteger as folhas, por exemplo. É inegável que as folhas são elementos imprescindíveis para a sobrevivência de qualquer planta. É por elas que o vegetal respira, transpira, se hidrata por meio da captação da água, sente a brisa e os compostos químicos transmitidos por outras plantas e mais um sem número de funções essenciais. 

Assim sendo, toda planta sabe que folhagens mais espaçadas contribuem para que a luz do sol chegue ao chão da floresta e nutra outros vegetais e animais, elementos que ajudam no desenvolvimento da sua própria vida. Acredita-se, portanto, que as lacunas entre as copas permitem que a vida de tantas outras criaturas da floresta – cada qual com sua função no ciclo natural de desenvolvimento – sobrevivam e procriem, perpetuando o ciclo. 

E, acima de tudo, os cientistas que estudam os dosséis recomendam para os leigos: deite-se sob as copas das grandes árvores, olhe para os dosséis esmeralda e deleite-se com o balançar das ramagens ao sabor dos ventos. É uma sensação simplesmente indescritível!


O dossel da floresta, ou seja, a cobertura superior da floresta formada pelas copas das árvores, em termos ecológicos apresenta uma grande influência na regeneração das espécies arbustivo-arbóreas, além de atuar como barreira física às gotas de chuva, protegendo o solo da erosão.

Fontes

https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/03/o-fenomeno-natural-que-provoca-timidez-entre-arvores

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/07/algumas-arvores-praticam-distanciamento-social-para-evitar-doencas

Voluntariado: cidadania ativa e contributiva

Voluntários Instituto Soka Amazônia
Desde 1985 celebra-se o Dia Nacional do Voluntariado em 28 de agosto e desde então o termo vem ganhando significado cada vez maior frente às inúmeras questões que afligem o planeta

Contribuir ativamente para o bem comum de forma a ser parte da solução, não um mero espectador é a representação do trabalho voluntário. o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que “o voluntariado é um mecanismo poderoso para envolver as pessoas, especialmente as que são deixadas mais para trás no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Para celebrar a data, trouxemos depoimentos de algumas voluntárias do Instituto Soka Amazônia.

A veterinária Beatriz Nobuco Enomoto Drosdeck, conheceu o trabalho do Instituto Soka por meio de notícia lida no Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai do Japão. Segundo ela, seu interesse pelo meio ambiente sempre foi grande e buscou aperfeiçoar-se nisso ao cursar a faculdade de Veterinária. Sua área de maior interesse são os animais e por isso foi até o Paraguai receber treinamento num zoológico, “para poder fazer algo para manter e proteger o meio ambiente, dentro e fora da organização de Soka Gakkai”. Mas disse também que gosta muito da atividade de preparação da terra para receber as mudas: “gosto de plantas, plantar uma árvore significa plantar a vida para futura geração”.

A voluntária Talita Oliveira conheceu o trabalho do Instituto por meio dos companheiros da BSGI. “Meus colegas budistas me falaram sobre o importante trabalho desenvolvido pelo Instituto em prol do meio ambiente. No início de 2022, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e fiquei emocionada, pois lá vi a grandiosidade do trabalho que é desenvolvido”, contou. A partir desse sentimento, surgiu em Talita o desejo de contribuir efetivamente de alguma maneira. Disse ter gostado muito de participar da Semana do Meio Ambiente, pois a programação diversa e interessante ensinou e cativou bastante o público e a ela, “além disso foi lindo ver a equipe do instituto e os voluntários trabalhando coletivamente e recebendo tantas pessoas!”.

Natália Leão conheceu o Instituto por intermédio de sua amiga budista. “Quis me voluntariar pela experiência de participar e conhecer as ações que o Instituto promove”, explicou. O evento que mais gostou foi no Bosque da Ciência, ocorrido no primeiro dia da Semana do Meio Ambiente, onde pôde apreciar a ação e conhecer pessoas maravilhosas.

Mais sobre o trabalho voluntário:

“Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário”.(Comunidade Solidária, Comunitas)

“Voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos” (Organização das Nações Unidas – ONU).

O trabalho voluntário gera uma realização pessoal, um bem-estar interior originado do prazer de servir a quem precisa. É um sentimento de solidariedade e amor ao próximo aliado à importância de se sentir socialmente útil. No voluntariado, todos ganham: o voluntário, aquele com quem o voluntário trabalha e a comunidade.

Voluntariado: cidadania ativa e contributiva

Voluntários Instituto Soka Amazônia
Desde 1985 celebra-se o Dia Nacional do Voluntariado em 28 de agosto e desde então o termo vem ganhando significado cada vez maior frente às inúmeras questões que afligem o planeta

Contribuir ativamente para o bem comum de forma a ser parte da solução, não um mero espectador é a representação do trabalho voluntário. o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que “o voluntariado é um mecanismo poderoso para envolver as pessoas, especialmente as que são deixadas mais para trás no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Para celebrar a data, trouxemos depoimentos de algumas voluntárias do Instituto Soka Amazônia.

A veterinária Beatriz Nobuco Enomoto Drosdeck, conheceu o trabalho do Instituto Soka por meio de notícia lida no Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai do Japão. Segundo ela, seu interesse pelo meio ambiente sempre foi grande e buscou aperfeiçoar-se nisso ao cursar a faculdade de Veterinária. Sua área de maior interesse são os animais e por isso foi até o Paraguai receber treinamento num zoológico, “para poder fazer algo para manter e proteger o meio ambiente, dentro e fora da organização de Soka Gakkai”. Mas disse também que gosta muito da atividade de preparação da terra para receber as mudas: “gosto de plantas, plantar uma árvore significa plantar a vida para futura geração”.

A voluntária Talita Oliveira conheceu o trabalho do Instituto por meio dos companheiros da BSGI. “Meus colegas budistas me falaram sobre o importante trabalho desenvolvido pelo Instituto em prol do meio ambiente. No início de 2022, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e fiquei emocionada, pois lá vi a grandiosidade do trabalho que é desenvolvido”, contou. A partir desse sentimento, surgiu em Talita o desejo de contribuir efetivamente de alguma maneira. Disse ter gostado muito de participar da Semana do Meio Ambiente, pois a programação diversa e interessante ensinou e cativou bastante o público e a ela, “além disso foi lindo ver a equipe do instituto e os voluntários trabalhando coletivamente e recebendo tantas pessoas!”.

Natália Leão conheceu o Instituto por intermédio de sua amiga budista. “Quis me voluntariar pela experiência de participar e conhecer as ações que o Instituto promove”, explicou. O evento que mais gostou foi no Bosque da Ciência, ocorrido no primeiro dia da Semana do Meio Ambiente, onde pôde apreciar a ação e conhecer pessoas maravilhosas.

Mais sobre o trabalho voluntário:

“Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não remunerada, para causas de interesse social e comunitário”.(Comunidade Solidária, Comunitas)

“Voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos” (Organização das Nações Unidas – ONU).

O trabalho voluntário gera uma realização pessoal, um bem-estar interior originado do prazer de servir a quem precisa. É um sentimento de solidariedade e amor ao próximo aliado à importância de se sentir socialmente útil. No voluntariado, todos ganham: o voluntário, aquele com quem o voluntário trabalha e a comunidade.

A floresta é muito mais que madeira

Flores
Como as mudanças climáticas impactam os produtos florestais não madeireiros da Amazônia

As plantas e suas flores, sementes e frutos são produtos de extrema relevância na economia da Amazônia porque mantêm a floresta em pé, ou trocando em miúdos: não resulta em árvores no chão para a extração de madeira. Conforme discorre Diego Oliveira Brandão[i] em seu artigo Mudanças climáticas e seus impactos sobre os produtos florestais não madeireiros na Amazônia, esses produtos florestais não madeireiros (PFNM) são típicos de atividades sociais e econômicas de indígenas, ribeirinhos e agricultores locais que fazem o extrativismo na floresta e o cultivo de espécies nativas em sistemas agroflorestais. Trata-se do meio de subsistência de toda uma população que, além de preservar a floresta, tira dela seu sustento e de toda a sua família. Infelizmente, os efeitos das mudanças climáticas sobre os PFNM e os meios de subsistência de comunidades dependentes da floresta ainda são pouco compreendidos na Amazônia.

Neste artigo, o pesquisador investiga os impactos das mudanças climáticas sobre os PFNM apresentando suas observações. Ele inicia discorrendo sobre a concentração de dióxido de carbono na atmosfera (CO2), a temperatura global, o déficit de pressão de vapor de água na atmosfera, as secas, os incêndios florestais e o desmatamento podem impactar as plantas que fornecem PFNM na Amazônia.

Discute também as tendências na composição de espécies e faz uma conclusão indicando as regiões onde os extrativistas e agricultores estão mais ameaçados pelas mudanças climáticas na Amazônia. As espécies com frutos altamente empregados na economia da região são: açaí (Euterpe oleracea e E. precatoria), andiroba (Carapa guianensis), buriti (Mauritia flexuosa), bacuri (Platonia insignis), cacau (Theobroma cacau), castanha (Bertholletia excelsa), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), pupunha (Bactris gasipaes), taperebá (Spondias mombin) e ucuúba (Virola surinamensis). O artigo enfatiza que o efeito do dióxido de carbono (CO2) pode favorecer o extrativismo e o cultivo de espécies nativas em sistemas agroflorestais na Amazônia.

Cupuaçu Theobroma Grandiflorum

Ele explica que devido ao aumento anual na emissão de CO2 entre 2002 e 2011, favoreceu o aumento da taxa de fotossíntese, favorecendo a formação de flores e, em consequência, frutos. Em outra mensuração de um período mais longo na floresta tropical do Panamá, entre 1987 e 2014, foi associado ao aumento médio de 3% de floração. Portanto, a elevação do CO2 tem sido positiva para a formação de flores e frutos em ecossistemas naturais e na agricultura, mas pode ser limitada por variações climáticas e nutricionais.

Uma maior produção de flores e frutos causada pelo CO2 pode estimular mais carboidratos, lipídios e proteínas vegetais em PFNM para uso econômico na Amazônia. Por exemplo, as flores da espécie jambu (Acmella oleracea) são utilizadas por populações locais e empresas como alimento, fármaco e cosmético.

Especificamente sobre o impacto do aquecimento global na distribuição geográfica e produtividade de plantas na Amazônia: o que foi verificado é que a temperatura global na superfície do solo entre 2011 e 2020, vem aumentando de forma preocupante. Foi registrado um aumento entre 1,34 e 1,83°C mais alto em comparação à média do período entre 1850 e 1900 (IPCC 2021).

O pesquisador alerta sobre as estimativas para a Amazônia. Estas apontam que 30% de todas as espécies de árvores e 47% de toda sua abrangência geográfica serão reduzidas até 2050 pela combinação entre mudança climática e desmatamento. Isso causará um impacto significativo na vida de extrativistas e agricultores. Pois, com o aumento da temperatura global, cresce junto a demanda da atmosfera por evaporação; somado ao crescimento exponencial da taxa de transpiração das plantas que resulta em mudanças biofísicas em mais de 80% das espécies vegetais. É a principal mudança climática de efeito negativo sobre a produtividade observada na Amazônia.

As regiões amazônicas do sul e leste são as mais susceptíveis aos incêndios devido às menores taxas de precipitação (chuvas) e ao comprimento da estação seca em relação às regiões norte e oeste da Amazônia. O calor dos incêndios lesiona as raízes, troncos e copas, podendo levar à morte da planta. Queimam também os frutos e sementes dispersos pela vegetação que podem ser regenerados, coletados ou comercializados. A mortalidade das árvores após incêndios tem relação com as características morfológicas das espécies, porque as espécies com periderme (casca) mais fina são intolerantes ao fogo e suas populações reduzem onde os incêndios são frequentes (Barlow e Peres 2008). Isso indica que os incêndios florestais são ameaças maiores à diversidade de PFNM em municípios nas regiões sul e leste da Amazônia brasileira. Diego encerra enfatizando que “novos estudos são importantes para compreender como as espécies típicas da Amazônia e no bioma Cerrado são impactadas com as mudanças climáticas”.

Artigo original, publicado pelos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): http://mtc-m16c.sid.inpe.br/ibi/8JMKD3MGPDW34P/45U3UDP

[i] Biólogo com bacharelado pela Universidade Estadual de Montes Claros (2004-2009) e mestrado em Biodiversidade (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2009-2011). Atualmente é aluno de doutorado em Ciências Ambientais (Ciência do Sistema Terrestre) no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (2018-2022). Trabalha e estuda cadeias de produção extrativista, florística do Brasil e restauração florestal da Amazônia. É também  Biólogo Responsável Técnico pela Consultoria Amazônia Socioambiental.

Plantar árvores é (ou deveria ser) missão de todos

Cidades crescem, mais pessoas por metro quadrado: microclimas um problema atual.

A cada ano que passa as cidades vão crescendo especialmente de forma verticalizada, ao mesmo passo que novos bairros vão surgindo. A construção de prédios pode parecer uma boa solução para o desafio de colocar mais pessoas em espaço de área menor. 

Mas aquilo que parece ser uma solução pode trazer consigo um efeito prático negativo. Basta que haja excessos.

Você já ouviu falar de “Ilhas de calor”?

É um termo utilizado para explicar o aumento de temperatura em uma determinada área onde o número significativo de prédios construídos impede a circulação de ventos, elevando a temperatura daquele local em comparação com o restante da cidade ou do bairro.

Esse termo também tem outro nome: microclima urbano. 

TV Em Tempo Online, CC BY 3.0 https://creativecommons.org/licenses/by/3.0, via Wikimedia Commons

Assim como existe um termo para a constatação de um problema que é a elevação da temperatura, existe outro para a solução do problema, o microclima florestal.

Uma rede em baixo de uma árvore

É comum aos moradores da região Norte e Nordeste do país o uso de redes, para tirar um breve descanso. Melhor ainda é quando a rede está amarrada no tronco de uma frondosa árvore, pois não só a brisa, como o vento para a temperatura ser um pouco mais fresca e para o descanso ser mais revigorante. 

Este é apenas um pequeno exemplo de como funciona o microclima florestal. Que é o inverso do microclima urbano. Quando se fala da importância do plantio de árvores e reflorestamento, vai muito além de recuperar e proteger o meio ambiente. Mas, é uma forma da vida humana ser impactada positivamente com isso.

Estudos sobre microclimas

Já existem alguns estudos sobre microclimas, e seu efeito prático e real em uma determinada área. Um desses estudos, feito por quatro pesquisadores de diferentes universidades¹ identificaram que as árvores podem ajudar diminuir em até 3°C a temperatura no seu entorno. O estudo também mostra que quanto mais velha for a árvore, mais ela contribui com essa redução. 

O Instituto Soka Amazônia durante todo o mês realiza ações de plantio de dezenas de mudas em conjunto com parceiros. Com o passar dos anos, e com os devidos cuidados, essas mudas vão se transformando em frondosas árvores contribuindo para o bem-estar e para o meio-ambiente. Em verdade, plantar árvores é, ou deveria ser, missão de todos, pois o que impacta na vida de um, também irá impactar na vida de todos. 

Preparação de Mudas para plantios do Instituto Soka Amazônia

Nota:

1- Bizuti, D. T. G., Viani, R. A. G., Brancalion, P. H. S., Taniwaki, R. H., Silva, R. J., Costa, C. O. R. da, & Roncon, T. J. (2016). Influência da composição de espécies florestais no microclima de sub-bosque de plantios jovens de restauração. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18671/scifor.v44n112.18

ODS 4.7 de Educação Ambiental:

Contato direto e prático de jovens com o futuro que lhes pertence

Erradicação da pobreza, fome zero, trabalho decente, redução da desigualdade, consumo e produção responsável, paz, justiça, redução da desigualdade, no total são 17 os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, objetivos sem dúvida ambiciosos e interconectados, que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo. Esses objetivos foram propostos pela ONU – Organização das Nações Unidas em 2015 e dali em diante vêm se tornando realidade.

A propósito, vale a pena conhecer histórias e casos expostos na internet aqui.

Educação ambiental

A meta número 4 aborda aspectos relativos a educação de qualidade e a meta 4.7 fala especificamente sobre a educação ambiental. Ela estabelece que:

“Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável.”

Fazer a diferença no futuro

Dentro desse tema e determinação, a Academia Ambiental é um projeto do Instituto Soka Amazonas.

Todos os meses dezenas de alunos de escolas municipais de Manaus visitam o Instituto, com sua permanente alegria e disposição, muita vontade de aprender coisas novas, preparando-se para no futuro fazer a diferença no cuidado e preservação do meio ambiente.

Os alunos vivenciam momentos práticos de contato direto com a natureza e seu comportamento, aprendem que o meio ambiente vai muito além de árvores, rios, animais. “Ambiente”, em verdade, é qualquer lugar em que estamos. Cada ação gera um impacto no lugar em que estamos. Na RPPN Dr. Daisaku Ikeda (Reserva Particular do Patrimônio Natural), acompanham, por exemplo, todos os passos de como as abelhas produzem o mel; de como se formam os cursos d’água; veem de perto o encontro das águas. Sem falar no contato direto com a Sumaúma, que é considerada a árvore gigante da Amazônia.

Ampliação do escopo

A Academia foi criada com a ideia de que suas atividades fossem destinadas exclusivamente a alunos da rede pública de Manaus, mas com o passar do tempo, outras instituições corporativas, educacionais e religiosas também passaram a fazer parte dessas instrutivas visitas.

Dicas úteis para um plantio eficaz

O Instituto Soka Amazônia realiza mensalmente plantios utilizando práticas simples, mas de resultados muito expressivos

Quer plantar uma árvore? Se a resposta for sim, este texto é para você. Embora seja, aparentemente, uma ação simples, alguns cuidados básicos são importantes para obter um bom resultado. O Instituto Soka Amazônia utiliza-se desses cuidados nos plantios, dando continuidade ao propósito de preservar a flora local.

Para iniciar o processo de plantio eficiente é preciso abrir um berço (nós preferimos usar essa expressão, berço, e não cova ou buraco) que deve ter uma medida adequada, com bom espaço para as raízes da nova árvore se desenvolverem. Antes de depositar a nova planta no solo, recomenda-se adicionar terra vegetal e/ou adubo orgânico. O bom uso desses insumos é feito conforme a necessidade e observadas as condições do solo em questão. 

Os solos da Amazônia, que é onde os plantios do Instituto são feitos, são muito diversificados, e tendem a ter mais a cor amarela e avermelhada. O principal fator de crescimento e desenvolvimento na região nem é o nutriente, e sim o pH do solo. Este é que determina o processo químico do solo para ficar disponível às plantas. Em solos muito ácidos, ainda que haja muito nutriente disponível, não há interação para absorção e/ou adsorção pelas plantas.  

É importante classificar os tipos de solos (classificação segundo a pedologia, estudo dos solos no seu ambiente natural) para plantios em larga escala. Em alguns casos, observando a rigidez à penetração, pode-se determinar melhor o tamanho da abertura dos berços. E, com análise laboratorial, determinam-se os nutrientes disponíveis e o pH, que influenciam se a planta terá os nutrientes à sua disposição.

Após forrar o fundo do berço com o insumo escolhido, retira-se delicadamente o plástico que envolve o torrão de terra da muda a fim de mantê-lo o mais intacto possível e minimizar o estresse da jovem planta. A seguir, ela deve ser depositada no centro, gentilmente. Preenche-se então as laterais com a terra vegetal, auxiliando com as pontas dos dedos para proporcionar uma boa acomodação, evitando a formação de bolsas de ar que prejudicam o enraizamento.

Com a terra retirada da escavação, faz-se um ‘ninho’ em volta, parecido com uma barreira. Isso vai ajudar na retenção de umidade da chuva ou da irrigação mecânica. Caso o local escolhido seja sujeito a ventos fortes, recomenda-se a colocação de um tutor (estaca) para que a planta se apoie e não balance demais, o que pode comprometer seu desenvolvimento. A amarração precisa ser frouxa para que haja espaço entre o caule e o tutor de forma a dar espaço para a planta crescer e engrossar sem o perigo de sofrer um estrangulamento. E, assim que a planta tiver tamanho e envergadura, deve-se retirar o tutor para que ela se desenvolva livremente.

A partir daí a recomendação é observar as especificidades de cada espécie; algumas necessitam de mais água, outras têm que ser adubadas com periodicidade menor e fora isso é preciso muita atenção às infestações. Há espécies muito visadas por pragas como pulgões e cochonilhas, que são verdadeiros exterminadores de plantas jovens.

Fontes:

https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Paisagismo/noticia/2018/10/adubo-e-substrato-tudo-o-que-voce-precisa-saber.html

https://sabordefazenda.com.br/diferenca-terra-vegetal-e-substrato-organico/