2 horas e uma lição para toda a vida
Embora profundamente alteradas durante o período da pandemia do Covid 19, as visitas de estudantes ao Instituto sempre foram motivo de muita empolgação para os grupos de visitantes.
Quando forem superadas as peculiaridades destes tempos tão anormais, provavelmente haverá novas alterações no roteiro, mas vale a pena fazer um registro de como se desenrolaram os programas que ornam evidente o jeito de ser do Instituto Soka.
Quando os grupos de estudantes chegavam ao Instituto (normalmente grupos de 40 jovens do ensino fundamental de escolas públicas de Manaus) havia sempre uma explosão de alegria. Ruidosos, descontraídos, chegavam preparados para o que ia acontecer nas próximas duas a três horas.
No começo, ainda em estilo sala de aula, quando o pessoal já começava a ficar mais à vontade, havia uma explicação sobre o que é uma RPPN Reserva Particular de Proteção Natural e o que eles aprenderiam naquele dia. Eram lembrados fatos específicos sobre a RPPN Dr. Daisaku Ikeda, seu tamanho, tipos de trabalhos desenvolvidos, árvores, programas de plantio, banco de sementes, a praia, o sítio arqueológico com objetos e ruinas de muitos e muitos anos atrás.
Em verdade, era uma ótima forma de esquentar a moçada para as caminhadas que começariam dali a pouco.
Seres humanos e grandes rios
Como bons manauenses, manauaras ou barés (como são chamados os naturais de Manaus) todos já eram familiarizados com o fenômeno do Encontro das Águas, mas isso não significava que deixassem de se interessar, fazer perguntas, comentários, fazer anotações sobre essa peculiaridade que está ali à vista, já que o Instituto fica justamente em frente ao local em que as águas dos rios Negro e Solimões teimam em não se misturar.
A importância das árvores e da água
Mais adiante os jovens eram despertados para a importância das árvores, seu papel no consumo de carbono, a fotossíntese, bem como no ciclo da água, a importância da floresta na produção de alimentos, na qualidade de vida e, como assunto puxa assunto, a ainda deficiente arborização da cidade de Manaus.
Empolgação no Sítio Arqueológico
Depois de um intervalo para um lanchinho, uma das partes que mais empolgam sempre foi a visita ao sítio arqueológico, sala das cerâmicas de índios. Várias cerâmicas são expostas e ao lado delas há códigos QR, para os jovens apontarem seus celulares e encontrarem textos explicativos, sendo que em cada um há uma palavra destacada que, juntas no final, acabam formando uma frase para a reflexão:
“Quais são as pegadas que deixamos para o futuro?”
Plantas que precisam crescer, herbívoros que precisam se alimentar
Sempre houve dois momentos nas visitas em que a sumaúma ganhava destaque como artista principal.
Na primeira parte era visitada uma sumaúma nenê, aproximadamente 2 anos; na segunda, uma sumaúma adulta, com 30 anos, imponente, enorme, uma das mais altas árvores da Amazônia.
Hora ideal para lembrar a sabedoria da mãe-natureza.
Para que a sumaúma nenê se defenda de insetos e outros animais herbívoros, ela é cheia de espinhos que vão desaparecendo ao longo do tempo.
Há plantas, ervas, gramas, árvores. E há animais herbívoros, a formiga e a cotia, para ficar num exemplo de extremos.
As plantas têm que crescer; os animais têm que se alimentar. É uma lei natural que não tem jeito: precisa ser cumprida.
No caso da sumaúma, a mãe-natureza coloca muitos espinhos na árvore nenê, já que seu caule tem um sabor adocicado e precisa ser preservado para que ela cresça saudável, espinhos que vão desaparecendo ao longo do tempo. Ou seja, devidamente protegida, a sumaúma cresce e, crescendo, transforme-se numa árvore adulta cheia de saúde.
Era quando os monitores faziam uma analogia com a vida dos seres humanos que precisam se preparar desde os primeiros tempos para ter força e enfrentar os obstáculos que, lá adiante, podem dificultar o caminho em direção à realização de sonhos e projetos pessoais. Hora de pensar em estratégias para garantir que os sonhos naturais que cada pessoa tem, se materializem. Importância de contar com pessoas que deem segurança no crescimento – família, amigos, escola. Em outras palavras e ao mesmo tempo, formação de cidadãos mais conscientes sobre seus direitos e deveres.
O aprendizado e o dia a dia de cada um
Já perto do encerramento da visita, em torno de uma sumaúma, os estudantes eram lembrados do que cada um pode fazer de prático, em sua vida normal, com tudo aquilo que lhes foi mostrado durante a permanência no Instituto.
É curioso notar (e isso sempre ficou flagrante) o antes e o depois daquelas duas ou três horas na Academia Ambiental no ânimo, no interesse dos jovens. Uma constatação que provoca um sentimento de dever cumprido, seja em termos pessoais dos técnicos, seja em termos institucionais do Instituto Soka, reforçando a determinação de ampliar, cada vez mais, essas atividades.