A árvore mais alta da Amazônia

Foi encontrada em região remota com incríveis 88 metros de altura: a gigante angelim-vermelho

Dentre os diferentes e impressionantes espécimes da floresta Amazônica, um se destaca: o angelim-vermelho que detém o recorde de árvore mais alta da maior floresta tropical do planeta, com 88 metros, equivalente a um prédio de 25 andares. Só perde para a sequóia-vermelha dos EUA com 115,7 metros e para a shorea faguetiana da Malásia, com 100,8 metros. O Instituto Soka Amazônia vem plantando mudas de angelim-vermelho há muitos anos, sempre com o objetivo de preservar a floresta e sua inestimável biodiversidade.

Recentemente, pesquisadores de diferentes países identificaram esse exemplar de 88 metros e o classificaram como um recorde para a Amazônia brasileira, pois até então não havia sido registrada nenhuma árvore acima de 70 metros de altura. No mesmo local foram vistos outros espécimes de angelim-vermelho com mais de 80 metros.

A espécie é bastante cobiçada devido à qualidade da madeira que pode durar por muitos e muitos anos. Portas, janelas, projetos decorativos, móveis em geral entre outros itens, tudo que é feito com angelim-vermelho tem sua durabilidade assegurada, pois essa madeira é quase imune ao cupim, principal agente biológico causador de danos a esse material.

Gorgens, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons

A descoberta

Ao longo de 2016 e 2017, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) colecionou imagens de grandes extensões da floresta amazônica, por meio da tecnologia radar laser que permite registros remotos com bastante precisão. Foram mapeadas 850 áreas, numa região bastante remota devido à dificuldade de acesso, cada qual com cerca de 12 quilômetros de comprimento por 300 metros de largura. Sete delas foram encontradas na região do rio Jari, um dos afluentes do rio Amazonas, entre os estados do Amapá e Pará. São gigantes com mais de 80 metros.

A equipe acredita que o gigantismo desses espécimes é justificado pela imensa distância de áreas urbanas e industriais, já que esses angelins-vermelhos tão cobiçados devido ao seu alto valor de mercado são praticamente inacessíveis, o que salvaguardou as gigantes, e o que se espera, é que elas se mantenham intocadas por muito tempo.

Afora seu grande valor comercial, cada angelim-vermelho é de importância inestimável pois uma árvore adulta consegue reter a mesma quantidade de carbono que um hectare inteiro de floresta tropical, o que significa que uma única árvore pode armazenar até 40 toneladas de carbono, equivalente à totalidade da absorção de 300 a 500 pequenas árvores.

A título de curiosidade

Apenas para se ter uma ideia mais precisa de equivalências: a Estátua da Liberdade, em Nova York, tem 93 metros de altura, incluindo a base. O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, mede 38 metros da base até o topo da cabeça; ou seja, a árvore encontrada é somente um pouco menor que o símbolo de Nova York e mais que o dobro da estátua símbolo do Rio de Janeiro.

Fontes:

https://portalamazonia.com/amazonia/a-arvore-mais-alta-da-amazonia-conheca-o-angelim-vermelho

https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/408633/1/Angelim-vermelho-Dinizia.pdf

http://www.remade.com.br/madeiras-exoticas/114/madeiras-brasileiras-e-exoticas/angelim-vermelho

VII Seminário Águas da Amazônia em foco

O evento deste ano ressaltou a importância de se preservar os recursos hídricos para o bem da floresta

Pela defesa incondicional dos nossos recursos hídricos, esse é e sempre foi o objetivo para a realização do Seminário Águas da Amazônia, que este ano (2022) chega a sua sétima edição e foi realizado no auditório do Bosque da Ciência, no último dia 22 de novembro. O evento integra ainda a programação oficial da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Desde o advento da pandemia optou-se pela transmissão via YouTube em conjunto com a participação presencial de pesquisadores, estudantes e público em geral interessados no assunto. A grande novidade desse ano foi a realização da Ação Voluntária que aconteceu no Bosque a Ciência, dando oportunidade para o público presente interagir e conhecer um pouco mais sobre a exuberância da flora e fauna presente no local.

A profa. dra. Denise Guttierrez, Coordenadora de Tecnologia Social do INPA, exaltou a parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, por ela representado e o Instituto Soka Amazônia pois ambas as organizações “possuem objetivos confluentes, que consiste na defesa do patrimônio natural de uso coletivo que é a floresta e tudo que envolve sua sobrevivência”. Como ela colocou, ambas as instituições possuem bens e valores que se ampliam e atingem todo o planeta. “Valorizamos a floreste em pé! Valorizamos os recursos da Amazônia! Valorizamos e amamos a Ciência, o conhecimento e todos os valores que ela pode aportar e, nesse sentido, temos muita confluência com o Instituto Soka”, ressaltou a pesquisadora.

“Esse espírito de solidariedade proverá energia e a base para enfrentar o espectro amplo de novos desafios incluindo a crise climática”, enfatizou o diretor presidente do Instituto Soka Amazônia, Luciano Nascimento. Ele reafirmou ainda que “ao enraizar nossas ações nesse espírito de solidariedade e ao avançar na construção de uma sociedade global que seja inabalável diante de quaisquer ameaças deixaremos algo de imenso valor para as futuras gerações.

Palestras fundamentais

A primeira palestrante da manhã foi a pesquisadora do INPA, dra. Maria Terezinha Ferreira Monteiro que discorreu sobre a Importância dos Estudos Hidrográficos para a Questão Hídrica. Sua fala alertou principalmente sobre o engendrado sistema hídrico do qual depende a floresta e todos que nela habitam. “Conhecer o local e todos os agentes que nela coexistem é fundamental para saber como preservá-la”, alertou. Segundo ela, a água que cai em forma de chuva encontra seu primeiro pouso no denso e rico dossel das árvores. Dali escorre por folhas, galhos, ramos e tronco, umedecendo cada parte da planta e nutrindo-a com os insumos que a chuva traz. Quando finalmente chega ao solo é acrescida de outros compostos que a própria planta fornece. No solo a água se deposita sobre o material orgânico – boa parte é provido pela própria árvore – constituído por restos de fauna e flora em decomposição. Essa água, além de ajudar nesse processo, vai penetrar lentamente solo abaixo, chegando às raízes e demais organismos que se utilizam da terra para sobreviver.

Porém, quando se retiram as árvores, a água cai diretamente sobre o solo em, com o tempo, vai compactar essa terra, tornando-a quase impermeável. Os nutrientes oriundos da decomposição de flora e fauna não mais existirão ou diminuirão consideravelmente, tornando a terra empobrecida. “As alterações antrópicas causam desequilíbrio no balanço hídrico”, enfatizou.

Veneza Amazônica

A pesquisadora disse que se os igarapés tivessem sido mantidos limpos como eram na década de 1960/70, “teríamos aqui uma Veneza Amazônica”.  O INPA vem realizando diversos estudos com o objetivo de buscar a recuperação desses locais tão importantes e essenciais. Explicou sobre o projeto IETÉ, fruto de uma parceria inédita com a Samsung que vem sendo realizado na Bacia Hidrográfica do Educandos. O projeto integra hidrologia, hidrogeologia, mapeamento vegetal, meteorologia e química. Tal integração nunca foi realizado antes e espera-se obter muitos benefícios a toda a região. O primeiro é a filtragem da água que vem sendo depositada diretamente no aquífero, pois este vem sofrendo muito com o aumento constante de consumo.

Sob o tema Saneamento em Manaus e o esgotamento sanitário, a segunda palestra da manhã fico a cargo do engenheiro sanitarista e ambiental Lineu Machado Silva Júnior, que é o gerente de Operações da empresa de abastecimento Águas de Manaus. Ele explicou detalhadamente como funciona intrincado sistema de abastecimento e como a empresa vem expandindo a rede por diversos locais de difícil acesso, como nas comunidades de palafitas. “Pessoas que, pela primeira vez, têm um comprovante de endereço!”, exclamou o engenheiro. A rede de distribuição de Manaus tem números impressionantes: uma vazão de 10 mil litros de água por segundo, ou 700 milhões de litros ao dia; em 200 reservatórios com capacidade de 259 milhões de litros em cada um. Trata-se de uma árdua tarefa conseguir que cada casa da capital manauara tenha água corrente em suas torneiras.

Depoimentos

“Trabalho árduo de atenção e respeito à população e à natureza. Gratidão!!!”, registrou no chat Fátima Gobby. Ela escreveu ainda que “sem dúvida! Todos precisam se envolver. O que cada um pode fazer é colaborar para a efetivação dos bons resultados”.

Também no chat, Lydi Lucia registrou, “é superimportante estabelecer um protocolo de qualidade de água pra nossa realidade hídrica” e, Rayana Ferreira, escreveu: “nosso Amazonas é rico em vários aspectos e esses eventos servem para aprofundar o conhecimento, a conscientização a preservação do meio ambiente”.

Público online presente: São Paulo, capital; Campinas, Indaiatuba, interior-SP; Praia Grande e Santos, litoral-SP; Olinda do Norte-AM; Viçosa-MG. Santa Maria-RS.

Instituto Soka Amazônia e Instituto Aprender Vivo promovem seminário

O evento tem como objetivo desenvolver a consciência crítica acerca dos principais problemas enfrentados hoje pela floresta amazônica
prof. dra. Maria Inês Gasparetto Higuchi

Denominado Amazônia: regulador do clima global e a dimensão humana da floresta o evento é uma iniciativa do Instituto Aprender Vivo, com o apoio do Instituto Soka Amazônia e outros importantes agentes que atuam na preservação ambiental como forma de regular o clima do planeta. Para falar sobre a sua área de pesquisa e também a respeito do conteúdo de sua palestra, foi convidada a renomada pesquisadora, prof. dra. Maria Inês Gasparetto Higuchi[i], que gentilmente concedeu uma breve entrevista à nossa equipe de reportagem.

A pesquisadora iniciou explicando sobre a Psicologia Ambiental (PA), uma área de estudo que se ocupa em compreender o comportamento humano na relação com o ambiente, seja natural ou artificialmente construído. “Nesse sentido, a PA entende que o modo como a gente se relaciona com as coisas, os animais e todos os elementos do ambiente é uma dimensão do tipo de pessoa que cada um é. Podemos dizer então, que o nosso comportamento ocorre em três níveis – do ser humano consigo mesmo, dos seres humanos entre si, e do ser humano com seu entorno. Nesse sentido, o ambiente é parte de nós mesmos”, explicou. Ela enfatiza que os seres humanos vivem num ambiente que influencia e modifica. Da mesma forma, este mesmo ambiente nos modifica e influencia de volta. Há uma interação cíclica.

Interações paradoxais

Ela cita exemplos muito interessantes: o que leva uma pessoa a ser muito cuidadosa na limpeza de sua casa e nem tanto com a rua em frente à sua casa? Por que certas pessoas são preocupadas com a proteção dos animais e outras não? O que leva uma pessoa que mesmo sabendo que certas práticas são prejudiciais ao meio ambiente, continua fazendo? Perguntas como essa nos leva a refletir sobre nós mesmos.

“Então, a Psicologia Ambiental tenta desvendar esses aspectos psicossociais que motivam nosso comportamento, para assim poder subsidiar intervenções eficazes e eficientes na educação, nas políticas públicas e governança”, refletiu. 

A dimensão humana

Perguntamos sobre o tema do evento e o que a dimensão humana representa para uma floresta tão impressionantemente gigante como a Amazônia e quais os desdobramentos que esse ingrediente humano pode tomar num futuro próximo. A pesquisadora do INPA ressaltou que essa questão passa necessariamente pelo significado que damos à natureza. “O que ela significa para nós? Que valores temos em relação à floresta e tudo o que ela abriga? Que atitudes e práticas nós temos em relação a floresta? Somos capazes de aceitar que esse ambiente natural possa fazer parte de nossa identidade? Como nos posicionamos nos debates que mostram as ameaças que a floresta vem sendo acometida? Que condutas de afinidade podemos formar para protegê-la?”, questionou.

“O que eu sei sobre sua dinâmica e seus serviços ecossistêmicos? Então, tudo isso eu chamo de dimensão humana, ou seja, envolve conhecimento, atitudes e ações a todos esses elementos que fazem parte do nosso planeta. O fato de a floresta ser um macro sistema, isto é, algo que não é tangível como um objeto em nossas mãos, mas de certa forma, um espaço distante, muitas vezes, nossa forma de pensar e agir em relação à floresta é assentada numa abstração, e por isso, falar na importância da floresta ou nas ameaças que vem sofrendo, parece ser apenas uma notícia que não nos atinge, e por isso, não somos capazes de efetivamente atuar em prol de sua proteção”, esclareceu.

Possibilidades de mudança

Ela aponta para soluções: “Para mudar esse cenário existem diversos caminhos educativos que podem ser adotados. Um em especial é proporcionar mais vivências positivas, desde a infância, com e na natureza. Um convívio contínuo e intenso com esses espaços nos proporciona mais afinidade com ambientes naturais e aumenta os níveis de conexão com a natureza, de tal forma que também construiremos um maior cuidado para com ela”. Citou ainda o “banho de floresta” [matéria já publicada por esse blog: veja aqui]

Para o evento em si ela acredita que será uma oportunidade de envolver pessoas e ambientes comunitários e coletivos fora da urbanidade. Gente que lida com a terra, rios, floresta. “Esse estilo de vida e relações de proximidade com esses espaços naturais trazem ensinamentos e histórias de vida que mostram a força das pessoas em comunhão com esses elementos físicos na produção da sua existência”, enfatizou a estudiosa.

O poder da educação ambiental

O Instituto Soka Amazônia é uma instituição que se dedica à educação ambiental como forma de ajudar a criar novas gerações de pessoas que preservem e se integrem à exuberante natureza amazônica. Sobre a importância da educação ambiental no processo de preservação dos ecossistemas, a pesquisadora ressaltou que se trata de um processo de reflexão da nossa relação com o ambiente, da nossa relação com outras pessoas e, sobretudo, no respeito e cuidado com o nosso entorno.

Segundo ela, a educação ambiental é uma forma de sensibilizar, informar, capacitar e estimular o compromisso e a responsabilidade para uma consciência ecológica. Quanto mais conscientes e reflexivas as pessoas forem, maiores serão as possibilidades de termos um planeta sadio. Esse processo educativo promove nossa presença no mundo respeitando as capacidades de suporte dos ecossistemas, de modo que as demandas sociais sejam repensadas para um consumo sustentável. Vários estudos nos mostram que se a humanidade não mudar seu estilo de vida, ela porá em risco a vida do planeta e de sua própria existência. Para tanto, desde cedo, a educação ambiental, ou educação para a sustentabilidade, deve ser desenvolvida por todos os segmentos da sociedade, em contextos escolares e não escolares.

“Acredito que já não é mais uma opção, mas uma urgência. A educação ambiental não é uma etiqueta social de limpeza dos ambientes ou de descarte de resíduos no seu devido lugar, também não é apenas o cuidado com as plantas e animais, mas sobretudo, é dignificar nosso entorno em todas as suas dimensões, pois essa responsabilidade de cuidado com as pessoas e com o entorno, seja natural ou construído, é a essência de nossa humanidade. Sem isso, a humanidade vai perdendo o sentido até que ela desapareça. Acredito, que ao nos darmos conta disso, nossa atuação será mais sustentável”, finalizou a pesquisadora do INPA.

Evento: AMAZÔNIA: regulador do clima global e a dimensão humana da floresta

Data: 2 de dezembro de 2022

Horário: 9h30 (horário Manaus)

Local: Auditório do Bosque da Ciência (INPA), Manaus-AM

GRATUITO


[i] Doutora em Antropologia Social, pela Brunel University London, Reino Unido; mestre em Ecologia Humana pela Michigan State University, EUA; graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pesquisadora sênior do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

VII Seminário das Águas em 22 de novembro

Participe desta discussão: caminhos para a segurança hídrica no Amazonas
Parte da programação da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o evento terá também ação voluntária

As águas que banham a floresta amazônica são parte indissociável da flora e fauna, pois possibilitam que a vida aconteça e a exuberância da biodiversidade floresça como em nenhum outro lugar do planeta. Assim sendo, o Instituto Soka Amazônia e o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) realizam anualmente o Seminário das Águas, este ano será sua sétima edição. O evento será sediado no Auditório do Bosque da Ciência, no dia 22 de novembro, e a participação é livre e gratuita, com direito a certificado. Para inscrição (presencial ou online), basta acessar aqui.

Há alguns anos, o evento faz parte da agenda da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Devido à relevância da proposta, é considerado já uma realização consagrada por autoridades acadêmicas e governamentais, tanto do estado do Amazonas como da Federação. A programação deste ano será dividida em dois momentos: o Seminário, das 8h às 10h30, e a ação voluntária, das 10h30 às 13h, que tem como objetivo preservar a beleza do Bosque da Ciência.

Palestras de muito significado

Na primeira palestra do evento, a dra. Maria Terezinha Ferreira Monteiro discorrerá sobre a “Importância dos Estudos Hidrográficos para a Questão Hídrica”. A dra. Maria Terezinha é pós doutora pela PNPD/CAPES (2013-2018); doutora em Clima e Ambiente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA/UEA (2008- 2013); mestre em Ciências de Florestas Tropicais – CFT, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2003-2005). Possui larga experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal, com ênfase nos temas hidrologia e ciclagem biogeoquímica (Hidrobiogeoquímica). Também coordenou o grupo de Pesquisas Hidrológicas – CPH do LBA/INPA pelo período de dois anos (2014-2016). Atualmente é gerente operacional do Projeto IETÉ (Rede de Monitoramento Ambiental da Bacia Hidrográfica do Educandos).

Para a segunda palestra do Seminário, denominada “Saneamento em Manaus –  Água e Esgotamento Sanitário”, foi convidado o engenheiro Lineu Machado Silva Junior, gerente de operações da empresa de abastecimento da capital do Amazonas, Águas de Manaus. O engenheiro sanitarista e ambiental, possui experiência de 22 anos na área de Saneamento Ambiental e outros 16 anos em concessionárias de saneamento em diversos estados do Brasil e em Luanda, capital de Angola, África. É ainda especialista em Gestão de Negócios pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP).


Serviço:

VII Seminário das Águas.

Dia: 22 de novembro de 2022 (terça-feira)

Horário: 8h às 13h

Local: Auditório do Bosque da Ciência (entrada pelo portão da Av. Rodrigo Octávio, s/n – Petropólis)

Inscrições: https://doity.com.br/vii-seminario-das-aguas

Os participantes receberão certificado de participação.


Criação de cidadãos planetários a partir da experiência de plantar uma única muda

Educação para a Cidadania Global: um dos principais pilares da pedagogia de criação de valor

Por Tamy Kobashikawa[i]

Na Educação para a Cidadania Global (ECG), os estudantes desempenham um papel ativo e abordam questões globais para criar um mundo mais pacífico, tolerante, inclusivo e seguro. Ela tem três dimensões de aprendizagem: cognitiva, socioemocional e comportamental. A dimensão cognitiva representa a aquisição de conhecimento, compreensão e pensamento crítico sobre questões globais (e sua interconexão/interdependência entre diferentes nações e culturas); a dimensão socioemocional é o desenvolvimento do sentimento de pertencer a uma humanidade comum, compartilhando valores e responsabilidades, empatia, solidariedade e respeito pelas diferenças e diversidade; e a dimensão comportamental refere-se à ação ativa dos estudantes em escala local, nacional e global com responsabilidade[CdM1]  na busca de um mundo pacífico e sustentável (UNESCO, 2019). 

Em 1996, Ikeda já afirmava que um cidadão global não é determinado pelo número de idiomas falados, nem pelo número de países para os quais viajou, mas sim pelas três qualidades seguintes que devem ser cultivadas no indivíduo: sabedoria, coragem e compaixão. Ele argumenta:  

“A sabedoria para perceber a inter-relação de todos os tipos de vida e ambiente; a coragem de não temer ou negar as diferenças, mas respeitar e forçar a entender pessoas de diferentes culturas e crescer por meio do contato com elas; e a compaixão para cultivar uma empatia imaginativa que vá além do ambiente ao nosso redor e se estenda a outras pessoas que sofrem em lugares distantes”. (Ikeda, 1996, p. 122).

A cidadania global da pedagogia de valor é uma “importante base para fomentar a sabedoria de reconhecer a natureza mutuamente inter-relacionada de todos os seres vivos, a coragem de se envolver sem medo com diferentes povos e culturas, e a compaixão de empatizar, com os sofrimentos dos povos de outros países” (Garrison, Hickman & Ikeda, 2014, p. 148).

Educação ambiental como um dos temas a fomentar a sabedoria de cidadãos globais

Ikeda (1996) também apresentou a Educação Ambiental como um dos quatro temas para a prática da Educação para a Cidadania Global Criadora de Valor: primeiro, educação para a paz, na qual os jovens aprendem a crueldade e a loucura da guerra, para enraizar a prática da não-violência na sociedade humana; segundo, educação ambiental, para estudar as realidades ecológicas atuais e os meios de proteger o meio ambiente; terceiro, educação para o desenvolvimento, para focalizar a atenção em questões de pobreza e justiça global; e quarto, educação para os direitos humanos, para despertar uma consciência da igualdade e dignidade humana.

Os jovens aprendem a crueldade e a loucura da guerra, para enraizar a prática da não-violência na sociedade humana

A Pedagogia de Criação de Valor explora a ideia da comunidade local como um “microcosmo”, e os seres humanos e o meio ambiente estão interdependentes (conceito de engi) e influenciam uns aos outros. Entender que os indivíduos influenciam a comunidade local e vice-versa é outro conceito amplamente discutido no campo da Educação Ambiental. Steffen et al. (2018, p. 8254) argumentam que a emergência requer uma “mudança fundamental no papel dos seres humanos no planeta”. O relatório do UNDP (2020) aponta: 

“Mudanças na biosfera podem afetar o caráter de um lugar e a relação do ser humano com ele, já que mudanças na estrutura e função de um ecossistema também podem afetar o significado simbólico e a pertença criada pela relação com aquele lugar. Esses tipos de mudanças podem levar a angústias psicológicas e emocionais, incluindo a dor e a angústia associada à perda do lugar, da biodiversidade e da natureza. O sentido do lugar ligado à biosfera afeta como indivíduos e comunidades se adaptam às novas condições, determina se estratégias de realocação são utilizadas ou bem-sucedidas e influencia as mudanças nas estratégias de subsistência. Um forte apego a significados particulares de um lugar e um sentimento de pertencer à natureza inspiram empatia e motivam a ação e a administração dos ecossistemas” (UNDP, 2020, p.32).

“Um cidadão global desenvolve uma perspectiva de cidadania planetária de “pensar globalmente e agir localmente”

Ao entender o local e o global, um cidadão global desenvolve uma perspectiva de cidadania planetária de “pensar globalmente e agir localmente”. Da mesma forma, a educação ambiental na Abordagem de Criação de Valor promove cidadãos globais que “pensam globalmente e agem localmente” e têm três características principais: coragem, sabedoria e compaixão.

Conectando o aprendizado à vida cotidiana e ao meio ambiente

O Instituto Soka Amazônia proporciona uma experiência única de criação de valores por meio da educação ambiental e do plantio de árvores em uma abordagem holística. Uma das principais atividades sustentadas pelo Instituto é coletar e catalogar sementes e, com elas, produzir mudas para proporcionar ao público uma experiência de interconexão com a natureza e contribuir para a proteção da integridade ecológica da Amazônia.

Alunos da Academia Ambiental

Este texto é um resumo da pesquisa recente apresentada no 1º Simpósio Internacional em Educação para Cidadania Global realizada na Universidade Soka, Japão, em que conclui que projetos de plantio do Instituto contribuem para sensibilizar a consciência ambiental e a educação para a cidadania global. Dar a oportunidade a qualquer pessoa de plantar uma muda, explicar a importância das árvores e aprofundar a compreensão sobre a interconexão entre os seres e o meio ambiente numa perspectiva holística, abrangente, são passos importantes para fomentar uma consciência ambiental.

Especialmente para a região amazônica, estudar a educação ambiental com base em uma perspectiva de valor é fundamental para o desenvolvimento da região de forma sustentável. Respeitar a dignidade da vida, as singularidades de cada grupo étnico, proporcionar igualdade de direitos e oportunidades, acesso à informação e à tecnologia; e o diálogo são alguns dos aspectos fundamentais apresentados no simpósio para desenvolver a região amazônica. Desta forma, os projetos de plantio e educação ambiental do Instituto Soka Amazônia baseados na pedagogia de criação de valor têm grande potencial de fomentar cidadãos globais na sociedade amazônica.


[i] Coordenadora de Pesquisas do Instituto Soka Amazônia Doutora em Economia pela Universidade Soka, Tóquio, Japão; mestre em Economia pela Universidade Soka; e bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo. Este texto é um resumo do paper apresentado no 1º Simpósio Internacional em Educação para Cidadania Global realizada na Universidade Soka, Japão, de outubro do presente ano.


Referências:

Ikeda, D. (1996) Thoughts on Education for Global Citizenship. Retrieved from https://www.daisakuikeda.org/sub/resources/works/lect/lect-08.html 

 ________ (2002). Education for Sustainable Development Proposal. Retrieved from https://www.daisakuikeda.org/main/educator/education-proposal/edu-proposal-2002.html 

________ (2012). For a Sustainable Global Society: Learning for Empowerment and Leadership. Retrieved from https://www.sgi.org/content/files/about-us/president-ikedas-proposals/environmentproposal2012.pdf 

Steffen, Will, Johan Rockström, Katherine Richardson, Timothy M. Lenton, Carl Folke, Diana Liverman, Colin P. Summerhayes, Anthony D. Barnosky, Sarah E. Cornell, Michel Crucifix, Jonathan F. Donges, Ingo Fetzer, Steven J. Lade, Marten Scheffer, Ricarda Winkelmann, and Hans Joachim Schellnhuber (2018). “Trajectories of the Earth System in the Anthropocene.” Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 115(33):8252–59. doi: 10.1073/pnas.1810141115.

Kobashikawa, T. (2022). Experience in value-creating through sowing seeds project: voices of Amazonian people. Oral presentation on the 1st International Symposium on Global Citizenship Educationat Soka University, Japan.

UNESCO (2019) SDG Indicator 4.7.1: Proposal for a measurement strategy. Retrieved from http://tcg.uis.unesco.org/wp-content/uploads/sites/4/2019/08/TCG6-REF-4-4.7.1-Proposal-for-measurement-strategy.pdf 

UNDP. 2020. Human Development Report 2020. The next Frontier. Human Development and the Anthropocene. HDR. New York, NY: United Nations.

 [CdM1]

Nossa Amazônia: debate urgente e necessário!

A 1ª Conferência Amazônica do Ambiente e do Clima acontece em Manaus de 17 a 19 de novembro

Promoção e iniciativa da Escola Superior de Magistratura do Amazonas (Esman) e da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) a 1ª Conferência Amazônica do Ambiente e do Clima, em Manaus, tem como objetivo repensar o papel do Poder Judiciário na proteção dos direitos Inter geracionais do meio ambiente. Será totalmente online, num ambiente virtual de aprendizagem e as inscrições podem ser realizadas neste link aqui . Os interessados devem primeiro se cadastrar para só então se inscrever no evento. A inscrição é totalmente gratuita, a carga horária é de 12 horas e será conferido certificado de participação.

O público-alvo é composto por magistrados, servidores, serventuários auxiliares da Justiça, promotores de justiça, defensores públicos, advogados, representantes dos poderes Executivo e Legislativo, da sociedade civil organizada, lideranças socioambientais, organizações e pesquisadores atuantes de nível nacional e internacional.

Renomados pesquisadores especialistas abordarão temas relevantes e importantes aspectos relacionados ao tema principal do evento, entre eles: Proteção de Florestas e Biodiversidade, pelo prof. Dr. Bráulio Ferreira de Souza Dias da Universidade de Brasília; Transparência das Informações Agroambientais na Promoção do Desenvolvimento Sustentável, pelo prof. Ms. Girolamo Domenico Treccani, da Universidade Federal do Pará; Panorama da Jurisprudência Ambiental do STJ, pelo Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Herman Benjamin.

Um destaque

O prof. Dr. Tiago Fensterseifer, da PUC-RS e Defensor Público, analisará o regime jurídico-constitucional de proteção climática consagrado na Constituição Federal de 1988. A partir da abordagem inicial do clima (ou sistema climático) como novo bem jurídico de estatura constitucional, abordará, na sequência, o tema de sua jusfundamentalidade, notadamente em relação ao reconhecimento de um (novo) direito fundamental ao clima limpo, saudável e seguro e os deveres estatais vinculantes de proteção climática a partir da norma inscrita no art. 225 da CF/1988. Por fim, seguirá com algumas notas sobre o papel desempenhado pela jurisdição constitucional brasileira na sua efetivação à luz da análise de alguns casos concretos (ex. ADPF 708/DF e ADO 59), inclusive em relação ao papel e status normativo supralegal dos tratados internacionais em matéria climática e o correlato poder-dever do controle de convencionalidade atribuído aos Juízes e Tribunais brasileiros.

Um depoimento, uma expectativa

Alguns representantes do Judiciário manauara visitaram recentemente o Instituto Soka Amazônia e em depoimento, o assessor da Escola Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Amazonas, Caio Henrique Faustino da Silva ressaltou: “É muito bom poder ter voltado ao Instituto Soka Amazônia. Depois de 15 anos (vim aqui quando era criança) isso trouxe para mim uma memória muito boa; reavivou algo muito positivo. ”

Lembra, a seguir, que

“A Conferência Amazônica, em que serão discutidos o meio ambiente e o clima é a primeira realização com esse propósito e formato, e traz o vento da mudança, de coisa nova, início de uma parceria ou de uma nova articulação. Traz também a possibilidade de reavivar outras estratégias de articulação. Tudo isso pensando no meio ambiente e no próprio exercício do direito referente ao meio ambiente sadio e equilibrado para o bem de todos os povos que compartilham o bioma amazônico”.

Inscrições: link aqui : esmam.tjam.jus.br/login/index.php

Aconteceu: Exposição Sementes da Esperança e Ação no SENAC Cidade Nova

Exposição SENAC

O Instituto Soka marcou presença na Semana da Biblioteca e do Livro do SENAC e com a Exposição Sementes da Esperança e Ação no Senac Cidade Nova.

📆 Data: 08 a 18 de novembro
📍 Local: Senac Cidade Nova. R. Visc. de Itanhaém, 863 – Cidade Nova I, Manaus – AM, 69058-730
A exposição estará aberta ao público gratuitamente até o dia 18 de novembro.

Na programação da Semana da Biblioteca e do Livro que se inicia no dia 8, serão promovidas diversas ações como oficinas literárias, troca de livros e roda de conversas.

A Exposição Sementes da Esperança e da Ação é uma iniciativa promovida pelo Instituto Soka Amazônia, Soka Gakkai Internacional e Carta da Terra Internacional e conta com o apoio do SENAC.

Dois cursos d’água que caminham fraternalmente

Negro e Solimões são dois rios que proporcionam um espetáculo único no mundo, denominado Encontro das Águas

É literalmente impossível descrever em palavras a beleza desse fenômeno. Não há foto que lhe faça jus. O visitante desavisado olha para o Encontro das Águas e percebe que está diante de um evento no mínimo inusitado; já os mais sensíveis são tomados pela emoção imediata: os olhos se enchem d’água, inexplicavelmente. A imagem extasiante fica automaticamente gravada nas retinas. Os rios Negro e Solimões são os protagonistas desse fenômeno que só acontece aqui, por longos 6 quilômetros, até que finalmente se mesclam e formam o majestoso Amazonas.

Temperatura e densidade

Estes dois fatores – temperatura e densidade – são decisivos para a ocorrência do fenômeno. O biólogo, mestre em Biodiversidade e doutorando em Ciências Ambientas pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Diego Oliveira Brandão, explicou que cada rio tem sua origem e composição e que cada uma dessas característica é fundamental para a formação do fenômeno.

“O rio Negro é mais quente e menos denso. Possui menos partículas de solo suspensas na água, por isso a radiação solar é mais absorvida, o que eleva sua temperatura. Já o Solimões, é o contrário, mais denso e, por isso, reflete mais radiação solar e aquece menos, por isso é mais frio”, explicou

Origens, velocidade e acidez

Ele é mais escuro e se origina na Colômbia. A coloração vem da grande quantidade de matéria orgânica. O rio Negro corre a uma velocidade de 2 km/h, a uma temperatura de 28ºC em média. Ele nasce no leste colombiano e percorre cerca pouco menos de dois mil quilômetros, com o nome de Guainia. Segue para o nordeste e sul, sendo a barreira natural da fronteira com a Venezuela. Somente quando se junta com o rio Cassiquiare se torna o rio Negro.

O Solimões tem origem nos Andes peruanos e, por descer de uma altitude imensa, traz consigo uma carga igualmente grande de sedimentos de solo, o que lhe dá o aspecto barroso, composto por solos de origem vulcânica e se locomovendo a uma velocidade média de 4 a 6 km/h e com uma temperatura de 22ºC em média. O Solimões é o principal afluente do rio Amazonas e banha três países da América do Sul.

O último fator que concorre para a formação do fenômeno é a acidez de cada curso: o Negro possui um grau de acidez elevado, entre 3,8 e 4,8 de pH, devido à alta concentração de ácidos orgânicos advindos da decomposição vegetal obtidos durante seu longo percurso até se encontrar com o Solimões.

O Instituto Soka Amazônia está localizado diante desse fenômeno natural e seu mirante é o ponto alto da visitação das escolas nas aulas de Educação Ambiental promovidas por sua equipe. A vista desse “cartão postal” de Manaus, não só emociona, mas contagia para a questão da preservação da Amazônia, patrimônio natural da Humanidade.

Descoberta “agridoce”: novos peixes da Amazônia descritos por brasileiros já estão ameaçados de extinção

Peixes fazem parte de subfamília que teve a última espécie identificada em 1965. Descoberta só foi possível porque a região já vem sendo explorada

Autora: Bianca Camatta Arte: Ana Júlia Maciel

Artigo publicado originalmente em 17/05/2022

Não é usual a publicação neste blog, de artigos de terceiros. Neste caso abrimos uma exceção, seja pela qualidade do texto, o valor do artigo em si e sobretudo pelo alerta que traz a respeito de um fato importante sobre a Amazônia, região que é foco de muita atenção em todo o mundo e o centro das atividades que o Instituto Soka Amazônia aqui desenvolve continuamente

Duas espécies de peixes encontradas por pesquisadores brasileiros na Amazônia, a Poecilocharax callipterus e a Poecilocharax rhizophilus, acabam de ser descritas – e já “nascem” em perigo de extinção. 

Ambas as espécies foram encontradas próximas ao município de Apuí, na Amazônia. “A gente foi a campo com o objetivo de amostrar esses peixes ao longo da América do Sul, voltar em pontos e localidades de peixes da ordem Characiformes (pacus, piranhas, piaus, lambaris, e etc.) que considerávamos raros em coleções científicas, e também mostrar lugares novos”, conta ao Jornal da USP, Murilo Pastana, doutor pela USP e atualmente pós-doutorando pelo Museu Nacional de História Natural, em Washington, nos Estados Unidos.

Murilo Pastana – Foto: Arquivo Pessoal

“Durante a descoberta, em 2016, nós detectamos que a região estava sofrendo muito com o impacto ambiental. Esse fato só se agravou nos anos seguintes e, enquanto enviávamos nosso estudo para publicação, o boletim do desmatamento da Amazônia Legal de abril de 2021 classificou a região como o segundo município com maior perda de cobertura vegetal. Por conta disso, sugerimos a classificação das duas espécies como em perigo de extinção, sendo que uma delas já indicamos como ”criticamente ameaçada’, por existir em apenas um riacho da região”, explica Pastana.

Além de Murilo Pastana, o artigo publicado no dia 16 de maio no periódico Zoological Journal of the Linnean Society tem como autores Willian Ohara, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), e Patrícia Camelier, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho começou entre 2015 e 2016, quando os três eram doutorandos do Museu de Zoologia (MZ) da USP.

Os dois lados da descoberta

Os pesquisadores fizeram um trajeto de Rondônia até o estado do Pará, atravessando o sul do estado do Amazonas, região da Amazônia antes intransitável. “A ideia era chegar aonde os pesquisadores ainda não chegaram, e teríamos chances de encontrar possíveis espécies novas”, conta Murilo Pastana. 

O pesquisador diz que foi preciso ter alimentos e equipamentos para um período de cerca de duas semanas em campo. Lá, eles utilizavam principalmente redes para conseguir identificar as espécies. “Dependendo do tipo de ambiente, uma rede diferente é usada, por exemplo, a rede de arrasto, que você abre com duas pessoas e vai arrastando em direção à margem do rio”, pontua.

O equipamento utilizado depende da região analisada, se é um riacho, uma cachoeira ou um rio, por exemplo. Porém, Pastana esclarece que todos os métodos que cabiam em um determinado ambiente eram utilizados, como forma de padronização.

Murilo Pastana (centro) e Willian Ohara (direita), coletando espécies próximos à margem de um rio após pescar com rede de cerco perto de Apuí – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

No entanto, apesar da descoberta das espécies, que fazem parte da subfamília Crenuchinae ser a primeira desde 1965, na visão de Pastana, ela carrega consigo um sabor agridoce.

 “Ao mesmo tempo em que podemos descobrir novas espécies tão espetaculares, isso só está acontecendo porque aquela região está sob intensa exploração: as estradas que usamos foram abertas provavelmente por madeireiros, garimpeiros e grileiros.”

Mais de uma vez, a gente estava coletando dentro de parque nacional, dentro de floresta nacional e olhávamos para o lado e tinha gado”, complementa. 

Fazenda de gado perto do município de Apuí. Esses animais foram criados em áreas recentemente desmatadas – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

As espécies como expressão artística

As novas espécies descobertas, que fazem parte da mesma subfamília, foram identificadas por características que a destacam de outras já conhecidas. Poecilocharax callipterus foi identificada por meio de sua mancha escura na cauda e nadadeiras alaranjadas. Essa espécie foi sugerida pelos pesquisadores como ameaçada, aproximando-se do critério de criticamente ameaçada de extinção, por existir em apenas um riacho da região.

Imagem da Poecilocharax callipterus. Em cima vemos o macho e embaixo a fêmea – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

Pastana complementa explicando a diferença entre o macho e a fêmea. O primeiro é mais avermelhado que a segunda, tem uma coloração mais escura e tem nadadeiras dorsais e anais mais alongadas. 

Já na Poecilocharax rhizophilus, a característica que se destacou foi o seu tamanho, que a fez ser considerada uma miniatura. “Quando a vimos, achamos que poderia ser juvenil, mas, quando olhamos na lupa, vimos que eles já tinham maturidade sexual”, conta Pastana. Ele ainda esclarece que, quando um peixe tem a medida máxima de 2,6 cm e já tem maturidade sexual, a espécie é considerada uma miniatura.

A Poecilocharax rhizophilus tem apenas 2 cm de comprimento – Foto: Murilo N.L. Pastana e Willian M. Ohara

A importância desses novos peixes para o ambiente em que vivem ainda não pode ser medida apenas com esse estudo, mas Pastana lembra que qualquer espécie que some em uma região causa um desequilíbrio ecológico. 

Já para a área de estudo de Pastana, a descoberta dessas espécies pode contribuir para a compreensão da evolução dos peixes e também a evolução dos rios. “Tem pessoas que casam dados geológicos e hidrológicos com a distribuição de peixes, para entender a conexão entre os rios ao longo do tempo”, exemplifica. 

O pesquisador também comenta que, como as obras de arte, cada espécie de peixe é insubstituível

“Como você se sentiria se eu fosse num museu de arte, pegasse um quadro e rasgasse na sua frente? É assim que eu me sinto quando um peixinho é extinto, porque aquilo para mim é uma expressão quase que artística da morfologia, da genética e é insubstituível, como qualquer obra”, lamenta ele.

Artigo original originalmente em 17/05/202 Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/descoberta-agridoce-novos-peixes-da-amazonia-descritos-por-brasileiros-ja-estao-ameacados-de-extincao/

Encontrar um bom livro é como encontrar um grande mestre

Palavras do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda lembradas a propósito da participação do Instituto Soka Amazonas da 37ª. Feira do Livro (SESC Amazonas)

Certa vez, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, proferiu as seguintes palavras sobre a importância da leitura e seu incentivo:

Encontrar um bom livro é como encontrar um grande mestre. Por meio da leitura, podemos entrar em contato com centenas e milhares de vidas além da nossa, e entrar em comunhão com sábios e filósofos que viveram há dois milênios. Ler é como sair para uma jornada.

Pode-se viajar para o leste ou para o oeste, para o norte ou para o sul, e conhecer novas pessoas e novos lugares. Ler transcende o

Tempo.

Com esse propósito em mente, o Instituto Soka Amazônia participou da 37a Feira do Livro, realizada pelo Sesc Amazonas. No evento, o Instituto apresentou a exposição Sementes da Esperança e Ação, e expôs aos visitantes o trabalho desenvolvido em sua sede. Eles também conheceram as ações realizadas pelo Instituto, tais como: árvore da interação, em que cada pessoa pode deixar sua mensagem de esperança e de ação; exposição de mudas nativas; plantio de uma semente de Jatobá (espécie nativa da Amazônia); e palestra sobre a importância das abelhas.

Sementes da Esperança e Ação

A exposição Sementes da Esperança e Ação conta com 26 painéis baseados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e tem como objetivo principal fazer com que os visitantes reflitam sobre o nosso papel enquanto cidadãos na proteção e no cuidado com o planeta Terra.

Mensagem da Carta da Terra

Cristina Moreno, representante da Carta da Terra Internacional, enviou mensagem para a abertura do evento na qual ela salientava a importância da educação ambiental.

“Veremos na exposição Sementes da Esperança e Ação, que o Instituto Soka Amazônia nos presenteia, uma amostra da Carta da Terra em ação. Agradecemos à BSGI, parceira importante da Carta da Terra, divulgando sempre mensagens e ações de paz, fraternidade e cuidado com a comunidade de vida em toda a sua diversidade. ”

Palavras do presidente do Instituto Soka Amazônia

Luciano Nascimento, diretor-presidente do instituto, na abertura do evento, teceu as seguintes palavras: “Estamos muito contentes por poder colaborar com essa iniciativa de sucesso e trazer nosso foco de atenção para um público antenado e preocupado em conhecer, pensar e agir em benefício de um mundo melhor para todos”. E, ao final, solicitou aos participantes:

“Vamos nos engajar no desafio de tornar este planeta um lugar de vida, de coexistência e de crescimento, que se dará por meio de livros, mas também pelas atitudes que cada um dos visitantes desta feira e da exposição Sementes da Esperança e da Ação, possa tomar na direção da preservação, da solidariedade, da convivência pacífica, entre os seres humanos, a natureza e o nosso planeta”.

Ao todo, mais de 4 mil pessoas visitaram o estande do Instituto Soka Amazônia e apreciaram a exposição e os ideais de preservação ambiental.