VII Seminário das Águas em 22 de novembro

Participe desta discussão: caminhos para a segurança hídrica no Amazonas
Parte da programação da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o evento terá também ação voluntária

As águas que banham a floresta amazônica são parte indissociável da flora e fauna, pois possibilitam que a vida aconteça e a exuberância da biodiversidade floresça como em nenhum outro lugar do planeta. Assim sendo, o Instituto Soka Amazônia e o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) realizam anualmente o Seminário das Águas, este ano será sua sétima edição. O evento será sediado no Auditório do Bosque da Ciência, no dia 22 de novembro, e a participação é livre e gratuita, com direito a certificado. Para inscrição (presencial ou online), basta acessar aqui.

Há alguns anos, o evento faz parte da agenda da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Devido à relevância da proposta, é considerado já uma realização consagrada por autoridades acadêmicas e governamentais, tanto do estado do Amazonas como da Federação. A programação deste ano será dividida em dois momentos: o Seminário, das 8h às 10h30, e a ação voluntária, das 10h30 às 13h, que tem como objetivo preservar a beleza do Bosque da Ciência.

Palestras de muito significado

Na primeira palestra do evento, a dra. Maria Terezinha Ferreira Monteiro discorrerá sobre a “Importância dos Estudos Hidrográficos para a Questão Hídrica”. A dra. Maria Terezinha é pós doutora pela PNPD/CAPES (2013-2018); doutora em Clima e Ambiente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA/UEA (2008- 2013); mestre em Ciências de Florestas Tropicais – CFT, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2003-2005). Possui larga experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase nos temas hidrologia e ciclagem biogeoquímica (Hidrobiogeoquímica). Também coordenou o grupo de Pesquisas Hidrológicas – CPH do LBA/INPA pelo período de dois anos (2014-2016). Atualmente é gerente operacional do Projeto IETÉ (Rede de Monitoramento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Educandos).

Para a segunda palestra do Seminário, denominada “Saneamento em Manaus –  Água e Esgotamento Sanitário”, foi convidado o engenheiro Lineu Machado Silva Junior, gerente de operações da empresa de abastecimento da capital do Amazonas, Águas de Manaus. O engenheiro sanitarista e ambiental, possui experiência de 22 anos na área de Saneamento Ambiental e outros 16 anos em concessionárias de saneamento em diversos estados do Brasil e em Luanda, capital de Angola, África. É ainda especialista em Gestão de Negócios pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP).


Serviço:

VII Seminário das Águas.

Dia: 22 de novembro de 2022 (terça-feira)

Horário: 8h às 13h

Local: Auditório do Bosque da Ciência (entrada pelo portão da Av. Rodrigo Octávio, s/n – Petropólis)

Inscrições: https://doity.com.br/vii-seminario-das-aguas

Os participantes receberão certificado de participação.


Criação de cidadãos planetários a partir da experiência de plantar uma única muda

Educação para a Cidadania Global: um dos principais pilares da pedagogia de criação de valor

Por Tamy Kobashikawa[i]

Na Educação para a Cidadania Global (ECG), os estudantes desempenham um papel ativo e abordam questões globais para criar um mundo mais pacífico, tolerante, inclusivo e seguro. Ela tem três dimensões de aprendizagem: cognitiva, socioemocional e comportamental. A dimensão cognitiva representa a aquisição de conhecimento, compreensão e pensamento crítico sobre questões globais (e sua interconexão/interdependência entre diferentes nações e culturas); a dimensão socioemocional é o desenvolvimento do sentimento de pertencer a uma humanidade comum, compartilhando valores e responsabilidades, empatia, solidariedade e respeito pelas diferenças e diversidade; e a dimensão comportamental refere-se à ação ativa dos estudantes em escala local, nacional e global com responsabilidade[CdM1]  na busca de um mundo pacífico e sustentável (UNESCO, 2019). 

Em 1996, Ikeda já afirmava que um cidadão global não é determinado pelo número de idiomas falados, nem pelo número de países para os quais viajou, mas sim pelas três qualidades seguintes que devem ser cultivadas no indivíduo: sabedoria, coragem e compaixão. Ele argumenta:  

“A sabedoria para perceber a inter-relação de todos os tipos de vida e ambiente; a coragem de não temer ou negar as diferenças, mas respeitar e forçar a entender pessoas de diferentes culturas e crescer por meio do contato com elas; e a compaixão para cultivar uma empatia imaginativa que vá além do ambiente ao nosso redor e se estenda a outras pessoas que sofrem em lugares distantes”. (Ikeda, 1996, p. 122).

A cidadania global da pedagogia de valor é uma “importante base para fomentar a sabedoria de reconhecer a natureza mutuamente inter-relacionada de todos os seres vivos, a coragem de se envolver sem medo com diferentes povos e culturas, e a compaixão de empatizar, com os sofrimentos dos povos de outros países” (Garrison, Hickman & Ikeda, 2014, p. 148).

Educação ambiental como um dos temas a fomentar a sabedoria de cidadãos globais

Ikeda (1996) também apresentou a Educação Ambiental como um dos quatro temas para a prática da Educação para a Cidadania Global Criadora de Valor: primeiro, educação para a paz, na qual os jovens aprendem a crueldade e a loucura da guerra, para enraizar a prática da não-violência na sociedade humana; segundo, educação ambiental, para estudar as realidades ecológicas atuais e os meios de proteger o meio ambiente; terceiro, educação para o desenvolvimento, para focalizar a atenção em questões de pobreza e justiça global; e quarto, educação para os direitos humanos, para despertar uma consciência da igualdade e dignidade humana.

Os jovens aprendem a crueldade e a loucura da guerra, para enraizar a prática da não-violência na sociedade humana

A Pedagogia de Criação de Valor explora a ideia da comunidade local como um “microcosmo”, e os seres humanos e o meio ambiente estão interdependentes (conceito de engi) e influenciam uns aos outros. Entender que os indivíduos influenciam a comunidade local e vice-versa é outro conceito amplamente discutido no campo da Educação Ambiental. Steffen et al. (2018, p. 8254) argumentam que a emergência requer uma “mudança fundamental no papel dos seres humanos no planeta”. O relatório do UNDP (2020) aponta: 

“Mudanças na biosfera podem afetar o caráter de um lugar e a relação do ser humano com ele, já que mudanças na estrutura e função de um ecossistema também podem afetar o significado simbólico e a pertença criada pela relação com aquele lugar. Esses tipos de mudanças podem levar a angústias psicológicas e emocionais, incluindo a dor e a angústia associada à perda do lugar, da biodiversidade e da natureza. O sentido do lugar ligado à biosfera afeta como indivíduos e comunidades se adaptam às novas condições, determina se estratégias de realocação são utilizadas ou bem-sucedidas e influencia as mudanças nas estratégias de subsistência. Um forte apego a significados particulares de um lugar e um sentimento de pertencer à natureza inspiram empatia e motivam a ação e a administração dos ecossistemas” (UNDP, 2020, p.32).

“Um cidadão global desenvolve uma perspectiva de cidadania planetária de “pensar globalmente e agir localmente”

Ao entender o local e o global, um cidadão global desenvolve uma perspectiva de cidadania planetária de “pensar globalmente e agir localmente”. Da mesma forma, a educação ambiental na Abordagem de Criação de Valor promove cidadãos globais que “pensam globalmente e agem localmente” e têm três características principais: coragem, sabedoria e compaixão.

Conectando o aprendizado à vida cotidiana e ao meio ambiente

O Instituto Soka Amazônia proporciona uma experiência única de criação de valores por meio da educação ambiental e do plantio de árvores em uma abordagem holística. Uma das principais atividades sustentadas pelo Instituto é coletar e catalogar sementes e, com elas, produzir mudas para proporcionar ao público uma experiência de interconexão com a natureza e contribuir para a proteção da integridade ecológica da Amazônia.

Alunos da Academia Ambiental

Este texto é um resumo da pesquisa recente apresentada no 1º Simpósio Internacional em Educação para Cidadania Global realizada na Universidade Soka, Japão, em que conclui que projetos de plantio do Instituto contribuem para sensibilizar a consciência ambiental e a educação para a cidadania global. Dar a oportunidade a qualquer pessoa de plantar uma muda, explicar a importância das árvores e aprofundar a compreensão sobre a interconexão entre os seres e o meio ambiente numa perspectiva holística, abrangente, são passos importantes para fomentar uma consciência ambiental.

Especialmente para a região amazônica, estudar a educação ambiental com base em uma perspectiva de valor é fundamental para o desenvolvimento da região de forma sustentável. Respeitar a dignidade da vida, as singularidades de cada grupo étnico, proporcionar igualdade de direitos e oportunidades, acesso à informação e à tecnologia; e o diálogo são alguns dos aspectos fundamentais apresentados no simpósio para desenvolver a região amazônica. Desta forma, os projetos de plantio e educação ambiental do Instituto Soka Amazônia baseados na pedagogia de criação de valor têm grande potencial de fomentar cidadãos globais na sociedade amazônica.


[i] Coordenadora de Pesquisas do Instituto Soka Amazônia Doutora em Economia pela Universidade Soka, Tóquio, Japão; mestre em Economia pela Universidade Soka; e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo. Este texto é um resumo do paper apresentado no 1º Simpósio Internacional em Educação para Cidadania Global realizada na Universidade Soka, Japão, de outubro do presente ano.


Referências:

Ikeda, D. (1996) Thoughts on Education for Global Citizenship. Retrieved from https://www.daisakuikeda.org/sub/resources/works/lect/lect-08.html 

 ________ (2002). Education for Sustainable Development Proposal. Retrieved from https://www.daisakuikeda.org/main/educator/education-proposal/edu-proposal-2002.html 

________ (2012). For a Sustainable Global Society: Learning for Empowerment and Leadership. Retrieved from https://www.sgi.org/content/files/about-us/president-ikedas-proposals/environmentproposal2012.pdf 

Steffen, Will, Johan Rockström, Katherine Richardson, Timothy M. Lenton, Carl Folke, Diana Liverman, Colin P. Summerhayes, Anthony D. Barnosky, Sarah E. Cornell, Michel Crucifix, Jonathan F. Donges, Ingo Fetzer, Steven J. Lade, Marten Scheffer, Ricarda Winkelmann, and Hans Joachim Schellnhuber (2018). “Trajectories of the Earth System in the Anthropocene.” Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 115(33):8252–59. doi: 10.1073/pnas.1810141115.

Kobashikawa, T. (2022). Experience in value-creating through sowing seeds project: voices of Amazonian people. Oral presentation on the 1st International Symposium on Global Citizenship Educationat Soka University, Japan.

UNESCO (2019) SDG Indicator 4.7.1: Proposal for a measurement strategy. Retrieved from http://tcg.uis.unesco.org/wp-content/uploads/sites/4/2019/08/TCG6-REF-4-4.7.1-Proposal-for-measurement-strategy.pdf 

UNDP. 2020. Human Development Report 2020. The next Frontier. Human Development and the Anthropocene. HDR. New York, NY: United Nations.

 [CdM1]

Dois cursos d’água que caminham fraternalmente

Negro e Solimões são dois rios que proporcionam um espetáculo único no mundo, denominado Encontro das Águas

É literalmente impossível descrever em palavras a beleza desse fenômeno. Não há foto que lhe faça jus. O visitante desavisado olha para o Encontro das Águas e percebe que está diante de um evento no mínimo inusitado; já os mais sensíveis são tomados pela emoção imediata: os olhos se enchem d’água, inexplicavelmente. A imagem extasiante fica automaticamente gravada nas retinas. Os rios Negro e Solimões são os protagonistas desse fenômeno que só acontece aqui, por longos 6 quilômetros, até que finalmente se mesclam e formam o majestoso Amazonas.

Temperatura e densidade

Estes dois fatores – temperatura e densidade – são decisivos para a ocorrência do fenômeno. O biólogo, mestre em Biodiversidade e doutorando em Ciências Ambientas pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Diego Oliveira Brandão, explicou que cada rio tem sua origem e composição e que cada uma dessas característica é fundamental para a formação do fenômeno.

“O rio Negro é mais quente e menos denso. Possui menos partículas de solo suspensas na água, por isso a radiação solar é mais absorvida, o que eleva sua temperatura. Já o Solimões, é o contrário, mais denso e, por isso, reflete mais radiação solar e aquece menos, por isso é mais frio”, explicou

Origens, velocidade e acidez

Ele é mais escuro e se origina na Colômbia. A coloração vem da grande quantidade de matéria orgânica. O rio Negro corre a uma velocidade de 2 km/h, a uma temperatura de 28ºC em média. Ele nasce no leste colombiano e percorre cerca pouco menos de dois mil quilômetros, com o nome de Guainia. Segue para o nordeste e sul, sendo a barreira natural da fronteira com a Venezuela. Somente quando se junta com o rio Cassiquiare se torna o rio Negro.

O Solimões tem origem nos Andes peruanos e, por descer de uma altitude imensa, traz consigo uma carga igualmente grande de sedimentos de solo, o que lhe dá o aspecto barroso, composto por solos de origem vulcânica e se locomovendo a uma velocidade média de 4 a 6 km/h e com uma temperatura de 22ºC em média. O Solimões é o principal afluente do rio Amazonas e banha três países da América do Sul.

O último fator que concorre para a formação do fenômeno é a acidez de cada curso: o Negro possui um grau de acidez elevado, entre 3,8 e 4,8 de pH, devido à alta concentração de ácidos orgânicos advindos da decomposição vegetal obtidos durante seu longo percurso até se encontrar com o Solimões.

O Instituto Soka Amazônia está localizado diante desse fenômeno natural e seu mirante é o ponto alto da visitação das escolas nas aulas de Educação Ambiental promovidas por sua equipe. A vista desse “cartão postal” de Manaus, não só emociona, mas contagia para a questão da preservação da Amazônia, patrimônio natural da Humanidade.

Descoberta “agridoce”: novos peixes da Amazônia descritos por brasileiros já estão ameaçados de extinção

Peixes fazem parte de subfamília que teve a última espécie identificada em 1965. Descoberta só foi possível porque a região já vem sendo explorada

Autora: Bianca Camatta Arte: Ana Júlia Maciel

Artigo publicado originalmente em 17/05/2022

Não é usual a publicação neste blog, de artigos de terceiros. Neste caso abrimos uma exceção, seja pela qualidade do texto, o valor do artigo em si e sobretudo pelo alerta que traz a respeito de um fato importante sobre a Amazônia, região que é foco de muita atenção em todo o mundo e o centro das atividades que o Instituto Soka Amazônia aqui desenvolve continuamente

Duas espécies de peixes encontradas por pesquisadores brasileiros na Amazônia, a Poecilocharax callipterus e a Poecilocharax rhizophilus, acabam de ser descritas – e já “nascem” em perigo de extinção. 

Ambas as espécies foram encontradas próximas ao município de Apuí, na Amazônia. “A gente foi a campo com o objetivo de amostrar esses peixes ao longo da América do Sul, voltar em pontos e localidades de peixes da ordem Characiformes (pacus, piranhas, piaus, lambaris, e etc.) que considerávamos raros em coleções científicas, e também mostrar lugares novos”, conta ao Jornal da USP, Murilo Pastana, doutor pela USP e atualmente pós-doutorando pelo Museu Nacional de História Natural, em Washington, nos Estados Unidos.

Murilo Pastana – Foto: Arquivo Pessoal

“Durante a descoberta, em 2016, nós detectamos que a região estava sofrendo muito com o impacto ambiental. Esse fato só se agravou nos anos seguintes e, enquanto enviávamos nosso estudo para publicação, o boletim do desmatamento da Amazônia Legal de abril de 2021 classificou a região como o segundo município com maior perda de cobertura vegetal. Por conta disso, sugerimos a classificação das duas espécies como em perigo de extinção, sendo que uma delas já indicamos como ”criticamente ameaçada’, por existir em apenas um riacho da região”, explica Pastana.

Além de Murilo Pastana, o artigo publicado no dia 16 de maio no periódico Zoological Journal of the Linnean Society tem como autores Willian Ohara, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), e Patrícia Camelier, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho começou entre 2015 e 2016, quando os três eram doutorandos do Museu de Zoologia (MZ) da USP.

Os dois lados da descoberta

Os pesquisadores fizeram um trajeto de Rondônia até o estado do Pará, atravessando o sul do estado do Amazonas, região da Amazônia antes intransitável. “A ideia era chegar aonde os pesquisadores ainda não chegaram, e teríamos chances de encontrar possíveis espécies novas”, conta Murilo Pastana. 

O pesquisador diz que foi preciso ter alimentos e equipamentos para um período de cerca de duas semanas em campo. Lá, eles utilizavam principalmente redes para conseguir identificar as espécies. “Dependendo do tipo de ambiente, uma rede diferente é usada, por exemplo, a rede de arrasto, que você abre com duas pessoas e vai arrastando em direção à margem do rio”, pontua.

O equipamento utilizado depende da região analisada, se é um riacho, uma cachoeira ou um rio, por exemplo. Porém, Pastana esclarece que todos os métodos que cabiam em um determinado ambiente eram utilizados, como forma de padronização.

Murilo Pastana (centro) e Willian Ohara (direita), coletando espécies próximos à margem de um rio após pescar com rede de cerco perto de Apuí – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

No entanto, apesar da descoberta das espécies, que fazem parte da subfamília Crenuchinae ser a primeira desde 1965, na visão de Pastana, ela carrega consigo um sabor agridoce.

 “Ao mesmo tempo em que podemos descobrir novas espécies tão espetaculares, isso só está acontecendo porque aquela região está sob intensa exploração: as estradas que usamos foram abertas provavelmente por madeireiros, garimpeiros e grileiros.”

Mais de uma vez, a gente estava coletando dentro de parque nacional, dentro de floresta nacional e olhávamos para o lado e tinha gado”, complementa. 

Fazenda de gado perto do município de Apuí. Esses animais foram criados em áreas recentemente desmatadas – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

As espécies como expressão artística

As novas espécies descobertas, que fazem parte da mesma subfamília, foram identificadas por características que a destacam de outras já conhecidas. Poecilocharax callipterus foi identificada por meio de sua mancha escura na cauda e nadadeiras alaranjadas. Essa espécie foi sugerida pelos pesquisadores como ameaçada, aproximando-se do critério de criticamente ameaçada de extinção, por existir em apenas um riacho da região.

Imagem da Poecilocharax callipterus. Em cima vemos o macho e embaixo a fêmea – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

Pastana complementa explicando a diferença entre o macho e a fêmea. O primeiro é mais avermelhado que a segunda, tem uma coloração mais escura e tem nadadeiras dorsais e anais mais alongadas. 

Já na Poecilocharax rhizophilus, a característica que se destacou foi o seu tamanho, que a fez ser considerada uma miniatura. “Quando a vimos, achamos que poderia ser juvenil, mas, quando olhamos na lupa, vimos que eles já tinham maturidade sexual”, conta Pastana. Ele ainda esclarece que, quando um peixe tem a medida máxima de 2,6 cm e já tem maturidade sexual, a espécie é considerada uma miniatura.

A Poecilocharax rhizophilus tem apenas 2 cm de comprimento – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

A importância desses novos peixes para o ambiente em que vivem ainda não pode ser medida apenas com esse estudo, mas Pastana lembra que qualquer espécie que some em uma região causa um desequilíbrio ecológico. 

Já para a área de estudo de Pastana, a descoberta dessas espécies pode contribuir para a compreensão da evolução dos peixes e também a evolução dos rios. “Tem pessoas que casam dados geológicos e hidrológicos com a distribuição de peixes, para entender a conexão entre os rios ao longo do tempo”, exemplifica. 

O pesquisador também comenta que, como as obras de arte, cada espécie de peixe é insubstituível

“Como você se sentiria se eu fosse num museu de arte, pegasse um quadro e rasgasse na sua frente? É assim que eu me sinto quando um peixinho é extinto, porque aquilo para mim é uma expressão quase que artística da morfologia, da genética e é insubstituível, como qualquer obra”, lamenta ele.

Artigo original originalmente em 17/05/202 Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/descoberta-agridoce-novos-peixes-da-amazonia-descritos-por-brasileiros-ja-estao-ameacados-de-extincao/

Biofilia: Amor pela vida

“Biofilia” vem do grego bios, que significa vida e philia, que significa amor, afeição, ou necessidade de satisfação

Sabe aquele sentimento único ao se deparar com aquela paisagem deslumbrante, ao vivo e em cores? Pode ser um campo florido, ou uma montanha nevada, ou simplesmente o mar com seu fluxo e refluxo interminável. Isso é parte da biofilia. Pode parecer um termo estranho, mas ele envolve os benefícios biopsicossociais decorrentes da interação humanos/natureza e, por isso, tem sido inserida nos protocolos de cuidados paliativos. A jornalista, publicitária, associada da BSGI e especialista no assunto, Dulce Ferreira de Moraes, enfatiza que essa interação biofílica é essencial para o nosso bem-estar.

Dulce Ferreira de Moraes
A popularização do termo

Foi obiólogo estadunidense Edward O. Wilson quem popularizou o termo em seu livro de mesmo nome publicado em 1984. Segundo o autor, a hipótese da biofilia sugere que os humanos possuem uma tendência inata de buscar conexões com a natureza e outras formas de vida. Ele define a biofilia como “o desejo de se afiliar a outras formas de vida”.

Dulce explicou que a Biofilia vem sendo incorporada em outras aplicações práticas, como a Arquitetura e Design. Ela própria foi tomada pela sensação biofílica ao assistir à exposição Diálogos com a Natureza, de Daisaku Ikeda. E essa experiência na adolescência a fez se envolver com paisagismo e preservação de áreas verdes urbanas, atuando em conselho consultivo de parques, como Parque Trianon, localizado na Avenida Paulista, um dos cartões postais da cidade de São Paulo. “Em uma pesquisa que realizei durante o Mestrado, sobre a percepção dos paulistanos sobre as áreas verdes em seus trajetos diários, verifiquei que boa parte das pessoas que caminhavam na Paulista não se lembraram do Parque Trianon”, contou Dulce. Essa pesquisa fez com que ampliasse suas perspectivas sobre a biofilia no contexto das cidades. Hoje é uma autoridade na área e atua fornecendo consultoria a empresas e gestores públicos.

Segundo ela, a biofilia descreve “as conexões que os seres humanos buscam subconscientemente com o resto da vida”. Não só ela como diversos teóricos propõem a possibilidade de que as profundas afiliações que os humanos têm com outras formas de vida e com a natureza como um todo estejam enraizadas em nossa biologia. Afiliações positivas e negativas (incluindo fóbicas) em relação a objetos naturais (espécies, fenômenos) em comparação com objetos artificiais são evidências de biofilia. Diversos estudos comprovam os benefícios do convívio com a natureza para a saúde humana. Recentemente publicamos uma matéria sobre o Shinrin-yoku, ou o Banho de Floresta (leia matéria aqui).

Uma atração quase irresistível

Um exemplo bastante comum de como a biofilia age em nosso cotidiano é a nossa atração (quase irresistível) como mamíferos adultos por rostos de mamíferos filhotes. Estes despertam em nós o instinto de proteção e sentimento de afeição imediata. O contorno dos olhos dentre outras características singulares faz com que os jovens mamíferos nos despertem para a meiguice de suas feições, algo necessário para garantir a sobrevivência da espécie.

Isso também explica porque certas pessoas arriscam suas vidas para salvar pets e mantém verdadeiros jardins em seus estreitos apartamentos. De alguma forma instintiva, os humanos percebem como a proximidade com a natureza lhes faz bem. Conhecimentos ancestrais inseridos talvez no código genético, como a predileção por flores. Estas são simbolicamente o prenúncio da produção de alimentos. Todo fruto precisou ser flor um dia.

A biofilia envolve também esse conhecimento ancestral que nos atrai instintivamente de forma a manter a vida.

Em termos práticos

Dulce alerta para um dado importante: somos impactados pelas experiências pessoais, sociais e culturais nas quais estamos inseridos e vivemos desde a primeira infância. Portanto, mesmo que a biofilia seja algo intrínseco ao ser, considerando que vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico e urbano, é fundamental reforçar o contato com a natureza, por meio de ações simples, como caminhar no parque, cultivar hortas domésticas, fazer seu próprio composto a partir do lixo orgânico, apreciar paisagens, entre outros. “Nós, humanos, precisamos ser constantemente expostos a estímulos naturais para garantir tanto a saúde física quanto a mental”, concluiu a especialista.

Fonte:

https://www.ecycle.com.br/biofilia/

https://www.scielosp.org/article/sdeb/2019.v43n122/949-965/pt/

https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/34272

Seca na Amazônia: tragédia ambiental global

Secas na Amazônia são fenômenos naturais, mas estudos indicam que estão mais frequentes e intensas devido às atividades humanas

As secas na Amazônia acontecem pela variabilidade interanual na circulação da água e variação da temperatura de superfície nos oceanos Pacífico e Atlântico. Fenômenos como o El Niño e o aquecimento da água superficial no oceano Atlântico são causadores de secas na Amazônia. No entanto, existem estudos que associam as recentes e as futuras secas na Amazônia com as atividades humanas tais como a perda de cobertura florestal, a degradação florestal e a mudança climática. De fato, existe uma tendência de aumento nos déficits de água no solo e na atmosfera na Amazônia, principalmente durante os meses de agosto, setembro e outubro em regiões do Pará e Mato Grosso.

Foto cedida por Diego Oliveira Brandão

Não é de hoje que a Organização Meteorológica Mundial (OMM) ligada à ONU vem alertando quanto às constantes perdas ambientais ocasionadas pelos incêndios e desmatamentos das florestas. Estas são cruciais para a captura de carbono da atmosfera. A região da América Latina e Caribe abriga 57% das matas do planeta e guardam 200 gigatoneladas de CO2. Isso vem causando a mudança climática que, por sua vez, ameaça a saúde pois prejudica o regime de chuvas e com isso a produção de alimentos, altera também a produtividade do setor energético e todo o sistema de ventos, essencial para disseminação de sementes e demais insumos necessários à manutenção da vida.

O pesquisador Diego Oliveira Brandão[i], em seus estudos de doutorado alerta para os efeitos deletérios das secas sobre os sistemas extrativistas e agroflorestais na Amazônia, clamando para que medidas urgentes sejam tomadas no sentido de reduzir os impactos negativos.

“As secas na Amazônia reduzem o fluxo de seiva e aumentam a mortalidade da vegetação”, inicia ele. Toda a seiva da planta é formada por água e elementos químicos essenciais como nitrogênio e fósforo. Estes, por sua vez, são absorvidos a partir do solo pela raiz para o sistema vascular (xilema[ii]) para o interior da planta. Pensando no quanto essa seiva é essencial para a sobrevivência de qualquer vegetação é fácil perceber a gravidade da redução na produção desse líquido vital.

Diego explica que quando da ocorrência de uma seca devido a um período de escassez de água, a redução no fluxo de seiva acontece devido à resposta da planta à combinação de embolia[iii] e fechamento estomático[iv]. Trata-se de uma estratégia para reduzir a perda de água da planta para a atmosfera. Mas tal fenômeno reduz a entrada de dióxido de carbono (CO2), comprometendo a produção de tecidos vegetais como folhas, frutos e sementes.

Foto cedida por Diego Oliveira Brandão

Ao se ver com menos seiva circulando, a floresta fica cada vez mais vulnerável aos incêndios florestais. A combinação de secas e incêndios florestais aumenta a mortalidade de árvores em mais de 200% na Amazônia. Entretanto, mesmo diante desse cenário devastador, há plantas mais resistentes aos impactos das secas, como algumas espécies de palmeiras e Vismia.

Foto cedida por Diego Oliveira Brandão

Os períodos secos também causam mudanças na composição de espécies e perda de biodiversidade na Amazônia. Portanto, as secas causam efeitos biofísicos significativos na vegetação. Por isso, os projetos de restauração florestal, bioeconomia, redução de emissões de gases de efeito estufa, viveiros florestais, sistemas agroflorestais e produtos da sociobiodiversidade estão vulneráveis frente aos efeitos das secas na biologia das plantas. Desse modo, as medidas de adaptação[v] são essenciais para reduzir os efeitos deletérios das secas sobre os componentes e sistemas extrativistas e agroflorestais na Amazônia.

Referência:

BRANDÃO, D. O. Mudanças climáticas e seus impactos sobre os produtos florestais não madeireiros na Amazônia. In: SIMPÓSIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SISTEMA TERRESTRE, 10. (SPGCST), 2021, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. Anais… São José dos Campos: INPE, 2021. On-line. ISBN 978-65-00-33306-0. IBI: . Disponível em: 1 Biólogo, CRBIO 116152, Email: diegobrandao779@gmail.com

Fonte adicional:https://news.un.org/pt/story/2021/08/1760132


[i] Para ler o artigo original do pesquisador Diego Brandão https://biologiadaconservacao.com.br/cienciaemacao-medidas-adaptacao-amazonia

[ii] O xilema é um tecido vascular que distribui água e solutos pelo corpo de um vegetal. Ele é encontrado de forma contínua na planta, atravessando todos os órgãos e formando uma verdadeira rede de circulação de substâncias. https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/xilema.htm#:~:text=O%20xilema%20%C3%A9%20um%20tecido%20vascular%20que%20distribui%20%C3%A1gua%20e,rede%20de%20circula%C3%A7%C3%A3o%20de%20subst%C3%A2ncias.

[iii] A embolia é a formação de bolhas de ar no xilema causada pelo aumento da tensão de água dentro da planta durante a seca. O ar dissolvido na água se expande causando bloqueios que reduzem o fluxo de seiva dentro da planta.

[iv] O fechamento do estômato, por sua vez, ocorre quando acontece uma redução de solutos na células-guardas. A célula então perde água, e a pressão de turgor é reduzida. As paredes anticlinais retornam à posição normal, e a fenda estomática é fechada. https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/estomatos.htm

[v] Medidas de adaptação são iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima.

Olhar para o chão e ver: solo!

Bastante subestimado, o chão onde pisamos é um substrato importantíssimo para a manutenção da vida no planeta

A professora e pesquisadora Gláucia Soares Tolentino[i] conta que o processo de origem, formação e transformação natural dos solos está diretamente relacionado com o intemperismo e com o acúmulo de material orgânico. Intemperismo é o conjunto de alterações que as rochas sofrem quando ficam expostas à superfície da Terra. Todos os solos são o resultado de uma série intrincada de processos e inúmeros fatores que concorrem para que as diferentes superfícies terrestres existam de maneira harmônica. Qualquer atividade não natural, como as ações humanas nefastas – mais especificamente as queimadas – fazem com que o equilíbrio se rompa e resulte em prejuízo a processos essenciais naturalmente ocorridos durante milênios. A Amazônia – uma vastidão verde – é o exemplo de processos milenares naturais que o homem em sua cega e insana ganância vem sistematicamente destruindo.

O solo da Amazônia

A professora Gláucia reitera que a floresta Amazônica só existe por um conjunto de fatores, incansavelmente trabalhados e aperfeiçoados ao longo de um tempo incrivelmente longo. Em geral, o solo amazônico é bastante pobre, mas possui uma espessa camada de nutrientes formado a partir das folhas, frutos e insumos animais (fezes, urina e corpos em decomposição). Além, é claro, de fungos e outros microrganismos que atuam nesse processo de ciclagem dos nutrientes. Cercando e envolvendo tudo isso e fazendo a grande diferença nesse verdadeiro caldeirão orgânico: as águas. Essas sobem, em forma de vapor, do oceano Atlântico, sobrevoam a região em direção ao oeste do continente. Só que ali encontram uma imensa barreira natural, a Cordilheira dos Andes, que faz todo esse vapor d’água se precipitar em forma de chuva, que desce das montanhas e literalmente varre a região amazônica, levando consigo terra e nutrientes.

A floresta, por sua vez, produz grande biomassa – que é todo e qualquer material de origem viva – e fantasticamente contribui para o enriquecimento do ambiente. Está formado, a grosso modo e em linhas gerais, o composto orgânico natural do solo da maior floresta tropical do planeta.

Nas queimadas, alguns animais conseguem sobreviver fugindo. As plantas não têm essa possibilidade.

Cada região da Terra tem seu solo formado por uma série de processos eólicos, hídricos, tectônicos, climáticos ou mesmo da atividade antrópica. Cada uma dessas mudanças transfiguram as paisagens, de forma gradual ou catastroficamente. Quando acontece de forma catastrófica, isso em geral e infelizmente, é irreversível, destruindo os solos e, como ele, habitats de inúmeros organismos animais e vegetais. “Nas queimadas, alguns animais conseguem sobreviver fugindo. As plantas não têm essa possibilidade. Mas mesmo os animais que sobrevivem perdem sua referência de moradia e a maior parte sucumbe por não conseguir mais se alimentar ou se reproduzir. É triste”, ressaltou Gláucia.

Breve história dos solos em geral

Todos os solos, como os conhecemos hoje, remontam do avanço dos primeiros organismos vegetais sobre a Terra, algo ocorrido entre 422,9 milhões e 418.7 milhões de anos. Um tantinho de tempo atrás, portanto. Foi então que alguns solos, bastante similares aos atuais – embora aquelas plantas ainda não tivessem raízes, estas só viriam a acontecer de fato entre 416 e 411 milhões de anos. De modo geral, a formação dos solos continua a ser a mesma: a partir do processo de decomposição das rochas de origem, chamadas de rochas mãe. Sim, rochas. Simplesmente porque nesse início mais que primitivo não existiam solos no planeta, somente rochas grandes e variados grupos rochosos que foram lentamente sendo desgastados pelo clima, pela ação da água e dos ventos e também pelos seres vivos, sobretudos as plantas. Com isso, essa lenta desagregação proporcionou a formação de sedimentos, que se mantêm aglomerados e compõem os solos. O processo de origem e constituição dos solos é chamado de pedogênese[ii]. Importante ressaltar que esse processo de pedogênese acontece até hoje. Portanto, foram milhões de anos para se chegar ao que temos agora.

O processo obedece a uma sequência, de certa maneira imutável:

  1. lenta decomposição da rocha mãe por agentes do intemperismo (água, ventos, clima, plantas e outros);
  2. com a ação inexorável do tempo, são acumulados materiais orgânicos sobre o solo em constante formação;
  3. todo o material depositado vai se deteriorando e se mimetiza com o restante, enriquecendo o solo e, em paralelo, vão se formando os horizontes do solo;
  4. diferentes horizontes[iii] vão se sobrepondo, à medida que mais e mais camadas vão sendo depositadas. Além disso, passam a apresentar uma camada superficial orgânica propícia ao plantio e à existência de vegetações.

Horizontes de solo

Quanto mais antigos os solos, eles possuem mais camadas consolidadas. Solos jovens, por sua vez, estão em processo intermediário de formação, ainda sem a presença dos diversos horizontes e pouca presença de material orgânico. Abaixo os horizontes de solo, segundo as classificações mais comuns:

  • Horizonte O (horizonte orgânico) – camada externa do solo composta por material orgânico em estágio de decomposição.
  • Horizonte A – é o horizonte mineral mais próximo da superfície, com uma relativa presença de matéria orgânica.
  • Horizonte B – é o horizonte de acumulação, com uma grande presença de minerais e com baixo acúmulo de material orgânico.
  • Horizonte C – camada formada por partes fragmentadas da rocha mãe, muitas vezes com sedimentos menores nas suas partes mais altas e com saprólitos e partes de rochas em sua parte inferior.
Fonte: Site Toda Matéria

Gláucia alerta para um fato emergencial: as queimadas da Amazônia se intensificaram de forma desordenada e indiscriminada, e o fogo é o meio mais deletério da saúde desse solo que levou milhões de anos para ser constituído e para formar a exuberância verde que o mundo todo admira e aplaude. “O fogo, nas proporções em que hoje acontece, só beneficia o agronegócio, pois permite o plantio imediato. A correção da pobreza do solo vem em seguida, com a adição de fertilizantes artificiais”, explicou. Porém, em poucas safras, não há mais o que fazer e aquele pedaço de terra, exaurido e incapaz de se reestruturar com artifícios químicos, se torna deserto e inútil à atividade econômica. E o agronegócio volta seus olhos para outro pedaço intocado de terra de riqueza natural inestimável, para repetir o processo e destruir mais uma parte desse tesouro da humanidade.

“Há estudos sérios que demonstram que é mais barato preservar que derrubar. Mesmo assim, a ação degradadora permanece. É preciso parar de vez com essa onda de destruição, antes que seja tarde.”, encerra a pesquisadora de solos e professora, Gláucia Tolentino.

Fontes:

https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/formacao-dos-solos.htm

https://www.scielo.br/j/rbcs/a/7zyTLBm8nXMdxtcZJB4mQvv/?lang=pt


[i] Bióloga, mestre e doutora em Botânica. Pesquisadora das relações entre plantas, solo e atmosfera. Atuou como analista ambiental e hoje se dedica à atividade docente no Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Paranavaí.

[ii] Pedogênese é o nome atribuído ao processo de formação dos solos, produzidos a partir da degradação ou composição das rochas, além da junção de fatores químicos, físicos e biológicos.

[iii] Os solos bem desenvolvidos possuem normalmente várias camadas sobrepostas, designadas por horizontes. Estas camadas são formadas pela acção simultânea de processos físicos, químicos e biológicos e podem distinguir-se entre si através de determinadas propriedades, como por exemplo a cor, a textura e o teor em argilas.


Que tal um banho de floresta?

Trata-se de uma modalidade terapêutica que promove a relação entre a saúde integral e o contato direto com a natureza
Cientistas da Universidade de Stanford descobriram que o contato com florestas regula regiões do cérebro associadas à depressão

No Japão feudal era uma prática comum ir à floresta, sentar-se sob as árvores e observar uma pedra crescer. Pode parecer absurdo à nossa estreita e míope cultura ocidental, o ato de “observar uma pedra crescer”, pois pedra não cresce. Porém, a ideia tem a ver com a capacidade humana de dominar a mente e ter total controle sobre a percepção de tudo ao redor. A terapia Shinrin-yoku, ou Banho de Floresta, é um conceito empolgante no que diz respeito à relação entre humanos e a natureza.

Embora prática de meditar na floresta seja algo bastante antigo para os japoneses, foi sistematizada somente há cerca de 40 anos, com resultados bastante promissores e que por isso mesmo o Shinrin-yoku se difundiu a todos os continentes. A potência energética da floresta é o principal elemento do Banho de Floresta. Os pesquisadores japoneses perceberam que ao caminhar, contemplar, inspirar e expirar sob as copas das árvores, a pessoa recebe benefícios orgânicos e psicológicos da interação com o verde das matas. O simples fato de visualizar uma colina verdejante já causa uma sensação de bem-estar capaz de baixar os níveis de estresse.

Pode parecer absurdo à nossa estreita e míope cultura ocidental, o ato de “observar uma pedra crescer”, pois pedra não cresce.

Ficar imerso no ambiente de uma floresta regula positivamente a pressão arterial, os batimentos cardíacos, o nível geral de relaxamento e a qualidade do nosso sono, diminuindo a presença de hormônios associados ao stress ao mesmo tempo em que aumenta em mais de 50% a presença de células antitumorais na circulação sanguínea.

Mais do que uma terapia

Cientistas da Universidade de Stanford descobriram que o contato com florestas regula regiões do cérebro associadas à depressão. Mais que uma excelente terapia para vários sistemas orgânicos, o contato com florestas e bosques acelera o processo de cura em termos de saúde mental, gerando um impacto positivo e direto no nosso humor e no bem-estar.

Os japoneses relacionaram os efeitos da inalação de compostos orgânicos voláteis liberados pelas folhas das árvores aos seres humanos. Tais compostos são para o mundo vegetal algo como antibióticos que agem inibindo o desenvolvimento de micro-organismos agressores. Quando o ser humano inala esses compostos, eles geram efeitos positivos para a manutenção da saúde geral.

Como praticar o Banho de Floresta

…o ideal é que a terapia florestal seja realizada de forma individual e sem interferências

Silêncio, meditação e observação a tríade-chave do Shinrin-yoku. Há diversos locais que promovem a ida em grupo à natureza, mas o ideal é que a terapia florestal seja realizada de forma individual e sem interferências. Qualquer pessoa pode se aventurar a buscar esse contato direto e se beneficiar de todo o potencial terapêutico. Munir-se de alguma técnica de meditação é recomendado. Mindfulness[i] é uma das linhas recomendadas.

A sessão de shinrin-yoku começa com o deslocamento até uma floresta ou área verde, como um parque ou jardim botânico. O participante então deve se acalmar, sentir sua pulsação, ao mesmo tempo que observa o ambiente à sua volta e caminha lentamente, prestando atenção no movimento dos pés e deixando todos os sentidos atentos, permitindo uma imersão completa de sua consciência no ambiente da floresta. O silêncio e o contato com a natureza permitem serenar a mente e o corpo e ajudam a expandir o que é percebido pelos sentidos, sendo cientificamente aconselhado como método para reduzir o estresse.

Procure um ambiente natural tranquilo, vá sozinho e fique em silêncio ou, se for em grupo, combine de só conversarem ao final da experiência. Os estudos realizados comprovam que os benefícios podem ser sentidos com caminhadas a partir de 40 minutos, mesmo que sejam ocasionais – nesse caso, o ganho maior é emocional e de curto prazo.

No método terapêutico, são propostas sete caminhadas de três horas cada, sendo uma por semana, para que o participante, aos poucos, vá treinando o corpo e a mente para aquietar-se e ampliar a percepção. O começo da prática pode ser feito com o aconselhamento de um guia, mas nada impeça de a própria pessoa se guiar e aventurar-se pelas caminhadas do Shirin-yoku.

Marque uma reunião em um parque. Troque o café pelo óleo essencial natural das árvores. Que tal mudar o almoço no restaurante por um piquenique ao ar livre?

Dicas de como se iniciar na terapia Banho de Floresta
  • Em vez de ler um livro ou estudar no sofá, dirija-se à praça ou parque arborizado mais próximo. E faça-o sentado num daqueles bancos, de preferência o mais perto possível das árvores.
  • Adentre num lugar de natureza e silencie por alguns instantes. Procure receber o que os seus sentidos podem captar. Ative a percepção dos sons dos pássaros, vento, galhos e animais ao redor. Sinta o cheiro das plantas, contemple os diversos tons de verde da natureza. Toque cada folha diferente.
  • Comece a conhecer a região de floresta próxima da sua cidade. Verifique se há passeios e trilhas para adentrar em uma mata de verdade.
  • Que tal substituir alguns exercícios indoor, ou a academia em ambientes fechados por treinos ao ar livre ou mesmo usar equipamentos disponíveis em praças e parques?
  • Marque uma reunião em um parque. Troque o café pelo óleo essencial natural das árvores. Que tal mudar o almoço no restaurante por um piquenique ao ar livre? Encontros na natureza são inspiradores.
  • Programe as suas viagens para destinos de natureza. Esqueça as grandes cidades e seus trânsitos, e foque nas maravilhas naturais que esse país reserva. Surpreenda-se!
  • Programe ou se inscreva em exercícios de respiração, yoga, práticas orientais e meditação nos parques. Há vários gratuitos em muitas cidades.
  • Divulgue essa prática para a família e amigos.

Fontes:

https://www.ecycle.com.br/banho-de-floresta/


[i] Mindfulness, ou atenção plena, é a capacidade de focar no presente e resistir às distrações. É um exercício mental que exige foco e atenção em suas próprias emoções e sensações.

Praticar a mindfulness é uma forma de se concentrar no momento presente e abraçar as suas sensações corporais sem julgamento. É um processo de autoconhecimento.

Constrangimento entre árvores? Entenda o fenômeno dessa timidez

Há muitas teorias que visam justificar o fato de que as copas das árvores mantêm um distanciamento mínimo e bem peculiar entre si
Cientistas que estudam os dosséis recomendam para os leigos: deite-se sob as copas das grandes árvores, olhe para os dosséis esmeralda e deleite-se com o balançar das ramagens ao sabor dos ventos. É uma sensação simplesmente indescritível!

A teoria mais conhecida é a da otimização da exposição solar a fim de potencializar o processo de fotossíntese. Quem já teve a experiência de cuidar de uma

Quem já teve a experiência de cuidar de uma planta sabe o que representa a correta exposição ao sol tanto do tronco como dos ramos mais internos. Quando a planta recebe a preciosa luz e calor, há um incremento realmente impressionante no seu desenvolvimento.

Na verdade, toda a vida na terra depende da energia oriunda da nossa querida estrela.

O fenômeno

Pense agora em árvores como as amazônicas que não são plantadas pelo homem e sim pelo processo natural. Elas crescem desordenadamente e dessa forma suas copas, teoricamente deveriam se juntar lá no alto. Mas não é isso que acontece. É justamente sobre esse fenômeno que estamos falando. As árvores, generosa e naturalmente mantêm entre si uma distância capaz de oferecer, no mínimo, oportunidade para que as plantas e os animais do solo possam usufruir da maravilhosa luz solar e se desenvolver.

Além do descrito acima, ainda se buscam outras justificativas para o fenômeno. Há quem defenda que o fato ocorra para promover a redução da propagação de insetos prejudiciais. Há também quem acredite que as árvores não misturando suas copas, visam proteger os ramos uns dos outros, evitando que se partam ou rachem. Outra teoria argumenta que a assim dita timidez entre árvores maximiza o processo de fotossíntese por meio da maior exposição ao sol.

MAHIM BHAT, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons
Buscando explicações para o fenômeno

Entre todas as teorias aventadas a partir da observação científica uma se destaca: a de que esse comportamento se dá para dificultar a passagem de insetos e larvas de uma árvore a outra. Para uma pessoa que esteja no chão da floresta e olhe para as copas, é fácil fazer uma analogia com rios, por causa do desenho intrincado delineado pelas frestas entre as árvores. Na realidade, esse é resultado de mecanismos diferentes em cada espécie. Afora o fenômeno descrito no início desse texto, todas as outras teorias ocorrem de forma pontual em uma ou outra espécie, resultado de inúmeras adaptações e processos evolutivos.

É assim que muitos dosséis1 de florestas, coberturas superiores da floresta formadas pelas copas das árvores, apresentam espaços vazios, que podem ajudar as árvores a compartilhar recursos e permanecer saudáveis. Há pesquisadores que defendem que também as árvores necessitam de seu espaço individual.

Histórico dos estudos 

As primeiras constatações remontam à década de 1920, porém foi preciso que se passassem várias décadas até que pesquisas reais fossem feitas, descritas e publicadas. A causa – ou as causas – do fenômeno, como já colocado, são várias e muitas ainda sem comprovação absoluta, mas que possuem fortes indícios. Dentre as muitas teorias aventadas, houve uma que defendia que a timidez arbórea se dava por uma disputa entre as árvores devido o balanço dos ramos causado pelo vento, cada árvore se esmerando em produzir mais e mais novos galhos para atacar ou se defender das vizinhas.

Aproximadamente duas décadas se passaram até que a equipe de Mark Rudnicki, biólogo da Universidade Tecnológica de Michigan, resolveu medir a força das colisões entre pinheiros da espécie Pinus contorta em Alberta, Canadá. O estudo percebeu que florestas compostas por troncos longos e longilíneos, largamente expostos às ventanias, tinham a tendência de resultar em timidez arbórea. Rudnicki e sua equipe experimentaram usar cordas de náilon para impedir os choques entre pinheiros vizinhos. O que ocorreu a partir disso espantou os pesquisadores: as plantas entrelaçaram suas copas, preenchendo os espaços entre as copas adjacentes! Ou seja: não eram os choques resultado de disputas, mas outra causa que permanece um mistério.

Já publicamos antes uma matéria sobre a consciência das plantas – veja aqui. A pesquisadora silvicultora e horticultora da Universidade de Yale, Marlyse Duguid, afirma que há cada dia mais estudos científicos sobre o tema da consciência vegetal. A comunicação química entre espécies lenhosas ainda é escassa, mas se em outras espécies já foi possível verificar que existe o estabelecimento de percepção entre afins, isso leva a crer que as plantas sejam capazes de interromper o crescimento do dossel antes da ocorrência de qualquer disputa. 

A individualidade como vantagem

O que se percebeu até o momento é que a timidez arbórea é um fato e que a preservação do espaço individual parece trazer benefícios. Proteger as folhas, por exemplo. É inegável que as folhas são elementos imprescindíveis para a sobrevivência de qualquer planta. É por elas que o vegetal respira, transpira, se hidrata por meio da captação da água, sente a brisa e os compostos químicos transmitidos por outras plantas e mais um sem número de funções essenciais. 

Assim sendo, toda planta sabe que folhagens mais espaçadas contribuem para que a luz do sol chegue ao chão da floresta e nutra outros vegetais e animais, elementos que ajudam no desenvolvimento da sua própria vida. Acredita-se, portanto, que as lacunas entre as copas permitem que a vida de tantas outras criaturas da floresta – cada qual com sua função no ciclo natural de desenvolvimento – sobrevivam e procriem, perpetuando o ciclo.

E, acima de tudo, os cientistas que estudam os dosséis recomendam para os leigos: deite-se sob as copas das grandes árvores, olhe para os dosséis esmeralda e deleite-se com o balançar das ramagens ao sabor dos ventos. É uma sensação simplesmente indescritível!


O dossel da floresta, ou seja, a cobertura superior da floresta formada pelas copas das árvores, em termos ecológicos apresenta uma grande influência na regeneração das espécies arbustivo-arbóreas, além de atuar como barreira física às gotas de chuva, protegendo o solo da erosão.

Fontes

https://www.natgeo.pt/ciencia/2020/03/o-fenomeno-natural-que-provoca-timidez-entre-arvores

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2020/07/algumas-arvores-praticam-distanciamento-social-para-evitar-doencas

A floresta é muito mais que madeira

Flores
Como as mudanças climáticas impactam os produtos florestais não madeireiros da Amazônia

As plantas e suas flores, sementes e frutos são produtos de extrema relevância na economia da Amazônia porque mantêm a floresta em pé, ou trocando em miúdos: não resulta em árvores no chão para a extração de madeira. Conforme discorre Diego Oliveira Brandão[i] em seu artigo Mudanças climáticas e seus impactos sobre os produtos florestais não madeireiros na Amazônia, esses produtos florestais não madeireiros (PFNM) são típicos de atividades sociais e econômicas de indígenas, ribeirinhos e agricultores locais que fazem o extrativismo na floresta e o cultivo de espécies nativas em sistemas agroflorestais. Trata-se do meio de subsistência de toda uma população que, além de preservar a floresta, tira dela seu sustento e de toda a sua família. Infelizmente, os efeitos das mudanças climáticas sobre os PFNM e os meios de subsistência de comunidades dependentes da floresta ainda são pouco compreendidos na Amazônia.

Neste artigo, o pesquisador investiga os impactos das mudanças climáticas sobre os PFNM apresentando suas observações. Ele inicia discorrendo sobre a concentração de dióxido de carbono na atmosfera (CO2), a temperatura global, o déficit de pressão de vapor de água na atmosfera, as secas, os incêndios florestais e o desmatamento podem impactar as plantas que fornecem PFNM na Amazônia.

Discute também as tendências na composição de espécies e faz uma conclusão indicando as regiões onde os extrativistas e agricultores estão mais ameaçados pelas mudanças climáticas na Amazônia. As espécies com frutos altamente empregados na economia da região são: açaí (Euterpe oleracea e E. precatoria), andiroba (Carapa guianensis), buriti (Mauritia flexuosa), bacuri (Platonia insignis), cacau (Theobroma cacau), castanha (Bertholletia excelsa), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), pupunha (Bactris gasipaes), taperebá (Spondias mombin) e ucuúba (Virola surinamensis). O artigo enfatiza que o efeito do dióxido de carbono (CO2) pode favorecer o extrativismo e o cultivo de espécies nativas em sistemas agroflorestais na Amazônia.

Cupuaçu Theobroma Grandiflorum

Ele explica que devido ao aumento anual na emissão de CO2 entre 2002 e 2011, favoreceu o aumento da taxa de fotossíntese, favorecendo a formação de flores e, em consequência, frutos. Em outra mensuração de um período mais longo na floresta tropical do Panamá, entre 1987 e 2014, foi associado ao aumento médio de 3% de floração. Portanto, a elevação do CO2 tem sido positiva para a formação de flores e frutos em ecossistemas naturais e na agricultura, mas pode ser limitada por variações climáticas e nutricionais.

Uma maior produção de flores e frutos causada pelo CO2 pode estimular mais carboidratos, lipídios e proteínas vegetais em PFNM para uso econômico na Amazônia. Por exemplo, as flores da espécie jambu (Acmella oleracea) são utilizadas por populações locais e empresas como alimento, fármaco e cosmético.

Especificamente sobre o impacto do aquecimento global na distribuição geográfica e produtividade de plantas na Amazônia: o que foi verificado é que a temperatura global na superfície do solo entre 2011 e 2020, vem aumentando de forma preocupante. Foi registrado um aumento entre 1,34 e 1,83°C mais alto em comparação à média do período entre 1850 e 1900 (IPCC 2021).

O pesquisador alerta sobre as estimativas para a Amazônia. Estas apontam que 30% de todas as espécies de árvores e 47% de toda sua abrangência geográfica serão reduzidas até 2050 pela combinação entre mudança climática e desmatamento. Isso causará um impacto significativo na vida de extrativistas e agricultores. Pois, com o aumento da temperatura global, cresce junto a demanda da atmosfera por evaporação; somado ao crescimento exponencial da taxa de transpiração das plantas que resulta em mudanças biofísicas em mais de 80% das espécies vegetais. É a principal mudança climática de efeito negativo sobre a produtividade observada na Amazônia.

As regiões amazônicas do sul e leste são as mais susceptíveis aos incêndios devido às menores taxas de precipitação (chuvas) e ao comprimento da estação seca em relação às regiões norte e oeste da Amazônia. O calor dos incêndios lesiona as raízes, troncos e copas, podendo levar à morte da planta. Queimam também os frutos e sementes dispersos pela vegetação que podem ser regenerados, coletados ou comercializados. A mortalidade das árvores após incêndios tem relação com as características morfológicas das espécies, porque as espécies com periderme (casca) mais fina são intolerantes ao fogo e suas populações reduzem onde os incêndios são frequentes (Barlow e Peres 2008). Isso indica que os incêndios florestais são ameaças maiores à diversidade de PFNM em municípios nas regiões sul e leste da Amazônia brasileira. Diego encerra enfatizando que “novos estudos são importantes para compreender como as espécies típicas da Amazônia e no bioma Cerrado são impactadas com as mudanças climáticas”.

Artigo original, publicado pelos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): http://mtc-m16c.sid.inpe.br/ibi/8JMKD3MGPDW34P/45U3UDP

[i] Biólogo com bacharelado pela Universidade Estadual de Montes Claros (2004-2009) e mestrado em Biodiversidade (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2009-2011). Atualmente é aluno de doutorado em Ciências Ambientais (Ciência do Sistema Terrestre) no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (2018-2022). Trabalha e estuda cadeias de produção extrativista, florística do Brasil e restauração florestal da Amazônia. É também  Biólogo Responsável Técnico pela Consultoria Amazônia Socioambiental.